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REVISTA GALERIA POR MÁRCIA TRAVESSONI - EDIÇÃO #09

Zelma Madeira - A força inspiradora que defende a luta contra o racismo como causa urgente e coletiva A atuação renovadora de Fábio Zech + Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia

Zelma Madeira - A força inspiradora que defende a luta contra o racismo como causa urgente e coletiva

A atuação renovadora de Fábio Zech

+ Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia

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ARTICULAÇÃO<br />

Desde que assumiu a Ceppir, em 2015, Zelma, que até então<br />

tinha uma extensa atuação na área acadêmica, passou a lidar com<br />

desafios diferentes. “A gestão é um outro mundo e trabalhar na<br />

articulação das políticas setoriais das demais secretarias exige<br />

um grau enorme de ser articuladora mesmo, de convencer que<br />

existe o racismo. Porque no Brasil não temos um convencimento,<br />

uma unanimidade sobre o racismo. A gente até acha que<br />

há racismo, mas que o racista é sempre o outro. As pessoas<br />

acreditam que o racismo só está em uma relação interpessoal,<br />

e não é. É maior, porque ele é fruto de um projeto de nação, é um<br />

racismo institucional e até estrutural. Ele define lugares política<br />

e economicamente. Essa não representatividade da população<br />

negra não vem do nada, ela vem se acumulando historicamente”,<br />

pontua a coordenadora.<br />

As primeiras ações à frente da Coordenadoria foram a<br />

criação do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial<br />

(Coepir) e a reelaboração e implementação do Plano de Políticas<br />

Públicas para a Promoção a Igualdade Racial (Peppir). “Também<br />

elaboramos um projeto de interiorização, municipalização da<br />

política de promoção da igualdade racial. A gente visitou os<br />

municípios e estimulou a criação de um órgão de igualdade<br />

racial. O objetivo é que eles criassem o plano e fizessem uma<br />

sistematização de suas ações no campo das relações etnicorraciais”,<br />

salienta.<br />

A transversalidade da igualdade racial dentro dos órgãos<br />

governamentais também é um assunto que tem muito destaque<br />

nas ações da Ceppir, como garante Zelma. “A gente precisa<br />

dialogar com a Secretaria de Saúde, por exemplo, para dizer<br />

que tem doenças de incidência da população negra. Não é só a<br />

anemia falciforme, mas a miomatose, a hipertensão, a diabetes,<br />

são doenças que precisam ter um olhar mais diferenciado”, pontua<br />

a professora. A Coordenadoria também lida com comunidades<br />

tradicionais, como quilombolas, ciganos e povos de terreiros.<br />

Nas periferias da Capital, as ações que chegam para a população<br />

são cursos de formação, em conjunto com debates sobre a questão<br />

político-racial. “Precisamos entender que, na periferia, vamos<br />

ter as vulnerabilidades e os problemas, mas também temos as<br />

resistências. Os meninos negros lá estão resistindo pela via da<br />

arte, da música, do hip hop, do funk que é também criminalizado,<br />

mas nós estamos apoiando”, completa.<br />

“A nossa função aqui é discutir e dizer da importância e fazer<br />

o atravessamento da política. Por outro lado, dos movimentos<br />

sociais, é a gente fortalecê-los, dizer que eles precisam de<br />

reconhecimento, que eles precisam de acesso à Justiça. Ou seja,<br />

ir facilitando esses caminhos. A nossa grande função é articulação<br />

política mesmo. Tanto para um lado quanto para outro”, conclui<br />

Zelma. ¤<br />

ZELMA POSA<br />

para a Revista <strong>GALERIA</strong> nos<br />

corredores do Palácio da Abolição<br />

50 <strong>GALERIA</strong> CAPA 51

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