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___TAO TE CHING (PT) ___ Huberto Rohden ()

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edição iremos apresentar aos nossos leitores trabalho sobre estas recentes<br />

descobertas literárias.<br />

Em homenagem ao físico Fritjof Capra, pela sua extraordinária coragem em<br />

romper os velhos modelos culturais e conceitos da ciência tradicionais,<br />

transcrevemos, a seguir, à guisa de ponto final deste prefácio, os últimos<br />

parágrafos com que o físico conclui o capítulo “Conhecendo e Vendo”, do seu<br />

instigante O Tao da Física:<br />

“Os místicos chineses e japoneses encontram uma forma diversa de lidar com<br />

o problema da linguagem. Em vez de tornarem mais agradáveis e de mais fácil<br />

entendimento a natureza paradoxal da realidade pelo uso de símbolos e de<br />

imagens do mito, preferem, com muita frequência, acentuá-Ia, lançando mão<br />

da linguagem factual. Assim, os taoístas fizeram uso constante dos paradoxos<br />

a fim de expor as inconsistências que derivam da comunicação verbal, e de<br />

exibir os limites dessa comunicação. Essa técnica foi passada para os budistas<br />

chineses e japoneses que, por sua vez, desenvolveram-na ainda mais. Sua<br />

forma pode ser encontrada no Zen-budismo com seus koans, enigmas<br />

absurdos utilizados pelos mestres Zen na transmissão de seus ensinamentos.<br />

Esses koans estabelecem um importante paralelo com a Física moderna.<br />

Existe uma outra forma de se expressar pontos de vista filosóficos, que deve<br />

ser mencionada. Trata-se de uma forma especial, extremamente concisa, de<br />

poesia, muito utilizada pelos mestres Zen para indicar, diretamente, a quidade<br />

da realidade. Quando um monge indagou de Fuketsu Ensho ‘quando a fala e o<br />

silêncio são ambos inadmissíveis, como podemos evitar o erro?’ – o mestre<br />

respondeu:<br />

Lembro-me sempre de Chiangsé em março –<br />

O grito da perdiz,<br />

O aglomerado de flores fragantes.<br />

Essa forma de poesia espiritualista alcançou sua perfeição no haiku, uma<br />

forma poética japonesa clássica, de apenas dezessete sílabas, profundamente<br />

influenciada pelo Zen. O insight a respeito da natureza mesma da Vida,<br />

alcançado por esses poetas do haiku, atinge-nos, não obstante, a tradução:<br />

Folhas caindo<br />

Tocam-se umas nas outras;<br />

A chuva toca na chuva.

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