Revista LiteraLivre 9ª edição
9ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 9nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
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<strong>LiteraLivre</strong> nº 9 – Maio/Jun de 2018<br />
Numa cerimônia simples, porém muito emocionante para Amélia, os dois se<br />
casaram e foram morar juntos na antiga casa da mãe de Amélia. Ela, apesar de<br />
ter comido o pão que o diabo amassou naquela casa, bateu o pé e não abriu mão<br />
de morar em outro lugar, ela disse para seu marido:<br />
- Foi aqui que nasci e fui criada. Apesar de não ter tido a melhor das<br />
infâncias, creio que juntos podemos mudar esse quadro. Sei que você me fará<br />
muito feliz aqui e encheremos essa casa de crianças!<br />
Manoel Machado que aceitava tudo que sua amada esposa dizia limitou-se<br />
a responder:<br />
- Eu faço tudo por você meu amor. Tudo!<br />
E assim foi feito. Manoel Machado trouxe todos os seus bens para a casa<br />
de Amélia e estabeleceram-se ali os pilares do casamento.<br />
Nos primeiros meses de casamento tudo corria as mil maravilhas. A<br />
população da cidade passou a respeitar mais Amélia agora que estava casada,<br />
mas continuavam a cochichar pelas suas costas.<br />
Por ser um empresário de sucesso, Manoel Machado passava muito tempo<br />
fora de casa, deixando sua esposa sozinha.<br />
Com o passar do tempo, as pessoas foram deixando de lado o respeito a<br />
pouco tempo adquirido para com Amélia Machado e retornaram a ofendê-la,<br />
agora de maneira mais agressiva.<br />
Os mais velhos diziam para as crianças não se aproximarem daquela casa,<br />
muito menos chegarem perto da mulher elefante. Corria a lenda de que ela era<br />
amaldiçoada, afastou seu pai por ser tão medonha e só trouxe desgraças para a<br />
vida de sua mãe. Alguns diziam que ela havia matado a mãe num ritual de magia<br />
negra e, a grande maioria, afirmava que ela havia feito um pacto com o demônio<br />
para conseguir casar com o marido e, mais cedo ou mais tarde, o pobre coitado<br />
iria pagar o preço.<br />
Numa noite tempestuosa, ao voltar para casa de uma de suas padarias,<br />
Seu Manoel Machado foi acometido por um grave acidente. Ao sair da padaria,<br />
atravessando a rua para chegar até seu carro, ele foi atropelado por um<br />
caminhão!<br />
Pobre Amélia Machado! A cada dia que passava acreditava cada vez mais<br />
que realmente era amaldiçoada e que a felicidade nunca bateria a sua porta.<br />
Tomada por uma depressão profunda e pelo luto da morte do marido.<br />
Amélia Machado decidiu trancafiar-se em casa e nunca mais colocar a cara na<br />
rua. Tudo o que ela não queria agora era ouvir ofensas e ter dedos apontados<br />
para si.<br />
Porém, após a morte de Seu Manoel Machado, a população tornou-se mais<br />
agressiva com Amélia. Apesar de não sair mais de casa, o povo encontrava meios<br />
de atormentá-la. O muro de sua casa já estava todo pichado com palavras como:<br />
bruxa, amaldiçoada, assassina, maldita, dentre outras ofensas. As janelas eram<br />
constantemente apedrejadas por meninos arteiros e a fachada da casa diversas<br />
vezes foi impregnada de um cheiro asqueroso, proveniente dos ovos que eram<br />
jogados nela.<br />
Ninguém sabia como Amélia Machado vivia naquela casa. O que ela comia<br />
o que fazia com quem conversava... Mas ninguém se interessava em saber.<br />
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