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II Seminário de Flauta Doce da UFRJ - Caderno de Programação

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líricas diretamente à ama<strong>da</strong> ou em an<strong>da</strong>nças pelas ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Seresta nº8 faz parte <strong>de</strong><br />

um ciclo <strong>de</strong> obras que retratam <strong>da</strong>nças e rítmos do Brasil. É constituí<strong>da</strong> por dois movimentos,<br />

ambos inspirados nas sonori<strong>da</strong><strong>de</strong>s do compositor gaúcho Ra<strong>da</strong>més Gnattali (1906-<br />

1988). O primeiro movimento, Valsa, funciona como um <strong>de</strong>licado prelúdio para o segundo<br />

movimento, Samba, <strong>de</strong> caráter mais rítmico. A peça é <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à flautista brasileira Daniele<br />

Cruz Barros.<br />

20<br />

Antonio Celso Ribeiro (1962) Danse <strong>de</strong>s fous (2009)<br />

Danse <strong>de</strong>s fous (para flautas doce sopranino e contralto e violão com scor<strong>da</strong>ttura)<br />

foi escrita como parte <strong>da</strong> trilha inci<strong>de</strong>ntal para a peça <strong>de</strong> teatro “Carta ao Pai” <strong>de</strong> Franz Kafka,<br />

encena<strong>da</strong> pela Cia Absur<strong>da</strong> <strong>de</strong> Teatro <strong>de</strong> Belo Horizonte, dirigi<strong>da</strong> por Ione <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />

em 1992 e revisa<strong>da</strong> em 2009 para fazer parte <strong>de</strong> repertório <strong>de</strong> música <strong>de</strong> concerto. É fortemente<br />

inspira<strong>da</strong> na ductia. O uso <strong>de</strong> scor<strong>da</strong>ttura é uma tentativa <strong>de</strong> evocar a lira céltica<br />

e a percussão no tampo do violão nos remete à memória do <strong>de</strong>rbake (tambor árabe).<br />

Patricia Michelini (1971) Lamento em Blues (2018)*<br />

O título <strong>de</strong>sta peça, <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> a Hel<strong>de</strong>r Parente, indica os dois gêneros que lhe servem<br />

como inspiração: o lamento, típico do período barroco, consiste em uma sequência<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> notas e progressões harmônicas que se repetem como base para variações<br />

melódicas; o blues, <strong>de</strong> tradição afro-americana, se utiliza <strong>de</strong> harmonias específicas<br />

em sequências repetitivas, sobre as quais se <strong>de</strong>clamam frases melódicas. Ambos os gêneros<br />

têm caráter melancólico e possibilitam diálogos belos e cúmplices entre as vozes. Para<br />

valorizar tais características, são explorados recursos técnicos que enfatizam a expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

nas flautas doces.<br />

Sérgio <strong>de</strong> Vasconcellos Corrêa (1934 Moacaretá (1974)<br />

Música instrumental <strong>da</strong> tribo Tukano - Dança dos Miranhas I - Dança dos Miranhas <strong>II</strong> -<br />

Auãn - Fuga<br />

Por Lucia Carpena (2018): Conheci Moacaretá pelas mãos do inesquecível Hel<strong>de</strong>r<br />

Parente, em uma <strong>da</strong>s muitas Oficinas <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Curitiba que frequentei, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

primeiro momento me chamou a atenção a presença <strong>de</strong> elementos <strong>da</strong> cultura indígena<br />

brasileira, a começar pelo título. Era algo que eu jamais havia visto no repertório <strong>da</strong> flauta<br />

doce e me fez repensar, além do próprio repertório ao qual eu estava acostuma<strong>da</strong>, o que<br />

significava tocar flauta doce no Brasil, o que era ser uma flautista brasileira. Para além do<br />

título, a obra ain<strong>da</strong> traz ao longo <strong>de</strong> seus cinco movimentos outros elementos indígenas.<br />

No primeiro movimento, Música Instrumental <strong>da</strong> Tribo Tukano, a melodia indígena<br />

se apresenta em segun<strong>da</strong>s paralelas (talvez emulando a sonori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s flautas que<br />

este grupo possa ter utilizado?), numa sonori<strong>da</strong><strong>de</strong> que até hoje me soa <strong>de</strong>safiadora. Nos<br />

dois movimentos seguintes, Dança dos Miranhas I e Dança dos Miranhas <strong>II</strong>, Vasconcellos<br />

Corrêa utiliza os temas recolhidos pelos viajantes Spix e Martius junto à tribo homônima,<br />

entre 1818 e 1820. Na segun<strong>da</strong> <strong>da</strong>nça, outro recurso que também talvez tenha sido usado<br />

por Vasconcellos Corrêa para emular as flautas indígenas: o uso <strong>de</strong> dois pares <strong>de</strong> garrafas<br />

afina<strong>da</strong>s com água <strong>de</strong>ntro, uma com intervalo <strong>de</strong> 5ª justa e outra, em 3ª menor. O efeito é<br />

mágico, misterioso, e sempre <strong>de</strong>sperta gran<strong>de</strong> atenção do público. O quarto movimento,<br />

Auãn – <strong>Flauta</strong> Juruna (grupo do Baixo Xingu), escrito para flauta soprano solo, é um gran<strong>de</strong>

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