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Revista LiteraLivre 9ª edição

9ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 9nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

9ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 9nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 9 – Maio/Jun de 2018<br />

começado — uma pequena várzea de feno seco do pai de Carla. Um autotanque<br />

e um carro de transporte com 8 bombeiros, num alvoroço de sirenes, postaramse<br />

na estrada contígua ao fogo. Com grande agilidade e rapidez, os homens<br />

desenrolaram mangueiras, puxaram-nas, avançaram em direção ao fogo, e<br />

lançaram jatos de água sobre o mato em chamas. Era belo e empolgante. Mauro<br />

chamou a mãe e saiu de casa a correr. Para ver de perto o ataque às chamas e<br />

ajudar aqueles homens esforçados. Pouco depois chegaram mais dois<br />

autotanques e outros carros e em menos de outra meia hora estava o fogo<br />

dominado. Ainda andaram por ali muito tempo, para assegurar o rescaldo, a<br />

Guarda alvitrou que devia ter sido uma ponta de cigarro acesa atirada de um<br />

carro, mas depois foram-se todos embora e Lage Fundeira voltou ao sossego<br />

característico. Fora tudo tão rápido, que nem apareceu a televisão.<br />

Mauro não gostou de tanta eficácia. Esperava que o incêndio durasse pelo menos<br />

um dia, mas nem sequer pôde ver um helicóptero a lançar água sobre nuvens de<br />

fumo e chamas. Tinha de ser mais esperto, planear minimamente, executar sem<br />

ser de impulso.<br />

Na segunda-feira seguinte, ao lusco fusco, Mauro desceu à azenha velha, depois<br />

tomou o antigo trilho dos moleiros, serra acima. Meia hora depois chegou a um<br />

barrocal, a que chamam Fraga do Mocho, que agora está envolvido por uma<br />

mata de urzes e giestas. Escolheu uma área bem densa e seca e instalou o seu<br />

engenho — uma cana oca cheia de musgo seco, com uns vinte fósforos na ponta.<br />

Junto a essa ponta, três acendalhas e uma boa dose de caruma, e gravetos de<br />

giesta. Depois de confirmar que tudo estava estável e aplicado conforme tinha<br />

pensado, acendeu a ponta inicial da cana e afastou-se para um ponto da serra<br />

afastado mais de cem metros, de onde podia assistir ao eclodir do fogo.<br />

O engenho não o desiludiu, nem o resultado. Assim que o musgo em brasa<br />

atingiu os fósforos, foi tudo muito rápido: chamas surgiram, os gravetos<br />

incendiaram-se, em breve a giesta a que estavam ligados começou a arder e<br />

depois outras giestas em todas as direções até o fogo atingir o eucaliptal anexo,<br />

onde as línguas de fogo começaram a trepar por dezenas de metros. Em pouco<br />

tempo, o incêndio tinha uma frente de quase cem metros e uma altura de vinte<br />

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