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Deprimido e acabrunhado ando eu...<br />
Circunspectos são eles, cheios de iniciativa!<br />
Em mim, tudo jaz morto.<br />
Inquieto, como as ondas do mar,<br />
Assim ando eu pelo mundo...<br />
A vida me lança de cá para lá,<br />
Como se eu fosse uma folha seca...<br />
A vida dos outros tem um sentido,<br />
Eu não tenho uma razão de ser...<br />
Somente a minha vida parece vazia e inútil;<br />
Somente eu sou diferente de todos os outros –<br />
..........................................................................<br />
E no entanto – sossega meu coração!<br />
Tu vives no seio da mãe do Universo.<br />
Explicação filosófica:<br />
À primeira vista parece estranho esse pessimismo do autor, esse lúgubre<br />
desânimo da vida, que lembra os lamentos de Jó. Mas não convém esquecer<br />
que todo o homem que deixou a sociedade dos profanos tem, de início, a<br />
sensação de uma solidão imensa, de um saara sem oásis; sente-se exilado,<br />
sem pátria nem lar. O homem espiritual se sente desambientado aqui na terra;<br />
ninguém o compreende; todos o consideram como um estranho, não<br />
pertencente ao nosso mundo. O próprio Jesus passou por esses transes: “As<br />
raposas têm suas cavernas, as aves têm seus ninhos – o Filho do Homem não<br />
tem onde reclinar a cabeça”. E a seus discípulos diz ele: “Por causa de mim e<br />
do Evangelho sereis odiados de todos...”. “Bem-aventurados os que choram...”<br />
Ao descer do Tabor, ele exclama: “Ó geração perversa e sem fé! Até quando<br />
estarei convosco? Até quando vos suportarei?”...<br />
Mas essa aparente solidão e abandono do homem espiritual é a “Comunhão<br />
dos Santos”, a mais bela companhia do Universo, como Lao-Tsé lembra nas