Quais situações que de fato impedem um parto vaginal? Bebê pélvico? Cordão enrolado no pescoço? Peso? Idade da mãe? Esses são alguns “motivos” pelos quais ouvimos dizer que o médico desencorajou a mãe a realizar o parto vaginal. Mas o que realmente representa risco para mãe e bebê? Um parto vaginal só não ocorre quando existe um risco materno ou risco para o recém-nascido. Como risco para o RN temos, por exemplo, o feto em apresentação pélvica, quando estudos recentes evidenciam que esses fetos beneficiam-se com a cesariana eletiva. O mesmo ocorre com a macrossomia fetal, fetos acima de 4.500g, fetos em situação transversa e muitas outras situações. Pelo lado materno, temos patologias como placenta prévia oclusiva, descolamento prematuro de placenta, doenças cardiovasculares e pulmonares. Mas o estado clínico geral da paciente, o histórico gestacional, condições psicológicas, tudo tem de ser levado em conta, pois, dependendo do caso, podem ser agravantes. Quais os tipos de parto vaginal? Temos o parto normal, no qual podem ocorrer intervenções farmacológicas e cirúrgicas como a episiotomia (pique) e a analgesia obstétrica. Outros recursos como o uso de fórceps ou vácuo extrator são muito pouco utilizados atualmente e em casos extremos e específicos. Temos também o parto natural que não há intervenções e respeita as escolhas da mulher: pode ser de cócoras, na água, etc. Geralmente vem acompanhado de um plano de parto elaborado previamente com o obstetra. O que é parto humanizado? O parto humanizado visa, acima de tudo, o bem-estar da mãe e do bebê. Sendo assim, ele começa no pré-natal, quando o médico deve fazer um trabalho para que a gestante possa curtir o momento e entender a contração como algo natural. É importante ressaltar que o parto humanizado não é um tipo de parto, mas sim um conceito e a mãe recebe todo o apoio necessário para vivenciar o momento da melhor maneira possível. O parto acontece da forma como a mãe achar mais conveniente desde que não haja riscos iminentes, não sendo necessariamente na posição ginecológica. A analgesia ou outros procedimentos cirúrgicos não são proibidos, mas os métodos analgésicos e anestésicos não devem ser aplicados sem a real necessidade e tudo deve ser muito bem conversado com a paciente. Existem formas de aliviar a dor que vão além das intervenções de medicamentos e devem ser oferecidas antes, como o banho quente, a caminhada, exercícios com bola. Além disso, os familiares são peças fundamentais desse processo. O pai, inclusive, pode estar ao lado de sua mulher, ajudando e dando conforto para que ela se sinta mais segura. A presença de profissionais especializados e de uma equipe multidisciplinar é importante e não deve ser dispensada porque um parto é uma “caixinha de surpresas”, e nem sempre tudo sai como o planejado. O mais importante é entender que o termo parto humanizado não pode ser entendido como um “tipo de parto”, onde alguns detalhes externos o definem como tal, como o uso da água ou a posição, a intensidade da luz, a presença do acompanhante ou qualquer outra variável. É todo um conceito como expliquei acima e os vários tipos de partos existentes podem ser humanizados. Por que ainda existe um alto número de cesáreas sem indicação clínica e o que os hospitais e operadoras de saúde podem fazer para contribuir com a diminuição destes índices? O grande número de cesáreas sem indicação clínica envolve mudanças culturais e comportamentais. Os hospitais e operadoras de saúde devem atuar em parceria com o médico, a parturiente e sua família e também como instituição, pois é preciso que todos tenham o mesmo entendimento e estejam em sintonia. Além dos investimentos em informação e mobilização da equipe, é preciso um investimento na infraestrutura hospitalar. 8 |
“Não há um tipo de parto melhor para todas as mulheres. Vai depender muito do estado clínico da mãe e do bebê”. | 9