II Seminário de Flauta Doce da UFRJ - Caderno de Programação
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ESCOLA DE MÚSICA DA <strong>UFRJ</strong> . 170 ANOS<br />
<strong>II</strong><br />
SEMINÁRIO<br />
DE FLAUTA<br />
DOCE DA <strong>UFRJ</strong><br />
8 a 10 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2018<br />
Patricia Michelini - Coor<strong>de</strong>nação geral<br />
Eduardo Antonello - Coor<strong>de</strong>nação<br />
Carine Lemos - Monitoria<br />
Agra<strong>de</strong>cimentos<br />
Enido Michelini (criação do logotipo)<br />
Apoio<br />
lab.flauta<br />
Escola <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong><br />
Prédio Principal<br />
Rua do Passeio, 98 - Lapa, Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
https://flautadoceufrj.webno<strong>de</strong>.com/<br />
WWW.MUSICA.<strong>UFRJ</strong>.BR
2<br />
APRESEN<br />
TAÇÃO<br />
Não é <strong>de</strong> hoje que o papel <strong>da</strong><br />
flauta doce no cenário musical brasileiro<br />
vem sendo revisto. Instrumento popularizado<br />
pela presença maciça na educação<br />
musical infantil, a flauta doce passou<br />
a ser reconheci<strong>da</strong> também por conduzir<br />
gerações <strong>de</strong> instrumentistas à performance<br />
<strong>da</strong> música dos séculos XVI, XV<strong>II</strong><br />
e XV<strong>II</strong>I, lançando novos parâmetros <strong>de</strong><br />
interpretação e abrindo campos <strong>de</strong> pesquisa<br />
a todos que se interessam por este<br />
repertório. De outro lado, com a recente<br />
ampliação <strong>da</strong> oferta dos cursos <strong>de</strong> flauta<br />
doce nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e consequente<br />
aumento dos profissionais com sóli<strong>da</strong><br />
formação no instrumento, não têm sido<br />
poucas as parcerias entre flautistas e<br />
compositores para a criação <strong>de</strong> novas<br />
obras que permitem, aos compositores,<br />
explorar com mais liber<strong>da</strong><strong>de</strong> os recursos<br />
técnicos e artísticos <strong>da</strong> flauta doce e, aos<br />
intérpretes, ampliar e difundir o repertório<br />
brasileiro para o instrumento, em<br />
suas mais diversas linguagens.<br />
Hel<strong>de</strong>r Parente foi, talvez, o<br />
flautista brasileiro que mais atuou em<br />
ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes campos enquanto esteve<br />
profissionalmente ativo. Professor<br />
adorado por todos, viajou o Brasil entre<br />
as déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1970 e 1990, lecionando<br />
flauta doce, <strong>da</strong>nças renascentistas e metodologia<br />
Orff, suas especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Em<br />
ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> por on<strong>de</strong> passou, <strong>de</strong>ixou<br />
marcas profun<strong>da</strong>s e muitas sementes, a<br />
ponto <strong>de</strong> muitos flautistas hoje atribuírem<br />
sua escolha profissional ao contato<br />
que tiveram com ele. Na área <strong>da</strong> interpretação<br />
<strong>da</strong> música histórica, seu grupo<br />
Quadro Cervantes, no qual ingressou em<br />
1974, foi (e ain<strong>da</strong> é) uma referência para<br />
tantos intérpretes brasileiros. Vê-lo no<br />
palco era uma experiência quase hipnótica<br />
– afinal, poucos músicos conseguem<br />
se <strong>de</strong>sdobrar tão bem em múltiplas funções,<br />
e ain<strong>da</strong> ser dono <strong>de</strong> um carisma<br />
contagiante, <strong>de</strong> um humor aguçado, e<br />
<strong>de</strong> uma voz tão assertiva e po<strong>de</strong>rosa.<br />
Hel<strong>de</strong>r foi também um dos intérpretes<br />
que mais estreou obras brasileiras para<br />
flauta doce. Participou <strong>de</strong> várias bienais<br />
<strong>de</strong> música brasileira contemporânea, e<br />
sempre esteve aberto às novas propostas<br />
dos compositores. Orgulhava-se <strong>de</strong><br />
ter uma sonata <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> a ele, do compositor<br />
e musicólogo norte-americano<br />
Colin Sterne.<br />
Foi pensando em tudo o que<br />
Hel<strong>de</strong>r representou para a flauta doce<br />
no Brasil que <strong>de</strong>cidimos homenageá-lo<br />
nesta segun<strong>da</strong> edição do Seminário <strong>de</strong><br />
<strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong>. Inspirados em suas<br />
múltiplas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, i<strong>de</strong>alizamos uma<br />
programação bastante eclética, contemplando<br />
diferentes tópicos relativos<br />
à pesquisa, ensino e prática <strong>da</strong> flauta<br />
doce.<br />
A mesa que abre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
conta com dois gran<strong>de</strong>s músicos, professores<br />
e pesquisadores: Ruy Wan<strong>de</strong>rley,<br />
flautista doce, companheiro <strong>de</strong> Hel<strong>de</strong>r<br />
no Conjunto Música Antiga <strong>da</strong> Rádio<br />
MEC, e Marcelo Fagerlan<strong>de</strong>, cravista,
docente <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong>.<br />
Ambos falam sobre as primeiras manifestações<br />
musicais com flauta doce e<br />
cravo no cenário carioca do século XX,<br />
baseando-se em suas pesquisas e em<br />
suas próprias trajetórias pessoais. As<br />
oficinas do Seminário abor<strong>da</strong>m as duas<br />
pontas <strong>da</strong> história <strong>da</strong> flauta doce: <strong>de</strong> um<br />
lado, Pedro Hasselmann Novaes, um dos<br />
raros especialistas em música medieval<br />
no Brasil, trata do uso <strong>da</strong> flauta no<br />
repertório <strong>da</strong>quele período; <strong>de</strong> outro,<br />
David Castelo, docente <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, ativo intérprete e pensador<br />
<strong>da</strong> flauta doce, abor<strong>da</strong> assuntos<br />
recentemente discutidos em sua pesquisa<br />
<strong>de</strong> doutorado sobre música contemporânea<br />
e técnicas estendi<strong>da</strong>s no instrumento.<br />
David divi<strong>de</strong> a oficina com o<br />
renomado compositor Liduíno Pitombeira,<br />
docente <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong>,<br />
que fala sobre sua importante produção<br />
para flauta doce.<br />
Duas palestras completam a<br />
programação acadêmica: Alfredo Zaine,<br />
flautista doce que recentemente concluiu<br />
mestrado na Alemanha, aponta novos<br />
caminhos <strong>de</strong> produção e difusão <strong>de</strong><br />
conteúdo para flauta doce por meio <strong>de</strong><br />
uma plataforma digital; e o musicólogo<br />
francês Benoît Dratwicki, do Centro <strong>de</strong><br />
Música Barroca <strong>de</strong> Versalhes, nos brin<strong>da</strong><br />
com parte <strong>de</strong> sua imensa pesquisa sobre<br />
música francesa do período barroco,<br />
abor<strong>da</strong>ndo o uso dos instrumentos <strong>de</strong><br />
sopro na Ópera <strong>de</strong> Paris durante aquele<br />
período.<br />
O seminário tem ain<strong>da</strong> três concertos<br />
em sua programação artística. O<br />
Conjunto Música Antiga <strong>da</strong> UFF faz um<br />
programa em homenagem a Maximiliano<br />
I, um dos primeiros gran<strong>de</strong>s patronos<br />
<strong>da</strong> música, ativo na vira<strong>da</strong> do século XV<br />
para o XVI. Pedro Novaes conduz seu<br />
conjunto Atempo pelas sonori<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
dos instrumentos “baixos”, ou suaves,<br />
<strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média, em um repertório surpreen<strong>de</strong>ntemente<br />
alegre e festivo. E o<br />
Flustres Ensemble, dirigido por David<br />
Castelo e Patricia Michelini, apresenta<br />
uma seleção <strong>de</strong> obras brasileiras para<br />
flauta doce, incluindo a estreia <strong>de</strong> duas<br />
peças inéditas.<br />
Com a realização do <strong>II</strong> Seminário<br />
<strong>de</strong> <strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong>, a Escola <strong>de</strong> Música<br />
<strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong> reafirma seu compromisso com<br />
a produção e difusão <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong><br />
alto nível sobre este instrumento, sempre<br />
cui<strong>da</strong>ndo para tornar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
acessíveis não só aos alunos, como para<br />
a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes, profissionais<br />
e apreciadores em geral. Ain<strong>da</strong> que<br />
seja <strong>de</strong>safiante prestar homenagem à altura<br />
<strong>de</strong> um músico tão importante quanto<br />
Hel<strong>de</strong>r Parente, sem po<strong>de</strong>r contar<br />
com a participação <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as pessoas<br />
que lhe eram queri<strong>da</strong>s, esperamos que o<br />
espírito agregador e a paixão pela flauta<br />
doce que o caracterizavam possam estar<br />
aqui presentes, e nos sirvam sempre <strong>de</strong><br />
exemplo e inspiração.<br />
Patricia Michelini<br />
Coor<strong>de</strong>nadora do<br />
<strong>II</strong> SEMINÁRIO DE<br />
FLAUTA DOCE DA <strong>UFRJ</strong><br />
3
14h às 15h - Sala <strong>da</strong> Congregação<br />
Abertura e cre<strong>de</strong>nciamento dos participantes<br />
Patricia Michelini<br />
MAIO 2018<br />
08.05<br />
Terça-feira<br />
15h30 às 17h30 - Sala <strong>da</strong> Congregação<br />
Mesa: Os pioneiros <strong>da</strong> flauta doce e do cravo no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Homenagem a Hel<strong>de</strong>r Parente<br />
Marcelo Fagerlan<strong>de</strong><br />
Ruy Wan<strong>de</strong>rley<br />
Mediação: Clara Albuquerque<br />
19h - Salão Leopoldo Miguez<br />
Concerto <strong>de</strong> abertura: Triunfos <strong>de</strong> Maximiliano I<br />
Conjunto Música Antiga <strong>da</strong> UFF<br />
09.05<br />
Quarta-feira<br />
14h às 15h - Sala <strong>da</strong> Congregação<br />
Palestra 1: Produção <strong>de</strong> conteúdo sobre flauta doce para plataformas digitais<br />
Alfredo Zaine<br />
15h30 às 17h30 - Sala <strong>da</strong> Congregação<br />
Oficina 1: Música contemporânea para flauta doce<br />
David Castelo<br />
Liduíno Pitombeira<br />
19h - Sala <strong>da</strong> Congregação<br />
Concerto: Sopros <strong>da</strong> Baixa I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média<br />
Conjunto Atempo<br />
Direção: Pedro Hasselmann Novaes<br />
10.05<br />
Quinta-feira<br />
14h às 15h - Sala <strong>da</strong> Congregação<br />
Palestra 2: Os instrumentos <strong>de</strong> sopro na Ópera <strong>de</strong> Paris durante o século XV<strong>II</strong>I<br />
Benoît Dratwicki<br />
15h às 17h - Sala <strong>da</strong> Congregação<br />
Oficina 2: A flauta doce na música medieval<br />
Pedro Hasselmann Novaes<br />
18h - Sala <strong>da</strong> Congregação<br />
Concerto <strong>de</strong> Encerramento: Música contemporânea brasileira para flauta doce<br />
Flustres Ensemble<br />
Direção: David Castelo & Patricia Michelini
<strong>Programação</strong><br />
Acadêmica
Mesa<br />
Os pioneiros <strong>da</strong> flauta doce e do cravo<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
6<br />
Baseados em suas pesquisas e nas próprias trajetórias pessoais, Marcelo<br />
Fagerlan<strong>de</strong> e Ruy Wan<strong>de</strong>rley falam sobre as primeiras manifestações musicais envolvendo<br />
o cravo e a flauta doce no Rio <strong>de</strong> Janeiro, a partir <strong>da</strong> vin<strong>da</strong> <strong>de</strong> imigrantes<br />
europeus nos anos 1940. Mediação <strong>de</strong> Clara Albuquerque.<br />
Marcelo Fagerlan<strong>de</strong> possui Graduação em Cravo pela Staatliche Hochschule<br />
für Musik und Daarstellen<strong>de</strong> Kunst Stuttgart (1986), Mestrado em Musicologia<br />
pelo Conservatório Brasileiro <strong>de</strong> Música - Centro Universitário (1993), Doutorado<br />
em Musicologia pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (2002)<br />
e Pós-Doutorado pelo Institut <strong>de</strong> recherche sur le patrimoine musical en France<br />
(2005). É professor associado <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> realiza<br />
há 15 anos a Semana do Cravo <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong>. Tem experiência na área <strong>de</strong> Artes, com<br />
ênfase em Práticas Interpretativas, atuando principalmente nos seguintes temas:<br />
cravo, música barroca, Brasil - séculos XV<strong>II</strong>I e XIX e ópera barroca.<br />
Ruy Wan<strong>de</strong>rley é professor <strong>de</strong> flauta doce no Conservatório Brasileiro<br />
<strong>de</strong> Música <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1968. Sua formação neste instrumento <strong>de</strong>u-se com Helle Tirler<br />
(1965-85) e Ferdinand Conrad (1975). É Especialista em Educação Musical pela<br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (1984). Lecionou na PUC-RJ<br />
(1970-1980) e na UNIRIO (1978-1995); integrou o Conjunto Música Antiga <strong>da</strong> Rádio<br />
MEC (1965-1990) e dirigiu os conjuntos Música Antiga <strong>da</strong> PUC (1970-80), Estúdio<br />
Musicante (1968-2015) e do Seminário Teológico Batista (1977-1983). Atua<br />
como regente <strong>de</strong> coros no Rio <strong>de</strong> Janeiro.
Palestra 1<br />
Produção <strong>de</strong> conteúdo sobre flauta doce para<br />
plataformas digitais<br />
Nesta palestra, Alfredo Zaine discute formas <strong>de</strong> acesso ao conteúdo produzido<br />
sobre flauta doce na internet por meio <strong>de</strong> uma plataforma colaborativa - o<br />
lab.flauta, que é manti<strong>da</strong> por ele e pelo flautista Daniel Figueiredo.<br />
7<br />
Alfredo Zaine, flautista<br />
doce, é mestre em música<br />
pela Escola Superior <strong>de</strong><br />
Música e Artes <strong>de</strong> Stuttgart<br />
(Alemanha). Realizou concertos<br />
na Itália, Holan<strong>da</strong>, França,<br />
China, Namíbia e Vietnã. Dentre<br />
as gravações que participou,<br />
<strong>de</strong>stacam-se os álbuns<br />
Der Arme Konrad 1514 e Reformation<br />
in Württemberg,<br />
Lie<strong>de</strong>r und Stimmen <strong>de</strong>r Reformation,<br />
realizados a convite<br />
do Arquivo Estadual <strong>de</strong><br />
Ba<strong>de</strong>n-Württemberg, e uma<br />
gravação <strong>da</strong>s cantatas BWV18<br />
e 71 <strong>de</strong> Johann Sebastian Bach<br />
para a rádio SWR2, <strong>de</strong> Stuttgart.<br />
Atualmente leciona flauta<br />
doce como professor substituto<br />
no Instituto <strong>de</strong> Artes <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual Paulista<br />
- Unesp.
Palestra 2<br />
Os instrumentos <strong>de</strong> sopro na Ópera <strong>de</strong> Paris<br />
durante o século XV<strong>II</strong>I<br />
8<br />
O musicólogo Benoît Dratwicki abor<strong>da</strong> nesta palestra a evolução do tamanho<br />
e a organização <strong>da</strong> orquestra <strong>da</strong> Ópera <strong>de</strong> Paris <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> Lully<br />
até a Revolução Francesa. A questão dos instrumentos <strong>de</strong> sopro é particularmente<br />
significativa neste processo, consi<strong>de</strong>rando-se o <strong>de</strong>senvolvimento do estilo musical<br />
do barroco à era romântica.<br />
Historiador e teórico especializado<br />
em ópera francesa do século XV<strong>II</strong>I,<br />
Benoît Dratwicki é diretor artístico do<br />
Centro <strong>de</strong> Música Barroca <strong>de</strong> Versalhes<br />
(França) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006. Estudou violoncelo<br />
e fagote no Conservatório <strong>de</strong> Metz e<br />
Musicologia na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Sorbonne,<br />
em Paris. É autor <strong>de</strong> várias publicações<br />
aclama<strong>da</strong>s pela crítica, tais como a<br />
primeira biografia conheci<strong>da</strong> do diretor<br />
<strong>da</strong> ópera <strong>de</strong> Paris, Antoine Dauvergne,<br />
e uma monografia sobre o compositor<br />
François Colin <strong>de</strong> Blamont. Preparou edições<br />
mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> diversas obras barrocas,<br />
possibilitando que muitas <strong>de</strong>las fossem<br />
apresenta<strong>da</strong>s ao público <strong>de</strong> hoje em<br />
produções atuais. Escreve regularmente<br />
notas para os encartes <strong>de</strong> prestigia<strong>da</strong>s<br />
gravadoras, tais como para a coleção <strong>de</strong><br />
óperas francesas grava<strong>da</strong>s pelo grupo<br />
Concert Spirituel para o selo Glossa. Dentre<br />
os anos <strong>de</strong> 1996 e 2008, colaborou<br />
com o ensemble L’Astrée, do qual foi co-<br />
-fun<strong>da</strong>dor, preparando um gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> arranjos <strong>de</strong> composições históricas.<br />
Realizou ain<strong>da</strong> trabalhos semelhantes<br />
para a Orquestra Filarmônica <strong>de</strong> Bruxelas<br />
e para o grupo Le Cercle <strong>de</strong> l’Harmonie.<br />
Benoît contribuiu para algumas <strong>da</strong>s mais<br />
relevantes co-produções internacionais<br />
que introduziram o público estrangeiro<br />
ao repertório histórico <strong>de</strong> regiões menos<br />
conheci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> França, por meio <strong>de</strong> concertos,<br />
produções operísticas e gravações<br />
em CD e DVD.
Oficinas
Oficina 1<br />
Música contemporânea para flauta doce<br />
10<br />
Em uma abor<strong>da</strong>gem prática, o flautista David Castelo apresenta alguns<br />
recursos que fazem parte do conjunto <strong>de</strong> técnicas estendi<strong>da</strong>s para flauta doce,<br />
explicando sua realização e <strong>de</strong> que forma é possível usá-los expressivamente no<br />
repertório. O compositor Liduíno Pitombeira complementa a oficina falando <strong>de</strong><br />
sua produção para flauta doce e discutindo, junto a David, como a<strong>da</strong>ptar algumas<br />
<strong>de</strong> suas obras não originais para o instrumento.<br />
David Castelo é professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (UFG) e doutor<br />
pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual Paulista<br />
(Unesp); graduou-se em flauta doce pela<br />
Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> Santa Marcelina (SP), na classe<br />
<strong>da</strong> prof. Isa Poncet. No período <strong>de</strong> 1998 a<br />
2003, estudou no Conservatório Real <strong>de</strong><br />
Haia (Holan<strong>da</strong>), orientado por Reine-Marie<br />
Verhagen e Peter van Heyghen. Nesta<br />
instituição obteve o “The Post-Graduate<br />
Certificate for Advanced Studies”; o “The<br />
First Phase Diploma” e o “The Second<br />
Phase Diploma” (Master’s of Music - Soloist<br />
Diploma), sendo, essa última, a mais<br />
alta titulação em performance <strong>da</strong><strong>da</strong> a um<br />
instrumentista na Europa. Ao longo <strong>de</strong> sua<br />
formação, foi aluno regular <strong>de</strong> Valéria Bittar,<br />
Cléa Galhano e Sébastien Marq; e frequentou<br />
masterclasses com Hélcio Müller,<br />
Ricardo Kanji, Kees Boeke, Dorothea Winter,<br />
Hugo Reyne e Marion Verbruggen.<br />
Tem trabalhado na criação e implementação<br />
<strong>de</strong> projetos culturais, <strong>de</strong>stacando-se<br />
a Coor<strong>de</strong>nação dos Colóquios <strong>de</strong><br />
Música Antiga <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Goiás (UFG), cuja primeira edição <strong>de</strong>u-se<br />
em 2009. Nos anos <strong>de</strong> 2015 e 2016, David<br />
Castelo foi convi<strong>da</strong>do pela Yamaha Musical<br />
do Brasil para fazer o lançamento nacional<br />
<strong>da</strong>s flautas soprano e contralto <strong>da</strong> linha<br />
ecológica (YRS-402B e YRA-402B).<br />
Como professor e concertista,<br />
tem participado dos seguintes eventos:<br />
Festival <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Londrina, Paraná -<br />
2007; Curso Internacional <strong>de</strong> Música <strong>de</strong><br />
Brasília, 2009 e 2012; Festival <strong>de</strong> Música<br />
Antiga <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong>, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2012; American Recor<strong>de</strong>r<br />
Society 2012 Festival, Portland (EUA); The<br />
Latin American Music Center Guest Series - Indiana<br />
University – (EUA), 2012 e 2013; Palestrante no<br />
Early Music Department (Royal Conservatory The<br />
Hague), Holan<strong>da</strong>, 2013; Festival Internacional <strong>de</strong><br />
Música <strong>da</strong> UFG, Goiânia (GO), 2009, 2012 e 2013;<br />
I Mostra Internacional <strong>de</strong> <strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> AULUS, Florianópolis<br />
(SC), 2013; I Seminário <strong>de</strong> <strong>Flauta</strong> doce <strong>da</strong><br />
<strong>UFRJ</strong>, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2015; Festival Internacional <strong>de</strong><br />
Música Colonial Brasileira e Música Antiga <strong>de</strong> Juiz<br />
<strong>de</strong> Fora (MG), 2015 e 2017; <strong>II</strong>I Festival Internacional<br />
<strong>de</strong> Música Barroca <strong>de</strong> Salta, Argentina, 2017; XX<strong>II</strong><br />
Bienal <strong>de</strong> Música Brasileira Contemporânea, Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, 2017.
Liduino Pitombeira (Russas-Ceará,<br />
1962) é professor <strong>de</strong> composição <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong><br />
Música <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
(<strong>UFRJ</strong>). É doutor em composição e teoria<br />
pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Louisiana (EUA)<br />
on<strong>de</strong> estudou com Dinos Constantini<strong>de</strong>s. Lecionou<br />
composição, orquestração e técnicas<br />
composicionais contemporâneas, <strong>de</strong> 2004 a<br />
2006, na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Louisiana,<br />
on<strong>de</strong> já vinha atuando como instrutor bolsista<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001. Foi professor substituto <strong>de</strong> harmonia,<br />
contraponto e análise <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Estadual do Ceará (1996-1998). Estudou composição<br />
e harmonia com Van<strong>da</strong> Ribeiro Costa<br />
(1985-91), Tarcísio José <strong>de</strong> Lima (1985-88) e<br />
José Alberto Kaplan (1991-98). Durante doze<br />
anos (1986-1998) atuou como instrumentista<br />
e diretor musical do Syntagma, um grupo <strong>de</strong>dicado<br />
à performance e à pesquisa <strong>da</strong> música<br />
antiga e <strong>da</strong> música nor<strong>de</strong>stina.<br />
Suas obras têm sido executa<strong>da</strong>s<br />
pelos mais relevantes grupos e orquestras<br />
brasileiras, bem como por renomados intérpretes<br />
estrangeiros. Recebeu importantes<br />
premiações em concursos <strong>de</strong> composição no<br />
Brasil, <strong>de</strong>stacando-se o 1o Prêmio no I Concurso<br />
Nacional Camargo Guarnieri, por sua<br />
obra Suite Guarnieri, para orquestra <strong>de</strong> cor<strong>da</strong>s,<br />
e o 1o Prêmio no Concurso Sinfonia dos 500<br />
Anos, por sua tese <strong>de</strong> mestrado, Uma Len<strong>da</strong><br />
Indígena Brasileira, para orquestra sinfônica.<br />
Em março <strong>de</strong> 2004 recebeu, nos Estados Unidos,<br />
o prêmio “2003 MTNA-Shepherd Distinguished<br />
Composer of the Year” (Compositor<br />
do Ano) por seu trio com piano Brazilian Landscapes<br />
No.1. Mais recentemente, obteve em<br />
2005 o 1o Prêmio no “Sigma Alpha Iota’s Inter-American<br />
Music Awards competition” com<br />
a obra Brazilian Landscapes No.2 para quinteto<br />
<strong>de</strong> metais, e em 2006 o 1o Prêmio no “Kean<br />
University competition” com a obra Brazilian<br />
Landscapes No.6 para quinteto <strong>de</strong> cor<strong>da</strong>s.<br />
Suas obras são publica<strong>da</strong>s pela Edition Peters,<br />
Bella Musica, Conners, Alry, RioArte, e<br />
Irmãos Vitale.<br />
Pitombeira vem tendo diversas<br />
obras grava<strong>da</strong>s regularmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997.<br />
Destaca-se em 2007 a gravação <strong>da</strong> Seresta<br />
No.15, para violoncelo, piano, soprano e<br />
percussão e <strong>da</strong> Sonata para violoncelo e<br />
piano No.1 no CD Seresta: Musik aus Sü<strong>da</strong>merika,<br />
do violoncelista suiço Martin<br />
Merker. É membro <strong>da</strong> College Music Society,<br />
Society of Composers e Associação<br />
Nacional <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação<br />
em Música (ANPPOM). Suas pesquisas em<br />
composição e teoria musicais têm sido publica<strong>da</strong>s<br />
em diversos periódicos e apresenta<strong>da</strong>s<br />
em diversos congressos no Brasil e no<br />
exterior.<br />
11
Oficina 2<br />
A flauta doce na música medieval<br />
Neste encontro, Pedro Hasselmann Novaes fala sobre o surgimento <strong>da</strong><br />
flauta doce na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média, realizando na sequência uma prática musical coletiva<br />
<strong>de</strong> peças <strong>da</strong>quele período. A oficina é livre para ouvintes e aberta à participação<br />
<strong>de</strong> músicos <strong>de</strong> qualquer instrumento, mediante inscrição, com priori<strong>da</strong><strong>de</strong> para os<br />
estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> flauta doce. No repertório proposto estão <strong>da</strong>nças medievais e canções<br />
<strong>da</strong> coletânea espanhola Livro Vermelho <strong>de</strong> Montserrat.<br />
12<br />
Pedro Hasselmann Novaes vem<br />
consoli<strong>da</strong>ndo sua carreira musical como<br />
multi-instrumentista, especialmente requisitado<br />
por grupos e projetos voltados para<br />
a música medieval, renascentista e barroca.<br />
Como bolsista do governo francês, estudou<br />
com o flautista doce Pierre Hamon no<br />
Conservatório Érik Satie, em Paris (1996-<br />
98), formando-se com o Primeiro Prêmio<br />
e Menção no concurso dos conservatórios<br />
<strong>de</strong>sta ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (1998), on<strong>de</strong> seguiu também<br />
os estudos no Centre <strong>de</strong> Musique Médiévale<br />
<strong>de</strong> Paris. No Brasil, foi aluno <strong>de</strong> Mário<br />
Orlando Guimarães e <strong>de</strong> Laura Rónai. Graduado em<br />
Licenciatura em Música (2003) e Mestre em Musicologia<br />
(2008) pela UNIRIO, com bolsa do CNPq, é doutorando<br />
pela mesma universi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Foi professor <strong>de</strong><br />
<strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> e <strong>de</strong> História <strong>da</strong> Música no Conservatório<br />
Brasileiro <strong>de</strong> Música (2011-2015) e atuou como professor<br />
Substituto <strong>de</strong> <strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> na <strong>UFRJ</strong>, on<strong>de</strong> lecionou<br />
nos anos <strong>de</strong> 2008, 2009, 2013 e 2016. Lecionou<br />
o instrumento em escolas, projetos, festivais e cursos<br />
livres.<br />
Integra o conjunto <strong>de</strong> música medieval<br />
Atempo, com o qual gravou os CDs O Trovador <strong>da</strong><br />
Virgem (distribuição Sono-Viso Vozes, 2001) e Estilo<br />
novo, nova arte, com patrocínio <strong>da</strong> Petrobras (2011).<br />
É membro também do Co<strong>de</strong>x Sanctissima, grupo <strong>de</strong><br />
música religiosa medieval e renascentista com o qual<br />
gravou o CD Rosa <strong>da</strong>s Rosas (2014). Nestes grupos,<br />
toca flautas, gaita <strong>de</strong> foles e viela <strong>de</strong> arco, instrumentos<br />
com os quais também tem feito participações em<br />
concertos e gravações (CDs Sem mim, Grupo Corpo,<br />
2011 e Annua Gaudia: a música do Caminho <strong>de</strong> Santiago,<br />
Conjunto Longa Florata, 1999).<br />
Em 2015-16 participou como músico do<br />
projeto Sempre Seu, <strong>da</strong> Companhia <strong>de</strong> Dança Márcia<br />
Milhazes, e também <strong>de</strong> sua ocupação artística com<br />
Beatriz Milhazes no Espaço Oi Futuro do Flamengo.<br />
Seguiu participando <strong>da</strong> continuação <strong>de</strong>ste projeto<br />
com o espetáculo Guar<strong>da</strong>-me (2017), cuja narrativa<br />
contemporânea é comenta<strong>da</strong> com repertórios e instrumentos<br />
<strong>de</strong> época (<strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média ao Barroco),<br />
com apresentações nos SESCs do Rio <strong>de</strong> Janeiro, São<br />
Paulo, Campinas e no encerramento do FESTIDANÇA<br />
<strong>de</strong> São José dos Campos (28ª Edição). Dentre seus trabalhos<br />
mais recentes estão a participação na XX<strong>II</strong> Bienal<br />
<strong>de</strong> Música Brasileira Contemporânea (FUNARTE,<br />
Outubro <strong>de</strong> 2017) e as gravações <strong>da</strong> trilha sonora <strong>da</strong><br />
novela <strong>de</strong> época Deus Salve o Rei (Re<strong>de</strong> Globo, 2018).
<strong>Programação</strong><br />
Artística
Concerto <strong>de</strong> Abertura<br />
Triunfos <strong>de</strong> Maximiliano I<br />
8 <strong>de</strong> maio, 19h<br />
Salão Leopoldo Miguez – Escola <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong><br />
PROGRAMA<br />
14<br />
Michael Praetorius (1571-1621)<br />
Heinrich Isaac (1445-1517)<br />
Ludwig Senfl (1492-1555)<br />
Michael Praetorius (1571-1621)<br />
Ludwig Senfl (1492-1555)<br />
Courant<br />
Insbruck, ich muß<br />
Ich weiß nit, was er ihr verhieß<br />
Es taget vor <strong>de</strong>m Wal<strong>de</strong><br />
Ballet<br />
Bourrés<br />
Im Maien<br />
Wann ich <strong>de</strong>s Morgens früeh aufsteh<br />
Ach Elslein, liebes Elselein<br />
Ach Elslein – Es taget<br />
Es het ein bi<strong>de</strong>r man
CONJUNTO<br />
MÚSICA<br />
ANTIGA<br />
DA UFF<br />
Leandro Men<strong>de</strong>s<br />
Lenora Pinto Men<strong>de</strong>s<br />
Marcio Paes Selles<br />
Mario Orlando<br />
Virgínia Van <strong>de</strong> Lin<strong>de</strong>n<br />
Notas<br />
Maximiliano I, rei dos Romanos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1486 e Imperador do Sacro Império Romano<br />
<strong>de</strong> 1493 a 1519, foi o primeiro <strong>da</strong> Dinastia dos<br />
Habsburgos a se tornar um importante patrono <strong>da</strong><br />
música. Através <strong>de</strong> seus dois casamentos, um com<br />
Maria <strong>de</strong> Borgundia e o outro com Bianca Maria<br />
Sforza esteve em contato com os mais importantes<br />
centros irradiadores <strong>da</strong> cultura do Renascimento<br />
Europeu nos países baixos e na Itália que serviram<br />
<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para a formação <strong>de</strong> sua corte em Viena.<br />
Nesse tempo importantes compositores estiveram<br />
ao seu serviço como Heinrich Isaac e Ludwig Senfl.<br />
Em 1492 durante uma viagem a Itália conheceu e<br />
empregou Heinrich Isaac em sua capela em Viena<br />
nomeando-o holfkomponist em 1497. Ludwig Senfl<br />
entrou na Holfkapelle <strong>de</strong> Viena como menino cantor<br />
em 1496 e recebeu educação musical <strong>de</strong> Isaac<br />
suce<strong>de</strong>ndo-o como compositor <strong>da</strong> corte.<br />
Em 1490, ao assumir o controle dos territórios<br />
do Tirol, Maximiliano I fez <strong>de</strong> Insbruck sua<br />
residência. Maximiliano foi um entusiasta e generoso<br />
patrono <strong>da</strong> música e <strong>da</strong>s artes. As xilogravuras<br />
intitula<strong>da</strong>s “Triunfo <strong>de</strong> Maximiliano”, <strong>de</strong>senha<strong>da</strong>s<br />
por Burgkmair sob a orientação do imperador<br />
mostram, em uma espécie <strong>de</strong> carros alegóricos,<br />
todos os músicos e instrumentos <strong>de</strong> sua corte tocando<br />
flautas, trumpetes, tambores, alaú<strong>de</strong>s, violas<br />
<strong>da</strong> gamba, charamelas e krumhorns; o organista<br />
Hofhaimer, 20 cantores além <strong>de</strong> um consorte <strong>de</strong><br />
câmara, trombones e cornetos. O programa apresentará<br />
uma série <strong>de</strong> canções no estilo “tenorlied”<br />
e “quodliebts” e será entremeado por <strong>da</strong>nças <strong>da</strong><br />
Suite Terpsichore, coletânea organiza<strong>da</strong> pelo compositor,<br />
organista e escritor alemão Michael Praetorius.<br />
15
Concerto<br />
Sopros <strong>da</strong> Baixa I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média<br />
9 <strong>de</strong> maio, 19h<br />
Sala <strong>da</strong> Congregação – Escola <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong><br />
PROGRAMA<br />
16<br />
Louvores ibéricos<br />
Anônimo catalão (século XIV) Cuncti simus concanentes<br />
Cantiga <strong>de</strong> Santa Maria Cantigas <strong>de</strong> Santa Maria nº199 e 77<br />
Cantigas <strong>de</strong> maio francesas<br />
Lamento <strong>de</strong> Ricardo Coração <strong>de</strong> Leão<br />
(1157-1199) Ja nun hons pris<br />
Pastorela francesa anônima<br />
(século X<strong>II</strong>I)<br />
C’est en mai au moi d’esté<br />
Jeu-parti <strong>de</strong> Jean Bretel<br />
(c. 1210-1272)<br />
Grievilier<br />
Canção <strong>de</strong> reencontro <strong>de</strong><br />
Moniot <strong>de</strong> Paris (ativo após 1250) Je chevauchoie<br />
Polifonias e <strong>da</strong>nças italianas<br />
Bartolino <strong>da</strong> Padova (1365-c.1405)<br />
Anônimo italiano (c.1430)<br />
Madrigal italiano anônimo<br />
(século XIV)<br />
Dança italiana anônima (século XIV)<br />
Ballati <strong>de</strong> Francesco Landini (1325-97)<br />
Dança inglesa anônima (século X<strong>II</strong>I)<br />
El no me giova ballata<br />
Bel fiore <strong>da</strong>nça<br />
Su la rivera<br />
Il trotto<br />
Amor c’al tuo sugetto<br />
La bion<strong>da</strong> treçça<br />
Estampie<br />
CONJUNTO ATEMPO<br />
Pedro Hasselmann Novaes - Direção<br />
Alcimar do Lago - órgão portativo tenor, flautas doce e transversal,<br />
galubé e tambor e percussões<br />
Eduardo Antonello - dulcimer, viela <strong>de</strong> ro<strong>da</strong> e viela <strong>de</strong> arco<br />
Félix Ferrà - órgão portativo soprano e percussões<br />
Patricia Michelini - flautas doces e dulcimer<br />
Pedro Hasselmann Novaes - vielas <strong>de</strong> arco, flautas doces, gaita <strong>de</strong> foles<br />
Rita Cabus - clavicímbalo e sinos
17
CONJUNTO ATEMPO<br />
Música <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média<br />
18<br />
O conjunto <strong>de</strong> música medieval Atempo foi formado em 1992 e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, tem<br />
tido viva atuação no panorama <strong>da</strong> música antiga no Brasil. Apresenta-se em concertos,<br />
participa <strong>de</strong> festivais e seminários, e publica artigos em edições universitárias e na internet.<br />
A formação musical acadêmica, bem como e a especialização <strong>de</strong> seus integrantes no<br />
Centro <strong>de</strong> Música Medieval <strong>de</strong> Paris, <strong>de</strong>ram ao Atempo os fun<strong>da</strong>mentos necessários para<br />
interpretar os seus repertórios com base na teoria e no contraponto <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média.<br />
O estudo, a seleção e a adoção <strong>de</strong> elementos musicais <strong>de</strong> certas tradições orais<br />
têm sido um meio complementar que inspiram os trabalhos do conjunto, já que a monofonia,<br />
a orali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> improviso são pontos <strong>de</strong> contato entre tradições<br />
orais vivas e práticas musicais manifesta<strong>da</strong>s na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média. Seus integrantes estão<br />
constantemente envolvidos em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que vão <strong>da</strong> transcrição, arranjo e interpretação<br />
<strong>de</strong> peças musicais <strong>de</strong> manuscritos <strong>de</strong> época, ao estudo iconográfico, construção, a<strong>da</strong>ptação<br />
e afinação <strong>de</strong> instrumentos musicais, com base em mo<strong>de</strong>los e referências medievais.<br />
Essa busca vem se refletindo no enriquecimento do repertório e na <strong>de</strong>finição do perfil do<br />
Atempo. Em 2001 o conjunto lançou O Trovador <strong>da</strong> Virgem (Sono-Viso Vozes), <strong>de</strong>dicado às<br />
Cantigas <strong>de</strong> Santa Maria <strong>da</strong> corte do Rei Afonso X, o Sábio (1252-1284), obtendo com ele<br />
notas e críticas favoráveis. Seu segundo álbum, Estilo novo, nova arte: polifonia <strong>de</strong> Florença<br />
e Verona do século XIV foi lançado em 2011, com o patrocínio <strong>da</strong> Petrobras.<br />
Notas<br />
Se os instrumentos musicais <strong>de</strong> orquestra são hoje classificados por famílias como<br />
cor<strong>da</strong>s, ma<strong>de</strong>iras, metais, etc., na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média a lógica era diferente. Apesar <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong> época, os instrumentos eram basicamente agrupados sob a categoria <strong>de</strong> “altos”<br />
e “baixos”. Dentre os “baixos” figuravam alaú<strong>de</strong>s, harpas, saltérios, flautas transversais,<br />
pequenos órgãos, enfim, todos aqueles <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> sonora mo<strong>de</strong>sta ou mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> e<br />
que “funcionavam” melhor entre si e em ambientes fechados, como casas, pequenos salões<br />
ou recantos naturais protegidos <strong>de</strong> barulho. Produziam uma música mais reserva<strong>da</strong>,<br />
que hoje chamamos <strong>de</strong> camerística. Já <strong>de</strong>ntre os instrumentos “altos”, somam-se os <strong>de</strong> palheta<br />
em geral, como as charamelas, as gaitas <strong>de</strong> foles, os trompetes e também um gran<strong>de</strong><br />
número <strong>de</strong> percussões para acompanhá-los. Em um mundo sem amplificação artificial do<br />
som, esses eram mais requisitados para espaços ao ar livre: nas praças, nas ruas (especialmente<br />
em procissões), nos pátios <strong>de</strong> festas e banquetes, mas também em gran<strong>de</strong>s salões.<br />
No programa <strong>de</strong> hoje predominam portanto os instrumentos “baixos”, em sua<br />
maioria <strong>de</strong> sopro, mas não só! Sopros <strong>da</strong> Baixa I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média apresenta flautas doces, flauta<br />
transversal, uma <strong>de</strong> três furos conheci<strong>da</strong> como galubé, uma gaita <strong>de</strong> foles “suave” (para<br />
uma gaita!) e órgãos portativos – um soprano e outro tenor – que, é claro, também são<br />
constituídos <strong>de</strong> flautas, sendo uma para ca<strong>da</strong> nota do instrumento. Complementam a nossa<br />
formação vielas <strong>de</strong> arco (cor<strong>da</strong>s fricciona<strong>da</strong>s), varia<strong>da</strong>s percussões, sinos e o curioso<br />
clavicímbalo, construído <strong>de</strong> acordo com uma planta do fim <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média.
Concerto <strong>de</strong> Encerramento<br />
Música contemporânea brasileira para flauta doce<br />
10 <strong>de</strong> maio, 18h<br />
Sala <strong>da</strong> Congregação – Escola <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong><br />
PROGRAMA<br />
(Os comentários são dos próprios compositores, com exceção <strong>da</strong>queles cujas autoras estão indica<strong>da</strong>s)<br />
Daniel Figueiredo (1995) Caxambu, São Paulo (2015)<br />
Esta peça para quatro flautas doces contralto, duas afina<strong>da</strong>s em 440Hz e duas em<br />
415Hz, foi elabora<strong>da</strong> <strong>de</strong> maneira a possibilitar dissonâncias constantes sem que se per<strong>de</strong>sse<br />
o brilho característico <strong>da</strong>s notas e tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais favoreci<strong>da</strong>s <strong>de</strong>stes instrumentos.<br />
19<br />
Osvaldo Lacer<strong>da</strong> (1927-2011) Três Duetos (1973)<br />
Mo<strong>de</strong>rado, sempre bem ritmado - Mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>mente movido - Vivaz<br />
Por Daniele Cruz Barros (2010): No primeiro duo, dois procedimentos opostos<br />
funcionam simultaneamente. Quando a flauta doce soprano apresenta o tema no modo<br />
<strong>de</strong> Ré dórico, a contralto faz um acompanhamento cromático que, muitas vezes "contamina"<br />
o diatonismo <strong>da</strong> primeira voz. O retorno do tema, <strong>de</strong>sta vez na contralto, é muito mais<br />
puro do ponto <strong>de</strong> vista do modo (dórico). Cabe então à soprano realizar os movimentos<br />
cromáticos ascen<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes que o acompanham. As articulações indica<strong>da</strong>s<br />
reforçam o contraste <strong>de</strong> caráter entre as vozes: quando uma tem uma melodia muito expressiva,<br />
a outra insiste em um segmento em staccato. O segundo movimento, muito rico<br />
do ponto <strong>de</strong> vista harmônico, é <strong>de</strong>senvolvido em Si menor, <strong>de</strong> forma ABA, e apresenta um<br />
belo êxito <strong>de</strong> contracanto entre as duas flautas. O terceiro movimento, também <strong>de</strong> forma<br />
ternária, apresenta um tema bem alegre nos modos mixolídio e lídio-mixolídio <strong>de</strong> Dó e<br />
uma seção B contrastante em Dó eólio com algumas incursões no modo frígio. A sonori<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
resultante <strong>de</strong>ste movimento, assim como a frequência <strong>de</strong> intervalos <strong>de</strong> terças, evoca<br />
os pífaros do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro. Nestes duos, o compositor <strong>de</strong>senvolve um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro<br />
contraponto entre as duas flautas.<br />
Fabio Adour (1973) Pecinha nº3 (1993)*<br />
Esta obra, para flauta doce soprano e violão. faz parte <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> pequenas<br />
peças, para varia<strong>da</strong>s formações instrumentais, compostas em 1993 a partir <strong>da</strong>s<br />
propostas do livro Melos e Harmonia Acústica, <strong>de</strong> César Guerra-Peixe. A peça começa com<br />
uma série na região mais grave do violão, engendrando uma curta passacaglia. Após uma<br />
seção lírica central, a textura inicial retorna, segui<strong>da</strong> por sete variações. A peça conclui com<br />
o tema gerador em tutti.<br />
Liduíno Pitombeira (1962) Seresta (2004)<br />
Valsa - Samba<br />
Seresta é a <strong>de</strong>nominação brasileira <strong>de</strong> serenata, gênero presente na tradição portuguesa<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século XIX. Consiste na prática noturna <strong>de</strong> interpretar canções
líricas diretamente à ama<strong>da</strong> ou em an<strong>da</strong>nças pelas ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Seresta nº8 faz parte <strong>de</strong><br />
um ciclo <strong>de</strong> obras que retratam <strong>da</strong>nças e rítmos do Brasil. É constituí<strong>da</strong> por dois movimentos,<br />
ambos inspirados nas sonori<strong>da</strong><strong>de</strong>s do compositor gaúcho Ra<strong>da</strong>més Gnattali (1906-<br />
1988). O primeiro movimento, Valsa, funciona como um <strong>de</strong>licado prelúdio para o segundo<br />
movimento, Samba, <strong>de</strong> caráter mais rítmico. A peça é <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à flautista brasileira Daniele<br />
Cruz Barros.<br />
20<br />
Antonio Celso Ribeiro (1962) Danse <strong>de</strong>s fous (2009)<br />
Danse <strong>de</strong>s fous (para flautas doce sopranino e contralto e violão com scor<strong>da</strong>ttura)<br />
foi escrita como parte <strong>da</strong> trilha inci<strong>de</strong>ntal para a peça <strong>de</strong> teatro “Carta ao Pai” <strong>de</strong> Franz Kafka,<br />
encena<strong>da</strong> pela Cia Absur<strong>da</strong> <strong>de</strong> Teatro <strong>de</strong> Belo Horizonte, dirigi<strong>da</strong> por Ione <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />
em 1992 e revisa<strong>da</strong> em 2009 para fazer parte <strong>de</strong> repertório <strong>de</strong> música <strong>de</strong> concerto. É fortemente<br />
inspira<strong>da</strong> na ductia. O uso <strong>de</strong> scor<strong>da</strong>ttura é uma tentativa <strong>de</strong> evocar a lira céltica<br />
e a percussão no tampo do violão nos remete à memória do <strong>de</strong>rbake (tambor árabe).<br />
Patricia Michelini (1971) Lamento em Blues (2018)*<br />
O título <strong>de</strong>sta peça, <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> a Hel<strong>de</strong>r Parente, indica os dois gêneros que lhe servem<br />
como inspiração: o lamento, típico do período barroco, consiste em uma sequência<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> notas e progressões harmônicas que se repetem como base para variações<br />
melódicas; o blues, <strong>de</strong> tradição afro-americana, se utiliza <strong>de</strong> harmonias específicas<br />
em sequências repetitivas, sobre as quais se <strong>de</strong>clamam frases melódicas. Ambos os gêneros<br />
têm caráter melancólico e possibilitam diálogos belos e cúmplices entre as vozes. Para<br />
valorizar tais características, são explorados recursos técnicos que enfatizam a expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
nas flautas doces.<br />
Sérgio <strong>de</strong> Vasconcellos Corrêa (1934 Moacaretá (1974)<br />
Música instrumental <strong>da</strong> tribo Tukano - Dança dos Miranhas I - Dança dos Miranhas <strong>II</strong> -<br />
Auãn - Fuga<br />
Por Lucia Carpena (2018): Conheci Moacaretá pelas mãos do inesquecível Hel<strong>de</strong>r<br />
Parente, em uma <strong>da</strong>s muitas Oficinas <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Curitiba que frequentei, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
primeiro momento me chamou a atenção a presença <strong>de</strong> elementos <strong>da</strong> cultura indígena<br />
brasileira, a começar pelo título. Era algo que eu jamais havia visto no repertório <strong>da</strong> flauta<br />
doce e me fez repensar, além do próprio repertório ao qual eu estava acostuma<strong>da</strong>, o que<br />
significava tocar flauta doce no Brasil, o que era ser uma flautista brasileira. Para além do<br />
título, a obra ain<strong>da</strong> traz ao longo <strong>de</strong> seus cinco movimentos outros elementos indígenas.<br />
No primeiro movimento, Música Instrumental <strong>da</strong> Tribo Tukano, a melodia indígena<br />
se apresenta em segun<strong>da</strong>s paralelas (talvez emulando a sonori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s flautas que<br />
este grupo possa ter utilizado?), numa sonori<strong>da</strong><strong>de</strong> que até hoje me soa <strong>de</strong>safiadora. Nos<br />
dois movimentos seguintes, Dança dos Miranhas I e Dança dos Miranhas <strong>II</strong>, Vasconcellos<br />
Corrêa utiliza os temas recolhidos pelos viajantes Spix e Martius junto à tribo homônima,<br />
entre 1818 e 1820. Na segun<strong>da</strong> <strong>da</strong>nça, outro recurso que também talvez tenha sido usado<br />
por Vasconcellos Corrêa para emular as flautas indígenas: o uso <strong>de</strong> dois pares <strong>de</strong> garrafas<br />
afina<strong>da</strong>s com água <strong>de</strong>ntro, uma com intervalo <strong>de</strong> 5ª justa e outra, em 3ª menor. O efeito é<br />
mágico, misterioso, e sempre <strong>de</strong>sperta gran<strong>de</strong> atenção do público. O quarto movimento,<br />
Auãn – <strong>Flauta</strong> Juruna (grupo do Baixo Xingu), escrito para flauta soprano solo, é um gran<strong>de</strong>
ecitativo, que se <strong>de</strong>senvolve apenas na região agu<strong>da</strong> <strong>da</strong> flauta e faz uso <strong>de</strong> quartos <strong>de</strong><br />
tom. E por fim, o quinto e último movimento, Fuga, é baseado em três temas <strong>de</strong> origem<br />
indígena. O primeiro provavelmente é uma <strong>da</strong>nça dos Coroado (informação ain<strong>da</strong> a ser<br />
confirma<strong>da</strong>); o segundo é Cani<strong>de</strong> Ioune, dos Tupinambá, coletado por Jean <strong>de</strong> Léry, na Baía<br />
<strong>de</strong> Guanabara, em 1553, e o terceiro tema é Nozani-na, dos Pareci, recolhido por Roquete<br />
Pinto.<br />
Moacaretá é a palavra indígena que <strong>de</strong>signa o conselho dos anciãos <strong>de</strong> uma tribo,<br />
formado pelo cacique, o pajé, e mais três idosos <strong>da</strong> tribo. Sua principal tarefa é manter<br />
vivas as tradições e costumes dos antigos por meio <strong>de</strong> narrativas orais, feitas aos mais<br />
moços, tal qual Mnemòsine tropical. A orali<strong>da</strong><strong>de</strong> é, por <strong>de</strong>finição, sonora, assim como é<br />
a música, e Vasconcellos Corrêa nos proporciona em sua Moacaretá a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
contato com elementos <strong>da</strong> cultura indígena brasileira, nos faz lembrar dos povos originais<br />
do Brasil, <strong>de</strong> sua importância para a construção <strong>de</strong> nossa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> como povo, como<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
21<br />
Fontes:<br />
BARROS, Daniele Cruz. A flauta doce no século XX: o exemplo do Brasil. Recife: Editora<br />
Universitária <strong>da</strong> UFPE, 2010. p.170.<br />
CARPENA, Lucia Becker. Dez obras essenciais para flauta doce: valha-me, Euterpe! lab.flauta,<br />
2018. Disponível em: <br />
* Obras inéditas<br />
FLUSTRES ENSEMBLE<br />
David Castelo & Patricia Michelini - Direção<br />
Alcimar do Lago, Alfredo Zaine, David Castelo, Patricia Michelini - flautas doces<br />
Fábio Adour - violão<br />
O Duo Flustres iniciou suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em 1996 tendo como objetivo pesquisar e<br />
divulgar o repertório para flauta doce <strong>de</strong> diversos períodos e estilos. O forte entrosamento<br />
musical e pessoal entre David Castelo e Patricia Michelini expandiu-se para uma frutífera<br />
parceria profissional, <strong>da</strong>s mais expressivas no país para a promoção <strong>da</strong> flauta doce como<br />
instrumento <strong>de</strong> excelência artística. Sempre mantendo o duo como núcleo <strong>da</strong> formação do<br />
grupo, o Duo Flustres po<strong>de</strong> agregar instrumentos outros, em número e formações diversas<br />
<strong>de</strong> acordo com o repertório trabalhado. Nessa circunstância é chamado <strong>de</strong> Flustres Ensemble.
22<br />
CURADORIA<br />
Patricia Michelini<br />
Professora Adjunta <strong>de</strong> <strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong><br />
<strong>da</strong> Escola <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong>, Patricia Michelini<br />
é Doutora em Música pela ECA-USP, Mestre<br />
em Música pela UNICAMP, Bacharel em<br />
Composição Musical pela ECA-USP e forma<strong>da</strong><br />
no curso técnico em <strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />
<strong>da</strong>s Artes <strong>de</strong> São Caetano do Sul (SP). Atua<br />
como intérprete <strong>de</strong> flauta doce, pesquisadora<br />
e docente, com especial interesse pelas áreas<br />
<strong>de</strong> Musicologia Histórica, Educação Musical<br />
e Performance. Seu tema <strong>de</strong> pesquisa mais<br />
recente, <strong>de</strong>senvolvido no Doutorado, diz respeito<br />
à História <strong>da</strong> <strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> no Brasil. Participa<br />
regularmente <strong>de</strong> eventos científicos e<br />
artísticos promovendo pesquisas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s<br />
no âmbito <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s às quais está<br />
vincula<strong>da</strong>, merecendo <strong>de</strong>staque sua atuação<br />
nos Encontros <strong>de</strong> Pesquisadores em Poética<br />
Musical dos Séculos XVI, XV<strong>II</strong> e XV<strong>II</strong>I (USP-SP),<br />
nos Encontros Internacionais <strong>de</strong> Performance<br />
Histórica do Conservatório <strong>de</strong> Tatuí (SP), nas<br />
Semanas do Cravo <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong> (RJ), no Projeto<br />
<strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> em Pauta (UFPE-Recife) e no Colóquio<br />
<strong>de</strong> Música Antiga <strong>da</strong> UFG (Goiânia-GO).<br />
Integra a Orquestra Barroca <strong>da</strong> Unirio (OBU), o<br />
Duo Flustres (SP), Conjunto Barroco Affettuoso<br />
(RJ) e o Ensemble Galanteria (RJ). É musicista<br />
convi<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> diversos grupos, <strong>de</strong>ntre os quais<br />
Sacra Vox (RJ), O Discurso Harmônico (RJ),<br />
Consort Bassano <strong>da</strong> USP (SP) e Il Dolce Ballo<br />
(SP), com o qual lançou os CDs Amor & Devoção<br />
(2003) e Ecco la Primavera (2012). Atuou<br />
como solista junto a orquestras do Estado <strong>de</strong><br />
SP e, mais recentemente, acompanha<strong>da</strong> pela<br />
Orquestra Barroca <strong>da</strong> Unirio, no Theatro Municipal<br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Teatro <strong>da</strong> UFF (Niterói)<br />
e Theatro Municipal <strong>de</strong> Nova Friburgo, <strong>de</strong>ntre<br />
outras salas. Estreou a obra "Der Zweifel...",<br />
<strong>de</strong> Felipe <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Ribeiro, para quarteto<br />
<strong>de</strong> flautas doces, na XX<strong>II</strong> Bienal <strong>de</strong> Música Brasileira<br />
Contemporânea (RJ/2017). Através <strong>de</strong><br />
cursos regulares e festivais, vem formando gerações<br />
<strong>de</strong> flautistas e músicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque. Na<br />
Escola <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2011, atua na<br />
docência, pesquisa e organização <strong>de</strong> eventos;<br />
nesta instituição, é responsável pela curadoria<br />
do Festival <strong>de</strong> Música Antiga (2011 a 2015) e<br />
do Seminário <strong>de</strong> <strong>Flauta</strong> <strong>Doce</strong> (2015 e 2018).
Eduardo Antonello<br />
Multi-instrumentista com foco no<br />
repertório medieval, renascentista e barroco,<br />
Eduardo Antonello é Bacharel em Cravo e Mestre<br />
em Práticas Interpretativas pela Escola <strong>de</strong> Música<br />
<strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong>. Em ambos os cursos recebeu orientação<br />
do Prof. Marcelo Fagerlan<strong>de</strong> e foi contemplado<br />
com bolsas <strong>de</strong> estudo <strong>da</strong> instituição (Iniciação<br />
Científica e Mestrado). Participou <strong>de</strong> masterclasses<br />
<strong>de</strong> cravo com Olivier Baumont (França)<br />
e Christine Daxelhofer (Alemanha), e <strong>de</strong> improvisação<br />
erudita ao órgão e ao piano com Alexandre<br />
Rachid (Brasil). Atuou como cravista junto às<br />
principais orquestras do Rio <strong>de</strong> Janeiro, como a<br />
Orquestra Sinfônica Brasileira, sob regência do<br />
maestro Roberto Minczuk; Orquestra Petrobrás<br />
Sinfônica, sob regência do maestro convi<strong>da</strong>do<br />
Domenico Nordio; e Orquestra do Theatro Municipal<br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro, com a qual integrou as<br />
montagens <strong>de</strong> “As Bo<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Figaro” (Mozart), “A<br />
Criação” (Haydn), “O Barbeiro <strong>de</strong> Sevilha” (Rossini)<br />
e “O Messias” (Han<strong>de</strong>l), além <strong>de</strong> acompanhar<br />
a mezzo-soprano norte-americana Jennifer<br />
Larmore e o prestigiado violoncelista brasileiro<br />
Antonio Meneses em concertos na Sala São Paulo<br />
(SP). É i<strong>de</strong>alizador do canal do youtube “Early<br />
music in a different way”, on<strong>de</strong> realiza repertório<br />
dos séculos XVI e XV<strong>II</strong> com uma linguagem visual<br />
inusita<strong>da</strong> e interativa. Nele, apresenta gravações<br />
multi-track on<strong>de</strong> toca viola <strong>da</strong> gamba, viela <strong>de</strong><br />
ro<strong>da</strong>, gaita <strong>de</strong> foles, <strong>de</strong>ntre vários outros instrumentos,<br />
contribuindo para a popularização do<br />
repertório histórico e conquistando inúmeros<br />
seguidores e entusiastas ao redor do mundo.<br />
Atualmente é cravista acompanhador <strong>da</strong> Escola<br />
<strong>de</strong> Musica <strong>da</strong> <strong>UFRJ</strong> e músico efetivo <strong>da</strong> Orquestra<br />
Johann Sebastian Rio, sob direção do violinista<br />
Felipe Prazeres.<br />
23
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO<br />
Roberto Leher<br />
Reitor<br />
Denise Nascimento<br />
Vice-reitora<br />
CENTRO DE LETRAS E ARTES<br />
Flora <strong>de</strong> Paoli<br />
Decana<br />
ESCOLA DE MÚSICA<br />
Maria José Chevitarese<br />
Diretora<br />
Andrea Adour<br />
Vice-diretora<br />
David Alves<br />
Diretor Adjunto <strong>de</strong> Graduação<br />
Fábio Adour<br />
Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Licenciatura<br />
Pauxy Gentil<br />
Coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> Pós-Graduação em Música<br />
Aloysio Fargelan<strong>de</strong><br />
Coor<strong>de</strong>nador do Mestrado Profissional em Música<br />
Marcelo Jardim<br />
Diretor Adjunto do Setor Artístico<br />
Ronal Silveira<br />
Diretor Adjunto <strong>de</strong> Extensão<br />
SETOR DE COMUNICAÇÃO DA ESCOLA DE MÚSICA<br />
Fabrícia Me<strong>de</strong>iros, Fernan<strong>da</strong> Estevam, Francisco Conte, Meri Toledo Fraga<br />
SETOR ARTÍSTICO DA ESCOLA DE MÚSICA<br />
Francisca Marques, Jândia Backx, Paula Buscaio, Rosimaldo Martins, Suely Franco,<br />
Vanessa Rocha<br />
Arte e Projeto Gráfico: Fernan<strong>da</strong> Estevam<br />
Fotografia (páginas 13 , 22 e 23): Ana Clara Miran<strong>da</strong><br />
<strong>II</strong><br />
SEMINÁRIO<br />
DE FLAUTA<br />
DOCE DA <strong>UFRJ</strong>