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POEMA 11<br />
A ATUAÇÃO DO<br />
INVISÍVEL NO VISÍVEL<br />
Trinta raios convergentes no centro<br />
Tem uma roda,<br />
Mas somente os vácuos entre os raios<br />
É que facultam seu movimento.1<br />
O oleiro faz um vaso, manipulando a argila,<br />
Mas é o oco do vaso que lhe dá utilidade.<br />
Paredes são massas com portas e janelas,<br />
Mas somente o vácuo entre as massas<br />
Lhes dá utilidade –<br />
Assim são as coisas físicas,<br />
Que parecem ser o principal,<br />
Mas o seu valor está no metafísico.<br />
Explicação filosófica:<br />
O invisível age pelo visível. A metafísica do Uno se revela na física do Verso. A<br />
aparente passividade da alma se manifesta pela atividade do corpo. A causa<br />
eterna subjaz a todos os efeitos temporários. A essência se revela em todas as<br />
existências. Quando o Todo, que é, age pelo Nada, que não é – então Algo<br />
começa a existir. Os fatos não criam valores, mas o valor produz os fatos.<br />
1. Lao-Tsé se refere, provavelmente, à roda de um moinho de vento, que não funcionaria se<br />
não houvesse interstícios entre as palhetas, por onde passa o vento.