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POEMA 35<br />
O PROFANO, O INICIADO,<br />
O REALIZADO<br />
Quem desperta em si<br />
As forças criadoras da vida<br />
Realiza a sua íntima essência.<br />
E nela permanece, intangível,<br />
Criando paz e silenciosa maturidade.<br />
Músicas e peças teatrais<br />
Aliciam os transeuntes profanos,<br />
Mas quem se interessa por Tao?...<br />
Não basta ver para enxergá-lo.<br />
Não basta ouvir para compreendê-lo.<br />
Mas quem sabe auscultá-lo,<br />
Esse descobre a plenitude de Tao.<br />
Explicação filosófica:<br />
O homem profano vive nas periferias – é ego-vivente, mas não cosmo-vivido.<br />
Vê, ouve, tange as coisas que existem lá fora – mas não sabe o que ele<br />
mesmo é por dentro. O profano se identifica com algos ou alguéns – e essa<br />
codificação ou algo-personificação o impede de sentir a sua autoindividualidade,<br />
que é o Tao nele, o Eu central, a Realidade Univérsica, o Uno,<br />
circundado de Verso.<br />
O profano é um homem versificado, mas não unificado. A infeliz felicidade que<br />
ele goza, graças à sua total estupidez, o impede de sofrer a feliz infelicidade<br />
dos iniciandos, e por isso não chega às alturas da feliz felicidade do homem<br />
iniciado e realizado.