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___Baggini-Fosl-as-Ferramentas-Dos-Filosofos-Um-Compendio-Sobre-Conceitos-e-Metodos

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Ferrament<strong>as</strong> básic<strong>as</strong> da argumentação ! 15<br />

M<strong>as</strong> <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> que compõem ess<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> são geralmente determinad<strong>as</strong><br />

por meio de certos procedimentos formais de experimentação e reflexão<br />

não muito abordados pela filosofia. O pensamento religioso às vezes também<br />

inclui a racionalidade e partilha uma fronteira muito disputada com<br />

a filosofia. Todavia, enquanto o pensamento religioso está intrinsecamente<br />

relacionado com o divino, o sagrado ou o transcendente - talvez por<br />

meio de algum tipo de revelação, de um artigo de fé ou da prática religiosa<br />

-, a filosofia, em contraposição, em geral não está ligada a isso.<br />

Certamente, <strong>as</strong> obr<strong>as</strong> de algum<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> proeminentes da tradição<br />

filosófica ocidental apresentam dimensões não racionais e até antirracionais<br />

(por exemplo, <strong>as</strong> obr<strong>as</strong> de Heráclito, Kierkegaard, Nietzsche, Heidegger<br />

e Derrida). Além disso, muitos gostariam de incluir obr<strong>as</strong> de<br />

pensadores <strong>as</strong>iáticos ( confucionist<strong>as</strong>, taoíst<strong>as</strong>, xintoíst<strong>as</strong>), africanos, aborígines<br />

e americanos nativos sob a rubrica da filosofia, ainda que pareçam<br />

fazer pouco uso da argumentação.<br />

Contudo, talvez a despeito d<strong>as</strong> intenções desses autores, mesmo a<br />

obra de pensadores que não se encaixam no modelo clássico da filosofia<br />

envolve <strong>as</strong>serções racionalmente justificad<strong>as</strong> e form<strong>as</strong> sutis de argumentação.<br />

E em muitos c<strong>as</strong>os a argumentação permeia seu pensamento ao<br />

menos como uma força que é preciso levar em consideração.<br />

A filosofia, portanto, não é o único campo do pensamento para o qual<br />

a racionalidade é importante. E nem tudo o que recebe o nome de filosofia<br />

é necessariamente argumentativo. M<strong>as</strong> com certeza é seguro dizer que<br />

nem sequer se pode começar a dominar a amplitude do pensamento filosófico<br />

sem aprender como usar <strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong> da razão. Não há, portanto,<br />

maneira melhor de começar a suprir nosso conjunto de ferrament<strong>as</strong> filosófic<strong>as</strong><br />

que com os componentes mais básicos da racionalidade, <strong>as</strong> particul<strong>as</strong><br />

subatômic<strong>as</strong> da argumentação - <strong>as</strong> "premiss<strong>as</strong>" e <strong>as</strong> "conclusões".<br />

Premiss<strong>as</strong> e conclusões<br />

Para a maioria de nós, a ideia de uma conclusão é tão clara quanto<br />

pode ser um conceito filosófico. <strong>Um</strong>a conclusão é, literalmente, aquilo<br />

com que se conclui um argumento, o produto e o resultado de urna<br />

cadeia de inferênci<strong>as</strong>, aquilo que o raciocínio justifica e sustenta.<br />

E quanto às premiss<strong>as</strong>? Em primeiro lugar, para que uma sentença<br />

sirva como premissa, é preciso que exiba esta propriedade essencial: que

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