Portal do Budismo nº18

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Enquanto estiver vivo, jamais deve negligenciar a
grande questão da vida após a morte
Dôshu foi considerado um dos
discípulos mais confiáveis de mestre
Rennyo. Ele divulgou o budismo
intensamente andando desde a Província
de Toyama até a Província de
Ishikawa (cerca de 65 km). Como
ele era natural do vilarejo de Higashi
Akao que fica na região de Gokayama,
Província de Toyama, ele era
chamado de “Dôshu de Akao”.
Dôshu registrou os cuidados principais
que devemos ter quando buscamos
e ouvimos o budismo em “21
artigos sobre os cuidados tomados
por Dôshu” e é conhecido mesmo nos
dias de hoje. O primeiro artigo nos
ensina o ponto mais importante para
os seguidores da doutrina de Shinran.
1. Enquanto estiver vivo, jamais
deve negligenciar a grande
questão da vida após a morte.
O termo “após a morte”, goshô em
japonês, se escreve usando os caracteres
de “nascer” e “posterior” que
significa “nascer depois da morte”.
Todas as pessoas morrerão um dia.
Ter vivido um dia significa que se
aproximou um dia do pós-morte.
Sobre isso, o monge Ikkyu da seita
Zen, fez um poema: “Ano novo, um
marco de 4 km para a próxima vida”.
Quando o ano novo inicia, todos se
cumprimentam dizendo “Feliz ano
novo”, mas ter passado um ano significa
que demos um grande passo
em direção à morte. “Viver” é uma
viagem que estamos fazendo em direção
à “morte”, em outras palavras,
uma aproximação à “próxima vida”.
Muitas pessoas devem pensar: “Sei
muito bem que vou morrer um dia,
mas isso é mais pra frente!” Porém,
o “pós-morte” poderá vir hoje à noite.
Buda Sakyamuni ensina: o expirar
não espera o inspirar e a vida termina.
Se não conseguir expirar o ar que
inspirou, ou então, se não conseguir
aspirar o ar que expirou, a partir deste
momento já é o pós-morte. A morte
está tocando na nossa respiração.
Então, o que acontecerá no nosso
pós-morte? Muitas vezes dizem
“partiu” a alguém que faleceu. Mas,
para uma partida, há um destino.
Onde seria este lugar?
Existe ou não um mundo após a morte?
Se sim, como seria este mundo? Será
que iremos para um mundo alegre e feliz
como a Terra Pura ou o Paraíso? Ou
cairemos num mundo escuro? Este destino
está definido claramente?
Trata-se do próprio destino de
(CONTINUA...)
A “estrada Dôshu” desde Gokayama
até o templo Zuisen
Quando Rennyo Shonin ia para o
templo Zuisen (atual cidade de Nanto,
Província de Toyama), dizem que
Dôshu, todos os dias, caminhava 30
km a pé para chegar de Gokayama. E
ainda, era uma trilha onde havia vales
e colinas de 1000 m de altura. Durante
o inverno, tinha de percorrer um
caminho cheio de neve que chegava o
dobro da altura de uma pessoa.
Recentemente, esse caminho foi
considerado como patrimônio histórico
e foi reformado e chamado de
“Estrada Dôshu”. Neste local, anualmente,
é realizado a maratona de corrida
em trilha e tem sido considerado
como uma rota atraente e saudável.
No entanto, jamais devemos esquecer
que há 500 anos, Dôshu percorreu ida e
volta por toda esta montanha e, através
de sua própria atitude, nos ensina que o
budismo “consiste em ouvir”
Na terra natal de Dôshu, em Gokayama,
a construção “gashô” é muito famosa e
foi registrada como patrimônio mundial.
A distância do templo Gyotoku, de Dôshu, até
o templo Zuisen está marcada: 28,8 km.

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(...CONTINUAÇÃO)
cada um, no entanto ninguém tem a
certeza de como ele é, e assim todos
vivem em completa escuridão. Para
nós, não existe questão mais importante
do que a “Grande questão da
vida após morte”.
Quando o nosso futuro está em total
escuridão, não conseguimos viver plenamente
felizes e alegres por mais que
obtenhamos qualquer tipo de felicidade.
Essa mente que desconhece o pós-
-morte é chamada de “mente escura” e é
ensinado que ela é a “raiz do sofrimento”.
Essa “mente escura” será eliminada
através da força do Voto de Buda
Amida e quando isso ocorrer, a mente
escura que até então desconhecia
o que aconteceria depois da morte,
será salva para uma mente iluminada
onde será revelado que, mesmo morrendo
a qualquer hora, terá a absoluta
certeza que nascerá na Terra Pura
do Buda Amida depois da morte. A
grande questão da vida após a morte
será solucionada por completo.
Desta forma, a chance de conseguir
a Felicidade Absoluta, obtendo
a alegria de ter nascido como ser humano,
só existe agora, enquanto estamos
vivos.
Dôshu, iniciando os seus 21 artigos,
ensina como a questão mais importante
“enquanto tiver vida, não se
descuide, apresse-se em solucionar a
grande questão da vida após a morte”.
A relação entre Buda Amida e Buda Sakyamuni
De forma geral, muitas pessoas
imaginam que Buda Amida e Sakyamuni
se tratam do mesmo Buda, diferenciando
apenas no nome. No entanto,
isso é grande equívoco.
Os Budas Amida e Sakyamuni são
completamente diferentes e se não
tivermos esse conhecimento, não
poderemos entender corretamente
o ensinamento de Shinran Shonin.
Portanto, é muito importante sabermos
a diferença entre eles.
Quem é Buda?
Buda Sakyamuni viveu na Índia há
2600 anos e no dia 08 de dezembro, aos
35 anos de idade, atingiu a iluminação
suprema denominada Buda. Desde então,
até o seu falecimento no dia 15 de
fevereiro aos 80 anos de idade, durante
45 anos, ele pregou o caminho pelo
qual todas as pessoas podem atingir a
verdadeira felicidade. Esse ensinamento
é chamado de budismo.
Buda Sakyamuni apresenta o Buda
Amida como seu mestre dizendo:
“Divulguei o budismo para apresentar
o meu nobre mestre a todos”.
Mestre e discípulo
Mestre Rennyo explica da seguinte
forma sobre a ligação entre Buda
Amida e Buda Sakyamuni:
“Buda Amida que aqui mencionamos,
por ser o buda mestre e de origem
dentre os budas dos três tempos
e dez direções...”
Na Terra, Sakyamuni foi o único
que atingiu a iluminação de Buda porém,
ele ensina que no Universo existem
incontáveis planetas como a Terra
e neles surgiram os budas também,
em quantidade tal como as areias do
rio Ganges. A esse conjunto de budas,
chamamos de “vários budas dos três
tempos e das dez direções” e dentre
eles, os Budas Dainichi e Yakushi são
uns dos mais conhecidos. Sakyamuni
também faz parte deste conjunto de
budas do Universo.
“Buda mestre e de origem” significa
que é o mestre, ou seja, o Buda Amida
é o mestre tanto de Sakyamuni quanto
de todos os budas. Em outras palavras,
todos os budas do Universo são
discípulos de Buda Amida.
Apenas o Voto de Buda Amida
A missão de um discípulo é transmitir
corretamente a intenção, o desejo
de seu mestre, logo Sakyamuni
pregou unicamente o Voto de Buda
Amida durante toda a sua vida.
Sakyamuni, como discípulo, pregou
o desejo de seu mestre Amida.
Sendo assim, o que o budismo ensina
é somente o Voto de Buda Amida
e, ouvir o budismo significa ouvir o
Voto de Buda Amida.
Sakaymuni pregou o budismo deste que atingiu
a iluminação de Buda aos 35 anos de idade, até
o seu falecimento aos 80 anos. O ensinamento
pregado durante 45 anos é chamado de budismo.
O Buda Amida é o
mestre dos budas dos
três tempos e das dez
direções.
Vários Budas
Bodisatvas
Vários deuses
Buda Amida
Buda Sakya,
Buda Dainichi,
Buda Yakushi
Bodisativa Kannon,
Bodisativa Seishi,
Bodisativa Jizôu
deuses do céu
e da terra que
protegem o
budismo
Abaixo dos budas estão os bodisatvas,
e abaixo desses, os deuses. Todos eles
são discípulos de Buda Amida.
*“Butsu” e “Nyorai”, ambos significam Buda.
Shinran Shonin esclarece na obra Shoshingue:
“o objetivo pelo qual Buda Sakya
surgiu neste mundo foi unicamente para
ensinar o Voto de Mida”.

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SALA DE BUDISMO aprendendo os termos de budismo
Palavra de hoje:
勤 行
Gongyô (Otsutome)
O Voto de Mida é uma promessa
que diz “salvarei unicamente quando
ouvirem o Voto”, por isso mesmo,
tanto Buda Sakyamuni, Shinran Shonin
e Rennyo Shonin ensinam que
“o budismo consiste em ouvir”. Em
primeiro lugar é o tyômon (ouvir o
budismo), em segundo também e
em terceiro também, ou seja, ouvir,
ouvir e ouvir até o fim. Assim nos
orientam os mestres.
No entanto, o que devemos fazer
quando não tivermos oportunidade
de ouvir? Será podemos passar o dia
sem fazer nada?
A efemeridade da vida aproxima
em alta velocidade, sendo assim
é natural a necessidade de nós
vivermos o dia a dia em direção à
“Terra Pura de Amida”.
◆
Dôshu, do vilarejo de Akao e discípulo
de mestre Rennyo, consta nos
registros de seu mestre que ele dizia
“O trabalho diário é não faltar com
o otsutome, esse é o trabalho”. “Tsutome”
de otsutome é o mesmo que o
Gongyô, ou seja, refere-se às “cinco
ações corretas” (Goshôgyo) que os
mestres nos orientam a colocarmos
em prática, cinco ações importantes
voltadas ao Buda Amida e que são as
seguintes:
1. Dokuju shogyo: ler o Shoshingue
e o Gobunsho.
2. Kanzatsu shogyo: observar atentamente
o myôgyo Namu Amidabutsu
e pensar no Buda Amida
e na sua Terra Pura.
3. Raihai shogyo: fazer reverência
ao myôgo Namu Amidabutsu.
4. Shômyo shogyo: recitar verbalmente
o Namu Amidabutsu
5. Sandankuyô shogyo: enaltecer o
Buda Amida e fazer oferendas.
Há uma história assim.
Aconteceu quando mestre Rennyo
passou o ano no templo Zuisen,
atual cidade de Nanto, na Província
de Toyama. Dôshu, que vivia em
Akao, Gokayama, havia saído de sua
casa de madrugada para percorrer 30
km e assim, chegar a tempo para o
otsutome matinal do ano-novo. No
entanto, a neve que havia caído era
muito mais do que se esperava e sem
conseguir se mover, Dôshu não conseguia
avançar. No templo Zuissen,
os preparativos para o otsutome já
estavam prontos e quando foi informado
ao mestre Rennyo, ele perguntou:
“Dôshu já chegou?”
“Não senhor, ainda não. Em especial,
esta manhã tem muito mais
neve, portanto, acreditamos que ele
não chegará a tempo”.
Ao ouvir isso, mestre Rennyo disse:
“Confio em Dôshu, sem dúvida ele
virá. Vamos esperar um pouco.”
Em seguida, no alto da colina,
avistou-se uma partícula de Dôshu
rolando em meio à imensa neve.
Rennyo Shonin muito feliz ordenou:
“Toque os tambores e o sino, avisem
a todos que começaremos o otsutome”
e ao mesmo tempo em que
Dôshu chegou, começou o otsutome.
◆
Dizem que Dôshu sempre dizia
“Participar de uma palestra e não
ouvir o ‘Kimyo muryo’ é o mesmo
que estar passando por sede e fome
por três anos”. Ele dizia que, apesar
de participar de uma palestra de budismo,
mas não chegar a tempo para
o otsutome, seria um grande prejuízo
como se passasse sede e fome durante
três anos.
Em qualquer família, provavelmente,
a manhã é uma correria como se fosse
um campo de guerra. No entanto, dizer
que não tem tempo para fazer otsutome,
tomando café da manhã sem fazer
nenhuma oferenda ao Buda, é uma
grande falta de respeito. A flor do altar
estar seca é um sinal que o sentimento
de ouvir o budismo está escasso. Desde
manhã até a noite, somos movidos
pelo desejo durante o dia inteiro. Ao
menos na hora do otsutome, frente ao
altar, devemos acalmar a nossa mente
e voltar os olhos para dentro de nós
mesmos. Vamos fazer o otsutome matinal
e vespertino sem falta.
O espírito de Dôshu de Akao

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O Voto de Buda Amida, a quem Dôshu expressava
profunda gratidão
Dizem que Dôshu de Akao, quando dormia, deitava-se
em cima de 48 lenhas isso porque ele sempre dizia “Se
ficar dormindo dentro de uma cama quente e confortável,
vou me esquecer da imensa dívida de gratidão que devo
à compaixão de Buda Amida. Causando desaconchego na
hora de dormir, quero ao menos imitar a retribuição da
dívida de gratidão ao Buda, mesmo que seja dessa forma”.
O número 48 provém dos “48 Votos do Buda Amida”.
Buda Amida, o buda mais poderoso e notável do Universo
fez 48 votos que são as suas promessas.
Dentre esses 48 votos, o mais importante é o chamado
“Voto escolhido” ou também “Voto Rei” que se refere ao
18º Voto. Esse é o Voto no qual Buda Amida coloca o seu
real desejo e intenção, é também chamado de “Verdadeiro
Voto”. Por essa razão, quando se diz “Voto de Buda Amida”,
automaticamente já se refere ao 18º Voto.
Então, o que Buda Amida promete nesse Voto? Resumindo,
ele promete: “Salvarei qualquer pessoa, com certeza,
para a felicidade absoluta”.
“Qualquer pessoa” não importa se é idoso ou jovem,
homem ou mulher, intelectual ou não, todas serão salvas
com absoluta certeza, para a felicidade absoluta. Somente
o Buda Amida é capaz de realizar um voto com tamanha
proeza, por essa razão, Shinran Shonin elogia o voto no
Shoshingue chamando-o de “Voto supremo e valioso” ou
“Rara promessa grande e extensa”.
Dôshu foi salvo nessa vida para a felicidade absoluta
através da força do Voto de Buda Amida e, desde então até
o seu falecimento, sentiu profundamente a imensa dívida
de gratidão ao Buda Amida.
Estátua de Dôshu esculpida em madeira. Dizem que, sentindo gratidão profunda
ao Buda Amida, ele sempre dormia em cima de 48 toras de madeira.
Um mundo igual a todas as pessoas:
o “Hino da Gratidão” de Shinran Shonin
“A gratidão pela grande compaixão
[de Amida
(Nyorai daihi no ondokuwa)
devo retribuir, mesmo que trans-
[forme o meu corpo em pó.
(Mi o ko ni shitemo hozubeshi.)
e a gratidão aos mestres que me
[orietaram
(Shishu tishiki no ondoku mo)
devo retribuir, mesmo que sacrifi-
[que a minha vida.”
(Hone o kudakitemo shasubeshi)
Este Versos de louvor e gratidão
é muito cantado nos encerramentos
dos eventos da Jodo
Shinshu (escola da Terra Pura),
portanto, ele é o mais conhecido
entre os hinos de Shinran Shonin.
“Nyorai daihi” se trata da grande
compaixão de Buda Amida e “Shishu
tishiki” se refere aos mestres do budismo
(zenjishiki) que transmitiram
corretamente esse Voto de Amida.
Por mais que o Buda Amida tenha feito
um voto espetacular, se não houvesse
alguém que transmitisse corretamente
para nós, não haveria como termos conhecimento
dessa promessa.
Na Terra, quem elucidou o “Voto
do Buda Amida” foi Buda Sakyamuni
que nasceu na Índia há 2600 anos,
portanto, ele é o pioneiro dos zenjishikis.
Depois de Sakyamuni, surgiram
na Índia o Bodisatva Nagarjuna
(Ryuju) e o Bodisatva Vasubandhu
(Tenjin), na China os mestres Tan-
-Luan (Donran), Tao-Cho (Doshaku)
e Chan-Tao (Zendo), e no Japão os
mestres Genshin e Honen. O Voto do
Buda Amida, como um “bastão” de
corrida, foi passado de mestre para
mestre até chegar a Shinran Shonin
que os denominou respeitosamente
de “Sete grandes mestres”.
Para nós da atualidade, o “shishu
tishiki”, os verdadeiros mestres do
budismo são o Buda Sakyamuni, os
Sete grandes mestres, Shinran Shonin,
Kakunyo Shonin e Rennyo Shonin.
◆
Shinran Shonin em Versos de louvor
e gratidão, com lágrimas de alegria
e gratidão relata “Agora, em vida,
obtive a Felicidade Absoluta. A imensa
dívida de gratidão ao Buda Amida
por ter me salvado para a certeza do
nascimento na Terra Pura e aos mestres
do budismo que me transmitiram
esse Voto, não conseguirei retribuir
mesmo que transforme o meu corpo
em pó e mesmo que sacrifique a minha
vida. A dívida de gratidão é infinita,
por isso a retribuição também
nunca se finda.” Todas as pessoas que
forem salvas pelo Voto de Mida, vivem
no mesmo mundo deste Versos
de louvor e gratidão.