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PME Magazine - Edição 9 - Julho 2018

Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, é o grande entrevistado da edição de julho da PME Magazine. Leia já aqui.

Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, é o grande entrevistado da edição de julho da PME Magazine. Leia já aqui.

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JULHO <strong>2018</strong> | TRIMESTRAL | EDIÇÃO 9<br />

EDIÇÃO ANO III - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA<br />

DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

Luís Araújo<br />

A NOVA ERA DO TURISMO<br />

QUE IMPULSIONA PORTUGAL<br />

IMPACTHOUSE<br />

O PRIMEIRO HOSTEL<br />

SUSTENTÁVEL DO PAÍS<br />

INCUBADORAS<br />

EMPREGAR COM<br />

OUTROS OLHOS<br />

QUE OPORTUNIDADES PARA PESSOAS<br />

CEGAS OU COM BAIXA VISÃO?<br />

O QUE FAZEM E COMO APOIAM<br />

OS EMPREENDEDORES?


p4 | figura de destaque<br />

Luís Araújo e o futuro do turismo em Portugal<br />

p14 | CASOS DE SUCESSO<br />

Partteam e a aventura com os quiosques digitais<br />

FIGURA de DESTAQUE<br />

p16 | Investimento<br />

Isabel Neves e a importância dos pitchs<br />

p18 | Internacional<br />

Grupo Oásis Atlântico e a aposta em Cabo Verde e Brasil<br />

p20 | ambiente<br />

ImpactHouse e o turismo de impacto<br />

p23 | Responsabilidade Social<br />

Os desafios de empregar pessoas cegas e com baixa visão<br />

p25 | Empreendedorismo<br />

Incubadoras a desafiar o tecido empresarial português<br />

p28 | rh<br />

Andreia Duarte e a importância do momento da contratação<br />

p29 | Tanya Kopps a caminho da Makro Itália<br />

p32 | Medir para gerir<br />

Ana Ganhão e a motivação das equipas sazonais<br />

p34 | Marketing<br />

Fábio Jesuíno e o escândalo da Cambridge Analytica<br />

p36 | Tecnologia<br />

Fin-Prisma e a era dos documentos digitais<br />

p38 |Lispolis e a aposta no e-commerce<br />

p40 | Agenda<br />

Conferência Rise a caminho de Hong Kong<br />

p42 | Opinião<br />

A AHRESP e a valorização do turismo nacional<br />

Ficha técnica<br />

DIRETORA: Mafalda Marques<br />

EDITORA: Ana Rita Justo<br />

REDAÇÃO: Denisse Sousa<br />

VÍDEO E FOTOGRAFIA: JD Edition e João Filipe Aguiar<br />

DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes<br />

DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho<br />

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Ana Ganhão, Andreia Duarte, Fábio Jesuíno, Isabel<br />

Neves, Mário Pereira Gonçalves e Pedro Rebordão<br />

ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em www.pmemagazine.com)<br />

DEPARTAMENTO COMERCIAL<br />

EMAIL: publicidade@pmemagazine.com<br />

PROPRIEDADE: Massive Media Lda.<br />

NIPC: 510 676 855<br />

MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:<br />

Urb. Nova do Tereco, 7 – Tourinha<br />

2665-018 Azueira<br />

REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />

1900-221 Lisboa<br />

TELEFONE: 211 934 140 | 96 453 31 02 | 934 952 854<br />

EMAIL: info@pmemagazine.com<br />

N. DE REGISTO NA ERC: 126819<br />

EDIÇÃO N.º: 9<br />

DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17<br />

ISSN: 2184-0903<br />

TIRAGEM: 1000 exemplares<br />

IMPRESSÃO: Ondagrafe - Artes Gráficas Lda.<br />

Rua da Serra Nº1, A-das-Lebres, 2660-202, Santo Antão do Tojal<br />

DISTRIBUIÇÃO: Massive Media Lda.<br />

Para onde queremos ir<br />

O turismo é, sem dúvida, um dos setores de excelência da<br />

economia portuguesa: mais de 11,5 mil milhões de euros gerados<br />

em 2016, numa subida de 7% do valor acrescentado<br />

bruto da economia nacional, mais de 350 mil pessoas empregadas<br />

no setor e um peso nas exportações equivalente a 20%<br />

do total. O caminho é irreversível e, cada vez mais, o mundo<br />

olha para nós como uma economia que emerge e se adapta à<br />

nova Era digital, ao empreendedorismo e à inovação.<br />

O turismo aparece com mais força, aliado às novas tecnologias,<br />

à melhoria e formação contínua dos seus recursos humanos,<br />

a modelos de negócio que começam a ser replicados.<br />

Nesse sentido, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal,<br />

traz-nos, nesta edição de início de verão, a visão estratégica<br />

para o turismo nacional.<br />

Uma aposta forte na capacitação das pessoas, mas também<br />

na inovação e na criação de novos negócios, esta última potenciada<br />

pela criação do Centro de Inovação do Turismo.<br />

Falamos sobre o turismo, sobre como gerir equipas sazonais<br />

com a coach Ana Ganhão, sobre os desafios ao aparecimento<br />

de novas empresas no ramo turístico, como alerta o presidente<br />

da AHRESP, Mário Pereira Gonçalves, ou até sobre<br />

casos de sucesso além-fronteiras, como o do grupo Oásis<br />

Atlântico.<br />

A empregabilidade inclusiva também toma um papel importante<br />

e por isso damos conta do caso de integração de sucesso<br />

de Nuno Salgado, que aos 36 anos teve de mudar de vida<br />

devido a uma retinopatia diabética.<br />

Não deixamos de fora a importância que as incubadoras têm<br />

na economia nacional, pelo que fomos falar com os responsáveis<br />

da Startup Braga, Startup Lisboa e Loures Inova e<br />

perceber o que estão a fazer pela renovação do nosso tecido<br />

empresarial.<br />

Apresentamos a Fin-Prisma, que disponibiliza soluções de<br />

gestão documental à medida de cada negócio, e falamos<br />

sobre o novo projeto do Lispolis, o E-Commerce Experience<br />

Lisboa, destinado a empresas que queiram potenciar os seus<br />

negócios online.<br />

As boas práticas de recrutamento e de como sabermos como<br />

contratar a pessoa certa são abordadas por Andreia Duarte,<br />

da Brave Mind, e damos conta de outros casos de sucesso<br />

empresarial, como a ImpactHouse e a Partteam.<br />

Desengane-se quem pensa que no verão não se faz negócio.<br />

A globalização leva-nos a este desenvolvimento constante. E<br />

quem não o fizer, ficará para trás.<br />

Boas leituras e bons negócios!<br />

ANA RITA JUSTO | EDITORA<br />

Editorial<br />

Para onde segue a economia<br />

portuguesa e que imagem<br />

estamos nós a passar para<br />

os grandes players mundiais?<br />

Portugal, assume-se, cada<br />

vez mais, com um centro nevrálgico<br />

para o empreendedorismo,<br />

uma capital de potencialização<br />

de ideias, um<br />

hub fantástico para o desenvolvimento<br />

de negócios.<br />

3


Luís<br />

A<br />

figura de destaque<br />

“<br />

PORTUGA<br />

SER O LABO<br />

PERFEITO PA<br />

QUALQUER I<br />

Luís Araújo assumiu presidência do Turismo de Portugal em 2016<br />

4


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

L PODE<br />

RATÓRIO<br />

RA TESTAR<br />

DEIA<br />

“<br />

raújo<br />

Ana Rita Justo<br />

João Filipe Aguiar<br />

Com mais de 30 mil <strong>PME</strong> e a somar, o turismo é dos setores com peso<br />

cada vez mais crescente na economia nacional. Como apoiar os empresários,<br />

capacitar recursos humanos e mostrar Portugal como novo hub<br />

criativo, eis algumas das missões do Turismo de Portugal, aqui explicadas<br />

na voz do seu presidente, Luís Araújo.<br />

<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – O turismo atravessa<br />

um momento de grande<br />

prosperidade. Quais são os grandes<br />

desafios do setor neste momento?<br />

Luís Araújo – São vários. Quando<br />

lançámos a discussão para a estratégia<br />

dos próximos dez anos, em<br />

2016, a discussão era suscitada à<br />

volta dos tais desafios, ou o que é<br />

que queríamos para o futuro do turismo<br />

nacional. Falámos de onde é<br />

que queremos crescer mais, como,<br />

que tipo de conectividades precisamos<br />

de ter, que tipo de produto,<br />

que formação precisam de ter estas<br />

pessoas para fazer face aos novos<br />

segmentos e mercados. Uma série<br />

de desafios. Mas há três que consideramos<br />

que são de peso. Um tem<br />

que ver com o próprio crescimento<br />

em si: onde é que queremos crescer?<br />

Queremos crescer nas zonas<br />

de menor densidade turística e<br />

ao longo de todo o ano. Este é um<br />

grande desafio: conseguirmos levar<br />

o turismo a todo o território e ao<br />

longo de todo o ano. Um segundo<br />

desafio tem que ver com a formação<br />

dos recursos: hoje, temos à volta de<br />

60% das 350 mil pessoas que trabalham<br />

no setor com formação no<br />

ensino básico. Se queremos ter um<br />

turismo mais competitivo e se queremos<br />

continuar a ser um dos destinos<br />

mais competitivos do mundo,<br />

temos de inverter esta situação e<br />

fazer com que esses 60% tenham<br />

pelo menos o ensino secundário e<br />

técnico-profissional. Um terceiro<br />

grande desafio tem que ver com a<br />

digitalização. Não só na perspetiva<br />

de captação, de distribuição do<br />

produto e de colocação do produto<br />

Portugal lá fora, mas também digitalização<br />

na perspetiva do turista cá<br />

dentro, ter acesso a mais informação<br />

e melhor, no sentido de termos<br />

mais conhecimentos sobre a nossa<br />

atividade – e aqui estamos a falar<br />

de recolha de dados e tratamento<br />

de grandes dados, etc. E, finalmente,<br />

digitalização na perspetiva de<br />

gestão corrente das empresas, de<br />

sermos mais eficazes e mais produtivos<br />

relativamente àquilo que<br />

temos.<br />

“QUEREMOS<br />

CRESCER NAS<br />

ZONAS DE MENOR<br />

DENSIDADE<br />

TURÍSTICA E AO<br />

LONGO DE TODO<br />

O ANO. ESTE É UM<br />

GRANDE DESAFIO”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Um estudo do Instituto<br />

de Planeamento e Desenvolvimento<br />

do Turismo refere que<br />

Lisboa e Porto têm pressão turística<br />

superior a outras capitais europeias.<br />

Como comenta?<br />

L. A. – Hoje, as nossas principais<br />

regiões ao nível do turismo são<br />

Lisboa, Algarve, Madeira e Porto.<br />

Aquilo que queremos é que haja<br />

mais turistas durante mais tempo,<br />

ao longo de todo o território. O que<br />

dizemos, também, é que só podemos<br />

comparar relativamente a peso<br />

turístico, ou a sobrecarga turística,<br />

aquilo que é comparável. Portanto,<br />

não podemos comparar situações<br />

de cidades que têm 1500 quilómetros<br />

quadrados, que é o caso de<br />

Londres, um centro pequeno, com<br />

uma cidade que tem 100 quilómetros<br />

quadrados, como é Lisboa,<br />

com um centro também pequeno.<br />

5


figura de destaque<br />

Há possibilidade de crescimento, nós sentimos isso,<br />

há possibilidade de crescimento em todo o território<br />

e também nas próprias cidades. O que defendemos é<br />

que esse crescimento tem de ser feito de uma maneira<br />

sustentada para que a própria atividade turística seja<br />

uma atividade sustentável. O turismo vive do território,<br />

das cidades, vive da autenticidade dessas cidades, do<br />

facto de ter pessoas a viverem lá dentro. Agora, não<br />

podemos acusar ou dizer que o turismo é o principal<br />

causador da descaracterização das cidades só pelo<br />

facto de estar a gerar riqueza, a revitalizar as cidades,<br />

a criar postos de trabalho, a reabilitar muitos edifícios,<br />

a criar segurança em regiões que antes não tinham segurança…<br />

Portanto, há possibilidade de crescimento,<br />

temos é de acautelar para que isso seja de uma maneira<br />

sustentada e sustentável.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual é a estratégia do Turismo de Portugal<br />

(TP) para promover os locais com menor densidade<br />

turística?<br />

L. A. – A estratégia toca em vários pontos, aliás, a Estratégia<br />

2027, que foi lançada em 2016, toca também<br />

nesses pontos e em vários eixos. Cada um desses eixos<br />

tem iniciativas que têm como objetivo a valorização<br />

dessas zonas de baixa densidade. Os cinco eixos são:<br />

um primeiro que tem que ver com a valorização do território,<br />

melhorar o produto, ter mais condições de visitação<br />

para oferecer às pessoas em todo o território – e<br />

aqui estamos a falar de melhorar os roteiros de circulação,<br />

estruturar produto numa perspetiva integrada,<br />

desde o enoturismo, a gastronomia, os caminhos a pé,<br />

o cycling, por aí fora; um segundo eixo que tem que ver<br />

com a valorização da economia – como é que fazemos<br />

com que as nossas empresas tenham mais capacidade<br />

de gerar mais valor. Um belíssimo exemplo é aquilo<br />

que vivemos no ano passado, os resultados de 2017<br />

mostram-nos que houve um crescimento de 19,5% das<br />

receitas, comparado com um crescimento de 9% das<br />

dormidas e dos turistas.<br />

“HÁ POSSIBILIDADE DE<br />

CRESCIMENTO EM TODO<br />

O TERRITÓRIO E TAMBÉM<br />

NAS PRÓPRIAS CIDADES”<br />

Isto demonstra que está a haver um crescimento em<br />

valor, estamos a conseguir trazer os melhores turistas<br />

– aqueles que ficam mais tempo e que gastam mais –<br />

em detrimento daqueles que vêm exclusivamente por<br />

volume. Um terceiro eixo tem que ver com as conectividades:<br />

como é que fazemos com que Portugal não<br />

seja um país periférico e tenha cada vez mais ligação<br />

com o resto do mundo. Em 2016, tivemos à volta de 60<br />

novas rotas aéreas, em 2017 estamos a falar de 81 novas<br />

rotas aéreas, quase mais quatro milhões de lugares<br />

disponíveis em aviões para o destino Portugal. Isto é<br />

fundamental, porque<br />

permite-nos<br />

estar muito mais<br />

próximos daquilo<br />

que são os nossos<br />

mercados tradicionais,<br />

mas também<br />

dos nossos mercados<br />

alternativos,<br />

onde queremos<br />

crescer. Aqui, o<br />

objetivo é não colocar<br />

todos os ovos no mesmo cesto e<br />

ter o máximo de variedade em termos de<br />

mercados. Um quarto eixo tem que ver<br />

com o conhecimento daqueles que são<br />

os nossos mercados principais e os nossos<br />

mercados que estão a crescer, mas<br />

também um conhecimento que tem que<br />

ver com os nossos segmentos, que nos<br />

vão permitir crescer ainda mais em valor.<br />

É uma área importantíssima para nós, do<br />

ponto de vista de tratamento dos dados<br />

que temos, mas o conhecimento também<br />

na perspetiva de formação e de capacitação<br />

dos recursos humanos. E quando<br />

falamos de capacitação, falamos não só<br />

dos recursos humanos que trabalham<br />

no turismo, mas também na capacitação<br />

dos empresários e das próprias instituições<br />

relacionadas com o turismo. Capacitação<br />

em áreas que são importantíssimas,<br />

como o digital, o conhecimento dos<br />

mercados, uma série de questões que<br />

entendemos que faz sentido apostar nos<br />

dias que correm. Finalmente, um quinto<br />

eixo que tem que ver com a projeção<br />

do país e com promovermos Portugal,<br />

não só como um país para visitar, mas<br />

como um país para estudar, para viver,<br />

para investir. Nesta área, tem sido feito<br />

um trabalho notável, não só na parte de<br />

“EM 2017 TIVEMOS 81<br />

NOVAS ROTAS AÉREAS,<br />

QUASE MAIS QUATRO<br />

MILHÕES DE LUGARES<br />

DISPONÍVEIS EM AVIÕES<br />

PARA O DESTINO<br />

PORTUGAL”<br />

orientarmos todos aqueles que são os nossos canais e<br />

a nossa promoção para a componente digital, que nos<br />

permite chegar a mais mercados, a mais públicos, de<br />

uma maneira mais rápida e mais eficaz, mas também<br />

numa perspetiva de estarmos nas bocas do mundo. Em<br />

2017 conseguimos isso através de vários meios: conseguimos<br />

estar em quase 33 mil notícias relacionadas<br />

com Portugal e com o turismo em Portugal, mais do<br />

dobro das notícias que tivemos em 2016, curiosamente<br />

com menos press trips. Em 2016 tivemos 1300 press<br />

trips, em 2017 tivemos 1085. Isto faz com que haja uma<br />

curiosidade e uma divulgação do país para investir,<br />

para viver, para estudar, que antes não tínhamos. Por<br />

isso dizemos que, hoje, Portugal acrescenta valor às<br />

marcas e vemos isso em variadíssimos exemplos: no<br />

lançamento do iPhone, quando apresentam duas fotografias<br />

de Lisboa e dizem que a Ponte 25 de Abril não<br />

6


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

crescimento. Através dos registos de empreendimentos<br />

turísticos, alojamento local, de animação<br />

turística, vemos um crescimento gigantesco nos<br />

últimos anos, prova de que este setor tem um longo<br />

caminho para fazer. É um dos setores de aposta<br />

para o país, ou não fôssemos responsáveis por<br />

20% das exportações nacionais, mais de 50% das<br />

exportações de serviços – o que é algo significativo<br />

e emblemático. O que sentimos é que tem de<br />

existir uma ligação grande, não só entre as empresas<br />

do setor, mas principalmente entre estas<br />

empresas e outros setores que estão fora do perímetro<br />

do setor, do cluster turismo, e acreditamos<br />

que há sinergias muito válidas e muito positivas,<br />

mas, principalmente, há possibilidades de crescimento<br />

associadas a estas empresas.<br />

“PORTUGAL ESTÁ NUMA<br />

POSIÇÃO ESTRATÉGICA DE<br />

CRESCIMENTO E VISIBILIDADE”<br />

Aumentar turismo nas zonas de menor densidade é um dos objetivos estratégicos<br />

é São Francisco, é o lindíssimo Portugal; ou quando a<br />

Samsung escolhe Portugal para gravar as imagens que<br />

vão ser utilizadas no lançamento das suas televisões de<br />

ultra HD; ou quando se realizam grandes eventos internacionais<br />

em Portugal, como é o caso da Web Summit,<br />

e têm uma procura exponencialmente superior àquela<br />

que acontecia quando era realizada noutros locais.<br />

Portanto, acreditamos que hoje Portugal está numa<br />

posição estratégica de crescimento e de visibilidade,<br />

que claramente tem de ser aproveitada por outros setores,<br />

por toda a gente, em todo o território.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Quantas <strong>PME</strong> existem no setor e qual o<br />

peso?<br />

L. A. – Os dados que temos andam à volta de 30 mil<br />

<strong>PME</strong> no setor do turismo, mas o setor é muito maior<br />

do que isto e os dados que temos são claramente de<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Mas o peso das <strong>PME</strong> é crescente?<br />

L. A. – É crescente. Hoje, de alojamento local<br />

temos à volta de 60 mil registos a nível nacional,<br />

quando há dois anos tínhamos cerca de metade.<br />

Há aqui um crescimento grande e o que vemos é<br />

que continua a haver um interesse muito grande e<br />

há a possibilidade de esse crescimento se acentuar.<br />

Por outro lado, sentimos que em todos os<br />

indicadores das empresas do setor há uma melhoria<br />

significativa, seja na perspetiva de endividamento,<br />

de remuneração de capitais, de recursos<br />

humanos… Há uma melhoria desses indicadores.<br />

Há dois anos, o nível de endividamento de uma<br />

empresa do setor era de oito anos. Aquilo que vemos<br />

hoje é que essa recuperação ou retorno do<br />

investimento é [feito] em quatro anos, o que é sintomático<br />

do positivismo que se vive hoje no setor<br />

do turismo.<br />

“PORTAL BUSINESS TEM PAPEL<br />

FUNDAMENTAL”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual o papel do TP na alavancagem<br />

destes novos negócios?<br />

L. A. – Naquele eixo do conhecimento que referi, uma<br />

das nossas maiores preocupações era como é que<br />

levávamos às empresas, não só a informação sobre<br />

como é que o mercado estava, para que as empresas<br />

tivessem os melhores instrumentos para tomarem as<br />

suas decisões, não só de investimento, mas também<br />

de promoção e de produção daquilo que é a atividade,<br />

mas claramente numa perspetiva de formação e qualificação<br />

dos recursos. Foi por isso que recentemente<br />

lançámos o novo portal do TP e, dentro do portal,<br />

a questão das empresas e o portal Business tem um<br />

7


8


figura de destaque<br />

JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

papel fundamental para<br />

passar esta mensagem e<br />

este conhecimento, que<br />

é feito também no território<br />

– organizamos com<br />

frequência ações de formação<br />

que permitem às<br />

empresas estar por dentro<br />

daquilo que são as<br />

novas tendências e, em<br />

muitos casos, daquilo<br />

que é uma atividade mais<br />

eficaz e mais eficiente.<br />

Estas duas componentes<br />

são para nós valiosíssimas.<br />

Tem uma outra valência<br />

que acreditamos<br />

que é muito útil, que é<br />

prestar informação relativamente<br />

às linhas de<br />

financiamento, não só do<br />

TP, mas de outros mecanismos<br />

de financiamento<br />

disponíveis no mercado,<br />

fundos comunitários ou<br />

outros. Do nosso lado,<br />

aquilo que temos de financiamento<br />

às empresas divide-se em vários<br />

instrumentos. Há três principais: um<br />

tem que ver com fundos comunitários<br />

– somos organismo intermédio<br />

do Portugal 2020. E outros dois: um<br />

tem que ver com linhas específicas<br />

dentro do TP, com o Programa<br />

Valorizar. Dentro deste programa,<br />

que foi criado com uma dotação de<br />

60 milhões de euros, temos várias<br />

linhas específicas – uma de valorização<br />

turística do interior, outra<br />

relacionada com as acessibilidades,<br />

fazer com que as empresas,<br />

os nossos hotéis, agentes de viagem,<br />

operadores, alojamento local,<br />

animação turística tenham uma<br />

preocupação que para nós é fundamental,<br />

que é mostrar que Portugal<br />

é um país inclusivo e que está disponível<br />

para receber qualquer pessoa,<br />

independente das incapacidades<br />

que tenha, um destino all for all;<br />

temos uma linha relacionada com<br />

a criação de sistemas de wi-fi nos<br />

centros históricos dos municípios,<br />

temos à volta de 70 municípios já<br />

cobertos por esta rede wi-fi, que<br />

nos vai permitir, mais uma vez, não<br />

só melhorar a experiência do turista,<br />

mas recolher informação para<br />

saber que tipo de turista é que nos<br />

“HOJE, DE ALOJAMENTO LOCAL TEMOS À VOLTA<br />

DE 60 MIL REGISTOS A NÍVEL NACIONAL, QUANDO<br />

HÁ DOIS ANOS TÍNHAMOS CERCA DE METADE”<br />

visita, o que é que faz, por onde é<br />

que anda; e existe uma linha, criada<br />

recentemente, de auxílio financeiro<br />

às empresas que foram prejudicadas<br />

pelos incêndios. Há diversas linhas<br />

dentro do Programa Valorizar.<br />

Ano a ano, fazemos uma avaliação<br />

de como essa linha tem evoluído –<br />

tivemos à volta de 900 candidaturas<br />

só em 2017 nas diversas linhas.<br />

O terceiro mecanismo tem que ver<br />

com a linha de apoio à qualificação<br />

da oferta, essa já em protocolo com<br />

a banca e essas são linhas de investimento<br />

e de apoio financeiro com<br />

condições muito vantajosas, mais<br />

uma vez com o TP, para o apoio a<br />

projetos novos ou à requalificação<br />

de projetos antigos.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – E que apoio tem sido<br />

dado às empresas na sua promoção<br />

internacional?<br />

L. A. – Uma das vertentes na questão<br />

da promoção é levar Portugal<br />

não só a feiras – estamos presentes<br />

nas 12 grandes feiras mundiais<br />

com stand próprio, onde estão as<br />

empresas que conseguimos levar,<br />

e algumas feiras setoriais, nomeadamente<br />

em turismo de natureza.<br />

Além disso, principalmente nos<br />

mercados mais importantes para<br />

nós e através das nossas delega-<br />

Estratégia 2027 é uma das bandeiras do Turismo de Portugal<br />

ções – o TP tem 20 delegações<br />

nos mercados principais – fazemos<br />

diversos workshops e roadshows,<br />

em colaboração com as empresas,<br />

levamo-las a estes mercados<br />

e a estes destinos e aproveitamos<br />

para, em conjunto, mostrar aquilo<br />

que Portugal tem de mais inovador.<br />

Em 2016, iniciámos o Turismo 4.0 e<br />

aí, além das empresas ditas tradicionais,<br />

optámos por levar quatro<br />

startups a cada feira de turismo e<br />

apoiá-las nestas primeiras deslocações<br />

a estes mercados. Uma<br />

experiência que correu lindamente,<br />

que continua em 2017 e vai continuar<br />

em <strong>2018</strong>, porque permite-nos<br />

colocar em contacto, em ambiente<br />

de feira, as empresas mais tradicionais<br />

portuguesas com as mais inovadoras<br />

e, em segundo lugar, dar<br />

uma imagem de Portugal e do turismo<br />

nacional como algo que queremos<br />

cada vez mais apresentar, que<br />

é Portugal ser considerado um país,<br />

ou um hub de desenvolvimento de<br />

ideias relacionadas com o turismo<br />

cada vez mais inovador.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Que expectativas tem<br />

em relação ao Centro de Inovação<br />

no Turismo?<br />

L. A. – A criação do Centro de Inovação,<br />

que está para breve – esta-<br />

9


figura de destaque<br />

mos em fase de aprovação dos estatutos – é, precisamente,<br />

ser um hub em que se juntam as várias valências:<br />

as empresas mais tradicionais relacionadas com produtos<br />

e serviços; as startups, com novas ideias e com<br />

novas perspetivas daquilo que deve ser o desenvolvimento<br />

do turismo, mas onde também se juntam empresas<br />

que não têm diretamente que ver com o setor.<br />

Quisemos que o Centro de Inovação fosse uma mistura<br />

de todas estas valências, porque acreditamos que Portugal<br />

pode ser – e é! – o laboratório perfeito para testar<br />

qualquer ideia, que surja em qualquer parte do mundo,<br />

relacionada com produto, serviço, ou com plataformas<br />

de distribuição ou digitais, e testar essa ideia ou desafiar<br />

parceiros que estejam cá para que essa ideia tenha<br />

algum desenvolvimento ou alguma consequência. O<br />

Centro de Inovação vai permitir, além disso, desenvolver<br />

ainda mais aquilo que consideramos que é o cluster<br />

do turismo. Hoje, temos condições para fornecer desde<br />

os melhores profissionais no setor, até produtos para<br />

do, investimos à volta de um milhão de euros só em<br />

projetos com estas incubadoras, que depois direcionam<br />

para as startups. Em 2017 foram 11 projetos e 250<br />

startups. Estamos em fase de aprovação do programa<br />

para este ano, mas acreditamos que vamos reforçar<br />

este valor e acreditamos que vamos chegar a ainda<br />

mais startups. É isto que queremos que o Centro de<br />

Inovação faça. Não é criar uma incubadora específica<br />

no setor do turismo, é que permita também capitalizar<br />

e fazer esta junção e aproximação a estas incubadoras,<br />

em todo o território. A ideia é que seja um hub de desenvolvimento<br />

destas incubadoras e que nos permita<br />

também tirar as melhores ideias que são encontradas<br />

em cada uma delas. É uma espécie de porta de entrada<br />

e de saída para as startups e para as incubadoras e,<br />

principalmente, para aquilo que queremos do ponto de<br />

vista do posicionamento do país, que é um país cada<br />

vez mais líder do turismo do futuro.<br />

“TEMOS UM PROTOCOLO COM 27<br />

INCUBADORAS E TODOS OS ANOS<br />

LANÇAMOS UMA CALL PARA<br />

A APRESENTAÇÃO DE PROJETOS”<br />

Novo Centro de Inovação nas prioridades do presidente do Turismo de Portugal<br />

equipar, o melhor design para os hotéis, o melhor software,<br />

por aí fora. Queremos que este Centro de Inovação<br />

seja um centro de recolha de ideias, mas também<br />

de aglutinação, de junção das várias valências que<br />

existem no país e que permita dar o salto lá para fora,<br />

desenvolver produtos ou ideias que depois possam ser<br />

replicados em qualquer parte do mundo.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – E vai funcionar também como incubadora?<br />

L. A. – A ideia é que trabalhe com as incubadoras que<br />

já existem, aliás, parte do projeto do Turismo 4.0 é a<br />

base para este Centro de Inovação. Temos trabalhado<br />

de forma muito estreita com várias incubadoras em<br />

todo o país – temos um protocolo com 27 incubadoras<br />

e todos os anos lançamos uma call para a apresentação<br />

de projetos, que são apoiados por nós. No ano passa-<br />

“CIDADES BOAS PARA TURISTAS E LO-<br />

CAIS”<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como é que a taxa turística, que já está<br />

em vigor em Lisboa e no Porto, está a impactar o setor?<br />

L. A. – A taxa turística é uma decisão das câmaras e<br />

dos municípios. Portugal continua a crescer em todas<br />

as regiões, mais uma vez está a crescer mais nas regiões<br />

que têm menos turismo. É o caso da região Centro,<br />

do Alentejo e dos Açores e está a crescer mais<br />

na época baixa do que na época alta. Em 2017, 67%<br />

do crescimento do setor verificou-se na época baixa.<br />

Conseguimos reduzir em 1% a nossa sazonalidade, estamos<br />

em 36,5% de sazonalidade e o nosso objetivo é<br />

35,5%, portanto, estamos a trabalhar para termos cada<br />

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JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

vez mais turismo em todo o território e ao longo de todo<br />

o ano. Estas verbas têm de ser aplicadas em prol da cidade<br />

e em prol daquilo que é uma máxima nossa: uma<br />

cidade que é boa para um turista tem de ser muito boa<br />

para quem lá vive. Acreditamos que isso está a ser conseguido<br />

e vemos exemplos de investimento das taxas<br />

turísticas, veja-se o caso de Lisboa: o investimento que<br />

é feito no Palácio da Ajuda para alojar a nova coleção<br />

vai permitir criar ainda mais condições e mais possibilidades<br />

para que as pessoas visitem outras regiões da<br />

cidade e se espalhem no território. É um objetivo de todos<br />

e que vai permitir termos cidades mais sustentáveis<br />

e mais positivas para quem nos visita e para quem<br />

cá vive.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como avalia o impacto do alojamento<br />

local no setor?<br />

L. A. – O alojamento local é a resposta a uma procura.<br />

Existe procura por aquele tipo de alojamento, naquelas<br />

condições, em todo o mundo. Fechar a porta a esse tipo<br />

de alojamento é fechar a porta a uma parte da procura.<br />

Tem de haver um equilíbrio entre todas as partes e<br />

acreditamos que o alojamento local, com tudo aquilo<br />

que trouxe em termos de reabilitação urbana – 60%<br />

dos edifícios em Lisboa que estão hoje em alojamento<br />

local estavam fechados, devolutos, abandonados,<br />

em ruínas! É preciso lembrar isso e dizê-lo bem, para<br />

vermos a importância que este tipo de iniciativas trouxe<br />

para o setor. O nosso papel é fazer com que este alojamento<br />

local, que existe em todo o território, muito mais<br />

fora dos centros urbanos – hoje, temos quase 70% do<br />

alojamento local fora dos centros urbanos – fazer com<br />

que este alojamento tenha condições de ser considerado<br />

positivo e que promova ainda mais o nosso destino<br />

e que o nosso destino seja mais competitivo ainda.<br />

“60% DOS EDIFÍCIOS EM LISBOA<br />

QUE ESTÃO HOJE EM ALOJAMENTO<br />

LOCAL ESTAVAM FECHADOS,<br />

DEVOLUTOS, EM RUÍNAS! É PRECISO<br />

LEMBRAR ISSO”<br />

Daí existir regulamentação específica para este tipo de<br />

alojamento e daí termos insistido, por via da secretária<br />

de Estado do Turismo, junto das grandes plataformas<br />

e fazer com que a comercialização deste tipo de alojamento<br />

só se verificasse se preenchesse todos os requisitos,<br />

nomeadamente se estivesse legal e se estivesse<br />

registado no Registo Nacional de Alojamento Local.<br />

Acredito que hoje temos essa possibilidade, somos um<br />

case study, muitos países estão a olhar para nós, não<br />

só para verem o que fizemos na regulamentação, mas<br />

também o que estamos a fazer para atraí-los para dentro<br />

da legalidade com estas iniciativas junto das grandes<br />

plataformas de distribuição.<br />

Luís Araújo vê Portugal como um case study do alojamento local<br />

“QUEM VÊ RECOMENDA E REPETE“<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Portugal está na moda. Como é que vai<br />

ser quando deixar de estar?<br />

L. A. – O facto de Portugal estar na moda é uma frase<br />

sua. Acho que, mais do que estar na moda, Portugal<br />

está a ser descoberto por muitas pessoas, de muitas<br />

áreas, principalmente no setor do turismo. O que temos<br />

de fazer é tornar esta atividade sustentável ao longo do<br />

tempo. Crescer, sim, mas termos noção de que esse<br />

crescimento tem de ser baseado em fundações sólidas.<br />

Tem que ver com termos recursos humanos qualificados,<br />

cada vez mais preparados para o futuro, para<br />

os vários segmentos de mercado, para os vários mercados<br />

que queremos captar para Portugal. É mostrar<br />

que temos um país digitalmente avançado e preparado<br />

para se promover lá fora, mas também para melhorar<br />

a experiência de quem nos visita e, finalmente, ter um<br />

país que tem de ser visto como um todo. Não pode ser<br />

visto só através das portas de entrada principais – leia-<br />

-se, aeroportos – não pode ser visto como um país que<br />

vive limitado aos grandes fluxos, das conectividades<br />

aéreas, que não tem duas velocidades, que tem um<br />

interior que precisa de ser descoberto e de ser dado a<br />

conhecer, mas, cada vez mais, quem conhece, quem<br />

visita e quem vê, recomenda e repete. A questão da<br />

moda não é uma questão. A questão de nós mantermos<br />

esta visibilidade e este estatuto de grande destino e de<br />

país que acrescenta valor, não só às marcas, mas também<br />

às pessoas que nos visitam é algo de que todos<br />

temos consciência, setor público, setor privado, a nível<br />

regional e nacional. Acredito que estamos a dar passos<br />

importantes, nomeadamente com a aprovação da Estratégia<br />

2027, que foi o grande passo para definirmos<br />

aquilo que queremos para o nosso país e para o setor<br />

do turismo nos próximos dez anos.<br />

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JULHO <strong>2018</strong><br />

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<strong>PME</strong> Mag. – Mas as empresas estão alerta para esta<br />

situação?<br />

L. A. – Acho que sim e nós sentimos isso em variadíssimos<br />

campos: obviamente no campo económico, no<br />

campo social, através da preocupação com os recursos<br />

humanos, muito provocada também pela necessidade.<br />

Hoje, vemos muitas empresas a reclamar de que<br />

não existem recursos humanos suficientes, portanto,<br />

há uma aposta cada vez maior na qualificação dos seus<br />

recursos e na partilha dos resultados com estes recursos,<br />

há essa pressão, mas também essa preocupação.<br />

E há uma preocupação ambiental que está cada vez<br />

mais presente, numa perspetiva de eficiência energética,<br />

de gestão de resíduos, de gestão dos consumos<br />

de água, por uma questão financeira e económica, mas<br />

também por uma perspetiva comercial e de responsabilidade<br />

ambiental. Acreditamos que, hoje, as empresas<br />

têm esta consciência e perceberam que, se não for<br />

assim, tornam-se menos competitivas, não só internamente,<br />

mas claramente a nível internacional.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual o balanço que faz do seu mandado<br />

até agora?<br />

L. A. – Os resultados estão à vista. Não são responsabilidade<br />

minha, nem do Turismo de Portugal exclusiva-<br />

mente, são responsabilidade de muitos parceiros e de<br />

muitas entidades que participam deste setor. O que foi<br />

conseguido nestes dois anos tem sido muito diálogo,<br />

muita colaboração, muita sinergia entre todos. Exemplo<br />

disso é a Estratégia 2027. A discussão que houve<br />

em 2016, o debate relativamente àqueles que são os<br />

grandes desafios, o conseguirmos chegar a objetivos<br />

quantificados, conseguirmos estabilizar os nossos<br />

eixos de atuação, os ativos mais representativos e<br />

que mais pesam na nossa atividade turística, em que<br />

as pessoas foram colocadas no centro da estratégia<br />

– leia-se, os turistas, os residentes e os colaboradores<br />

do setor. Termos conseguido esta estabilização e<br />

este acordo relativamente àquilo que queremos para o<br />

futuro do turismo e onde queremos estar daqui a dez<br />

anos foi a grande vitória de todos, mas um reafirmar da<br />

responsabilidade que hoje temos. E o setor tem uma<br />

responsabilidade enorme, com 350 mil postos de trabalho<br />

criados, 55 mil só em 2017, termos 20% de peso<br />

nas exportações, o impacto no PIB e em tantas famílias<br />

portuguesas é uma responsabilidade acrescida e estes<br />

dois anos permitiram-nos estabelecer as bases sólidas<br />

para que essa responsabilidade nos próximos dez anos<br />

seja cada vez mais positiva.<br />

Luís<br />

Araújo<br />

Luís Inácio Garcia Pestana Araújo nasceu em 1970.<br />

É licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da<br />

Universidade de Lisboa (1994). Foi membro do Conselho<br />

de Administração do Grupo Pestana, responsável pelas<br />

operações hoteleiras da América Hispânica, com hotéis<br />

na Argentina, Venezuela, Colômbia, Cuba e Uruguai, e<br />

pelo desenvolvimento do grupo no mesmo continente, e<br />

responsável pelo departamento de sustentabilidade do<br />

grupo desde a sua criação, em 2009. De 2005 a 2007, foi<br />

chefe do Gabinete do Secretário de Estado do Turismo<br />

no XVII Governo Constitucional. De 2001 a 2005, foi<br />

assessor da administração do Grupo Pestana para<br />

novos projetos, membro do Conselho de Administração<br />

e vice-presidente na América do Sul, responsável pela<br />

área de desenvolvimento e operações na sucursal do<br />

Grupo Pestana no Brasil. Foi, ainda, assessor jurídico do<br />

grupo, de 1996 a 2001.<br />

13


CASOS DE SUCESSO<br />

UM SUCESSO INTERNACIONAL VINDO DO NORTE DE PORTUG<br />

Denisse Sousa<br />

Partteam<br />

Partteam mantém-se na vanguarda da tecnologia<br />

Em 2000, a Partteam nasce como empresa de comercialização de sistemas de controlo de assiduidade. No entanto,<br />

um pedido peculiar de um cliente lançou um novo desafio a esta empresa, que hoje é um caso de sucesso<br />

internacional com cunho português.<br />

A empresa portuguesa Partteam é, atualmente, uma<br />

referência no desenvolvimento e fabrico de quiosques<br />

multimédia, mupis digitais, equipamentos self-service,<br />

mesas interativas e outras soluções digitais para todo o<br />

tipo de setores e indústrias. No entanto, não começou<br />

assim. Com apenas um trabalhador, o CEO Miguel Soares,<br />

a Partteam fazia a comercialização de sistemas de<br />

controlo de assiduidade. Tudo mudou em 2003/2004<br />

quando um cliente fez um pedido único que viria a transformar-se<br />

no core business da empresa: desenvolvimento<br />

de quiosques multimédia interativos.<br />

Após três anos de experiência e de sucesso no novo<br />

modelo de negócio, a empresa de Vila Nova de Famalicão<br />

resolve o passo que iria alterar todo o seu curso ao<br />

apostar no mercado internacional.<br />

“O processo foi obviamente de muita tensão e stress, na<br />

medida em que foram contratados novos colaboradores<br />

e foi assumida a responsabilidade individual de assumir<br />

o projeto. Os maiores sacrifícios foram obviamente a nível<br />

familiar”, explica Miguel Soares.<br />

Para acompanhar a mudança e como forma de entrar<br />

num mercado internacional extremamente competitivo,<br />

a Partteam criou a marca Oemkiosks, tornando-se uma<br />

referência de sucesso a nível internacional, reconhecida<br />

como Partteam & Oemkiosks, com destaque na Europa,<br />

América e Médio Oriente. Atualmente, atua em países<br />

como Angola, Espanha, Itália, Grécia, Noruega, Holanda,<br />

França, Roménia, Chipre e Dubai.<br />

“ESTE CRESCIMENTO<br />

OBRIGOU A<br />

EMPRESA A MANTER<br />

NÍVEIS DE EXCELÊNCIA<br />

ACIMA DA MÉDIA”<br />

Miguel Soares<br />

CEO da Partteam<br />

PARCEIROS CERTOS NA HORA CERTA<br />

Empresa comercializa diversos equipamentos digitais<br />

Miguel Soares explica que “este crescimento obrigou também a empresa<br />

a manter níveis de excelência acima da média, quer na prestação de<br />

serviços, quer no desenvolvimento de produtos". "Foi preciso ser<br />

consistente”, acrescenta.<br />

A estratégia de crescimento e os diversos investimentos realizados<br />

durante os últimos anos colocam a Partteam ao nível das grandes<br />

empresas internacionais fabricantes de quiosques, quer em termos<br />

de volumes de produção, quer a nível da qualidade dos processos de<br />

fabrico. No entanto, nada disto seria possível sem os parceiros certos na<br />

hora certa.<br />

“Para obtermos resultados positivos, é importante que a empresa e os<br />

seus parceiros comuniquem da mesma forma. É também importante que<br />

os parceiros da Partteam compreendam o negócio, conheçam a política<br />

da empresa e a maneira como devem lidar em diferentes situações”,<br />

conclui o CEO.<br />

Atualmente, a empresa comercializa equipamentos para vários setores<br />

de mercado, desde o comércio e retalho, turismo e hotelaria, saúde,<br />

indústria, logística, setor público, publicidade, marketing e experiências,<br />

construção e educação.<br />

14


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

AL<br />

EMPRESA GRANDE E MAIOR DE IDADE<br />

Com 18 anos de experiência, a Partteam mantém-se na<br />

vanguarda da tecnologia e pioneira nos projetos que<br />

desenvolve. Resumindo em números, a tecnológica<br />

conta com 10.000 unidades produzidas para mais de 35<br />

países diferentes e um portefólio composto por mais de<br />

100 modelos standard.<br />

“Ao longo dos anos, a Partteam tem vindo a adaptar-se<br />

a um mercado cada vez mais competitivo. A evolução da<br />

tecnologia no quotidiano das pessoas tornou os clientes<br />

mais exigentes. Pretendemos crescer, através da<br />

sua tecnologia, reconhecimento e inovação, tornando<br />

o futuro mais tecnológico e funcional através dos seus<br />

equipamentos e soluções", sublinha o CEO.<br />

Para Miguel Soares, não basta ter uma boa ideia, é preciso<br />

entender o mercado e manter-se atualizado para<br />

que o negócio encontre possibilidades de crescimento.<br />

“A empresa assegura aos seus clientes, distribuidores e<br />

parceiros nacionais e internacionais, a criação e a produção<br />

de quiosques multimédia à medida, com sistemas<br />

atualizados, permitindo o acesso às múltiplas funcionalidades<br />

das novas plataformas digitais emergentes”,<br />

sublinha.<br />

Um dos produtos de destaque é o Nomyu, que foi desenvolvido<br />

para ser utilizado em qualquer lugar, interior<br />

e exterior, e pode ser aplicado em qualquer mercado ou<br />

setor, uma vez que tem um design e funcionalidade versáteis.<br />

Já o The Brain é o avançado sistema inteligente de controlo<br />

remoto que pode ser instalado em cada quiosque,<br />

assegurando que o aparelho e os componentes eletrónicos<br />

estejam sempre operacionais. Os quiosques equipados<br />

com este sistema podem integrar vários sensores<br />

que fornecem informações em tempo real sobre os<br />

componentes críticos do equipamento.<br />

Este sistema permite que o pessoal técnico receba alertas<br />

no email ou smartphone e que também possam operar<br />

sobre os dispositivos instalados no quiosque, através<br />

de um portal online desenvolvido para o efeito.<br />

“Temos como prioridade identificar as necessidades<br />

e requisitos dos nossos clientes, de modo a planear e<br />

prestar serviços que satisfaçam e, se possível, excedam<br />

sempre as suas expectativas”, explica o CEO.<br />

No entanto, nem só de tecnologia vive a Partteam. A tecnológica<br />

de Vila Nova de Famalicão é participante ativa<br />

em causas sociais, através do apoio a causas e instituições<br />

sociais com donativos e de políticas de consciência<br />

ambiental.<br />

"A PARTTEAM TEM VINDO<br />

A ADAPTAR-SE A UM MERCADO<br />

CADA VEZ MAIS COMPETITIVO"<br />

Recentemente, Miguel Soares foi considerado um Herói<br />

<strong>PME</strong>, iniciativa promovida pela SIC Notícias e pela Yunit<br />

Consulting.<br />

“Este foi mais um momento especial na vida da empresa<br />

e também na minha vida profissional. Ser um empreendedor<br />

na atualidade em que vivemos é ser um herói.<br />

Empreender, por si só, já exige grandes esforços. Administrar<br />

a vida pessoal e profissional nem sempre é fácil<br />

e tentar conciliar as duas torna-se num verdadeiro desafio.”<br />

“Como CEO desta empresa espero alcançar ainda mais<br />

resultados positivos e fazer crescer um sonho que se<br />

torna, a cada dia que passa, mais real”, remata.<br />

Prémios e reconhecimentos<br />

Nomeada para a lista de excelência empresarial “Ones to Watch”, pelo concurso European<br />

Business Awards;<br />

Nomyu venceu o prémio de Quiosque Multimédia Mais Inovador do Mundo no Setor do Turismo<br />

pela Kiosk Marketplace patrocinado pela Fujifilm;<br />

Nomyu venceu, em 2015, o prémio internacional de digital advertising, tendo sido considerado<br />

pela organização DOOHDAS, um dos melhores projetos de conteúdos, tecnologia e sinalética digital<br />

do mundo;<br />

Em 2016 a Partteam foi uma das vencedoras do concurso Heróis <strong>PME</strong>, uma iniciativa promovida<br />

pela Yunit Consulting e a SIC Notícias.<br />

15


INVESTIMENTO<br />

QUEM DISSE QUE PREPARAR UM PITCH É SÓ PARA<br />

STARTUPS<br />

?<br />

Isabel Neves fundou o Business Angels Club de Lisboa<br />

A promoção do empreendedorismo não se esgota no<br />

apoio à criação de novas empresas nas áreas tecnológicas,<br />

vulgarmente denominadas startups.<br />

O tecido empresarial português é, maioritariamente,<br />

constituído por micro, pequenas e médias empresas<br />

que necessitam de se consolidar, escalar, ganhar quota<br />

de mercado e internacionalizar-se.<br />

É importante apoiar e promover as empresas portuguesas<br />

no desenvolvimento de novas ideias e projetos, independentemente<br />

da sua dimensão e de já se encontrarem<br />

instaladas no mercado, tornando-as cada vez mais<br />

competitivas.<br />

O crescimento das nossas <strong>PME</strong><br />

é vital para a economia portuguesa<br />

e, para tal, necessitam<br />

de acesso a capital, a consultoria<br />

de gestão, designadamente<br />

gestão estratégica, estabelecer<br />

parcerias com empresas nacionais<br />

e estrangeiras e de apoio à internacionalização, o<br />

que podem conseguir recorrendo ao smart money.<br />

O recurso ao smart money, disponibilizado por business<br />

angels e/ou venture capital, é uma excelente alternativa<br />

ao recurso a financiamento bancário tradicional, (na<br />

maior parte das vezes avesso ao risco), sendo que o<br />

mero financiamento é na maior parte dos casos insuficiente.<br />

A abertura de capital a investidores permite alavancar<br />

o negócio e pode coexistir e coadjuvar outros instru-<br />

16<br />

Isabel Neves, presidente do Business Angels Club de<br />

Lisboa<br />

João Filipe Aguiar<br />

"OS BUSINESS ANGELS E AS<br />

VENTURE CAPITAL NÃO<br />

ANDAM APENAS À PROCURA<br />

DE STARTUPS"<br />

mentos e programas de apoio à<br />

modernização e competitividade,<br />

como por exemplo aqueles que<br />

atualmente são disponibilizados<br />

pelo Portugal 2020.<br />

Os business angels e as venture capital<br />

não andam apenas à procura<br />

de startups.<br />

Procuram e estão disponíveis para<br />

apoiar empresas já no mercado<br />

que queiram desenvolver-se ou<br />

desenvolver novos projetos e ganhar<br />

escala internacional, as denominadas<br />

scale-up.<br />

Os empresários portugueses têm junto destes investidores<br />

uma excelente oportunidade de encontrar uma<br />

alternativa para as suas necessidades de financiamento,<br />

de aconselhamento e de encontrar parceiros estratégicos.<br />

Encontrar o investidor certo pode não ser fácil.<br />

É necessário que os empresários se envolvam no ecossistema<br />

empreendedor, designadamente participando<br />

em ações e eventos organizados pelas associações<br />

empresariais, pelas universidades, pelas associações<br />

de business angels e tantas outras organizações que têm<br />

vindo a promover o empreendedorismo.<br />

Uma excelente rede de networking é fundamental, assim<br />

como saber preparar uma boa apresentação da sua empresa<br />

e do seu projeto.<br />

Uma boa apresentação da nossa empresa e do projeto<br />

que pretendemos desenvolver tem de ser sucinta e<br />

objetiva em cinco pontos fundamentais:<br />

quem somos; qual a<br />

oportunidade de negócio; o que<br />

nos diferencia; quais os resultados<br />

que esperamos alcançar; o<br />

que necessitamos e o que oferecemos<br />

em troca.<br />

Muitos empresários têm ainda<br />

uma ideia incorreta do que é um business angel.<br />

Um business angel não “empresta“ dinheiro, nem financia<br />

empresas com problemas financeiros. Ele investe o<br />

seu capital, tempo, conhecimento know-how e rede de<br />

contactos num projeto ou numa empresa em que acredite,<br />

envolvendo-se no negócio e na empresa em troca<br />

de uma participação no capital, durante um determinado<br />

período de tempo.


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INTERNACIONAL<br />

UM OÁSIS PORTUGUÊS PELO MUNDO INTEIRO<br />

Denisse Sousa<br />

Oásis Atlântico<br />

Grupo Oásis Atlântico dispõe de seis hotéis entre Brasil e Cabo Verde<br />

Com sede em Lisboa, o Grupo Oásis Atlântico Hotéis e Resorts nasceu em 1998 e conta já com seis hotéis, entre<br />

Brasil e Cabo Verde. O CEO, Alexandre Abade, conta à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> a estratégia de internacionalização do<br />

grupo hoteleiro.<br />

O Grupo Oásis Atlântico é um grupo económico de ADN<br />

português, com atividade em Cabo Verde e no Brasil.<br />

Com hotéis de quatro e cinco estrelas e com mais de 20<br />

anos de crescimento na aérea de turismo e imobiliário,<br />

consegue ser único no respeito pelos valores locais e<br />

integração da cultura local nos hotéis.<br />

O grupo nasceu em 1998, mas a sua atividade anda bem<br />

mais para trás. Começou com a compra e recuperação<br />

do Hotel Porto Grande no Mindelo, em Cabo Verde, em<br />

1995 e, antes disso, no início da década de 1990, com<br />

a aquisição da Companhia de Fomento de Cabo Verde,<br />

empresa de extração e exploração de Sal, por sócios<br />

fundadores do grupo.<br />

Em 1998, adquiriu, em processo de privatização, três<br />

unidades hoteleiras - Hotel Belorizonte com 90 quartos<br />

na Ilha do Sal, Hotel Praiamar com 59 quartos, na Ilha de<br />

Santiago e o Hotel Xaguate com 18 quartos, sito na Ilha<br />

do Fogo.<br />

2001 foi o ano da expansão para o Ceará, no Brasil, com<br />

a abertura de um resort de 253 quartos, o Hotel Praia das<br />

Fontes, a Sul de Fortaleza. O hotel, esse, já existia, tendo<br />

sido renovado e totalmente reequipado e redecorado.<br />

Em 2005, abriu o complexo Oásis Atlântico em Fortaleza,<br />

que inclui duas unidades hoteleiras, o Oásis Atlântico<br />

Imperial, de cinco estrelas, e Oásis Atlântico Fortaleza,<br />

de quatro.<br />

Concluindo, em 2013, o grupo inaugurou o Hotel Oásis<br />

Atlântico Salinas Sea, na Ilha do Sal, a primeira unidade<br />

de cinco estrelas do grupo em Cabo Verde.<br />

Atualmente, o Grupo Oásis Atlântico dispõe de seis<br />

hotéis, estando quatro em Cabo Verde e dois no<br />

Nordeste do Brasil, no Estado de Ceará, aliando ainda<br />

vários projetos imobiliário-turísticos nos dois destinos.<br />

O investimento nestes mercados de língua portuguesa<br />

surgiu como um passo natural para o grupo português,<br />

aliando o facto de estes mercados estarem próximos da<br />

Europa e de destinos com grande potencial de desenvolvimento<br />

turístico.<br />

“São mercados e destinos próximos de Portugal, não só<br />

a nível da língua falada, mas a nível cultural e histórico, o<br />

1998<br />

Privatização de três unidades<br />

hoteleiras - Hotel Belorizonte<br />

(Sal), Hotel Praiamar<br />

(Santiago), Hotel Xaguate<br />

(Fogo), em Cabo Verde.<br />

Primeira ampliação do Hotel<br />

Belorizonte (Sal) com mais<br />

83 bungalows, incluindo<br />

a construção de restaurante.<br />

2000<br />

Construção de 60 novos<br />

quartos no hotel Belorizonte<br />

(Sal), com nova piscina, receção<br />

e sala de reuniões.<br />

Inaugurada a primeira<br />

fase da renovação do Hotel<br />

Praiamar.<br />

Aquisição de diversos<br />

terrenos no Ceará, Brasil,<br />

2004<br />

Conclusão das obras<br />

de renovação e ampliação<br />

do hotel Oásis Praiamar.<br />

Construção de raiz do Hotel<br />

Novorizonte (Sal), com 130<br />

bungalows.<br />

1999<br />

Expansão para o Ceará,<br />

Brasil, com a abertura de<br />

um resort - o Hotel Praia<br />

das Fontes, na praia a Sul<br />

de Fortaleza.<br />

O hotel já existia, tendo<br />

sido renovado, reequipado<br />

e redecorado.<br />

2001<br />

Abertura do complexo Oásis<br />

Atlântico em Fortaleza,<br />

incluindo duas unidades<br />

hoteleiras - Oásis Atlântico<br />

Imperial e Oásis Atlântico<br />

Fortaleza.<br />

2005<br />

18


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

que facilitou o investimento”, explica Alexandre Abade,<br />

atual CEO.<br />

O responsável acrescenta que o cliente Oásis Atlântico<br />

“procura destinos de sol e mar onde estamos presentes<br />

e que preza por um bom serviço e uma excelente<br />

localização.”<br />

DESTINO: CABO VERDE E BRASIL<br />

Quando uma empresa tem como objetivo começar o<br />

caminho da internacionalização, ter uma estratégia demarcada<br />

é o essencial para o sucesso. O Grupo Oásis<br />

Atlântico descreve a sua estratégia de internacionalização<br />

com base na gestão de hotéis de cidade e resorts de<br />

praia de quatro e cinco estrelas.<br />

Desta forma, procura “cobrir os dois grandes segmentos<br />

do mercado e ser capaz de cuidar de uma ampla gama<br />

de necessidades dos clientes, criando assim um maior<br />

envolvimento entre eles e a Oásis Atlântico Hotéis e Resorts”,<br />

explica o CEO<br />

Ao todo, o grupo criou mais de 900 postos de trabalho<br />

nas suas unidades hoteleiras, contribuindo assim para a<br />

empregabilidade local.<br />

A curto prazo o grupo espera reforçar a presença em<br />

Cabo Verde, um dos destinos turísticos de mais rápido<br />

crescimento em todo o mundo, e a médio e longo prazo<br />

estar presente e procurar oportunidades de negócio em<br />

África e na América Latina.<br />

Quanto aos desafios, o CEO afirma serem os mesmos<br />

de outras unidades hoteleiras quer a nível de recursos<br />

humanos, de formação de quadros ou logística, sendo<br />

o último ponto o mais importante na operação em Cabo<br />

Verde, uma vez que é um arquipélago.<br />

RESPEITAR A CULTURA LOCAL<br />

Desde o respeito pelos valores locais, à integração da<br />

cultura local nos hotéis e o respeito especial pelo meio<br />

ambiente, o Grupo Oásis Atlântico consegue ser igual a<br />

si mesmo e, ao mesmo tempo, assimilar as culturas onde<br />

se insere. Desta forma, os hotéis mantêm um equilíbrio<br />

entre a identidade do grupo e o país que acolhe as<br />

unidades hoteleiras.<br />

Além disso, as unidades são abertas às comunidades<br />

locais e há apoio no desenvolvimento humano, através<br />

de formações e sessões de capacitação de quadros<br />

intermédios e superiores e uma contribuição à economia<br />

local do país.<br />

“É desta forma e através destes<br />

princípios e valores que nos<br />

inserimos nas comunidades<br />

onde estamos presentes”,<br />

sublinha Alexandre Abade.<br />

O futuro do grupo passa por<br />

novos projetos para a ilha do<br />

Sal, Santiago e Boavista, em<br />

Cabo Verde, não sendo posta<br />

de parte a hipótese de investir<br />

em outros mercados, mas<br />

tudo a seu tempo.<br />

Alexandre Abade, CEO do grupo<br />

2007<br />

2009<br />

Apresentação<br />

do andar modelo<br />

do empreendimento<br />

Salinas Sea.<br />

Início da renovação<br />

e redecoração dos hotéis<br />

Oásis Atlântico Belorizonte<br />

e Novorizonte, na ilha do Sal,<br />

incluindo a criação de novas<br />

zonas de estar e de lazer.<br />

Abertura do Hotel Oásis<br />

Atlântico Salinas Sea, na Ilha<br />

do Sal, a primeira unidade<br />

cinco estrelas do grupo<br />

em Cabo Verde.<br />

2013<br />

2015<br />

Renovação do Hotel Oásis<br />

Praiamar e reabertura<br />

com novos quartos<br />

e novas zonas de lazer.<br />

Arranque das obras<br />

do empreendimento<br />

Salinas Sea.<br />

Renovação dos quartos<br />

dos Hotéis Oásis Atlântico<br />

Fortaleza & Imperial.<br />

2008<br />

2014<br />

2012<br />

Renovação do Hotel Oásis<br />

Atlântico Porto Grande,<br />

da Ilha de São Vicente.<br />

19


AMBIENTE<br />

É UM HOSTEL SUSTENTÁVEL, COM CERTEZA!<br />

A ImpactHouse tem 3 andares, 42 camas divididas por 9 quartos, com sala comum, cozinha e um terraço<br />

No coração da Estrela, em Lisboa, há um hostel diferente de todos os outros.<br />

Este é sustentável de uma ponta a outra e os seus visitantes são dos<br />

quatro cantos do mundo, escolhendo Lisboa para praticarem ações de<br />

voluntariado. A ImpactHouse não é um hostel qualquer, é um hostel sustentável<br />

a pensar em todos e para todos.<br />

20<br />

Denisse Sousa<br />

ImpactHouse<br />

Em 2013, a ImpacTrip nasceu com<br />

o intuito de ser um operador de turismo<br />

responsável em Portugal.<br />

Através do conceito travel like a local<br />

(viaja como um local) esta empresa,<br />

com consciência social e ambiental,<br />

proporciona experiências turísticas<br />

a pessoas que escolhem o voluntariado<br />

como forma de turismo.<br />

Até agora, a ImpacTrip conta já com<br />

30 mil horas de voluntariado, mais<br />

de 52 nacionalidades e com um<br />

número de clientes superior a 500,<br />

com experiências de voluntariado<br />

até 12 semanas. Com o crescimento<br />

do número de voluntários, impôs-<br />

-se uma questão: onde alojar estas<br />

pessoas que vinham para ajudar?<br />

Nasceu, assim, o sonho de criar um<br />

espaço que albergasse todos os voluntários,<br />

mas com o ADN da Impac-<br />

Trip.<br />

“Cada vez mais tínhamos mais voluntários,<br />

precisávamos de forma<br />

de os alojar, e como não fazemos<br />

nada ‘mais ou menos’ criámos a ImpactHouse<br />

que é, assumidamente,<br />

o alojamento mais sustentável de<br />

Portugal”, afirma Rita Marques, CEO<br />

da ImpacTrip. Com o apoio da Associação<br />

Resgate foi encontrado o<br />

hostel.<br />

O HOSTEL MAIS<br />

SUSTENTÁVEL DO PAÍS<br />

A sustentabilidade da ImpactHouse<br />

foi desenhada de raiz e cada detalhe<br />

da sua funcionalidade pensado<br />

e analisado cuidadosamente. Este<br />

hostel quer ser mais do que um sítio<br />

para dormir, quer-se como um<br />

espaço sustentável que procura<br />

envolver-se com a comunidade no<br />

bairro da Estrela, em Lisboa, minimizando<br />

a pegada ecológica e conseguindo<br />

um impacto positivo a nível<br />

ambiental.<br />

“ESTA SUSTEN-<br />

TABILIDADE FOI<br />

CRIADA DE RAIZ<br />

E PENSADA EM<br />

CADA DETALHE DO<br />

FUNCIONAMENTO<br />

DO ALOJAMENTO”<br />

Rita Marques<br />

CEO da ImpacTrip<br />

Com o apoio de instituições locais<br />

e parceiros sociais e ambientais, a<br />

ImpactHouse tem sempre as suas<br />

portas abertas para aqueles que<br />

querem ajudar o ambiente. Desde<br />

painéis solares no telhado, aos rotores<br />

de água, às luzes LED nos três<br />

andares, à separação de plástico<br />

e seu reaproveitamento com uma<br />

máquina de triturar e reutilizar, esta<br />

casa é uma máquina sustentável<br />

bem oleada.<br />

As mobílias antigas receberam nova<br />

vida e a reutilização de desperdícios<br />

de madeiras resultou em novas peças<br />

de mobiliário para os quartos.<br />

O hostel tem ainda um circuito de<br />

comida fechado em que, através da<br />

compostagem, se fazem os fortificantes<br />

para a horta vertical, cujos<br />

hortícolas depois vão para o prato.<br />

A madeira foi reutilizada para novo mobiliário<br />

Os excedentes que os voluntários<br />

deixam para trás, como champôs e<br />

afins, são distribuídos a organizações<br />

sociais que precisam. O hostel<br />

trabalha também para a comunidade<br />

da Estrela com aulas de ioga<br />

e ginástica, principalmente para a<br />

terceira idade, todas as semanas.<br />

No quadro de atividades colocado<br />

na sala comum, os voluntários podem<br />

escolher de entre cinco projetos<br />

que a ImpacTrip apoia e divulga:


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

mergulhar e apanhar lixo no fundo<br />

do oceano, trabalhar com crianças<br />

carenciadas, combater o desperdício<br />

alimentar, preservar o lobo Ibérico<br />

e, por fim, construir casas a famílias<br />

carenciadas.<br />

“Esta sustentabilidade foi criada<br />

de raiz e pensada em cada detalhe<br />

do funcionamento do alojamento.<br />

Não queremos que seja apenas<br />

um sítio para dormir, mas sim que<br />

envolva a comunidade no bairro da<br />

Estrela, minimize a pegada ecológica,<br />

porque cada vez mais o turismo<br />

está associado a coisas negativas e<br />

queremos ter um impacto positivo a<br />

nível ambiental e, mais importante,<br />

queremos apoiar os nossos parceiros<br />

sociais e ambientais, envolvendo-os<br />

nas várias iniciativas que a<br />

ImpactHouse tem espalhadas por<br />

este espaço”, explica Rita Marques.<br />

A ImpactHouse tem três andares<br />

com 42 camas, dividas por nove<br />

quartos (cinco dormitórios, três<br />

duplos e um single), com uma sala<br />

comum, cozinha e um terraço de 72<br />

metros quadrados. Apesar de já se<br />

encontrar lotado para os meses de<br />

junho a setembro, desenganem-se<br />

aqueles que pensam que este hostel<br />

é apenas para quem serve o propósito<br />

do voluntariado.<br />

“O hostel é para quem nos quiser<br />

visitar, aprender e dar dicas para<br />

contribuir de alguma maneira. É um<br />

hostel aberto a toda a gente”, afirma<br />

Diogo Areosa, também CEO da ImpacTrip.<br />

VOLUNTÁRIOS À ALTURA<br />

Andy e Samantha, ambas dos Estados<br />

Unidos, e Camila, da Dinamarca,<br />

escolheram Lisboa e a ImpacTrip<br />

como forma de fazer voluntariado<br />

durante o seu gap year [n. d. r. ano<br />

sabático]. Fazem parte de programas<br />

como a renovação e construção<br />

de habitações, ou limpeza dos<br />

oceanos.<br />

“No programa onde estou inserida<br />

não há muitas pessoas que falem<br />

inglês, por isso é interessante quando<br />

tudo está escrito em português e<br />

tentamos comunicar quando temos<br />

o mesmo objetivo”, explica Samantha.<br />

Lisboa foi uma escolha natural na<br />

altura de decidir para onde ir e a<br />

ImpacTrip é a fórmula perfeita para<br />

aqueles que querem experimentar<br />

uma cultura diferente e atividades<br />

sustentáveis.<br />

“Estou a fazer um gap year e queria<br />

viver uma cultura diferente e que<br />

ainda não tinha experienciado e a<br />

ImpacTrip combina turismo com atividades<br />

sustentáveis”, sublinha Camila.<br />

“É UM HOSTEL<br />

ABERTO A TODA<br />

GENTE”<br />

Diogo Areosa<br />

CEO da ImpacTrip<br />

Já Radek veio da República Checa à<br />

procura de uma oportunidade para<br />

causar impacto. Encontrou a ImpacTrip<br />

e imediatamente sentiu-se<br />

atraído por Portugal, onde ficou três<br />

semanas a trabalhar em dois projetos:<br />

um de desperdício alimentar<br />

com a Refood e outro sobre programas<br />

de apoio a jovens, onde trabalhou<br />

com crianças de bairros locais.<br />

“Quando acabou voltei para casa,<br />

mas sabia que queria voltar. Então<br />

candidatei-me para um estágio e<br />

desde então estou a trabalhar com<br />

a equipa em tudo um pouco, desde<br />

estudos de mercado à reconstrução<br />

do edifício e, em breve, vou dar aulas<br />

de meditação e ioga aqui na ImpactHouse.<br />

Estou aqui há sete meses”,<br />

explica.<br />

Hostel promove estilo de vida sustentável<br />

Radek, tal como muitos voluntários,<br />

ajudou na construção do hostel onde<br />

aprendeu de tudo, como a pintura<br />

das paredes. Também ajudou no<br />

design da parte sustentável da ImpactHouse.<br />

“É um privilégio dar o meu testemunho.<br />

A ImpacTrip é muito íntegra no<br />

que faz: o exterior procura deixar<br />

um impacto social e viajar de forma<br />

responsável alinha-se com o trabalho<br />

que é feito no interior. Os valores<br />

estão lá, as pessoas são apaixonadas<br />

por aquilo que fazem, a Rita<br />

[Marques] e o Diogo [Areosa] estão<br />

aqui porque acreditam no que fazem.”<br />

21


22


RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

EMPREGAR COM OUTROS OLHOS<br />

Nuno Salgado trabalha há cinco anos no Vip Executive Art’s Hotel<br />

Ana Rita Justo<br />

Inês Antunes<br />

Nuno fazia controlo de qualidade de imagem quando, aos 36<br />

anos, uma retinopatia diabética levou-o a mudar de vida. Graça,<br />

na Associação Portuguesa de Emprego de Deficientes Visuais<br />

(APEDV) há 32 anos, luta pela igualdade de oportunidades para<br />

cegos e pessoas com baixa visão.<br />

Empregar cegos ou pessoas com baixa visão é, ainda<br />

hoje, um desafio, mas também há histórias felizes. Nuno<br />

Salgado, 43 anos, nunca tinha trabalhado na área da<br />

hotelaria e uma retinopatia diabética levou-o a mudar<br />

de vida. Há cinco anos que trabalha como telefonista no<br />

Vip Executive Art’s Hotel, em Lisboa, e continua a desafiar<br />

probabilidades todos os dias.<br />

Diabético desde os 17 anos, Nuno licenciou-se em<br />

História e mais tarde especializou-se em arquivo e<br />

gestão documental, área em que trabalhou até aos 36<br />

anos. Com o problema da diabetes a agravar-se, Nuno<br />

desenvolveu uma retinopatia diabética e teve de deixar<br />

o trabalho de tinha numa empresa de gestão documental,<br />

onde fazia controlo de qualidade de imagem.<br />

“Tenho 10% de visão no olho esquerdo e 40% no olho direito.<br />

Consigo orientar-me num espaço limitado, tenho<br />

é uma miopia constante que não é possível corrigir com<br />

lentes”, explica.<br />

Durante um ano esteve sem trabalhar, em plena crise<br />

económica no país, rebobina: “Na altura, havia milhares<br />

de pessoas que não tinham este problema e também estava<br />

à procura de trabalho, por isso ainda mais difícil era<br />

arranjar uma colocação”.<br />

Com uma filha pequena e casa para pagar, resolveu,<br />

então, procurar instituições que dessem apoio a pessoas<br />

com baixa visão e a Associação Portuguesa de Emprego<br />

de Deficientes Visuais (APEDV) foi a primeira que<br />

lhe deu resposta.<br />

“Falei com a doutora Graça Hidalgo, que me disse que<br />

tinham um curso de telefonista. Acabei por fazer esse<br />

curso, porque além da retinopatia diabética tenho síndrome<br />

de Asperger e este trabalho como telefonista integrava-se<br />

perfeitamente nisso”, adianta.<br />

DEPOIS DE UM ANO SEM<br />

TRABALHAR, NUNO TERMINOU<br />

O CURSO DA APEDV E INICIOU<br />

O ESTÁGIO NO VIP EXECUTIVE<br />

ART'S HOTEL<br />

No final do curso, a associação conseguiu com que<br />

Nuno fosse estagiar para o Vip Executive Art’s Hotel,<br />

que aceitou recebê-lo para substituir a telefonista que<br />

estava em licença de maternidade.<br />

“Ela acabou por não voltar e a vaga ficou em<br />

aberto. Como o hotel gostou do meu trabalho<br />

acabei por ficar e estou cá há cinco anos, já<br />

efetivo. Se aqui estou devo-o ao nosso diretor,<br />

José Carlos Ribeiro, e à minha chefe<br />

direta, Julieta Cabrita.”<br />

INTEGRAÇÃO FÁCIL<br />

Apesar de Nuno ter sido a primeira pessoa com baixa<br />

visão a integrar a equipa do hotel, nem por isso sentiu<br />

que isso fosse um desafio acrescido: “Foram bastante<br />

recetivos. Ainda hoje, quando veem que não consigo<br />

ler um documento, ou se tiver alguma dificuldade estão<br />

sempre prontos a ajudar-me.”<br />

O trabalho era “totalmente novo”, pelo que as dificuldades<br />

de integração foram as “normais” para quem<br />

começa uma nova atividade. Contudo, integra-se<br />

naquilo que Nuno gosta de fazer: “Tenho duas centrais<br />

telefónicas e trato de todas as chamadas, internas e externas.<br />

Falo quase todos os dias com qualquer parte do<br />

mundo.”<br />

Com uma filha de 13 anos, Nuno é um exemplo de resiliência<br />

no meio da adversidade. Além do trabalho,<br />

também pratica esgrima, defesa pessoal e corrida e<br />

este ano vai escalar os Pirenéus, uma iniciativa da Associação<br />

Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP),<br />

onde é seguido.<br />

23


RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

FORMAÇÃO PARA AJUDAR<br />

NA EMPREGABILIDADE<br />

Graça Hidalgo é a atual coordenadora pedagógica da<br />

APEDV. A instituição nasce em 1980 quando o fundador,<br />

Assis Milton, “que era cego e tinha ascendência goesa,<br />

mas tinha vindo de Moçambique, achou que os cegos<br />

podiam ser mais do que pedintes”, recorda a responsável.<br />

Em 1986, o pai era formador na instituição e Graça foi<br />

fazer voluntariado num verão, até que o fundador, Assis<br />

Milton, lhe pediu que ficasse: “Passei a inscrição da<br />

faculdade para o curso noturno e estou na APEDV há 32<br />

anos.”<br />

Nessa altura, Graça tinha uma “miopia normalíssima” e<br />

apenas usava lentes de contacto, até que um dia começou<br />

a ver “ondulado” do olho esquerdo. Entre várias crises<br />

e exames de diagnóstico falhados, anos mais tarde<br />

foi-lhe diagnosticada uma degenerescência macular,<br />

que normalmente acontece em pessoas idosas e que<br />

causa hemorragias, a partir das quais são desenvolvidas<br />

cicatrizes que impedem a visão. Com a sucessão de<br />

hemorragias, Graça deixara de ver dos dois olhos. Em<br />

1998, submeteu-se a um tratamento inovador com laser<br />

e recuperou 20% da visão no olho direito, do esquerdo já<br />

não foi possível.<br />

50 A 100 CONTACTOS POR UM ESTÁGIO<br />

Todos os anos a APEDV recebe 65 formandos em cursos<br />

com turmas de entre seis a 12 pessoas. A empregabilidade<br />

não é um dado adquirido, mas por vezes há surpresas:<br />

“Já tivemos anos em que as 12 pessoas [do curso]<br />

eram empregadas”. O estágio de fim de curso dura,<br />

por norma, um ano, sendo a altura em que “as pessoas<br />

criam laços e mostram que fazem um trabalho tão válido<br />

como os outros”. Contudo, há sempre obstáculos.<br />

APEDV RECEBE 65 FORMANDOS<br />

TODOS OS ANOS. AS TURMAS TÊM<br />

ENTRE 6 A 12 PESSOAS<br />

“Às vezes, para conseguir um estágio sou capaz de fazer<br />

50 a 100 telefonemas”, lamenta, mas há mais: “Em 1986<br />

tínhamos uma arma poderosa, que eram os subsídios<br />

para a contratação de pessoas com deficiência. Neste<br />

momento não podemos aliciar nenhum empregador com<br />

as medidas de contratação. São simpáticas, mas muito<br />

trabalhosas.”<br />

Porém, há situações em que a recetividade é imediata:<br />

“Quando ligamos e há um sim redondo do outro lado há<br />

sempre um avô, ou um pai, ou um amigo que tem deficiência.”<br />

PROFISSIONAIS IGUAIS AOS OUTROS<br />

Graça Hidalgo coordenadora pedagógica da APEDV<br />

Falta-lhe a tridimensionalidade, mas a trabalhar ninguém<br />

nota a sua falta de visão: “Faço tudo no computador.”<br />

Graça é responsável pelos cursos da APEDV, que neste<br />

momento são três: técnicos e auxiliares de fisioterapia,<br />

novas tecnologias e comunicação e artesanato.<br />

O artesanato, explica, é bom para as pessoas que têm<br />

deficiência visual “poderem continuar a fazer a sua<br />

vida independente”. “Aprendem encordoamentos, macramés,<br />

tecelagem, tapeçaria, trabalhos que são facilmente<br />

vendáveis e que são um complemento aos subsídios<br />

que já têm”, acrescenta.<br />

O curso de técnicos e auxiliares de fisioterapia, adianta,<br />

é um “ex-libris” das pessoas com deficiência visual pela<br />

sensibilidade ao tato e o de novas tecnologias e comunicação<br />

foi criado na sequência do curso de telefonista<br />

em que Nuno Salgado participou, porque, diz Graça, “a<br />

função de telefonista está cada vez mais diluída”.<br />

As estatísticas mais recentes sobre a empregabilidade<br />

de pessoas com deficiência visual em Portugal remontam<br />

aos Censos de 2011. Na altura, a população ativa<br />

de pessoas cegas ou com dificuldade em ver era de<br />

216.512 pessoas. Destas, 173.301 estavam empregadas<br />

e 43.211 estavam desempregadas. A população inativa<br />

era de 685.064 pessoas e havia 533.393 aposentados.<br />

Para Graça, empregar uma pessoa com deficiência visual<br />

é tão só uma questão de oportunidade.<br />

“O grande desafio é mostrarem que são profissionais<br />

à altura de qualquer outro. Temos situações em que,<br />

quando vamos fazer a integração de alguém perguntam:<br />

‘Se calhar precisam de equipamento especial’. E não, é<br />

um computador igual aos outros e basta uma pen com<br />

um programa gratuito que colocamos no computador<br />

e deixa a pessoa perfeitamente autónoma”, explica,<br />

adiantando que os avanços nas novas tecnologias foram<br />

essenciais para uma integração cada vez maior das<br />

pessoas com baixa visão.<br />

“Há aplicações que dizem se a luz está acesa, se isto é<br />

preto ou castanho, o GPS é fantástico. Tenho pessoas<br />

que me dizem que vão dentro do autocarro e sabem<br />

exatamente onde estão.”<br />

24


Já a Startup Lisboa incuba, neste momento, cerca de<br />

100 empresas, estando 40 delas fisicamente no número<br />

80 da Rua da Prata, em pleno Chiado. As áreas verticais<br />

mais representativas são, como de resto em quase todas<br />

as incubadoras, a tecnologia, mas também o comércio<br />

e o turismo. Diz Miguel Fontes, CEO, que é um<br />

“cruzamento que tem havido ao longo destes anos” na<br />

incubadora. O facto de a procura pelo apoio da Startup<br />

Lisboa ser grande leva, também, a que os projetos sejam<br />

escolhidos de forma mais rigorosa, aumentando as<br />

hipóteses de sucesso.<br />

“Só incubamos 7% dos projetos que nos batem à porta,<br />

isso permite-nos escolher os projetos mais inovadores,<br />

mais tecnológicos”, afiança.<br />

Numa vertente diferente, o Loures Inova, criado pela<br />

Câmara Municipal de Loures, MARL – Mercado Abastecedor<br />

da Região de Lisboa e Faculdade de Ciências e<br />

Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e que funempreendorismo<br />

JULHO <strong>2018</strong><br />

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INCUBAR, CONECTAR, ACELERAR<br />

Existem 130 incubadores em Portugal<br />

A inovação e a criatividade vão fervilhando no tecido<br />

empresarial português e as incubadoras têm uma palavra<br />

a dizer. Segundo a Rede Nacional de Incubadoras,<br />

são já mais de 130 em todo o país. Impõe-se, então, saber<br />

o que fazem pelos novos projetos e pelas startups<br />

nacionais.<br />

Criada em 2014, a Startup Braga assume-se como um<br />

“hub de inovação” com o foco “100% em startups”, revela<br />

o presidente, Carlos Oliveira. A sua comunidade é<br />

composta por 114 startups, estando 11 delas incubadas,<br />

e são três os setores de atividade mais representativos.<br />

“Temos três eixos de especialização: a nanotecnologia,<br />

o digital health e o digital economy. Costumamos dizer<br />

que Braga é um ‘viveiro tecnológico’, justificado pela<br />

proximidade às várias entidades de conhecimento e de<br />

investigação na cidade”, acrescenta, falando da “Escola<br />

de Medicina [da Universidade do Minho] de excelência”,<br />

um “novo hospital de Braga com condições únicas” e do<br />

Centro Clínico Académico da cidade.<br />

“BRAGA É UM VIVEIRO<br />

TECNOLÓGICO”<br />

Carlos Oliveira<br />

Presidente da Startup Braga<br />

Ana Rita Justo<br />

Divulgação<br />

Que apoio dão as incubadoras às startups? Como as<br />

ajudam a desenvolver os seus negócios e a pô-las em<br />

contacto com as pessoas certas? A Startup Braga, a<br />

Startup Lisboa e o Loures Inova dão os seus testemunhos.<br />

ciona nas instalações do MARL, nasceu há um ano para<br />

“privilegiar o cluster agroalimentar, transportes e logística”.<br />

Ainda a dar os primeiros passos, o Loures Inova<br />

conta com oito projetos em incubação física e dez em<br />

incubação virtual.<br />

“Além disso, desenvolvemos projetos com startups que<br />

estão fisicamente noutras incubadoras, mas solicitaram<br />

o nosso acompanhamento”, sublinha Sónia Figueiredo,<br />

coordenadora executiva do Loures Inova.<br />

ACELERAÇÃO E MENTORIA<br />

Apoiar não significa só dar alojamento físico. Na Startup<br />

Braga, o apoio vai desde a "estruturação da ideia e mapeamento<br />

de oportunidades de negócio”, à aceleração,<br />

que pressupõe “o apoio de mentores, especialistas e de<br />

uma rede de grandes empresas", adianta Carlos Oliveira.<br />

“Na última edição do programa de aceleração, recebemos<br />

candidaturas de startups de 14 nacionalidades e foram<br />

selecionadas startups de quatro países.”<br />

Em termos monetários, a Startup Braga disponibiliza,<br />

ainda, o SBS Fund, com “um milhão de euros disponíveis<br />

para financiar as startups pre-seed”, com o valor a<br />

oscilar entre os 25 mil e os 75 mil euros.<br />

No que respeita aos números, Carlos Oliveira mostra-<br />

-se satisfeito: “Desde o seu lançamento até ao início de<br />

maio, as mais de 114 startups que fazem parte da nossa<br />

comunidade conseguiram captar um total de investimento<br />

de 26,9 milhões de euros”.<br />

“SÓ INCUBAMOS 7% DOS<br />

PROJETOS QUE NOS BATEM<br />

À PORTA”<br />

Miguel Fontes<br />

CEO da Startup Lisboa<br />

Na mesma linha, a Startup Lisboa aposta na mentoria<br />

especializada e no networking estratégico para a procura<br />

de parceiros e novos investidores: “Damos acesso a<br />

uma rede de mentores altamente curada por nós, uma<br />

rede de parceiros estratégicos, apostamos na dinami-<br />

25


EMPREENDORISMO<br />

zação em eventos da comunidade,<br />

trabalhamos muito a parte da comunicação<br />

de apoio ao reconhecimento<br />

e à notoriedade das startups.<br />

Temos, ainda, uma função mais tradicional<br />

de uma incubadora, que é<br />

pôr em contacto os empreendedores<br />

com o mundo dos investidores”.<br />

Ao todo, as empresas que por lá<br />

passaram já levantaram mais de 80<br />

milhões de euros de investimento,<br />

revela Miguel Fontes, e “já criaram<br />

mais de 1500 postos de trabalho diretos".<br />

“Estamos a falar de uma renovação<br />

grande do nosso tecido empresarial<br />

por essa via”, reforça.<br />

Já Sónia Figueiredo revela que a<br />

constituição do Loures Inova como<br />

incubadora levou à criação de novos<br />

programas de apoio, entre mentoria,<br />

consultoria e programas de aceleração,<br />

que “dão acesso aos melhores<br />

players do mercado, especializados<br />

em áreas como certificação,<br />

propriedade intelectual, assessoria<br />

jurídica, fiscalidade, contabilidade,<br />

financiamentos, apoios à internacionalização,<br />

inovação de base tecnológica,<br />

marketing e media”.<br />

A definição do plano de negócio é o<br />

que mais é procurado na incubadora,<br />

uma vez que muitos “ainda estão<br />

numa fase inicial”.<br />

CRIAR VALOR<br />

Distanciando-se da “onda de empreendedorismo”,<br />

Carlos Oliveira<br />

assegura que a Startup Braga está,<br />

apenas e só, focada em “criar valor”<br />

para as empresas a ela associadas:<br />

“Queremos distanciar-nos do<br />

marketing associado ao empreendedorismo.<br />

Estamos totalmente<br />

focados no sucesso das nossas<br />

startups. Somos um hub de empreendedores<br />

para empreendedores,<br />

conhecemos o ciclo de vida de<br />

uma empresa, desde a ideia até à<br />

implantação no mercado, e preparamos<br />

as startups para o contacto<br />

com clientes, parceiros e potenciais<br />

financiadores”.<br />

Para o futuro, o CEO espera que<br />

“Braga continue a ser um viveiro<br />

tecnológico e de inovação” e que<br />

26<br />

estes projetos “ganhem asas e galguem<br />

fronteiras”.<br />

Por sua vez, a Startup Lisboa espera<br />

abrir, “no próximo ano”, um novo<br />

espaço de incubação no Chiado,<br />

em parceria com a Central de Cervejas,<br />

“dedicado apenas à área de<br />

food and beverage”, adianta Miguel<br />

Fontes. Além disso, está prevista a<br />

entrada em funcionamento do novo<br />

Hub Criativo do Beato, projeto cuja<br />

gestão foi atribuída pela Câmara<br />

Municipal de Lisboa à Startup Lisboa.<br />

“Hoje, Lisboa é vista internacionalmente<br />

como um dos grandes<br />

hubs de empreendedorismo internacionais<br />

e, sem falsas modéstias,<br />

80<br />

devo dizer que a Startup Lisboa tem<br />

contribuído de forma decisiva para<br />

isso”, assevera.<br />

Já Sónia Figueiredo espera<br />

que o Loures Inova se<br />

torne “um braço-armado<br />

das empresas e do concelho<br />

de Loures no que respeita<br />

à inovação. Em curso,<br />

está a criação de uma<br />

Associação para a Inovação<br />

e Capacitação Empresarial,<br />

que contará com a<br />

integração de cerca de 40<br />

entidades.<br />

“Abrirmos como uma incubadora<br />

setorial foi um desafio. Correu bem<br />

e as pessoas procuram-nos por estarmos<br />

ligados ao agroalimentar e<br />

por estarmos no MARL, onde estão<br />

900 operadores.”<br />

Desde o arranque da Startup Lisboa, em<br />

2012, as startups que por ali passaram levantaram<br />

80 milhões de euros em investimento.<br />

Na Startup Braga, as startups já<br />

captaram 26,9 milhões de euros<br />

em investimento.<br />

18<br />

“DESENVOLVEMOS<br />

PROJETOS COM<br />

STARTUPS QUE<br />

ESTÃO FISICAMENTE<br />

NOUTRAS<br />

INCUBADORAS”<br />

Sónia Figueiredo<br />

Coordenadora executiva do Loures Inova<br />

NÚMEROS QUE CONTAM<br />

26,9<br />

Com um ano de atividade, o Loures<br />

Inova conta com sete projetos<br />

em incubação física e outros dez<br />

em incubação visual.


JULHO <strong>2018</strong><br />

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27


RH<br />

VESTIR A CAMISOLA NO MOMENTO DA CONTRATAÇÃO<br />

Andreia Duarte, partner da Brave Mind<br />

Brave Mind<br />

O sentido de pertença e identificação<br />

dos colaboradores é um dos<br />

fatores críticos de sucesso para os<br />

resultados de uma organização.<br />

Sendo o talento o principal ativo e,<br />

cada vez mais, o elemento de diferenciação<br />

de empresa, o momento<br />

da contratação de um novo quadro<br />

tem um enorme impacto, pelo que é<br />

fulcral a escolha certa da nova contratação.<br />

cultural entre os candidatos e a organização.<br />

Adicionalmente, as empresas têm<br />

de estar preparadas para corresponder<br />

às expectativas de evolução<br />

e desenvolvimento dos candidatos,<br />

não serão necessariamente<br />

todos, mas alguns são movidos por<br />

projetos, desafios ou estímulos intelectuais.<br />

Por vezes, sentimos que<br />

"CLARIFICAR O QUE É ESPERADO DA PESSOA QUE<br />

VAI ASSUMIR A FUNÇÃO E O QUE ESSA PESSOA<br />

PODE ESPERAR É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA"<br />

As empresas devem garantir que<br />

o talento que contratam, acima de<br />

tudo, se identifica com a sua missão,<br />

os seus valores e com a sua<br />

cultura.<br />

Cabe-nos a nós, head hunters,<br />

quando nos é confiada esta missão,<br />

compreender a cultura, missão<br />

e valores da empresa, perceber a<br />

razão da contratação de uma nova<br />

pessoa, seja ela para assumir uma<br />

função nova ou substituir alguém<br />

que saiu da posição.<br />

Clarificar e entender o que é esperado<br />

da pessoa que vai assumir<br />

a função, e o que a pessoa que vai<br />

ocupá-la pode esperar também, é<br />

de extrema importância para que<br />

melhor consigamos identificar os<br />

melhores talentos. Somos embaixadores<br />

das empresas no momento<br />

de atrairmos os melhores talentos<br />

para as organizações.<br />

Quando uma empresa confia a<br />

identificação de talentos a um parceiro,<br />

retira vários benefícios, como<br />

a isenção na análise, a dedicação e<br />

compromisso da identificação do<br />

candidato mais adequado para a<br />

função em aberto, bem como a garantia<br />

do entendimento global do fit<br />

as empresas questionam o porquê<br />

das saídas em espaços temporais<br />

curtos, dois ou três anos de permanência<br />

na função.<br />

Na altura da contratação, temos de<br />

compreender muito bem as motivações<br />

dos profissionais para<br />

abraçarem novos desafios, e assegurar<br />

que essas expectativas são<br />

correspondidas pelas empresas.<br />

No entanto, as empresas devem,<br />

igualmente, exigir dos talentos que<br />

contratam a entrega do potencial<br />

e competência percecionados que<br />

levaram à decisão da sua contratação.<br />

Este binómio empresa/colaborador<br />

deve estar alinhado no que<br />

diz respeito à gestão das expectativas<br />

entre as partes e, nesta matéria,<br />

a nossa mediação é fator crítico<br />

de sucesso. A relação entre a empresa<br />

cliente, o head hunter e o talento,<br />

tem de ser de transparência<br />

e de confiança, pois só desta forma<br />

conseguimos minimizar eventuais<br />

erros.<br />

Hoje em dia, um dos grandes desafios<br />

das contratações é de as empresas<br />

saberem ao certo quanto<br />

tempo conseguem reter os colaboradores.<br />

A competitividade salarial,<br />

apesar de ser importante, não<br />

Andreia Duarte é consultora da RH<br />

é o fator decisivo no momento da<br />

decisão do candidato que vai aceitar<br />

uma oferta, pese embora que o<br />

candidato deve sentir que a oferta é<br />

justa face à sua experiência e mais-<br />

-valia que pode aportar à função.<br />

As empresas têm e devem estar focadas<br />

no seu negócio, e investir o<br />

seu tempo e capital intelectual no<br />

desenvolvimento e rentabilidade<br />

do mesmo. Quanto a nós, acreditamos<br />

que somos um contributo<br />

importante para que as empresas<br />

não desviem o seu focus da sua<br />

competência core. E é com a nossa<br />

ajuda na identificação dos profissionais<br />

mais adequados a cada necessidade<br />

que podemos contribuir<br />

positivamente para o crescimento<br />

de cada empresa, sempre que esta<br />

nos confie a nobre tarefa de propor<br />

os melhores e mais adequados<br />

profissionais para cada uma das<br />

suas necessidades específicas.<br />

28


RH<br />

JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

BI<br />

Denisse Sousa<br />

D.R.<br />

Tanya Kopps<br />

na Makro Itália<br />

Tanya Kopps deixou a direção-geral da Makro<br />

Portugal e assumiu a direção-geral da cadeia de<br />

distribuição em Itália.<br />

Na Makro Portugal desde 2015, Portugal é o<br />

sexto país onde trabalha e aquele em que se<br />

estreou como CEO.<br />

Tanya Kopps assume idêntico desafio no sétimo<br />

mercado da sua carreira, deixando a direçãogeral<br />

portuguesa a David Antunes.<br />

Tanya Kopps deixou advocacia para entrar no mundo dos negócios<br />

Sanofi Portugal tem novo<br />

country finance lead<br />

Accenture Portugal tem nova<br />

diretora de RH<br />

José Morais Barbosa<br />

na direção da Talenter<br />

A Sanofi Portugal integrou José Pereira<br />

na equipa para exercer a função de<br />

country finance lead, assim como para<br />

ser Finance Business partner for General<br />

Medicines.<br />

Ana Bernardes foi nomeada para<br />

liderar a área de Recursos Humanos<br />

da consultora Accenture em Portugal,<br />

sucedendo no cargo a Fernanda Barata<br />

de Carvalho.<br />

José Morais Barbosa é o novo<br />

business developer e training consultant<br />

da Talenter, ficando responsável<br />

pela comercialização da<br />

academia da Talenter e pela dinamização<br />

de projetos na área da formação<br />

profissional.<br />

29


Rui Cruz diretor de projeto<br />

da Opensoft<br />

Rita Baptista<br />

lidera RH da OGMA<br />

Canon tem novo presidente<br />

para região EMEA<br />

A Opensoft, empresa portuguesa<br />

especializada no desenvolvimento<br />

de software, nomeou Rui Cruz como<br />

diretor de projeto. Desde 2003, Rui<br />

Cruz passou pelas funções de consultor<br />

e gestor de projeto.<br />

Rita Baptista assumiu a direção de<br />

Recursos Humanos e Sustentabilidade<br />

da OGMA – Indústria Aeronáutica<br />

de Portugal.<br />

Yuichi Ishizuka é o novo presidente e<br />

diretor-geral da Canon Europa, Médio<br />

Oriente e África (EMEA), sucedendo a<br />

Rokus van Iperen, que se retira após<br />

seis anos no cargo.<br />

João Nuno Bento é o novo CEO<br />

da Novabase<br />

Philips Lighting apresenta<br />

nova diretora de RH<br />

Novo diretor comercial na<br />

Toshiba para Portugal e Espanha<br />

João Nuno Bento foi nomeado<br />

presidente da Comissão Executiva<br />

da Novabase, substituindo Luís<br />

Paulo Salvado, que é, desde<br />

2015, presidente do Conselho de<br />

Administração.<br />

Raquel Gómez Tortosa é a nova<br />

diretora de recursos humanos para<br />

Portugal e Espanha da Philips Lighting,<br />

sucedendo a Inna King, que ruma a<br />

Singapura para liderar a referida área<br />

nos mercados emergentes.<br />

A Toshiba anunciou Luís Polo como<br />

novo diretor comercial para o mercado<br />

português e espanhol, reforçando<br />

as suas responsabilidades na<br />

marca.<br />

30


JULHO <strong>2018</strong><br />

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31


MEDIR PARA GERIR<br />

COMO GERIR<br />

EQUIPAS SAZONAIS<br />

Ana Ganhão, Humanistic Professional Coach<br />

Promotoravida<br />

?<br />

Ana Ganhão colabora regularmente com a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />

Gerir equipas não é tarefa fácil. A equipa em si é um ser vivo<br />

que muda a todo o momento, alimentado pela qualidade do<br />

combustível de cada um dos seus membros.<br />

É um processo que requer gosto por pessoas, bom senso,<br />

positivismo e boa comunicação. Mas quando o tempo é escasso<br />

é necessário haver uma maior habilidade para pôr tudo<br />

isto em prática e, ainda assim, poderá não ser o suficiente.<br />

Para gerir bem uma equipa sazonal, terá de ter uma boa equipa. Para ter uma boa equipa, terá de ter feito a seleção<br />

certa, e para fazer a seleção certa terá de ter uma clara visão do que realmente precisa.<br />

A empresa terá que ser muito hábil e precisa na análise da necessidade, no plano de contratação e no acompanhamento<br />

durante o período do contrato. Assim, deixo aqui uma reflexão sobre estes três momentos importantes.<br />

1NECESSIDADE DA EMPRESA<br />

A empresa deve criar um kit de<br />

emergência sazonal, ou seja, em<br />

tempos de menos pressão, ter a<br />

capacidade de prever o pico de trabalho<br />

(por comparação ao ano anterior,<br />

por tendências de mercado,<br />

análise à concorrência, ou outros<br />

meios) e criar atempadamente um<br />

plano de ação de acordo com a sua<br />

necessidade. As necessidades da<br />

empresa devem estar claramente<br />

definidas no que respeita à contratação<br />

dos colaboradores, isto é:<br />

à quantidade, perfil do candidato,<br />

duração dos contratos, à forma<br />

como esta será feita, (recrutamento<br />

pela empresa ou por empresas externas)<br />

e os custos que acarreta.<br />

RECRUTAMENTO E CONTRATAÇÃO2<br />

Selecione e contrate pessoas<br />

que se identificam com os valores<br />

da sua empresa e faça-lhes ofertas<br />

diferenciadas da concorrência.<br />

Explique ao candidato a importância<br />

das competências e habilidades<br />

que irá adquirir durante esse trabalho<br />

e o quanto o poderão enriquecer<br />

profissional e pessoalmente<br />

(por exemplo, experiência no setor,<br />

comunicação, espírito de equipa,<br />

32<br />

atitude positiva, diversão e outros<br />

de acordo com o desempenho da<br />

função em causa). Seja autêntico,<br />

honesto e transparente. Não<br />

se faça passar pelo que não é, não<br />

prometa o que não pode dar e deixe<br />

bem claras as regras do jogo. Cada<br />

empresa terá as suas, mas espírito<br />

de equipa, respeito, confiança, colaboração,<br />

diálogo, criatividade e<br />

responsabilidade são transversais.


JULHO <strong>2018</strong><br />

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ACOMPANHAMENTO DA EQUIPA<br />

Liderar e motivar pessoas é um<br />

grande desafio e torna-se maior<br />

com uma equipa sazonal, pois o<br />

tempo é escasso e há um pré-desinteresse<br />

por parte do colaborador<br />

que, por vezes, por não ser viável a<br />

progressão de carreira naquela empresa,<br />

não está disposto a empenhar-se<br />

tanto quanto seria expectável.<br />

Se a empresa quer realmente<br />

manter a qualidade de prestação de<br />

serviço tem de ter um líder ao serviço<br />

para conduzir estas pessoas.<br />

Uma vez que o trabalho é temporário,<br />

o acompanhamento constante<br />

é a forma de fazer com que o colaborador<br />

se sinta apoiado e incluído<br />

no projeto. Por outro lado, esse<br />

acompanhamento vai dar a garantia<br />

à empresa de um bom serviço, uma<br />

vez que se houver algo a corrigir é<br />

feito de imediato, evitando a sistematização<br />

do erro e minimizando<br />

o impacto no cliente. Todos já<br />

tivemos uma experiência,ou mais,<br />

de uma má prestação de serviço,<br />

especialmente em situações sazonais,<br />

em que se percebe que o<br />

colaborador não tem formação,<br />

motivação, valores como respeito<br />

e profissionalismo e age por conta<br />

própria.<br />

3<br />

BOAS PRÁTICAS QUE ACRESCENTAM VALOR AO SEU NEGÓCIO<br />

1 PROMOVA BOAS REUNIÕES<br />

Uma reunião de dez minutos poupa horas de trabalho,<br />

de dissabores e mantém a equipa coesa e alinhada.<br />

Defina e cumpra o tempo e o tema da reunião;<br />

Seja objetivo e positivo, claro, factual. Comunique<br />

de forma assertiva, saiba ouvir e comunique para<br />

que o oiçam;<br />

Refira os ganhos e progressos de cada um e da equipa.<br />

Informe o que não foi conquistado ou concluído<br />

positivamente;<br />

Crie abertura para a intervenção individual, sempre<br />

com a tónica “foco na solução”;<br />

Crie senso de responsabilidade no colaborador e na<br />

equipa;<br />

Peça feedback;<br />

Termine a reunião com atitude positiva e motivadora.<br />

A motivação é o fator chave para o sucesso de uma<br />

empresa, das equipas de trabalho e de cada colaborador.<br />

Saber motivar é encontrar o motivo que impulsiona<br />

o indivíduo à ação, é encontrar a chave certa,<br />

e um bom líder saberá fazê-lo. Eleve os membros<br />

da equipa, mostrando como o trabalho individual é<br />

um contributo indispensável para a organização, e<br />

que mesmo depois de terminarem a sua época de<br />

trabalho essa marca permanecerá.<br />

2 ELOGIE EM PÚBLICO - critique em privado.<br />

3 DISPONIBILIZE BOAS FERRAMENTAS<br />

DE DE TRABALHO<br />

4 MANTENHA OS COLABORADORES IN-<br />

FORMADOS e desfaça qualquer tipo de boatos, que<br />

são desmobilizadores.<br />

5 ESTABELEÇA METAS - as metas devem ser<br />

exequíveis, caso contrário provocam frustração, desmotivação<br />

e resistência para novas metas. Quando estabelecer<br />

a meta deve ter em conta as condições externas<br />

e as condições do colaborador.<br />

6 CRIE PADRÕES DE DESEMPENHO - estabeleça<br />

em comum acordo com o colaborador qual seria<br />

o seu desempenho ideal para a tarefa a desempenhar,<br />

o prazo, quantidade e qualidade e, naturalmente, suba<br />

um pouco a fasquia, levando-o também a desafiar-se e<br />

a conhecer os seus limites, frisando o quanto isso será<br />

importante para o seu crescimento pessoal.<br />

7 PROMOVA RECOMPENSAS - podem não<br />

ser monetárias e estimular o colaborador com pequenos<br />

momentos de lazer, de cultura ou desenvolvimento<br />

pessoal. Como um jantar experiência, bilhetes para um<br />

espetáculo, workshops sobre gestão de emoções, stress<br />

e tantos outros. Estes gastos serão pequenos em comparação<br />

com o benefício que trarão para a sua empresa,<br />

mantendo o trabalhador motivado e valorizado.<br />

8<br />

PROMOVA O CONVÍVIO INFORMAL - como<br />

forma de estabelecerem relações interpessoais mais<br />

descontraídas e para que todos se conheçam melhor.<br />

Inove, ouse, arrisque e faça pessoas felizes. Sabemos<br />

que pessoas felizes produzem mais. Por isso, nessa<br />

equação todos ganham: a empresa, o colaborador e o<br />

cliente.<br />

33


marketing<br />

A GRANDE MANIPULAÇÃO DIGITAL<br />

QUE MUDOU A HISTÓRIA DO MUNDO<br />

34<br />

Fábio Jesuíno, CEO da 3WX – Digital Creative Agency<br />

3WX e Pixabay<br />

Era uma vez uma empresa de consultoria política, a<br />

Cambridge Analytica, que analisava dados para criar<br />

estratégias de comunicação políticas, usando aplicações<br />

através do Facebook para recolher dados dos utilizadores.<br />

Muito se fala desta empresa britânica, mas poucos pormenores<br />

são conhecidos. Criada em 2013, tinha como<br />

objetivo principal<br />

o mercado norte-<br />

-americano, onde<br />

participou em várias<br />

campanhas eleitorais,<br />

principalmente<br />

ligadas ao partido republicando.<br />

Um dos<br />

principais investidores era o milionário Robert Mercer,<br />

financiador da campanha de Donald Trump.<br />

Tudo começou com uma denúncia de um antigo funcionário<br />

da Cambridge Analytica, Christopher Wylie, aos<br />

jornais The New York Times e The Observer, que posteriormente<br />

realizaram uma investigação que veio a descobrir<br />

uma série de factos de manipulação da opinião<br />

pública através da recolha ilegal de dados, através de<br />

aplicações do Facebook, sobre comportamento de um<br />

grande número de pessoas.<br />

A investigação foi divulgada a 17 de março e comprovou<br />

a utilização indevida de dados de mais de 50 milhões de<br />

utilizadores para ajudar na campanha do agora presidente<br />

dos Estados Unidos da América, Donald Trump,<br />

nas eleições de 2016. Foram, também, divulgados vários<br />

episódios pelo canal televisivo britânico Channel 4<br />

do trabalho de investigação, no qual aparecem vários<br />

executivos da Cambridge Analytica a confirmarem a utilização<br />

de vários tipos de práticas ilegais.<br />

Foi o início de um grande escândalo, que teve como base<br />

uma simples aplicação dentro da rede social do Facebook<br />

que foi utilizada por muitos utilizadores para, supostamente,<br />

ajudar uma investigação cientifica. Numa<br />

comissão de investigação do parlamento britânico, uma<br />

ex-funcionária da Cambridge Analytica revelou que foram<br />

usadas mais aplicações<br />

para recolher<br />

"O MUNDO FICOU EM ALERTA COM ESTE<br />

ESCÂNDALO QUE VEIO MOSTRAR COMO O<br />

USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS PODEM<br />

MUDAR O RUMO DA HISTÓRIA"<br />

indevidamente dados<br />

através do Facebook.<br />

Este escândalo tomou<br />

maiores proporções<br />

quando se soube que o<br />

Facebook sabia desde 2015 que a Cambridge Analytica<br />

teria dados de utilizadores recolhidos indevidamente.<br />

Apesar disso, a maior rede social do mundo não avisou<br />

os utilizadores.<br />

O Facebook ficou sob os holofotes e prontamente pediu<br />

desculpas e anunciou várias medidas para evitar que<br />

situações como a Cambridge Analytica surjam, desde<br />

informar os utilizadores sobre a utilização abusiva dos<br />

dados, restringir a informação conseguida por log in e<br />

recompensar quem encontre vulnerabilidades na rede<br />

social.<br />

É uma situação de uma gravidade extrema, mas não<br />

fica por aqui. De acordo com um documento interno<br />

da Cambridge Analytica, divulgado pelo The Guardian,


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

verifica-se que a metodologia utilizava várias redes<br />

sociais e divulgava notícias e informações falsas através<br />

da criação de várias ferramentas digitais. Mostra,<br />

ainda, o exemplo da campanha do atual presidente<br />

norte-americano, exemplificando algumas formas de<br />

sucessos que contribuíram para a sua eleição.<br />

Depois do destaque que tiveram todas as atividades<br />

desta empresa de análise de dados, descobriu-se a sua<br />

influência na campanha do Brexit pela saída do Reino<br />

Unido da União Europeia. Neste último caso, foi descoberto<br />

um esquema complexo pelo jornal The Observer,<br />

que divulgou o envolvimento de Shahmir Sanni, um<br />

britânico eurocético que foi voluntário pró-Brexit, como<br />

testa de ferro para canalizar fundos para a empresa canadiana<br />

aggregateIQ, que pertencia ao mesmo grupo e<br />

usou os mesmos métodos da Cambridge Analytica.<br />

O Facebook foi um dos principais visados com esta polémica,<br />

com o seu presidente executivo, Mark Zuckerberg,<br />

a prestar declarações no congresso americano<br />

sobre a atuação da sua empresa. A preocupação é muito<br />

grande porque se descobriam muitas fragilidades na<br />

maior rede social do mundo.<br />

"FOI O INÍCIO DE UM GRANDE<br />

ESCÂNDALO, QUE TEVE COMO BASE<br />

UMA SIMPLES APLICAÇÃO DENTRO<br />

DA REDE SOCIAL DO FACEBOOK"<br />

Fábio Jesuíno é fundador e CEO da 3WX<br />

O mundo ficou em alerta com este escândalo que veio<br />

mostrar como o uso de ferramentas digitais pode mudar<br />

o rumo da história e estas podem ser usadas para manipulação<br />

da opinião pública. Já se desconfiava de várias<br />

situações destas, mas nunca se tinham reunido tantas<br />

provas sobre os esquemas utilizados e as suas origens.<br />

É muito importante que os governos tenham interesse<br />

em criarem estratégias para conter este tipo de situações.<br />

Claramente, são cada vez mais importantes os<br />

meios de comunicação social na nossa sociedade, tendo<br />

um papel decisivo da nossa evolução.<br />

35


tecnologia<br />

“O DESAFIO É GERIR, ORGANIZAR<br />

E RASTREAR INFORMAÇÃO DIGITAL”<br />

Ana Rita Justo<br />

Fin-Prisma<br />

Adquirida pelo Grupo EAD no início de 2017, a Fin-Prisma desenvolve<br />

soluções de gestão documental à medida de cada negócio. Atualmente<br />

com oito trabalhadores, esta <strong>PME</strong> espera atingir um milhão de euros de<br />

faturação em <strong>2018</strong>. Marco Daniel Santos, CEO da Fin-Prisma, explica o<br />

conceito por detrás do negócio.<br />

<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Para quem não<br />

conhece, o que faz a Fin-Prisma?<br />

Marco Daniel Santos – A Fin-Prisma<br />

é uma empresa de transformação<br />

de negócio. Prestamos serviços<br />

no desenvolvimento de soluções<br />

de gestão de documentos e processos,<br />

que normalmente são disponibilizadas<br />

em ambiente cloud,<br />

pública ou privada. Temos soluções<br />

verticais para diversos setores,<br />

nomeadamente seguros, banca e<br />

setor público. Complementarmente,<br />

prestamos serviços de digitalização<br />

de grandes volumes de documentos,<br />

tendo uma capacidade<br />

instalada de digitalização acima de<br />

100 milhões de páginas por ano.<br />

Neste momento, empregamos oito<br />

pessoas: quatro engenheiros informáticos,<br />

que se dedicam ao desenvolvimento<br />

das soluções, e quatro<br />

operacionais de digitalização.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como se encontrava<br />

a empresa quando foi adquirida<br />

pelo Grupo EAD?<br />

M. D. S. – A Fin-Prisma encontrava-se<br />

numa situação estável, mas<br />

não estava no mercado de forma<br />

ativa. Tornava-se necessário diversificar<br />

o mercado e a sua carteira<br />

de clientes, apresentando novas<br />

soluções e serviços. Mudámos a<br />

imagem, o lema e temos vindo a diversificar<br />

o portefólio da Fin-Prisma<br />

de forma a sermos mais abrangentes<br />

e chegarmos a mais setores.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – O que distingue esta<br />

de outras tecnológicas?<br />

M. D. S. – A Fin-Prisma está muito<br />

direcionada para soluções e não<br />

para venda de tecnologia. A nossa<br />

missão é transformar o negócio dos<br />

nossos clientes, usando como meio<br />

a tecnologia e complementar com a<br />

prestação de serviços, e não vender<br />

software de forma ad-hoc.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Qual o setor mais representativo<br />

de clientes que têm<br />

em carteira?<br />

M. D. S. – A Fin-Prisma conta neste<br />

momento com 20 clientes, sendo<br />

os setores mais representativos a<br />

banca e seguros.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – O que mais vos é<br />

pedido pelos clientes e quais os<br />

principais desafios com que se<br />

deparam?<br />

M. D. S. – Os clientes pedem-nos<br />

soluções para problemas que enfrentam<br />

nos processos do seu negócio.<br />

Normalmente, não somos<br />

abordados para nos comprarem<br />

algo em específico, mas para resolver<br />

um problema. Cabe-nos, com<br />

as nossas soluções ou criando uma<br />

nova, transformar o seu processo e<br />

eliminar o obstáculo do cliente, tornando<br />

o seu negócio mais eficiente.<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como é que a Fin-<br />

-Prisma está a ajudar os clientes<br />

a entrarem no mundo da indústria<br />

4.0?<br />

M. D. S. –A indústria 4.0 é um salto<br />

na evolução tecnológica relacionado<br />

com a internet of things [n. d.<br />

r. internet das coisas] e com a inteligência<br />

artificial. Enquanto empresa<br />

de transformação de negócio não<br />

podíamos estar desatentos a esta<br />

evolução. As nossas soluções estão<br />

sempre assentes em seis pilares:<br />

eficácia na resolução do problema,<br />

eficiência do processo, automatização,<br />

estabilidade, rastreabilidade<br />

e controlo de produtividade.<br />

Portanto, implementamos sempre<br />

nas nossas soluções tecnologias<br />

que nos permitam automatizar processos,<br />

através de reconhecimento,<br />

processamento de informação<br />

e algoritmos inteligentes, obtendo,<br />

obviamente, um ganho para as organizações,<br />

sempre com uma visão<br />

global e controlo absoluto sobre as<br />

cadeias produtivas.<br />

“A NOSSA MISSÃO<br />

É TRANSFORMAR<br />

O NEGÓCIO<br />

DOS NOSSOS<br />

CLIENTES”<br />

Marco Daniel Santos<br />

CEO da Fin-Prisma<br />

<strong>PME</strong> Mag. – Como vê a empresa<br />

daqui a cinco anos?<br />

M. D. S. – Vamos orientar a Fin-<br />

-Prisma cada vez mais para as<br />

soluções de gestão documental<br />

sustentadas em tecnologia e de<br />

processos, introduzindo inovação<br />

nas soluções que queremos que<br />

sejam disruptivas. O paradigma da<br />

gestão documental mudou e o problema,<br />

atualmente, não está na organização<br />

e tratamento de arquivos<br />

físicos. O desafio é gerir, organizar<br />

e rastrear informação em formato<br />

digital. Temos tido muito sucesso<br />

no processamento e encaminhamento<br />

automático de documentos<br />

nado-digitais que chegam às organizações<br />

de forma ad-hoc e com<br />

as nossas ferramentas são enquadrados<br />

em workflows processuais,<br />

através da análise do seu conteúdo.<br />

É por aqui que vamos construir<br />

o nosso futuro. Este ano, o nosso<br />

plano de negócios aponta para uma<br />

receita na ordem do milhão de euros,<br />

mas, mais do que o volume de<br />

negócios, prezamos muito a rentabilidade<br />

e aí também estamos bem,<br />

com uma margem de EBIDTA de<br />

dois dígitos.<br />

36


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

BRUNCH, BREAKFAST<br />

WINE, COCKTAILS<br />

& TAPAS ALL DAY LONG<br />

TEAM BUILDING<br />

GATHERINGS<br />

CO-OP<br />

PRIVATE EVENTS<br />

SUNSETS<br />

LIVE MUSIC<br />

www.holidayonj.com/pt/lisboa/22lounge/<br />

Rua do Desterro nº4 1150-127 Lisboa 933 000 471<br />

/22lounge/<br />

37


um dia por semana, de aprendizagem e partilha com os<br />

melhores profissionais do mercado nacional e internacional,<br />

com o objetivo de ajudar as grandes empresas a<br />

alavancarem a operação online e as <strong>PME</strong> portuguesas a<br />

construírem o seu e-commerce.<br />

Comparando com o Brasil, país que acolheu a primeira<br />

edição do programa de aceleração e onde o comércio<br />

digital está muito mais desenvolvido, constata-se que:<br />

No Brasil, já existem empresas onde a operação<br />

no online é, várias vezes, superior à operação física, o<br />

que ainda não acontece em Portugal;<br />

No Brasil, as cinco maiores empresas brasileitecnologia<br />

E-COMMERCE: UM OUTRO CAMINHO<br />

PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO<br />

Pedro Rebordão, diretor de Promoção e Inovação do Lispolis<br />

Lispolis<br />

Quem já não ouviu a expressão “born global” quando se<br />

fala de empresas? Esta expressão é utilizada quando<br />

nos referimos a empresas que são criadas já a pensar<br />

em vender além-fronteiras, ao contrário do que seria o<br />

processo mais tradicional de lançar um negócio primeiro<br />

no país de origem, atingir o sucesso e depois então tentar<br />

o processo de internacionalização.<br />

E a palavra tentar é, propositadamente, utilizada uma<br />

vez que o processo de internacionalização, como é tradicionalmente<br />

pensado, nunca é fácil. Lançar um novo<br />

produto ou serviço num país diferente, com hábitos culturais<br />

diferentes, num mercado desconhecido e onde<br />

existem com certeza outros concorrentes já instalados é<br />

um desafio que não está ao alcance de todas as empresas,<br />

seja por não terem produto ou serviço diferenciado,<br />

know-how para o fazer ou capital suficiente.<br />

"O QUE É QUE IMPEDE UMA<br />

EMPRESA DITA TRADICIONAL<br />

DE SER “NET NATIVE” EM QUALQUER<br />

OUTRO PAÍS E ASSIM LANÇAR<br />

O SEU PROCESSO<br />

DE INTERNACIONALIZAÇÃO?"<br />

Mas hoje existe uma nova espécie de empresas. Mais do<br />

que “born global” são “net natives”, isto é, são empresas<br />

que operam 100% no online. E devemos olhar para estas<br />

empresas com muita atenção, pois na sua forma de<br />

funcionar pode estar o caminho para que muitas empresas,<br />

e com muito menor risco, iniciem o seu processo de<br />

internacionalização. O que é que impede uma empresa,<br />

dita tradicional, de ser “net native” em qualquer outro<br />

país e assim lançar o seu processo de internacionalização?<br />

Diria que nada, a não ser preparar-se para vender<br />

online, ou, como é dito, lançar o seu próprio e-commerce!<br />

É por isso que o Lispolis acolhe e lança o primeiro programa<br />

de fomento e aceleração em Portugal focado no<br />

e-commerce. O E-commerce Experience Lisboa, cuja<br />

primeira edição decorrerá entre setembro de <strong>2018</strong> e fevereiro<br />

de 2019 – vão ser mais de 25 dias de trabalho,<br />

38


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

fazerem-no bem. E é por isso que muitos dos mentores<br />

e oradores são de fora de Portugal, neste caso do Brasil,<br />

Espanha e Inglaterra, pois em Portugal ainda não existe<br />

conhecimento suficiente para o fazer.<br />

"PODEMOS COMPARAR UMA BOA<br />

OPERAÇÃO DE E-COMMERCE<br />

A INTERNACIONALIZAR<br />

SIMULTANEAMENTE EM TODOS<br />

OS PAÍSES ONDE É POSSÍVEL<br />

ENTREGAR O PRODUTO"<br />

Quando se vende online passa a ser indiferente o país<br />

onde se está localizado ou para onde se vende. O que<br />

interessa é que seja possível entregar o produto onde o<br />

cliente solicitou. No limite, podemos comparar uma boa<br />

operação de e-commerce a internacionalizar simultaneamente<br />

em todos os países onde é possível entregar<br />

o produto, aumentando-se assim o número potencial de<br />

clientes!<br />

Para concluir: vão participar 20 empresas – 10 grandes<br />

empresas e 10 <strong>PME</strong>; o programa é gratuito para as empresas<br />

participantes; dura seis meses, pois só assim é<br />

possível implementar uma estratégia, medir os resultados<br />

e aprender; para participar necessita de ter um<br />

produto ou serviço que possa ser comercializado online,<br />

estar disposto a aprender e a partilhar, e fazer a pré-inscrição<br />

em ecommerceexperience.co/inscricao.<br />

ras detêm uma quota superior a 50% de um mercado de<br />

e-commerce que já vale cerca 11 mil milhões de euros<br />

(2017), enquanto em Portugal a maior parte da receita<br />

de um mercado que já vale 4,6 mil milhões de euros é de<br />

empresas estrangeiras.<br />

Esta situação, que representa uma perda de oportunidade<br />

naquele que seria o primeiro mercado das empresas<br />

tradicionais, apenas poderá ser revertida se e quando as<br />

empresas portuguesas apostarem no e-commerce. Mas<br />

montar uma operação destas é um processo complexo –<br />

um e-commerce é muito mais do que um website e exige<br />

muito mais do que apenas tecnologia. O grande objetivo<br />

deste programa é ajudar todos os que participarem a<br />

Pedro Rebordão colabora regularmente com a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />

Manuel Laia, international sales manager da Science 4<br />

You diz o porquê de a empresa já ter confirmado a sua<br />

participação: “É uma questão de tempo até que o negócio<br />

seja feito maioritariamente online em vez de offline.<br />

Sabemos que o online cresce a uma velocidade enorme,<br />

sobretudo a nível internacional, onde não temos qualquer<br />

barreira física à venda dos nossos brinquedos.”<br />

39


Agenda<br />

Denisse Sousa<br />

26 A 5<br />

EXPOFACIC<br />

JULHO | AGOSTO<br />

Parque Expo-Desportivo de<br />

S.Mateus, Cantanhede<br />

A Expofacic - Exposição/Feira<br />

Agrícola, Comercial e Industrial<br />

de Cantanhede é considerada<br />

desde há alguns anos como o mais<br />

importante certame económico e<br />

festivo da Região Centro e um dos<br />

mais importantes do país.<br />

Mais informações no site oficial<br />

deste evento.<br />

9A12<br />

JULHO<br />

RISE A CAMINHO<br />

DE HONG KONG<br />

Centro de Convenções e<br />

Exposições de Hong Kong<br />

A conferência Rise é produzida<br />

pela mesma equipa que criou<br />

o conceito da Web Summit. Em<br />

julho, Hong Kong será o palco<br />

para este evento, uma das maiores<br />

conferências na Ásia e palco<br />

para as maiores empresas e<br />

startups de sucesso.<br />

Com a presença de meios de<br />

comunicação de todo o mundo,<br />

investidores e participantes, a<br />

Rise Conference irá agitar Hong<br />

Kong durante quatro dias, com<br />

partilha de experiências, investimento,<br />

conhecimento e inúmeras<br />

oportunidades de networking<br />

B2B e One2One.<br />

Mais informações no site oficial<br />

deste evento.<br />

6 A 9<br />

CERANOR<br />

SETEMBRO<br />

Exponor, Matosinhos<br />

A Ceranor reúne as principais empresas<br />

da área da decoração e brinde,<br />

criando o ponto de encontro entre<br />

os profissionais que procuram<br />

conhecer as novidades e realizar encomendas.<br />

Os interessados podem inscrever-se<br />

aqui.<br />

AGOSTO<br />

FEIRA DA GASTRONOMIA <strong>2018</strong><br />

Vila do Conde<br />

17 A 26<br />

O evento, a decorrer de 17 a 26 de<br />

agosto, nos Jardins da Av. Júlio Graça,<br />

propõe um roteiro gastronómico<br />

pelas Ilhas, Alentejo, Algarve, Minho<br />

e Trás-os-Montes, percorrendo assim<br />

as regiões e o país sem sair do<br />

recinto.<br />

Mais informações aqui.<br />

40


JULHO <strong>2018</strong><br />

WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />

7 A 9<br />

SETEMBRO<br />

FEIRA DO TALENTO JOBARTIS<br />

Luanda, Angola<br />

A Jobartis apresenta a primeira edição da Feira<br />

do Talento, que pretende reunir os melhores<br />

empregadores, as melhores oportunidades e,<br />

claro, os melhores profissionais do país.<br />

Os interessados podem inscrever-se aqui.<br />

SEATRADE CRUISE MED<br />

FIL, Lisboa<br />

19 A 20<br />

SETEMBRO<br />

A Seatrade Cruise Med é o evento de topo para a<br />

região do Mediterrâneo. É a oportunidade para<br />

construir relações e criar oportunidades de negócio<br />

dentro do setor.<br />

Mais informações no site oficial deste evento.<br />

19 A 20<br />

SETEMBRO<br />

EMPACK E TRANSPORT & LOGISTICS<br />

Exponor, Matosinhos<br />

A Empack e Transport & Logistics acontece nos<br />

dias 19 e 20 de setembro, juntando num único<br />

espaço o que de melhor e mais inovador existe<br />

no setor da logística, do transporte e da embalagem.<br />

Mais informações no site oficial.<br />

25<br />

LEADERSHIP SUMMIT <strong>2018</strong><br />

Casino do Estoril, Cascais<br />

SETEMBRO<br />

O Casino Estoril recebe, pela segunda vez, a Leadership<br />

Summit Portugal, que se assume como<br />

um encontro internacional de gerações para a<br />

produção de conhecimento sobre liderança.<br />

Mais informações aqui.<br />

41


OPINIÃO<br />

É NECESSÁRIO VALORIZAR O TURISMO NACIONAL<br />

Mário Pereira Gonçalves, presidente da AHRESP - Associação da<br />

Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal<br />

AHRESP<br />

Nunca antes se falou tanto de turismo como agora. Uns dizem que Portugal<br />

está na moda, mas eu prefiro dizer que Portugal está a colher os<br />

frutos dos investimentos que os empresários têm vindo a realizar, assim<br />

como da estratégia de promoção externa que o Turismo de Portugal tem<br />

vindo a desenvolver em mercados estratégicos.<br />

Portugal tem recebido inúmeras distinções por esse mundo fora, mas é<br />

importante não ficarmos deslumbrados e temos o dever de olhar de forma<br />

transversal para o contributo do turismo para a economia nacional.<br />

Um desses contributos é o aumento generalizado do emprego.<br />

Em 2017, os setores da Restauração e Bebidas e do Alojamento Turístico<br />

registaram 323,2 mil postos de trabalho, o que significou um aumento de<br />

15,8% (mais 44 mil postos de trabalho), o que correspondeu a 120 novos<br />

postos de trabalho por dia.<br />

Em <strong>2018</strong>, o ritmo continua a ser bastante positivo. Em março, a taxa de<br />

desemprego situou-se nos 7,4%. Recorde-se que, no mesmo período de<br />

2017, a taxa de desemprego rondava os 9,7% e é preciso recuarmos 14<br />

anos para encontrarmos uma taxa de desemprego nos valores em que se<br />

encontra hoje.<br />

A alta empregabilidade na Restauração e Alojamento demonstra bem o<br />

compromisso assumido pelos empresários na criação de emprego após<br />

a reposição parcial da taxa do IVA dos Serviços de Alimentação e Bebidas.<br />

Este foi um longo processo de luta da Associação da Hotelaria,<br />

Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) mas que foi decisivo para<br />

o setor.<br />

Não obstante a performance que a atividade turística está a registar, é<br />

necessário termos consciência de que estamos perante um estrangulamento<br />

do mercado de trabalho nacional e uma escassez de mão-de-obra<br />

qualificada, o que coloca graves problemas na qualidade da nossa<br />

oferta turística, e no desenvolvimento das nossas empresas, dos seus<br />

negócios e dos seus atuais e futuros investimentos.<br />

42<br />

" PORTUGAL TEM RECEBIDO INÚMERAS<br />

DISTINÇÕES POR ESSE MUNDO FORA"<br />

Mário Pereira Gonçalves, presidente da AHRESP<br />

A AHRESP realizou recentemente um inquérito junto das empresas dos<br />

setores da Restauração e Bebidas e do Alojamento Turístico para apurar<br />

as necessidades de contratação de recursos humanos qualificados, perceber<br />

as carências de competências e de formação dos colaboradores<br />

atuais das empresas e conhecer as suas intenções futuras e expectáveis<br />

de contratação e concluiu que 52% das empresas têm necessidade de<br />

contratação de um novo colaborador e que 70% das empresas têm dificuldades<br />

de contratação.<br />

Nas últimas Jornadas da AHRESP, realizadas em janeiro deste ano, foi<br />

aprovado um conjunto de conclusões e de medidas que têm como objetivo<br />

a valorização e dignificação das profissões destes setores, e das<br />

competências e qualificações dos recursos humanos, o aumento da produtividade<br />

e o incremento das relações<br />

entre entidades empregadoras e trabalhadores.<br />

Entre as várias medidas, destacam-se<br />

a elaboração do “Livro Verde do Mercado<br />

do Trabalho HORECA”, para identificação<br />

das atuais carências do mercado,<br />

quer em termos de quantidade<br />

de recursos humanos, quer em termos<br />

da sua qualificação; congregação da<br />

oferta e procura de emprego e formação<br />

realizada através dos Centros de<br />

Emprego do IEFP, com o objetivo de<br />

criar uma rede específica para o turismo<br />

que analisa e comunica todas as<br />

ofertas/procuras de emprego/formação<br />

com os destinatários; desenvolvimento<br />

e implementação de um programa<br />

de formação de início de carreira, de<br />

curta duração, para as profissões mais<br />

carentes de mão-de-obra qualificada;<br />

sensibilização junto dos empresários<br />

destes setores, para a importância e<br />

mais-valia que representa poderem<br />

contar com profissionais qualificados.<br />

Estes são apenas alguns exemplos de<br />

iniciativas que estamos certos de que<br />

irão contribuir para a valorização desta<br />

atividade.<br />

Para construir uma oferta turística de<br />

qualidade e manter este elevado nível<br />

de empregabilidade, essenciais ao<br />

crescimento económico do nosso país,<br />

é urgente apostar nas competências e<br />

na formação e qualificação dos nossos<br />

trabalhadores.


PT-BIO-03<br />

Agricultura Portugal

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