Revista LiteraLivre 9ª edição
9ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 9nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
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<strong>LiteraLivre</strong> nº 9 – Maio/Jun de 2018<br />
A Viúva Machado<br />
Helder Guastti<br />
João Neiva/ES<br />
Amélia Machado sempre foi considerada estranha. Nascida sob o nome de<br />
Amélia Pereira e dona de orelhas de tamanho descomunais, Amélia sempre foi<br />
atormentada por todos, recebendo apelidos depreciativos e maus tratos por<br />
todos aqueles que a cercavam.<br />
Desde que estava no ventre de sua mãe, Amélia já sofria.<br />
A mãe de Amélia foi abandonada por seu pai, assim que descobriu a<br />
gravidez. Durante os nove meses de gestação, a mãe de Amélia, dona Álvara<br />
Pereira, sofreu de enjoos constantes, dores vorazes e muita, mas muita tristeza<br />
por estar carregando aquele feto indesejado e, ainda por cima, tendo de arcar<br />
com todas as consequências de uma gravidez não planejada sozinha, sem apoio<br />
de marido algum.<br />
Amélia nasceu uma criança raquítica, fraca, mais magra que uma vareta e<br />
com orelhas enormes, tão grandes que, desde sempre, foi chamada de<br />
“elefantinho”.<br />
Sofreu muito nas mãos de sua mãe que a chamava de bastarda e tratava a<br />
garota como uma empregada, deixando todo o serviço doméstico para a menina<br />
dar conta.<br />
O sofrimento de Amélia diminuiu no dia em que sua mãe, dona Álvara,<br />
morreu atropelada por um caminhão ao atravessar a principal Rua de Natal. A<br />
garota, agora com dezoito anos de idade e já bem desgastada dos tormentos e<br />
sofrimentos que passou com sua mãe e também das ofensas que recebia sempre<br />
que saía na rua, por conta de suas enormes orelhas, acreditava que sua sina era<br />
morrer sozinha.<br />
Porém, no dia 13 de novembro de 1995, durante a Feira Municipal de<br />
Cultura de Natal, a pobre Amélia conheceu um empresário português, Seu<br />
Manoel Machado, dono de uma rede de padarias muito bem conceituada na<br />
cidade.<br />
Manoel Machado apaixonou-se por Amélia imediatamente.<br />
O povo não podia acreditar! A “elefantinho”, de alguma maneira, havia<br />
conseguido um pretendente! Ele era muito louco por se apaixonar por uma<br />
mulher tão grotesca ou sofria de sérios problemas de visão.<br />
Apesar de toda a controvérsia e falatório das pessoas maldosas, Seu<br />
Manoel Machado pediu Amélia em casamento.<br />
No dia do enlace, a igreja da paróquia estava lotada. Claro que as pessoas<br />
ali presentes não estavam a fim de torcer pela felicidade de Amélia, apenas<br />
tinham ido ver se aquilo realmente aconteceria ou se Manoel Machado iria<br />
abandonar a “elefantinho” no altar.<br />
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