Revista São Francisco - Edição 02
Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.
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Quais situações que de fato impedem um parto vaginal?<br />
Bebê pélvico? Cordão enrolado no pescoço?<br />
Peso? Idade da mãe? Esses são alguns “motivos”<br />
pelos quais ouvimos dizer que o médico desencorajou<br />
a mãe a realizar o parto vaginal. Mas o que realmente<br />
representa risco para mãe e bebê?<br />
Um parto vaginal só não ocorre quando existe um risco<br />
materno ou risco para o recém-nascido. Como risco<br />
para o RN temos, por exemplo, o feto em apresentação<br />
pélvica, quando estudos recentes evidenciam que<br />
esses fetos beneficiam-se com a cesariana eletiva. O<br />
mesmo ocorre com a macrossomia fetal, fetos acima<br />
de 4.500g, fetos em situação transversa e muitas outras<br />
situações.<br />
Pelo lado materno, temos patologias como placenta<br />
prévia oclusiva, descolamento prematuro de placenta,<br />
doenças cardiovasculares e pulmonares. Mas o estado<br />
clínico geral da paciente, o histórico gestacional, condições<br />
psicológicas, tudo tem de ser levado em conta,<br />
pois, dependendo do caso, podem ser agravantes.<br />
Quais os tipos de parto vaginal?<br />
Temos o parto normal, no qual podem ocorrer intervenções<br />
farmacológicas e cirúrgicas como a episiotomia<br />
(pique) e a analgesia obstétrica. Outros recursos como o<br />
uso de fórceps ou vácuo extrator são muito pouco utilizados<br />
atualmente e em casos extremos e específicos.<br />
Temos também o parto natural que não há intervenções<br />
e respeita as escolhas da mulher: pode ser de cócoras,<br />
na água, etc. Geralmente vem acompanhado de um<br />
plano de parto elaborado previamente com o obstetra.<br />
O que é parto humanizado?<br />
O parto humanizado visa, acima de tudo, o bem-estar<br />
da mãe e do bebê. Sendo assim, ele começa no pré-natal,<br />
quando o médico deve fazer um trabalho para que<br />
a gestante possa curtir o momento e entender a contração<br />
como algo natural. É importante ressaltar que o<br />
parto humanizado não é um tipo de parto, mas sim um<br />
conceito e a mãe recebe todo o apoio necessário para<br />
vivenciar o momento da melhor maneira possível.<br />
O parto acontece da forma como a mãe achar mais<br />
conveniente desde que não haja riscos iminentes, não<br />
sendo necessariamente na posição ginecológica. A<br />
analgesia ou outros procedimentos cirúrgicos não são<br />
proibidos, mas os métodos analgésicos e anestésicos<br />
não devem ser aplicados sem a real necessidade e<br />
tudo deve ser muito bem conversado com a paciente.<br />
Existem formas de aliviar a dor que vão além das intervenções<br />
de medicamentos e devem ser oferecidas<br />
antes, como o banho quente, a caminhada, exercícios<br />
com bola. Além disso, os familiares são peças fundamentais<br />
desse processo. O pai, inclusive, pode estar ao<br />
lado de sua mulher, ajudando e dando conforto para<br />
que ela se sinta mais segura. A presença de profissionais<br />
especializados e de uma equipe multidisciplinar é<br />
importante e não deve ser dispensada porque um parto<br />
é uma “caixinha de surpresas”, e nem sempre tudo sai<br />
como o planejado.<br />
O mais importante é entender que o termo parto humanizado<br />
não pode ser entendido como um “tipo<br />
de parto”, onde alguns detalhes externos o definem<br />
como tal, como o uso da água ou a posição, a intensidade<br />
da luz, a presença do acompanhante ou<br />
qualquer outra variável. É todo um conceito como expliquei<br />
acima e os vários tipos de partos existentes<br />
podem ser humanizados.<br />
Por que ainda existe um alto número de cesáreas<br />
sem indicação clínica e o que os hospitais e operadoras<br />
de saúde podem fazer para contribuir com a<br />
diminuição destes índices?<br />
O grande número de cesáreas sem indicação clínica<br />
envolve mudanças culturais e comportamentais. Os<br />
hospitais e operadoras de saúde devem atuar em parceria<br />
com o médico, a parturiente e sua família e também<br />
como instituição, pois é preciso que todos tenham o<br />
mesmo entendimento e estejam em sintonia. Além dos<br />
investimentos em informação e mobilização da equipe,<br />
é preciso um investimento na infraestrutura hospitalar.<br />
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