___Baggini-Fosl-as-Ferramentas-Dos-Filosofos-Um-Compendio-Sobre-Conceitos-e-Metodos
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Outr<strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong> da argumentação 1 87<br />
Leitur<strong>as</strong><br />
Immanuel KANT, Critica da razão pura, 1781, A84, Bll6 ss.<br />
'Ludwig WITTGENSTEIN, Investigações filosófic<strong>as</strong>, 1953.<br />
2.11 Ficções úteis<br />
Siga a trilha da história da filosofia e você encontrará algum<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />
e certos artefatos úteis. Jean-Jacques Rousseau (1712-78) falou<br />
sobre o "contrato social", um pacto por meio do qual todos podemos<br />
viver conjuntamente. John Rawls (1921-) falou sobre o "observador ideal",·<br />
a pessoa que projetaria a organização política do mundo sob um "véu de<br />
ignorância'', sem saber qual posição na sociedade ela mesrr_ i, a ocupana.<br />
E Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) falou sobre o Uherrnensch<br />
(o além-do-homem), que seria capaz de superar a cultura niilista em que<br />
nos encontramos e aceitar o eterno retomo, vivendo sua vida repetidamente<br />
por toda a eternidade.<br />
Não existe um museu no qual estejam expostos o contrato social ou<br />
0 véu de ignorância, nem uma galeria na qual sejam exibid<strong>as</strong> representações<br />
da aparência fiel do além-do-homem ou do observador ideal. Tudo<br />
isso são apen<strong>as</strong> ficções - idei<strong>as</strong> que não pretendem descrever nada de<br />
real no mundo, nem são prescrições de cois<strong>as</strong> que devemos constrmr no<br />
mundo. Então, qual é seu lugar numa disciplina que supostamente deve<br />
tratar da verdade?<br />
.<br />
Diferentes ela maioria elos experimentos mentais<br />
As ficções úteis podem ser entendid<strong>as</strong> como subespécies dos experimentos<br />
mentais (2.9), m<strong>as</strong> apresentam característic<strong>as</strong> distintiv<strong>as</strong> que <strong>as</strong><br />
habilitam a receber reconhecimento por si mesm<strong>as</strong>. Os experimentos<br />
mentais são em geral meios para se atingir um fim, no sentido de que<br />
são invocados como parte de um argumento, e, uma vez que se tenha<br />
chegado à conclusão do argumento, segue-se em frente. Mui t<strong>as</strong> ficções<br />
úteis, por outro lado, servem a um propósito que vai além disso. .<br />
Tomemos o observador ideal de Rawls - um expediente denvado<br />
em parte da ficção do "espectador imparcial" de Adam Smith (1723-1790).