Revista LiteraLivre 9ª edição
9ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 9nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
9ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 9nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
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<strong>LiteraLivre</strong> nº 9 – Maio/Jun de 2018<br />
Famílias<br />
Gustavo Behr<br />
Lisboa – Portugal<br />
Joseph escrevia com o seu filho, Ismael, deitado no pé da cama. Madalena<br />
cantava com a sua filha, Mafalda, a caminhar pelo palco. Madalena ajudava<br />
Joseph nos seus livros. Acrescentava melodia e ritmo aos textos. Joseph<br />
contribuía com as rimas das canções de Madalena. Reforçava a poesia das suas<br />
letras. As crianças adoravam os seus pais. Gostavam de estar metidos naqueles<br />
universos todos. Dependendo do livro que o pai escrevia, viviam algo diferente.<br />
Dependendo das músicas que a mãe cantava, experienciavam um sentimento<br />
diverso. Era um mundo coeso aquele. Coeso numa dimensão diferente das que<br />
as famílias conhecem. Um mundo de portas e janelas abertas para jardins<br />
infinitos, variados, inesgotáveis.<br />
Um dia Joseph e Madalena voltaram preocupados de uma reunião de pais.<br />
Perceberam que os outros meninos e as outras meninas não viviam aquilo que os<br />
seus filhos viviam.Madalena, eles vivem muitas abstrações, têm acesso a<br />
demasiadas artes, ficções. Não saberão viver a realidade. Ouviste a mensagem<br />
da educadora, certo?<br />
Os filhos começaram a aprender novas competências. Aprenderam o que era<br />
conduzir um carro, como se construía uma casa, como se usava um telefone ou<br />
um computador. Os filhos não sentiram grande diferença, guardavam aquilo que<br />
lhes era oferecido.<br />
Diferença sim, sentiam as pessoas. Quando Ismael, já adulto, levava alguém no<br />
seu automóvel, não era uma viagem convencional que as pessoas faziam.É um<br />
verdadeiro conto fantástico o que acontece,diria um dos seus amigos. Visitar<br />
Mafalda era também delirante – palavra escolhida por uma sua amiga –entramos<br />
numa pequena casinha, vista de fora, e lá dentro o espaço é gigantesco: um<br />
castelo medieval, adornado com as esculturas mais espetaculares.<br />
Nunca vi na vida dos nossos filhos a influência das nossas artes, dirá Joseph a<br />
Madalena, que pensará este velho cegueta não é capaz de ver nada.<br />
www.bairroaltocidadebaixa.wordpress.com<br />
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