II Seminário de Flauta Doce da UFRJ - Caderno de Programação
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APRESEN<br />
TAÇÃO<br />
Não é <strong>de</strong> hoje que o papel <strong>da</strong><br />
flauta doce no cenário musical brasileiro<br />
vem sendo revisto. Instrumento popularizado<br />
pela presença maciça na educação<br />
musical infantil, a flauta doce passou<br />
a ser reconheci<strong>da</strong> também por conduzir<br />
gerações <strong>de</strong> instrumentistas à performance<br />
<strong>da</strong> música dos séculos XVI, XV<strong>II</strong><br />
e XV<strong>II</strong>I, lançando novos parâmetros <strong>de</strong><br />
interpretação e abrindo campos <strong>de</strong> pesquisa<br />
a todos que se interessam por este<br />
repertório. De outro lado, com a recente<br />
ampliação <strong>da</strong> oferta dos cursos <strong>de</strong> flauta<br />
doce nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e consequente<br />
aumento dos profissionais com sóli<strong>da</strong><br />
formação no instrumento, não têm sido<br />
poucas as parcerias entre flautistas e<br />
compositores para a criação <strong>de</strong> novas<br />
obras que permitem, aos compositores,<br />
explorar com mais liber<strong>da</strong><strong>de</strong> os recursos<br />
técnicos e artísticos <strong>da</strong> flauta doce e, aos<br />
intérpretes, ampliar e difundir o repertório<br />
brasileiro para o instrumento, em<br />
suas mais diversas linguagens.<br />
Hel<strong>de</strong>r Parente foi, talvez, o<br />
flautista brasileiro que mais atuou em<br />
ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes campos enquanto esteve<br />
profissionalmente ativo. Professor<br />
adorado por todos, viajou o Brasil entre<br />
as déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1970 e 1990, lecionando<br />
flauta doce, <strong>da</strong>nças renascentistas e metodologia<br />
Orff, suas especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Em<br />
ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> por on<strong>de</strong> passou, <strong>de</strong>ixou<br />
marcas profun<strong>da</strong>s e muitas sementes, a<br />
ponto <strong>de</strong> muitos flautistas hoje atribuírem<br />
sua escolha profissional ao contato<br />
que tiveram com ele. Na área <strong>da</strong> interpretação<br />
<strong>da</strong> música histórica, seu grupo<br />
Quadro Cervantes, no qual ingressou em<br />
1974, foi (e ain<strong>da</strong> é) uma referência para<br />
tantos intérpretes brasileiros. Vê-lo no<br />
palco era uma experiência quase hipnótica<br />
– afinal, poucos músicos conseguem<br />
se <strong>de</strong>sdobrar tão bem em múltiplas funções,<br />
e ain<strong>da</strong> ser dono <strong>de</strong> um carisma<br />
contagiante, <strong>de</strong> um humor aguçado, e<br />
<strong>de</strong> uma voz tão assertiva e po<strong>de</strong>rosa.<br />
Hel<strong>de</strong>r foi também um dos intérpretes<br />
que mais estreou obras brasileiras para<br />
flauta doce. Participou <strong>de</strong> várias bienais<br />
<strong>de</strong> música brasileira contemporânea, e<br />
sempre esteve aberto às novas propostas<br />
dos compositores. Orgulhava-se <strong>de</strong><br />
ter uma sonata <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> a ele, do compositor<br />
e musicólogo norte-americano<br />
Colin Sterne.<br />
Foi pensando em tudo o que<br />
Hel<strong>de</strong>r representou para a flauta doce<br />
no Brasil que <strong>de</strong>cidimos homenageá-lo<br />
nesta segun<strong>da</strong> edição do Seminário <strong>de</strong><br />
<strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong>. Inspirados em suas<br />
múltiplas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, i<strong>de</strong>alizamos uma<br />
programação bastante eclética, contemplando<br />
diferentes tópicos relativos<br />
à pesquisa, ensino e prática <strong>da</strong> flauta<br />
doce.<br />
A mesa que abre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
conta com dois gran<strong>de</strong>s músicos, professores<br />
e pesquisadores: Ruy Wan<strong>de</strong>rley,<br />
flautista doce, companheiro <strong>de</strong> Hel<strong>de</strong>r<br />
no Conjunto Música Antiga <strong>da</strong> Rádio<br />
MEC, e Marcelo Fagerlan<strong>de</strong>, cravista,