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Turismo, que, em 1996, fez duas provas no Brasil [ambas vencidas<br />
por Nelson Piquet], uma em Curitiba [2 Horas de Curitiba] e<br />
outra em Brasília [4 Horas de Brasília], quando trabalhei no time<br />
do Franz Konrad, de quem acabei ficando amigo. E participei<br />
ainda de algumas provas de carros clássicos, na Europa, como<br />
a Tour de France, que fiz um ano com o Porsche 906, outra com<br />
o Porsche 904; além de provas em Laguna Seca [EUA], que a<br />
gente fez com os Porsche 906 e Porsche 908, que são modelos<br />
protótipos, superespeciais, que foram preparados no Brasil, por<br />
mim e pelo meu irmão, o Douglas [Pires], que me ajudou muito,<br />
e com os quais conseguimos bons resultados.<br />
Ou seja, com tanto envolvimento com a Porsche, trazer a<br />
Cup para o Brasil foi um caminho até natural, não?<br />
É verdade… Por tudo isso que fizemos junto à marca fomos<br />
ganhando corpo para a Porsche nos credenciar e nos homologar<br />
como mais um País a poder ter a Porsche Cup. Não foi<br />
fácil. Foi um processo muito difícil, até provarmos que tínhamos<br />
capacidade de receber este aval. O processo todo para ter a<br />
Porsche Cup no Brasil começou em 1999 e, ao longo de todo<br />
esse período, muita coisa foi acontecendo. Com tempo, fomos<br />
amuderecendo mais e mais, criando um contigente de pilotos<br />
que pudesse correr e modulando esse formato de competição —<br />
a Porsche Cup, no Brasil, detém um modelo único, diferente das<br />
Cups dos outros países — até que conseguimos dar o start em<br />
2005. A primeira prova foi experimental, sem valer pelo campeonato,<br />
onde tivemos 14 carros Porsche 996. E fomos muito bem.<br />
Na prova seguinte, já tivemos dois ou três carros a mais e, assim,<br />
terminou o ano de 2005. Posso dizer que foi um sucesso.<br />
Um sucesso meio acanhado, mas foi um sucesso. Já para 2006<br />
colocamos ainda mais nove carros no grid e chegamos a 24<br />
carros. Em 2007 mativemos o grid e, no ano seguinte, mudamos<br />
para o modelo 997, que já era um carro com ainda mais<br />
características de carro de corrida, sem freio ABS, com câmbio<br />
sequencial, muito mais duro, bem mais potente e mais rápido, e<br />
ainda dotado de sistema de aquisição de dados. Isso tudo exigiu<br />
muito mais da nossa equipe. O fato do carro possuir aquisição<br />
de dados — que todo mundo chama de “telemetria”, mas<br />
é uma aquisição de dados — faz com que você tenha de fazer<br />
uma análise constante dessas informações. Ele fornece desde<br />
dados de ajuste do carro, até de como o piloto está guiando.<br />
Isso é mais do que um raio-X de como vocês etsá guiando, é<br />
uma ultrassonografia do seu desempenho. E ali a gente viu uma<br />
necessidade nova. Como, por princípio, todos os competidores<br />
da categoria precisam necessariamente estarem em condições<br />
iguais de disputa, com equipamentos iguais, eu precisei então<br />
trazer um novo tipo de profissional para a Porsche Cup. Uma<br />
coisa que no Brasil ainda não era muito explorada. Em parceria<br />
com a FEI, trouxemos engenheiros que tinham uma boa base<br />
teórica, mas quase nenhuma prática. Isso resultou em um time<br />
de meninos — e digo meninos porque, embora alguns fossem<br />
formados, outros ainda estavam se formando —, todos com uma<br />
baita de uma vontade e uma inteligência fora do comum. E todos<br />
disputando tecnologia, inteligência e conhecimento, de uma<br />
forma muito legal, compartilhando e muito gratificante.<br />
Ou seja, você criou um mercado novo, não apenas para pilotos,<br />
mas para outros profissionais de automobilismo no<br />
Brasil. É isso?<br />
A partir de 2008 passamos não apenas a “formar” novos pilotos,<br />
mas também profissionais de corrida, mecânicos, engenheiros…<br />
Até então a gente via que o Brasil, embora seja um celeiro<br />
de pilotos, possui gente muito profissional, com muita capacidade<br />
e que necessita de reconhecimento também. Assim como<br />
os pilotos vão à base, ou seja, começam no kart para tentar<br />
chegar à Fórmula 1, eu acredito que esse caminho possa existir<br />
também para os mecânicos. A Porsche Cup tem isso, um pouco<br />
da filosofia do automobilismo internacional e de como ele funciona.<br />
Tem também a educação, ele precisa entender também que<br />
precisa ter organização, disciplina, além, é claro, do estudo e de<br />
bastante conhecimento. E, antes disso, a gente via que no Brasil<br />
ainda havia muito do “autodidata”, que tem o seu valor também,<br />
claro. Mas se você puder agregar ao talento do brasileiro, esse<br />
autodidatismo, com a teoria necessária, eu acredito que o resultado<br />
é muito maior.<br />
E quando começou a Light?<br />
Foi na metade de 2009. Vimos que havia uma necessidade de<br />
uma categoria de entrada. Tínhamos os carros que haviam sido<br />
51 | <strong>Eurobike</strong> <strong>magazine</strong>