Revista São Francisco - Edição 02
Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.
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O que precisa ficar<br />
claro é que força<br />
de vontade não<br />
é suficiente para<br />
vencer a depressão<br />
e ela não acomete<br />
apenas pessoas<br />
frágeis.<br />
Quando se fala em depressão é comum<br />
que inúmeros enganos ocorram. O principal<br />
deles é confundir tristeza, ou até<br />
mesmo luto, com esta doença que é considerada<br />
o mal do século.<br />
A tristeza é um estado afetivo que costuma<br />
estar presente nos quadros depressivos,<br />
mas é um sentimento comum no ser humano,<br />
de forma que não pode, isoladamente, ser<br />
rotulada de depressão. O mesmo se dá com o<br />
luto, que é um período necessário em reação<br />
a uma perda significativa (nem sempre ligada<br />
à morte concreta) e também faz parte da<br />
experiência humana natural. Já a depressão<br />
é de fato uma doença, que possui inclusive<br />
causas orgânicas cada vez mais reconhecidas,<br />
como desregulações em circuitos cerebrais<br />
e importante fator hereditário. Envolve<br />
também aspectos psicológicos e sociais. Mas<br />
então, como reconhecer os sintomas da depressão?<br />
Os sinais clínicos são diversos como:<br />
pessimismo, baixa autoestima, desânimo,<br />
fadiga, insônia ou excesso de sono, perda de<br />
interesse e de prazer em atividades e pessoas,<br />
sensação de vazio ou falta de sentido,<br />
sentimento de culpa sem causa identificável,<br />
dificuldade de concentração, agitação ou lentidão,<br />
alteração de peso (aumento ou perda) e<br />
irritabilidade em alguns casos.<br />
O psiquiatra Neury Botega esclarece que<br />
nos quadros depressivos mais graves é possível<br />
inclusive que os indivíduos não consigam<br />
sequer chorar ou sentirem-se tristes, e exemplifica<br />
dizendo que “o indivíduo que está triste<br />
sente-se mal em relação à situação, enquanto<br />
o deprimido sente-se mal em relação a si<br />
mesmo”.<br />
O comportamento suicida é uma das decorrências<br />
mais graves da doença. Mas precisa<br />
ficar claro que nem todo depressivo deseja<br />
interromper a própria vida (aproximadamente<br />
15% cometem suicídio) e a depressão está<br />
longe de ser a única causa para isto. Segundo<br />
a Organização Mundial de Saúde, tal comportamento<br />
costuma ser decorrente de sentimento<br />
de desespero somado à desesperança,<br />
gerando a necessidade de alívio que pode<br />
culminar no ato suicida. A boa notícia é que<br />
geralmente se trata de um momento de crise<br />
que, após adequadamente cuidado, pode ser<br />
controlado. Estima-se que, em cerca de 75%<br />
das tentativas de suicídio, a vontade da pessoa<br />
não era de fato morrer, mas sim livrar-se<br />
do sofrimento extremo, desejando uma nova<br />
vida.<br />
Quer envolva comportamento suicida ou<br />
não, fica evidente que a depressão é uma<br />
condição que necessita de intervenção profissional.<br />
Geralmente psicólogos e psiquiatras<br />
fazem o correto diagnóstico e diferenciação<br />
de outras condições que podem se assemelhar<br />
à depressão (demências, endocrinopatias,<br />
doenças infecciosas e neurológicas e<br />
mesmo alguns medicamentos). A partir disso,<br />
definem a melhor forma de tratamento, geralmente<br />
combinando medicação, psicoterapia<br />
e outras intervenções psicossociais.<br />
O que precisa ficar claro é que força de<br />
vontade não é suficiente para vencer a depressão<br />
e ela não acomete apenas pessoas<br />
frágeis. Indivíduos proativos, alegres e otimistas<br />
podem desenvolver a doença. Preconceitos<br />
e estigmas só atrapalham e desencorajam<br />
a busca por ajuda especializada, piorando<br />
ainda mais a situação de quem já está em sofrimento<br />
intenso.<br />
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