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50 | <strong>Eurobike</strong> <strong>magazine</strong><br />
EMOÇÃO<br />
A minha história com a Porsche e com as competições de<br />
Porsche começou bem mais lá atrás. A primeira vez que eu fiz<br />
uma competição, que, na verdade, nem dá para chamar de competição,<br />
foi em 1988. Eu tinha um Porsche 914/6 que eu mesmo<br />
preparei e eu mesmo corri — corri de calça jeans —, e era uma<br />
prova muito rudimentar ainda. Era uma prova de uma associação<br />
de pilotos e carros antigos e históricos, chamada APCAH.<br />
Foi das primeiras vezes que eu tive contato com uma pista de<br />
corrida. Claro, fiz um cursinho de pilotagem com o [Expedito]<br />
Marazzi, imagine, no circuito antigo de Interlagos, ainda era o<br />
traçado original… Bom, fiz umas corridinhas, mas de forma bem<br />
amadora. A primeira prova que eu corri até ganhei. E assim foi.<br />
Acabou que misturou a paixão com a diversão. E eu sempre<br />
tive uma paixão pelos carros Porsche. Fui procurando, cada vez<br />
mais, me especializar neles. Eu tinha uma empresa em Guarulhos,<br />
que não era oficial-Porsche, mas era bem especializada<br />
na marca, pois eu cuidava de vários carros que já haviam sido<br />
importados para o Brasil. Tudo isso ainda naquela época, no<br />
fim dos anos 1980 e começo dos anos 1990. Aí, em 1997, me<br />
associei com o Régis [Schuch] — que conheci nas pistas — e<br />
montamos a Sttutgart Serviços e Peças, que era oficial-Porsche.<br />
Naquela época, eu já havia tido alguma experiência em corridas<br />
internacionais. Trabalhei lá fora em algumas provas, com<br />
alguns times alemães, sempre com Porsche, e isso nos motivou<br />
a começar essa parceria de representação da marca aqui no<br />
Brasil. Como a gente já estava ligado à marca, tanto gostávamos<br />
quanto corríamos de Porsche, a gente se aprofundou um<br />
pouco mais nas competições. O problema é que o que havia<br />
aqui no Brasil eram as corridas de longa duração, como Mil<br />
Milhas [Brasileiras], 500 Km [de Interlagos], enfim, corridas de<br />
Endurance. Eu até cheguei a correr em um 500 Km. O carro<br />
que ganhou era da nossa equipe, e o que eu estava pilotando<br />
ficou em segundo. Mas a minha forte atração nem era tanto por<br />
correr, mas por preparar os carros, montar os times, elaborar a<br />
estratégia…<br />
Quando você fala de preparar os carros você se refere a<br />
“por a mão na massa” ou de organizar a festa toda?<br />
Estou me referindo a “por a mão na massa” mesmo! Para você<br />
ter uma ideia, a primeira Mil Milhas que a gente fez eu peguei<br />
um Porsche 1971 — lá em Guarulhos ainda — e montei ele com<br />
componentes mais modernos. Eu praticamente refabriquei um<br />
Porsche 1971 que tinha 120 cv de fábrica, um carro de rua, e<br />
transformei-o em um carro de corrida com 350 cv! Com motor<br />
mais forte, freios mais fortes e tudo da linha da marca. E foi<br />
construir mesmo… E é isso o que eu curto fazer: pegar a chave<br />
de fenda, o alicate, a solda e entrar embaixo do carro. Esse foi<br />
o meu primeiro carro e a gente até escreveu nele “Made in Vila<br />
Galvão”, que era o bairro de Guarulhos onde ficava a oficina!<br />
(risos)<br />
E como esse carro ”Made in Vila Galvão” se saiu na prova?<br />
Tivemos um ótimo resultado para uma primeira participação em<br />
Mil Milhas, que foi a de 1995. Ficamos em 3º lugar, sendo que<br />
tinhamos concorrentes fortíssimos, como o time oficial da BMW<br />
com Ingo Hoffmann e Nelson Piquet, que acabaram atrás da<br />
gente, por exemplo. Naquela mesma época, ainda entre 1994<br />
e 1995, eu fui convidado por uma equipe alemã também para<br />
trabalhar em algumas corridas fora do Brasil. Foi assim que fiz<br />
duas 24 Horas de Le Mans, como mecânico de motores; fiz durante<br />
seis anos 24 Horas de Daytona, pelo mesmo time alemão;<br />
e, já em 1998, realizei um sonho, que era o de levar um carro<br />
preparado no Brasil para correr em Daytona. Na época levamos<br />
um Porsche GT2, pilotado pelo Flávio Trindade, o Régis Schuch,<br />
o André Lara Rezende e o Maurizio Sala, e terminamos em 4º<br />
lugar.<br />
Você chegou a trabalhar com Porsche também nos mundiais<br />
da FIA?<br />
Sim. Toda a minha experiência na Europa e nos Estados Unidos<br />
foi dando cada vez mais impulsos para a gente aguçar esse<br />
nosso veio ”motorsport”. Logo depois, fiz algumas provas do<br />
campeonato BPR, que passou a ser o campeonato FIA Gran