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___Baggini-Fosl-as-Ferramentas-Dos-Filosofos-Um-Compendio-Sobre-Conceitos-e-Metodos

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Ferrament<strong>as</strong> básic<strong>as</strong> da argumentação 1 41<br />

1.8 Refutação<br />

Samuel J ohnson não se impressionou com o argumento do bispo<br />

Berkeley segundo o qual a matéria não existiria. Em seu livro Vida de<br />

Johnson (1791), James Boswell relata que, ao discutir a teoria de Berkeley<br />

com o próprio, Johnson chutou uma pedra com certa força e disse:<br />

"Eu refuto esta teoria <strong>as</strong>sim".<br />

Todo grande homem pode ter um momento de estupidez que se<br />

torna público. Em sua refutação, Johnson entendeu muito mal o argumento<br />

de Berkeley, pois este jamais teria negado que se pode chutar<br />

uma pedra. M<strong>as</strong> a refutação de Johnson não apen<strong>as</strong> falhou; ela também<br />

não contém nenhuma d<strong>as</strong> chancel<strong>as</strong> de uma verdadeira refutação.<br />

Refutar um argumento é mostrar que ele está errado. Se alguém<br />

meramente discorda de um argumento ou nega sua solidez, não o está<br />

refutando, embora na linguagem comum <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> muit<strong>as</strong> vezes usem<br />

o termo "refutar" neste sentido. Então, como podemos efetivamente<br />

refotar um argumento?<br />

Ferrament<strong>as</strong> de refutação<br />

Há du<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> básic<strong>as</strong> de fazer uma refutação, amb<strong>as</strong> tratad<strong>as</strong><br />

com maior detalhamento em outr<strong>as</strong> seções deste livro. Pode-se mostrar<br />

que o argumento é inválido: a conclusão não pode ser deduzida d<strong>as</strong><br />

premiss<strong>as</strong>, como se afirma (ver 1.5). Pode-se mostrar que uma d<strong>as</strong> premiss<strong>as</strong><br />

(ou mais de uma) é falsa (ver 1.4).<br />

<strong>Um</strong>a terceira maneira de fazê-lo é mostrar que a conclusão tem de<br />

ser falsa, e, portanto, mesmo que não se possa identificar o que há de<br />

errado no argumento, algo deve estar errado nele (ver 3.23). Este último<br />

método, porém, não é, estritamente falando, uma refutação, na medida<br />

em que não se foi capaz de mostrar o que está errado no argumento,<br />

m<strong>as</strong> apen<strong>as</strong> que ele tem de estar errado.<br />

Justificação inadequada<br />

As refutações são ferrament<strong>as</strong> poderos<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> seria precipitado concluir<br />

que somente com uma refutação se pode rejeitar um argumento.

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