25.07.2018 Views

Jornal Paraná Agosto 2018

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

OPINIÃO<br />

Carros elétricos e modernidade<br />

É preciso questionar se as<br />

inovações vão resolver ou<br />

apenas criar novos problemas<br />

JOSÉ GOLDEMBERG (*)<br />

Os aspectos positivos<br />

da modernidade estão<br />

ligados à ruptura do<br />

pensamento medieval<br />

e ao início de uma era em que o<br />

pensamento científico e a razão<br />

abriram novos horizontes para<br />

o desenvolvimento da sociedade.<br />

A Revolução Francesa e a<br />

Revolução Industrial foram consequências<br />

dessa ruptura.<br />

Desde então, modernidade passou<br />

a ser considerada símbolo<br />

do progresso, o que não só é incorreto,<br />

como perigoso. O culto<br />

da modernidade, que está em<br />

voga, principalmente na área de<br />

tecnologia, precisa ser analisado<br />

criticamente. Um exemplo é<br />

a área de comunicações, em<br />

que computadores pessoais,<br />

celulares e aplicativos revolucionaram<br />

a natureza do que se entende<br />

por privacidade, comunicação<br />

e democracia. Outro é o<br />

da energia, em que a substituição<br />

de combustíveis fósseis parece<br />

inevitável.<br />

Em cada área existem diferentes<br />

caminhos que podem ser seguidos.<br />

Alguns levam a fracassos<br />

e outros, a sucessos. Essa<br />

é a razão por que as opções que<br />

se apresentam como modernizantes<br />

devem ser submetidas a<br />

uma análise crítica para evitar<br />

equívocos. O custo de decisôes<br />

inadequadas pode ser imenso.<br />

Um exemplo desse problema é<br />

o que enfrentamos no que diz<br />

respeito ao futuro do sistema de<br />

transporte urbano e do automóvel.<br />

Até o fim do século 19,<br />

transporte individual ou coletivo<br />

era feito por cavalos ou por veículos<br />

puxados por animais.<br />

Havia em Nova York 150 mil cavalos,<br />

que poluíam a cidade<br />

com mil toneladas de estrume<br />

por dia, tornando-a intransitável.<br />

Locomotivas a vapor da água<br />

fervente - como nas “marias-fumaça”<br />

do passado - começaram<br />

a circular na Inglaterra em<br />

1804 e seu uso logo se espalhou<br />

pelo mundo, com estradas<br />

de ferro cobrindo a Europa e<br />

abrindo o oeste dos Estados<br />

É um exemplo típico em que<br />

“modernização” tem mais que<br />

ver com a promoção de interesses<br />

comerciais do que com a solução<br />

real de um problema.<br />

Unidos à colonização. O uso de<br />

máquinas a vapor para substituir<br />

cavalos nas carruagens foi<br />

tentado, mas não se mostrou<br />

prático. Tentou-se usar baterias<br />

elétricas - como as usadas hoje<br />

-, mas a autonomia dos automóveis<br />

era muito limitada.<br />

O grande avanço veio com os<br />

motores inventados por um engenheiro<br />

alemão, Nikolaus<br />

Otto, no fim do século 19. Nesses<br />

motores, um combustível -<br />

pó de carvão, etanol ou gasolina<br />

- explode dentro de um cilindro,<br />

e o movimento deste dá<br />

origem à tração nas rodas do<br />

veículo. O extraordinário sucesso<br />

da invenção abriu caminho<br />

para a era do automóvel, cuja<br />

fabricação em série por Henry<br />

Ford levou à redução de custos<br />

e popularização. Existe quase 1<br />

bilhão de automóveis no mundo.<br />

Tal quantidade de veículos deu<br />

origem a problemas de poluição,<br />

como a emissão de óxido<br />

de enxofre, particulados e outros<br />

responsáveis pela degradação<br />

da qualidade do ar e aquecimento<br />

global, resultado inevitável<br />

da queima de combustíveis<br />

fósseis derivados do petróleo.<br />

É por isso que surgiram ideias<br />

de abandonar motores de combustão<br />

interna e voltar aos automóveis<br />

elétricos. Para isso seria<br />

necessário melhorar o desempenho<br />

das baterias, o que<br />

de fato foi feito, mas não o suficiente.<br />

Mesmo usando as melhores<br />

baterias de lítio existentes<br />

são necessárias centenas de<br />

quilos delas para garantir a autonomia<br />

que um tanque de 60<br />

litros de gasolina/etanol oferece.<br />

Os prefeitos das grandes cidades<br />

adoram a ideia da adoção<br />

de automóveis elétricos porque<br />

são silenciosos e não poluem<br />

as cidades. Mas, a eletricidade<br />

necessária para carregar as baterias<br />

continua a poluir o ambiente<br />

onde ela é produzida<br />

(queimando carvão na maioria<br />

dos países).<br />

Do ponto de vista da redução da<br />

poluição global (da emissão de<br />

gases responsáveis pelo aquecimento<br />

global), automóveis<br />

elétricos são uma falsa solução.<br />

É um exemplo típico em que<br />

“modernização” tem mais que<br />

ver com a promoção de interesses<br />

comerciais do que com a<br />

solução real de um problema.<br />

Já houve outras “inovações” na<br />

área automobilística em torno<br />

das quais foram criadas grandes<br />

expectativas, mas se mostraram<br />

inviáveis ou problemáticas,<br />

como o uso de hidrogênio<br />

para substituir a gasolina.<br />

É preciso, pois, perguntar quais<br />

problemas as inovações vão<br />

resolver e verificar se elas não<br />

estão só criando novos problemas<br />

e produtos desnecessários,<br />

cujo consumo é introduzido<br />

por motivos mercadológicos.<br />

Essa é uma das razões<br />

por que reduzir o Imposto de<br />

Importação de veículos elétricos<br />

no Brasil não faz sentido.<br />

Do ponto de vista de promover<br />

a redução das emissões de gases<br />

responsáveis pelo aquecimento<br />

global, mais eficiente é<br />

o uso de etanol nos motores de<br />

combustão interna.<br />

Há outras áreas em que distorções<br />

“modernizantes” se verificaram,<br />

como usar energia nuclear<br />

em grandes aviões ou viagens<br />

interplanetárias e a conquista<br />

de Marte. Estabelecer<br />

uma colônia humana na Lua ou<br />

em Marte não vai contribuir para<br />

resolver os séros problemas de<br />

poluição e pobreza que temos<br />

na Terra. E distrai os governos<br />

de fazer o que é necessário para<br />

resolvê-los<br />

(*) Professor Emérito e ex-reitor<br />

da Universidade de São Paulo<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


INVESTIMENTO<br />

“Caminhos Alternativos”<br />

ganha fôlego<br />

Governo do <strong>Paraná</strong> vai investir R$ 11,6 milhões na construção<br />

de três trincheiras no acesso a usinas sucroenergéticas<br />

OGoverno do <strong>Paraná</strong><br />

vai investir R$ 11,6<br />

milhões na construção<br />

de três trincheiras<br />

no acesso para usinas sucroalcooleiras<br />

na região Noroeste<br />

do <strong>Paraná</strong>. A autorização<br />

para contratação das<br />

obras foi dada pela governadora<br />

Cida Borghetti no último<br />

dia 26/6, no Palácio Iguaçu. O<br />

investimento será feito por<br />

meio do Departamento de Estradas<br />

de Rodagem do <strong>Paraná</strong><br />

(DER-PR). A previsão é de que<br />

as obras sejam iniciadas em<br />

breve.<br />

Criado em 2013, o projeto<br />

“Caminhos Alternativos” é<br />

uma iniciativa dos produtores<br />

de açúcar e álcool do <strong>Paraná</strong> e<br />

tem como objetivo criar uma<br />

rota de estradas secundárias<br />

para os caminhões que transportam<br />

cana-de-açúcar, tirando<br />

o trânsito pesado das estradas<br />

pavimentadas e dando<br />

maior segurança aos seus<br />

usuários. Por serem veículos<br />

grandes, deixam o trânsito nas<br />

rodovias convencionais mais<br />

lento e mais arriscado.<br />

As obras, afirmou a governadora,<br />

vão garantir mais segurança<br />

ao tráfego e contribuir<br />

com o desenvolvimento socioeconômico<br />

da região. “São<br />

obras importantes, que vão<br />

melhorar e dar mais segurança<br />

aos trabalhadores e agilizar<br />

o escoamento dos produtos”,<br />

disse ela.<br />

Segundo o secretário de Infraestrutura<br />

e Logística, Abelardo<br />

Lupion, “com essas<br />

trincheiras tiramos das estradas<br />

os caminhões. Isso proporciona<br />

maior durabilidade<br />

ao pavimento rodoviário, mais<br />

segurança aos usuários e agiliza<br />

o movimento da produção<br />

das usinas”, disse.<br />

Para o presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin, essas obras<br />

vão viabilizar o transporte de<br />

cana. “O objetivo é tornar o<br />

trajeto mais curto e rápido, reduzindo<br />

custo de produção e<br />

melhorando estradas municipais<br />

e estaduais para todos<br />

os paranaenses”, afirmou,<br />

ressaltando a iniciativa que a<br />

governadora Cida Borghetti e<br />

do secretário de Infraestrutura<br />

e Logística tiveram ao dar sequencia<br />

ao projeto que beneficia<br />

a toda comunidade. “É o<br />

reconhecimento da importância<br />

das obras e do setor para<br />

a economia do <strong>Paraná</strong>”.<br />

Tranin enfatizou que “não são<br />

apenas os caminhões canavieiros<br />

que utilizarão essa estrutura,<br />

mas servirá também para<br />

Serão destinados R$ 3,37 milhões para a<br />

construção de uma trincheira na PR-492<br />

com 650 metros de extensão na região do<br />

Rio Ivaí, município de Rondon. Para o prefeito<br />

da cidade, Ailton Valloto, o principal benefício<br />

será a segurança. “Com a trincheira,<br />

o acesso à usina não será mais pela rodovia,<br />

o que aumenta a segurança. Esperamos<br />

muito tempo por essa obra”, disse.<br />

o escoamento da safra de outras<br />

atividades agrícolas e passagem<br />

de todo tipo de veículo,<br />

até ambulâncias e ônibus escolares,<br />

o que dá uma dimensão<br />

dos benefícios que serão gerados<br />

a toda a população”.<br />

Objetivo é criar uma<br />

rota de estradas que<br />

transportam cana<br />

Obras beneficiam toda comunidade<br />

Serão aplicados R$ 3,9 milhões na execução<br />

da trincheira de 620 metros em Ivaté,<br />

na PR-082, na divisa com Icaraíma. O prefeito<br />

Univaldo Campaner disse que a nova<br />

trincheira ajudará a atrair mais empresas,<br />

melhorando o desenvolvimento da região.<br />

Já para a estrutura de 700 metros, entre Paranacity<br />

e Paranavaí, na PR-464, serão investidos<br />

R$ 4,34 milhões. A prefeita de<br />

Paranacity, Sueli Wanderbrook, disse que a<br />

obra é um sonho antigo da comunidade.<br />

“Vamos diminuir os acidentes, que são<br />

constantes na região. Esse é um momento<br />

único que trará mais tranquilidade e segurança<br />

à população”, afirmou a prefeita.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


INVESTIMENTO<br />

Usinas têm investido há anos<br />

Na época em que foi criado o<br />

projeto “Caminhos Alternativos”,<br />

havia a perspectiva de<br />

crescimento do setor sucroenergético<br />

em 10% ao ano,<br />

acompanhando a expectativa<br />

de aumento da frota de veículos<br />

no Brasil na mesma proporção.<br />

Daí a preocupação<br />

em tirar das estradas pavimentadas<br />

os caminhões que<br />

transportam cana da lavoura<br />

para a indústria, explica o presidente<br />

da Alcopar, Miguel<br />

Tranin.<br />

Um levantamento feito sobre<br />

as demandas em todas as regiões<br />

onde as unidades industriais<br />

do setor estão localizadas<br />

apontou uma série de<br />

obras a serem realizadas entre<br />

intersecções (rotatórias),<br />

passagens simples, pontes,<br />

trincheiras, balsas e adequação<br />

de estradas, somando<br />

um investimento de R$ 426<br />

milhões na época, sendo que<br />

R$ 210 milhões seriam investidos<br />

pelo setor privado e o<br />

restante pelo governo do Estado.<br />

O convênio, de parceria público-privada,<br />

foi firmado em<br />

2014 entre o governo do <strong>Paraná</strong>,<br />

115 municípios e as<br />

unidades industriais do setor<br />

sucroenergético do Estado,<br />

através da Alcopar. Só em<br />

projetos foram gastos mais<br />

de R$ 10 milhões pelas usinas,<br />

que há muitos anos são<br />

parceiras dos municípios na<br />

manutenção das vias públicas.<br />

Anualmente, segundo a Alcopar,<br />

as usinas paranaenses<br />

destinam dezenas de milhões<br />

de reais apenas para conservar<br />

as estradas municipais e<br />

estaduais por onde é feito o<br />

escoamento de cana. E em<br />

alguns casos, empresas vão<br />

além e bancam a construção<br />

de trincheiras, pontes e trevos<br />

para facilitar o tráfego e evitar<br />

o risco de acidentes.<br />

Só a Usina Santa Terezinha de<br />

Iguatemi investiu na época R$<br />

364 mil na construção de<br />

duas trincheiras na BR-376 e<br />

PR-552, além de dois aterros<br />

e a terraplanagem, cascalhamento,<br />

sinalização e construção<br />

de canaletas e estrutura<br />

para escoar a água da chuva<br />

em 16,5 km de estradas.<br />

Com isso foi possível retirar<br />

95% da frota da unidade de<br />

Iguatemi das rodovias, segundo<br />

cálculo da diretoria da<br />

usina. Em 2017, a Usina investiu<br />

outros R$<br />

2.173.681,01 em construções<br />

e manutenções de estradas<br />

rodoviárias no <strong>Paraná</strong><br />

e Mato Grosso do Sul.<br />

A Destilaria Melhoramentos,<br />

de Jussara, construiu um<br />

pontilhão de 500 metros de<br />

extensão sobre a rodovia PR<br />

323 que liga Maringá a Cianorte,<br />

para dar maior segurança<br />

e facilitar a passagem<br />

dos treminhões carregados<br />

de cana que diariamente cruzam<br />

a rodovia que divide ao<br />

meio a fazenda da Companhia,<br />

no município de Terra<br />

Boa, além da construção de<br />

uma ponte de 45 metros de<br />

extensão sobre o Rio dos Índios<br />

para permitir o escoamento<br />

de 300 mil toneladas<br />

de cana da Fazenda Divisa,<br />

propriedade da Companhia<br />

Melhoramentos Norte do <strong>Paraná</strong>,<br />

controladora acionária<br />

da destilaria.<br />

A Usina Alto Alegre, sediada<br />

em Colorado, também investiu<br />

na readequação de vários<br />

acessos, entre outras obras.<br />

Isso para citar o trabalho de<br />

apenas algumas usinas.<br />

4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA<br />

Seca prejudica canaviais no <strong>Paraná</strong><br />

Perspectiva é de redução da<br />

produção devido à falta de chuva<br />

e envelhecimento das lavouras<br />

MARLY AIRES<br />

Com as duas estiagens<br />

prolongadas<br />

deste ano, além do<br />

envelhecimento do<br />

canavial, o Estado do <strong>Paraná</strong><br />

já estima uma redução maior<br />

da safra de cana-de-açúcar<br />

do que estava previsto inicialmente.<br />

Desde o início do ano,<br />

a Alcopar já vinha trabalhando<br />

com a perspectiva de uma<br />

produção menor de cana-deaçúcar,<br />

36,763 milhões de toneladas,<br />

na safra <strong>2018</strong>/19 em<br />

relação as 37,047 milhões de<br />

toneladas moídas na safra<br />

2017/18 no Estado. No segundo<br />

levantamento, feito em<br />

maio, comenta o presidente<br />

da Alcopar, Miguel Tranin, a<br />

perspectiva oficial se manteve,<br />

mas o mercado acredita<br />

que esse número pode ser<br />

menor.<br />

O canavial continua envelhecido<br />

e o percentual de renovação<br />

ficou aquém do considerado<br />

ideal, situação que tende<br />

a piorar com as estiagens sequenciais<br />

que têm dificultado<br />

o plantio e a reforma<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


SAFRA<br />

das lavouras. Também,<br />

os canaviais paranaenses têm<br />

sofrido bastante com a falta de<br />

chuva, prejudicando a produtividade<br />

e o crescimento vegetativo<br />

da próxima safra. Do início<br />

de abril a meados de maio<br />

foram em média 40 dias sem<br />

chuva e agora já foram mais<br />

de 30 dias. E o pior, as chuvas<br />

ocorridas no intervalo foram<br />

localizadas e em baixo volume,<br />

não atendendo a demanda<br />

das lavouras.<br />

A estiagem tem provocado<br />

outra situação que preocupa<br />

que é a antecipação da safra,<br />

com a colheita ocorrendo em<br />

ritmo acelerado. “Num primeiro<br />

momento, o tempo mais<br />

seco favoreceu a maturação<br />

da cana, concentrando mais<br />

açúcar, mas a colheita acelerou<br />

tanto que possivelmente<br />

as usinas terão que reduzir a<br />

velocidade da moagem para<br />

não colher cana fora do período<br />

ideal de desenvolvimento<br />

e maturação”, afirmou Tranin.<br />

Até o dia 15 de julho já tinha<br />

sido esmagado 45,1% do total<br />

esperado, 16,588 milhões de<br />

toneladas de cana-de-açúcar,<br />

no acumulado da safra atual,<br />

contra 13,735 milhões de toneladas<br />

registradas no mesmo<br />

período do ano anterior,<br />

20,8% a mais.<br />

A quantidade de Açúcares Totais<br />

Recuperáveis (ATR) por<br />

tonelada de cana no acumulado<br />

da safra <strong>2018</strong>/19 ficou<br />

4,3% acima do valor observado<br />

na safra 2017/18, totalizando<br />

135,48 kg de ATR/t de<br />

cana, contra 129,94 kg ATR<br />

observados na safra passada.<br />

Com isso, a produção de açúcar<br />

no período totalizou<br />

947.421 toneladas, 36,6%<br />

dos 2,588 milhões de toneladas<br />

esperados. A nova perspectiva<br />

de produção é 11,4%<br />

menor em relação safra anterior<br />

(2,921 milhões/ton) e<br />

9,1% a menos em relação à<br />

primeira estimativa (2,848 milhões/ton).<br />

Já com relação ao etanol foram<br />

industrializados 732,12<br />

milhões de litros, 70,4% a<br />

mais do que no mesmo período<br />

do ano passado, sendo<br />

255,17 milhões de anidro e<br />

Centro-Sul sofre com clima<br />

A moagem de cana no Centro-<br />

Sul do Brasil deve alcançar<br />

573,9 milhões de toneladas na<br />

safra <strong>2018</strong>/19, o menor volume<br />

desde 2014/15, projetou<br />

recentemente a INTL FCStone,<br />

citando o tempo seco e o envelhecimento<br />

dos canaviais como<br />

razões para esse cenário.<br />

A quantidade, caso se confirme,<br />

ficaria abaixo dos 596,3<br />

milhões de toneladas do ciclo<br />

2017/18, além de representar<br />

um corte em relação à estimativa<br />

anterior da consultoria, de<br />

587,7 milhões de toneladas.<br />

As previsões da produção na<br />

região, entretanto, têm variado<br />

muito (ver quadro).<br />

“É indiscutível que o tempo<br />

seco de fato afetou significativamente<br />

as lavouras do Centro-Sul.<br />

Entre os meses de fevereiro<br />

e junho, a precipitação<br />

sobre o cinturão canavieiro registrou<br />

378 mm, 31,4% abaixo<br />

do ano passado e 33,4% a<br />

menos do que a média histórica”,<br />

comentou o analista de<br />

mercado da INTL FCStone,<br />

João Paulo Botelho, em nota.<br />

Ele ponderou, contudo, que a<br />

falta de chuvas “não está espalhada”<br />

por todo o Centro-<br />

Sul. “A seca se concentra nos<br />

Estados de São Paulo, <strong>Paraná</strong><br />

e Mato Grosso do Sul. Embora<br />

sejam responsáveis por 73%<br />

da área projetada, a quebra<br />

dentro desses estados também<br />

não é generalizada.<br />

A consultoria alertou que o envelhecimento<br />

dos canaviais,<br />

após anos de dificuldades financeiras<br />

entre as usinas,<br />

também responde pela perspectiva<br />

de baixa produtividade.<br />

Na atual safra, a idade média<br />

das plantações é de 3,7 anos,<br />

contra 3,3 anos em 2014,<br />

quando outra forte seca afetou<br />

o Centro-Sul.<br />

476,95 milhões de litros de hidratado.<br />

A produção total esperada<br />

foi revista de 1,176 bilhão<br />

de litros de etanol total<br />

para 1,336 bilhão, 13,5% a<br />

mais que a previsão inicial e<br />

Do total da oferta de cana<br />

desta safra, cerca de 60%<br />

seria para a produção de etanol,<br />

28,2 bilhões de litros<br />

(contra 25,6 bilhões na temporada<br />

anterior). A fabricação<br />

de etanol hidratado deve ser<br />

recorde, 18,8 bilhões de litros,<br />

e 9,5 bilhões de anidro,<br />

misturado à gasolina. Também<br />

é esperada a produção<br />

de 1,1 bilhão de litros de etanol<br />

de milho, mais que o dobro<br />

ante 2017/18.<br />

Quanto ao açúcar, a INTL<br />

FCStone prevê a produção de<br />

30,4 milhões de toneladas<br />

nesta safra no Centro-Sul,<br />

contra 36,1 milhões no ano<br />

5,7% maior que a produção<br />

do ano passado, 1,264 bilhão<br />

de litros. Desse total, 576,16<br />

milhões de litros são de etanol<br />

anidro e 759,33 milhões são<br />

de hidratado.<br />

passado. A menor produção<br />

de açúcar no Centro-Sul do<br />

Brasil deve ser compensada<br />

pelo aumento da de outros<br />

países, levando a superávits<br />

nas safras globais 2017/18,<br />

que se encerra em setembro,<br />

e <strong>2018</strong>/19, respectivamente<br />

10,8 milhões de toneladas e<br />

7 milhões.<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


EVENTO<br />

Canavial é foco de Estação Conhecimento<br />

Objetivo é entender os desafios do campo e desenvolver as<br />

melhores estratégias de manejo para altas produtividades<br />

Com o objetivo de ajudar<br />

a aumentar os<br />

patamares de produtividade<br />

do canavial<br />

no <strong>Paraná</strong>, a empresa Syngenta<br />

promoveu a Estação<br />

Conhecimento <strong>2018</strong> na Estação<br />

Experimental da Universidade<br />

Federal do <strong>Paraná</strong>, em<br />

Paranavaí, no período de 19 a<br />

21 de junho, com a participação<br />

de engenheiros agrônomos,<br />

diretores, gerentes e técnicos<br />

agrícolas das unidades<br />

industriais sucroenergéticas<br />

do Estado.<br />

Segundo Adriano Mastro, da<br />

Syngenta, esta foi uma oportunidade<br />

para transmitir informação<br />

técnica de qualidade<br />

sobre as principais inovações<br />

e apresentar as melhores tecnologias<br />

e soluções para a cana-de-açúcar,<br />

levando as lavouras<br />

a alcançarem novos<br />

patamares produtivos.<br />

Dentre os pontos abordados<br />

estavam planejamento varietal,<br />

meiosi, revitalização, manejo<br />

de maturadores, controle<br />

das principais pragas e doenças,<br />

manejo de plantas daninhas<br />

e outros.<br />

Segundo Mastro, existem vários<br />

fatores que influenciam a<br />

produtividade das culturas e<br />

conhecer cada um deles é o<br />

objetivo principal das Estações.<br />

“É um treinamento<br />

abrangente, em que nossas<br />

equipes e parceiros são capacitados<br />

para oferecer uma assistência<br />

técnica diferenciada<br />

que, ao associar tecnologias<br />

de sementes e proteção de<br />

cultivos, disponibiliza aos<br />

clientes o suporte necessário<br />

para extraírem o máximo potencial<br />

dos cultivos”, ressaltou.<br />

A Estação do Conhecimento é<br />

um encontro lançado em<br />

2017 pela Syngenta, contemplando<br />

as culturas de soja,<br />

milho verão, trigo, arroz, feijão,<br />

cana-de-açúcar, café e amendoim.<br />

As reuniões são realizadas<br />

em espaços montados no<br />

campo que servem para capacitar<br />

técnica e comercialmente<br />

os participantes nas principais<br />

tecnologias da Syngenta,<br />

abordando diversos segmentos<br />

do agronegócio: sementes,<br />

tratamento de sementes,<br />

herbicidas, inseticidas e fungicidas.<br />

“Buscamos entender os<br />

desafios do campo e desenvolver<br />

as melhores estratégias<br />

de manejo para altas produtividades”,<br />

finalizou.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

7


GERAL<br />

E-social e Reforma Trabalhista são temas de palestras<br />

O evento foi realizado pelos Comitês<br />

de RH e de Segurança, Saúde e Meio<br />

Ambiente do Trabalho, da Alcopar<br />

Num trabalho conjunto<br />

do Comitê de Recursos<br />

Humanos (RH) e<br />

do Comitê de Segurança,<br />

Saúde e Meio Ambiente<br />

do Trabalho, da Alcopar, foi realizado<br />

dia 27/6 uma reunião<br />

técnica com os profissionais<br />

das usinas paranaenses. Os<br />

temas das palestras foram e-<br />

social e as mudanças ocorridas<br />

com a Reforma Trabalhista, ministradas<br />

pelo gerente de RH<br />

Waldomiro Baddini, pelo supervisor<br />

de Administração de Pessoal,<br />

Fernando Medeiros, e pelo<br />

gerente Jurídico e de Segurança,<br />

Henrique Wiliam Bego<br />

Soares, todos colaboradores da<br />

Usina Santa Terezinha.<br />

Na abertura do evento, o coordenador<br />

do Comitê SSMAT,<br />

Wesley Martins de Lima, engenheiro<br />

de Segurança do Trabalho<br />

da Cooperval, de Jandaia<br />

do Sul, falou sobre os 10<br />

anos do comitê e a importância<br />

do trabalho conjunto com<br />

o Comitê de RH ao longo dos<br />

anos.<br />

O gerente de RH Waldomiro Baddini, da Santa Terezinha, foi um dos palestrantes<br />

Com relação ao e-social, ou<br />

Sistema de Escrituração Digital<br />

das Obrigações Fiscais,<br />

Previdenciárias e Trabalhistas,<br />

instituído pelo Decreto nº<br />

8373/2014, os palestrantes<br />

falaram sobre suas experiências<br />

e fizeram uma contextualização<br />

das principais mudanças<br />

ocorridas, os prazos e<br />

as demandas criadas com a<br />

obrigatoriedade do novo sistema<br />

de registro criado pelo<br />

Governo Federal, que começou<br />

a ser implantado oficialmente,<br />

em janeiro de <strong>2018</strong>,<br />

após várias prorrogações.<br />

Por meio desse sistema, os<br />

empregadores passaram a<br />

comunicar ao Governo, de<br />

forma unificada, as informações<br />

relativas aos trabalhadores,<br />

como vínculos, contribuições<br />

previdenciárias, folha<br />

de pagamento, aviso prévio,<br />

escriturações fiscais e informações<br />

sobre o FGTS.<br />

Outro ponto abordado foi a<br />

implantação da próxima etapa<br />

do e-social, a partir de 2019,<br />

sobre como proceder com relação<br />

às informações sobre<br />

Segurança e Medicina do Trabalho.<br />

Todas as empresas<br />

terão que repassar as comunicações<br />

de acidente de trabalho<br />

através do sistema,<br />

tendo que se adequar dentro<br />

do prazo, sob risco de multas.<br />

O evento foi finalizado com a<br />

palestra sobre as mudanças<br />

ocorridas com a Reforma Trabalhista.<br />

Amigo do Inverno aquece mais de 2 mil pessoas<br />

Campanha do agasalho da Santa Terezinha arrecadou quase 20 mil peças de<br />

roupa e beneficiou famílias em 18 localidades do <strong>Paraná</strong> e Mato Grosso do Sul<br />

A Usina Santa Terezinha envolveu<br />

todas as unidades produtivas,<br />

escritório corporativo e<br />

terminal logístico no projeto<br />

Amigo do Inverno. A iniciativa<br />

é realizada desde 2013 com o<br />

objetivo de arrecadar roupas e<br />

outros bens de consumo para<br />

doação, além de estimular o<br />

envolvimento dos colaboradores<br />

em ações voluntárias.<br />

Assim como nos últimos anos,<br />

o projeto superou as expectativas<br />

e bateu recordes de arrecadação<br />

e engajamento. A<br />

ação envolveu a Campanha do<br />

Agasalho e uma Gincana Solidária<br />

com arrecadação de roupas,<br />

cobertores, alimentos e<br />

fraldas geriátricas. Além de<br />

mutirões para doações de sangue<br />

e da organização de trabalhos<br />

voluntários. Nas unidades<br />

produtivas, a campanha foi realizada<br />

também em parceria<br />

com o Senar, envolvendo os jovens<br />

participantes do AAJ<br />

(Aprendizagem de Adolescentes<br />

e Jovens) no voluntariado,<br />

na arrecadação e distribuição<br />

de roupas.<br />

Em <strong>2018</strong>, o projeto Amigo do<br />

Inverno ajudou a aquecer o coração<br />

de mais de 2 mil pessoas<br />

em 18 municípios e<br />

distritos do <strong>Paraná</strong> e Mato<br />

Grosso do Sul, beneficiando 32<br />

instituições e projetos sociais<br />

que atendem crianças, idosos,<br />

pessoas em situação de rua,<br />

dependentes químicos e famílias<br />

em situação de vulnerabilidade<br />

social.<br />

“Mais do que arrecadar bens,<br />

o projeto tem o objetivo de despertar<br />

o senso comunitário e<br />

de solidariedade entre os colaboradores<br />

da usina. E nós<br />

vemos esse resultado aparecendo<br />

a cada ano, já que,<br />

desde a primeira edição, o projeto<br />

supera as metas de arrecadação<br />

e vem aumentando o<br />

número de doações e o nível<br />

envolvimento entre os colaboradores”,<br />

explica Solange Gil de<br />

Azevedo, responsável pela coordenação<br />

do projeto.<br />

O projeto arrecadou, em todas<br />

as unidades, 19.999 peças de<br />

roupa, 817 cobertores, 384<br />

fraldas geriátricas e 1.217 Kg<br />

de alimento. Também foram organizadas<br />

três ações voluntárias<br />

com mais de 300<br />

beneficiados e 57 doações de<br />

sangue, que poderão salvar a<br />

vida de até 228 pessoas.<br />

8<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


FENASUCRO<br />

Feira prevê R$ 4 bilhões em negócios<br />

Movimentação é 7% maior do que na<br />

edição anterior, e espera cerca de 40<br />

mil visitantes de mais de 40 países<br />

DA ASSESSORIA<br />

DE COMUNICAÇÃO<br />

de público que deve ser 8%<br />

maior que 2017.<br />

A26ª Fenasucro &<br />

Agrocana, que acontece<br />

de 21 a 24 de<br />

agosto de <strong>2018</strong>, terá<br />

a presença de novos perfis de<br />

compradores que, junto com<br />

toda a cadeia produtiva sucroenergética,<br />

impactarão positivamente<br />

na geração de negócios<br />

deste ano. A expectativa é<br />

que o movimento financeiro<br />

cresça 7% em relação ao ano<br />

passado, chegando a R$ 4 bilhões.<br />

Além do setor canavieiro, a<br />

feira receberá visitantes das<br />

áreas de Transporte e Logística,<br />

Alimentos e Bebidas,<br />

Biodiesel e Papel e Celulose<br />

com produtos comerciais e<br />

eventos de conteúdos específicos<br />

para estes nichos de<br />

mercado. O otimismo também<br />

reflete na movimentação<br />

Mais otimismo<br />

Com um novo layout, a estrutura<br />

da feira ganhou mais mil<br />

metros quadrados de área<br />

devido à chegada de 30 novas<br />

empresas que serão abrigadas<br />

em um pavilhão denominado<br />

Agrotec. Este setor<br />

dará acesso à área da Agrocana.<br />

Durante o lançamento, realizado<br />

dia 26 de junho, um contrato<br />

entre os organizadores foi<br />

assinado mantendo a realização<br />

da feira por mais 10 anos<br />

em Sertãozinho (SP).<br />

Em <strong>2018</strong> a novidade é a Arena<br />

Fenatran, focada no transporte<br />

e logística rodoviária de cargas.<br />

Esta área contará com a presença<br />

das principais marcas<br />

mundiais montadoras de caminhões<br />

- como Mercedes,<br />

Man, Ford e Volkswagen.<br />

O presidente do Ceise Br, Aparecido Luiz, aponta que este<br />

ano, a Fenasucro & Agrocana acontece num cenário mais<br />

otimista para o setor sucroenergético. "Se em 2017 tínhamos<br />

expectativas acerca da consolidação da Política<br />

Nacional de Biocombustíveis, em <strong>2018</strong> ela já é uma realidade.<br />

Embora o RenovaBio ainda esteja em fase de regulamentação,<br />

agora conseguimos enxergar um norte<br />

para a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, em especial<br />

para a indústria de base, tão prejudicada com as crises<br />

econômica e setorial dos últimos anos", afirma.<br />

E como a feira reúne todos os elos do setor, destaca o<br />

presidente do Ceise Br, ela poderá ser o termômetro para<br />

este seu novo momento, “trazendo possibilidades não só<br />

para o etanol, açúcar e energia, mas para todas as áreas<br />

correlatas, favorecendo diversificação e ampliação de<br />

mercados, bem como o estímulo à inovação e aumento<br />

de produtividade, o que irá, assim, estimular a competitividade<br />

da indústria nacional”.<br />

"É sempre bom lembrar que<br />

30% do valor do produto final<br />

no setor sucroenergético vêm<br />

de transporte e logística. Na<br />

feira, apresentamos tecnologias<br />

e novidades que efetivamente<br />

colaboram na melhora<br />

do preço tanto do açúcar<br />

quanto de etanol e de produtos<br />

correlatos do setor sucroenergético.<br />

É o consumidor quem<br />

será beneficiado", explica o gerente<br />

de Produto da feira Paulo<br />

Montabone.<br />

Outro fator que reforça as boas<br />

expectativas da Fenasucro &<br />

Agrocana é o Renovabio, programa<br />

do governo federal já em<br />

vigor que impulsionará a produção<br />

de etanol de 30 para 50 bilhões<br />

de litros por safra, além<br />

da regulamentação que já elevou<br />

para 10% o percentual de<br />

mistura de biodiesel no diesel<br />

comum vendido ao consumidor.<br />

Tudo isto, segundo Montabone,<br />

incentiva novos investimentos<br />

para a manutenção e<br />

até mesmo a criação de novas<br />

usinas para o atendimento das<br />

demandas estabelecidas pelo<br />

programa. A bioenergia também<br />

alavanca o setor com a<br />

valorização da biomassa para a<br />

produção de bioeletricidade.<br />

Novidade nas Rodadas de Negócios<br />

Neste ano, a novidade é a rodada<br />

de negócios especialmente<br />

voltada ao setor agrícola com<br />

foco no público brasileiro. As<br />

rodadas nacionais e internacionais<br />

que já acontecem regularmente,<br />

com foco na indústria,<br />

também estão confirmadas. A<br />

expectativa é que somente as<br />

rodadas nacionais gerem mais<br />

de R$13 milhões em negócios.<br />

Até o momento, a Fenasucro &<br />

Agrocana já está com 24 delegações<br />

confirmadas. Dentre<br />

elas, o maior poder de compra<br />

está concentrado no Sudão.<br />

"Está havendo um intercâmbio<br />

técnico-industrial entre o Brasil<br />

e este país africano para a montagem<br />

de usinas. Os sudaneses<br />

vêm para o evento em busca de<br />

tecnologias para esta finalidade".<br />

A expectativa é que a feira<br />

receba visitantes de mais de 40<br />

países.<br />

A Fenasucro & Agrocana também<br />

é referência na capacitação<br />

técnica dos profissionais<br />

do setor sucroenergético. Nesta<br />

edição, a carga horária da programação<br />

está 16% maior, resultando<br />

em mais de 350 horas<br />

de atividades. O Espaço de<br />

Conferência contará com quatro<br />

auditórios, sendo três voltados<br />

para os assuntos industriais<br />

e um para os temas agrícolas.<br />

De acordo com a organização<br />

da feira, 6 mil pessoas<br />

devem participar dos eventos<br />

de conteúdo nesta edição.<br />

A Fenasucro & Agrocana acontece<br />

no Centro de Eventos Zanini,<br />

em Sertãozinho. Os eventos<br />

de conteúdo acontecem a<br />

partir das 8h até 18h. A visitação<br />

na plataforma comercial é<br />

das 13h às 20h. O credenciamento<br />

de visitantes pode ser<br />

feito pelo site www.fenasucro.<br />

com.br. A feira é uma realização<br />

do Ceise Br (Centro Nacional<br />

das Indústrias do Setor Sucroenergético<br />

e Biocombustíveis),<br />

organizada e promovida pela<br />

Reed Exhibitions Alcantara Machado.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9


DOIS<br />

PONTOS<br />

A desaceleração do consumo<br />

e o aumento da produção devem<br />

fazer com que o açúcar<br />

tenha um dos piores desempenhos<br />

da história. Os estoques<br />

globais estão aumentando<br />

e podem quebrar um<br />

recorde. O consumo mundial<br />

ainda cresce, 1,4%, mas num<br />

ritmo muito abaixo do ideal<br />

para atender o mercado produtor<br />

e dos quase 2% da última<br />

década. A produção<br />

cresce na Índia, segundo<br />

maior produtor mundial e na<br />

Açúcar<br />

Tailândia, que teve uma safra<br />

excepcional neste ano. A produção<br />

global deve superar a<br />

demanda em 19,6 milhões de<br />

toneladas nos 12 meses<br />

completados em 30 de setembro,<br />

o maior excedente da<br />

história, segundo a consultoria<br />

Green Pool Commodity<br />

Specialists, em um relatório<br />

divulgado no fim de junho. O<br />

excesso seria mais que suficiente<br />

para atender a demanda<br />

anual da China, maior<br />

importador mundial.<br />

Gene-chave<br />

Quebrar a limitação física no<br />

crescimento do caule da cana-de-açúcar,<br />

de forma substancial,<br />

pelo melhoramento<br />

convencional da cultura tem<br />

sido difícil. Um estudo feito<br />

durante um projeto vinculado<br />

ao Programa FAPESP de Pesquisa<br />

em Bioenergia, foi<br />

constatado que o gene chamado<br />

ScGAI é um regulador<br />

molecular chave do crescimento<br />

e desenvolvimento da<br />

cana. Ao manipular a atividade<br />

desse gene em linhagens<br />

transgênicas de cana,<br />

desenvolvidas na Austrália,<br />

foi possível aumentar substancialmente<br />

o colmo e causar<br />

mudanças na alocação de<br />

carbono para moléculas estruturais<br />

e de armazenamento<br />

do cultivar, revelaram os pesquisadores<br />

em um artigo publicado<br />

no Journal of Experimental<br />

Botany.<br />

2ª Geração<br />

A produção do etanol de segunda geração ou etanol celulósico,<br />

obtido a partir da palha e do bagaço da cana,<br />

pode aumentar em até 50% a produção brasileira de álcool.<br />

Para tanto, o país possui a melhor biomassa do planeta,<br />

a capacidade industrial instalada, a engenharia<br />

especializada e a levedura adequada. Só falta completar<br />

a composição do coquetel enzimático capaz de viabilizar<br />

o processo de sacarificação, por meio do qual os açúcares<br />

complexos são despolimerizados e decompostos em<br />

açúcares simples. Compor uma plataforma microbiana<br />

industrial para a produção do conjunto de enzimas necessárias<br />

é o alvo de pesquisas avançadas na área.<br />

Trabalhadores<br />

Biocombustíveis<br />

O volume de combustíveis renováveis<br />

convencionais como<br />

etanol de milho foi mantido<br />

em 15 bilhões de galões<br />

(56,8 bilhões de litros). O volume<br />

de biodiesel para 2019<br />

também ficou inalterado ante<br />

a exigência para <strong>2018</strong>, em<br />

2,1 bilhões de galões (7,95<br />

A cadeia sucroenergética nacional,<br />

importante setor do<br />

agronegócio e da economia<br />

brasileira, passou por diversas<br />

transformações nos últimos<br />

anos, resultando em diferentes<br />

efeitos sobre o mercado<br />

de trabalho desse segmento.<br />

Estudo realizado por<br />

pesquisadores da Esalq/USP<br />

e do Cepea (Centro de Estudos<br />

Avançados em Economia<br />

Aplicada) demonstram<br />

que, ainda que o número de<br />

trabalhadores no setor sucroenergético<br />

tenha caído entre<br />

2008 e 2016, a qualidade<br />

dos empregos no setor cresceu<br />

nesse período com trabalhadores<br />

com maior escolaridade<br />

e elevação significativa<br />

dos salários reais<br />

A Agência de Proteção Ambiental<br />

dos Estados Unidos<br />

propôs os volumes mínimos<br />

de combustíveis renováveis<br />

que refinarias do país devem<br />

misturar a combustíveis fósseis<br />

em 2019. O chamado<br />

Padrão de Combustíveis Renováveis<br />

para o ano que<br />

vem prevê um aumento de<br />

3% no volume total em relação<br />

à exigência para <strong>2018</strong>:<br />

19,88 bilhões de galões<br />

(75,2 bilhões de litros) de<br />

etanol de milho e outros biocombustíveis,<br />

o que representa<br />

um aumento de 590<br />

milhões de galões (2,2 bilhões<br />

de litros) em relação à<br />

exigência para este ano, de<br />

19,29 bilhões de galões (73<br />

bilhões de litros).<br />

Padrão<br />

bilhões de litros), mas passará<br />

a 2,43 bilhões de galões<br />

(9,2 bilhões de litros) em<br />

2020. Houve aumento no volume<br />

para biocombustíveis<br />

avançados, como biocombustíveis<br />

celulósicos e etanol<br />

de cana-de-açúcar, que passou<br />

de 4,29 bilhões (16,24<br />

Qualidade<br />

A cadeia sucroenergética tem<br />

importante contribuição na geração<br />

de renda e de empregos<br />

detendo 3,2% do total de pessoas<br />

ocupadas no agronegócio<br />

em 2017, de acordo com o<br />

Cepea. A atividade também<br />

apresenta alto nível de formalização<br />

dentro do agronegócio,<br />

abrangendo 8% de todos os<br />

empregos com carteira assinada<br />

do setor no mesmo ano.<br />

Enquanto na atividade agrícola<br />

da cultura de cana 80% das<br />

pessoas ocupadas são empregadas<br />

com carteira assinada,<br />

para a agricultura brasileira de<br />

modo geral essa taxa é de apenas<br />

17%. Na agroindústria da<br />

cana (usinas de açúcar e etanol),<br />

95% dos ocupados são<br />

empregados com carteira assinada,<br />

enquanto para a agroindústria<br />

em geral esse<br />

percentual é de 58%. No agronegócio<br />

como um todo, apenas<br />

36% das pessoas ocupadas<br />

possuem carteira assinada. Tal<br />

resultado é um indicador do<br />

nível de qualidade mais elevado<br />

dos empregos gerados pela atividade<br />

sucroenergética.<br />

bilhões de litros) para 4,88<br />

bilhões de galões (18,5 bilhões<br />

de litros). Dentro dos<br />

avançados, o volume exigido<br />

de biocombustíveis celulósicos<br />

passou de 288 milhões<br />

(1,09 bilhão de litros) para<br />

381 milhões de galões (1,44<br />

bilhão de litros).<br />

10 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Rota 2030<br />

Biodiesel<br />

O Rota 2030, nova política<br />

do governo para desenvolver<br />

o setor automotivo, promoverá<br />

investimentos em pesquisa<br />

e desenvolvimento no<br />

País e vai fazer com que a inteligência<br />

e o conhecimento<br />

continuem no Brasil. Lançado<br />

dia 5/7, vai dar incentivo<br />

fiscal de R$ 1,5 bilhão<br />

por ano para as montadoras,<br />

que, em troca, terão de investir<br />

R$ 5 bilhões em pesquisa<br />

e desenvolvimento. O<br />

programa foi feito para durar<br />

15 anos, com renúncia fiscal<br />

total de até 22,5 bilhões de<br />

reais para os cofres públicos.<br />

O programa, criado por<br />

meio de Medida Provisória,<br />

valerá a partir de 2019, com<br />

créditos concedidos em cima<br />

de investimentos feitos<br />

neste ano.<br />

O Ministério de Minas e Energia<br />

publicou portaria que flexibiliza<br />

a norma que autoriza<br />

a mistura voluntária de biodiesel<br />

no diesel de até 20%<br />

no abastecimento de frotas<br />

cativas e consumidores rodoviários<br />

atendidos por ponto<br />

próprio de abastecimento,<br />

como transportadoras e empresas<br />

de ônibus que têm os<br />

próprios tanques de diesel.<br />

Para uso agrícola, industrial e<br />

ferroviário, a mistura pode ser<br />

de até 30%. A mudança era<br />

uma das demandas apresentadas<br />

durante a greve dos caminhoneiros<br />

e tem como<br />

objetivo ampliar o consumo<br />

de biodiesel. Os percentuais<br />

não valem para os consumidores<br />

comuns, que abastecem<br />

em postos de combustível.<br />

Para esses, a mistura<br />

obrigatória de biodiesel no<br />

diesel é de 10%.<br />

Dependência<br />

Bambu<br />

Microrganismos<br />

Um importante resultado acaba<br />

de ser alcançado, com a<br />

descoberta, no lago Poraquê,<br />

na Amazônia, de microrganismos<br />

capazes de produzir uma<br />

enzima crítica para o êxito do<br />

empreendimento. Isolada, caracterizada<br />

e produzida, a enzima<br />

mostrou-se compatível<br />

com duas fases essenciais da<br />

produção do etanol de segunda<br />

geração: a fermentação e a<br />

sacarificação. A realização simultânea<br />

dessas duas etapas<br />

oferece a perspectiva de uma<br />

grande redução de custos<br />

para a indústria sucroalcooleira,<br />

uma vez que as reações<br />

podem ocorrer em um único<br />

reator e há economia de reagentes.<br />

O estudo mobilizou<br />

pesquisadores do Centro Nacional<br />

de Pesquisa em Energia<br />

e Materiais, da Petrobras, da<br />

Universidade de São Paulo e<br />

da Universidade Federal de<br />

São Carlos, e contou com<br />

apoio da FAPESP.<br />

Não dá para imaginar o Brasil<br />

se livrando totalmente da dependência<br />

do diesel. O país,<br />

porém, pode reduzir o peso<br />

desse combustível na matriz<br />

energética já a curto prazo. É o<br />

que lideranças das indústrias e<br />

associações de produtores de<br />

biodiesel mostraram ao governo.<br />

Hoje são 51 fábricas em diversas<br />

regiões, e a capacidade<br />

de industrialização está próxima<br />

de 8,1 bilhões de litros.<br />

As principais matérias-primas<br />

da produção desse combustível<br />

renovável são soja (75%) e<br />

gordura animal (20%). Os outros<br />

5% vêm de óleo utilizado<br />

para frituras, além de óleos de<br />

algodão, palma e canola. E a<br />

abundância de matéria-prima<br />

nacional permite evolução rápida<br />

da produção de biodiesel.<br />

Previsibilidade<br />

O consumo anual brasileiro de diesel é de 55 bilhões de litros<br />

- aí incluída uma mistura de 10% de biodiesel. Em uma década,<br />

o consumo de diesel, mais o de biodiesel, será de 72<br />

bilhões de litros. Desse volume, 14,4 bilhões poderão vir do<br />

biodiesel, se a mistura, hoje em 10%, for a 20%. Mas o setor<br />

precisa de previsibilidade e continuidade da política de mistura.<br />

O setor propõe, ainda, um avanço contínuo do calendário<br />

nacional de mistura do biodiesel ao diesel. No próximo<br />

ano, a taxa subiria para 11%, chegando a 15% em 2023. E<br />

quer ainda que um grupo de trabalho inicie testes para o uso<br />

de 100% de biodiesel em diversos tipos de máquina, o que,<br />

em pequena escala, já é feito na agropecuária.<br />

El Niño<br />

Uma refinaria de petróleo em<br />

uma região da Índia mais famosa<br />

pelas plantações de<br />

chá espera dar nova utilidade<br />

ao seu verde abundante. A<br />

joint venture de US$ 200 milhões<br />

da Numaligarh Refinery<br />

com a firma de tecnologia<br />

finlandesa Chempolis<br />

vai esmagar bambu para<br />

produzir 60 milhões de litros<br />

de etanol por ano. O total é<br />

suficiente para cumprir os requisitos<br />

obrigatórios de mistura<br />

com gasolina em toda a<br />

região Nordeste do país.<br />

Combinados, os oito estados<br />

localizados no sopé do Himalaia<br />

representam cerca de<br />

dois terços da produção total<br />

de bambu da Índia.<br />

O Centro de Previsão do Clima<br />

dos EUA emitiu um alerta para<br />

El Niño no Pacífico equatorial, e<br />

as chances pularam para 64%<br />

de probabilidade de ocorrência<br />

no período de dezembro a fevereiro.<br />

A probabilidade era de<br />

49% no relatório mensal publicado<br />

pela agência em maio. As<br />

condições agora são favoráveis<br />

para o surgimento do El Niño<br />

em algum momento nos próximos<br />

seis meses. O fenômeno<br />

que ocorrem quando o oceano<br />

aquece e a atmosfera reage,<br />

podem causar impactos profundos<br />

no planeta e nos mercados<br />

financeiros. Os invernos<br />

com El Niño normalmente são<br />

mais frios e tempestuosos no<br />

sul dos EUA, chuvosos na Califórnia<br />

e mais quentes na região<br />

Noroeste Pacífico e nas Montanhas<br />

Rochosas, no Norte. Na<br />

América do Sul, o Brasil pode<br />

registrar seca no Nordeste e<br />

chuvas no Sul e a Argentina<br />

pode registrar mais chuva. Não<br />

há certeza de que o El Niño<br />

ocorrerá. É necessário que a atmosfera<br />

acima do Pacífico reaja<br />

ao aquecimento da superfície,<br />

o que ainda não aconteceu.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!