Edição Março/Abril - 2018
Edição de Março/Abril 2018 da Revista Ferroviária
Edição de Março/Abril 2018 da Revista Ferroviária
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PRÊMIO RF:<br />
VEJA QUEM CONCORRE<br />
<strong>Março</strong> / <strong>Abril</strong> <strong>2018</strong> - R$ 31,50<br />
Aposta na<br />
ferrovia<br />
CCR opera linhas de metrô e VLT<br />
em três capitais e quer expandir<br />
os negócios no setor
DORMENTES<br />
DE CONCRETO<br />
Referência no mercado<br />
há 77 anos, presente em<br />
grandes projetos, com<br />
excelência e mobilidade.<br />
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DORMENTES DE CONCRETO<br />
+55 11 3631-4810
editorial<br />
O Prêmio Revista Ferroviária entra este ano em sua 29ª edição.<br />
Simboliza o reconhecimento das pessoas e empresas que trabalham e<br />
se dedicam ao fortalecimento do setor metroferroviário no Brasil. Nas<br />
categorias setoriais, a escolha foi entregue ao mercado, por meio de um<br />
colégio eleitoral qualificado e com votação cruzada, num processo de<br />
aprimoramento contínuo. Escolha do Conselho Editorial, o Ferroviário do<br />
Ano é o agora ex-governador de São Paulo, que, apesar de três anos de<br />
uma recessão histórica, conseguiu ampliar o sistema ferroviário paulista<br />
em 34 quilômetros. Na premiação deste ano, a Revista Ferroviária também<br />
vai homenagear com uma menção honrosa, post mortem, Raul Randon, um<br />
empresário como poucos, com sólida atuação no setor, e que faleceu alguns<br />
dias antes de sua empresa inaugurar uma nova planta para fabricação de<br />
vagões. O país precisa de ferrovias e de pessoas que acreditem nelas. É<br />
isso que o Prêmio Revista Ferroviária identifica e premia.<br />
Anual: R$ 149,00<br />
ASSINE www.revistaferroviaria.com.br<br />
6 edições, newsletter e acesso ao site<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
Alexander Ellwanger<br />
DIRETORA DE REDAÇÃO<br />
Regina Perez<br />
regina@revistaferroviaria.com.br<br />
JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />
Regina Perez - Mtb 14.194<br />
Ano 79 - <strong>Março</strong> / <strong>Abril</strong> de <strong>2018</strong><br />
Revista Ferroviária é uma publicação da<br />
Editora Ferroviária Ltda.<br />
CNPJ: 12.464.344/0001-30<br />
Inscrição Municipal: 4.131.725-4<br />
Registro no INPI: 816.399.964<br />
Antonio Ismael Ballan<br />
Bento José de Lima<br />
Guilherme Quintella<br />
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João Gouveia<br />
José Antonio Martins<br />
Marcelo Spinelli<br />
Valter de Souza<br />
REDAÇÃO<br />
Editora: Bianca Rocha<br />
Estagiária: Julia de Paula<br />
Colaboradores: Alessandro da Mata<br />
Annaclara Velasco<br />
Evelyn Soares<br />
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Rodolfo Bartolini<br />
Romulo Tesi<br />
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Daniel Moreira<br />
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Treelog S.A. Logística e Distribuição<br />
DIAGRAMAÇÃO<br />
Fabio Hirata<br />
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REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 3
sumário<br />
Ano 79 - <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> <strong>2018</strong><br />
Entrevista<br />
Lourenço Fregonese, do Porto<br />
de Paranaguá, fala sobre<br />
Ferroeste e chineses 14<br />
Comitê da Baixada<br />
MRS, VLI e Rumo afinam<br />
investimentos no<br />
Porto de Santos<br />
44<br />
Todos os vagões<br />
Frota nacional é de mais de<br />
120 mil unidades<br />
48<br />
Trens no pátio<br />
de manutenção<br />
de Pirajá,<br />
em Salvador.<br />
Foto: Divulgação/CCR<br />
Metrô Bahia<br />
Pág. 36
Prêmio RF <strong>2018</strong><br />
Sai a lista definitiva<br />
com categorias<br />
e concorrentes 20<br />
Diário de Bordo<br />
RF acompanha troca de AMV<br />
na Linha 9-Esmeralda<br />
26<br />
Trem tracionado pela locomotiva AC44 (GE),<br />
transportando carga agrícola em trecho<br />
da Malha Paulista, próximo a Cubatão.<br />
Foto: Divulgação/Rumo
cartas<br />
Aficionados por<br />
ferromodelismo<br />
Li a reportagem no clipping da Revista<br />
Ferroviária “Florianópolis reúne<br />
aficionados por ferreomodelismo” e<br />
fiquei curioso em saber mais sobre<br />
as pessoas que curtem esse tipo de<br />
atividade, especialmente em Florianópolis<br />
(Santa Catarina). Gostaria<br />
de saber se o pessoal se reúne em<br />
algum local, se existe uma associação,<br />
se acontecem eventos na cidade.<br />
Na matéria em questão falaram<br />
sobre Frateschi, que é realmente a<br />
única empresa que fabrica modelos<br />
em escala HO no Brasil.<br />
Existem no Brasil hoje diversos<br />
eventos durante todo o ano, onde<br />
são apresentadas maquetes e organizadas<br />
exposições de modelos.<br />
Geralmente acontecem no final de<br />
Leitor assíduo da RF<br />
abril quando é comemorado o Dia<br />
do Ferroviário. Como moro em<br />
Joinville (SC) e sou ferromodelista,<br />
participo de grupo aqui na cidade.<br />
Também participo de uma exposição<br />
anual em Curitiba (Paraná),<br />
promovida pela Associação de Modelismo<br />
Ferroviário da cidade.<br />
O texto também fala sobre uma<br />
maquete construída por José Balan<br />
Filho, que está exposta na estação<br />
rodoferroviária de Curitiba. Além<br />
disso, o Balan construiu uma maquete<br />
de uma siderúrgica dos anos<br />
de 1940. Fotos e vídeos podem ser<br />
encontrados no Youtube. Como sugestão,<br />
poderiam entrar em contato<br />
com Lucas Frateschi, que conhece a<br />
agenda de eventos sobre ferromodelismo<br />
no Brasil.<br />
Ricardo Luiz Busse<br />
ventorico@yahoo.com.br<br />
Sou assinante da RF há muitos anos.<br />
Tenho preferência pela edição impressa,<br />
mas consulto rotineiramente<br />
a edição digital. E sou um assinante<br />
fiel, daqueles que reclamam quando<br />
há algum extravio no correio.<br />
A minha fidelidade não quer dizer<br />
que eu não seja crítico da Revista<br />
Ferroviária. E tenho divergências<br />
com a linha editorial: entendo que<br />
há pontos vitais abandonados pela<br />
redação, tais como: 1) absoluta necessidade<br />
de padronização das bitolas<br />
ferroviárias para que tenhamos<br />
realmente uma rede eficiente, nacional<br />
e subcontinental (no passado<br />
a Revista Ferroviária abordou esse<br />
tema); 2) importância do retorno<br />
de transporte ferroviário de passageiros<br />
de longa distância, não gerido<br />
pelo estado; 3) preservação do<br />
patrimônio ferroviário herdado do<br />
modelo anterior (os equipamentos<br />
antigos já apodreceram e estamos,<br />
aos poucos, perdendo o patrimônio<br />
imobiliário, traçados, pátios e estações).<br />
Paro por aqui para não incomodá-los<br />
mais.<br />
Por fim, que a batalha ferroviária continue.<br />
Saudações,<br />
Pedro de Camargo<br />
camargopietro@gmail.com<br />
Conexão trem-aeroporto<br />
Li a reportagem publicada na edição<br />
Janeiro/Fevereiro e quero ser<br />
um dos primeiros a testar o trem da<br />
CPTM da Linha 13-Jade, destinada<br />
ao Aeroporto de Guarulhos. Porém<br />
faço uma crítica: tomando-se o metrô<br />
na Avenida Paulista, faz a baldeação<br />
na estação Paraíso para a<br />
Linha 1-Azul, indo-se até a estação<br />
Sé. Da estação Sé, pega-se a Linha<br />
3-Vermelha e segue-se até a estação<br />
Brás (Metrô/CPTM). Da estação<br />
Brás, pega-se o trem para Calmon<br />
Viana (Variante) e segue-se até a<br />
estação Engenheiro Goulart. Da<br />
estação Engenheiro Goulart, pega-<br />
-se finalmente o novo trem da nova<br />
Linha 13, e segue-se até a estação<br />
Aeroporto. E, pasmem, a estação<br />
Aeroporto fica próxima ao terminal<br />
1 (antigo terminal 4). Assim necessita-se<br />
pegar ônibus gratuito fornecido<br />
pela concessionária do aeroporto<br />
até os terminais 2 e 3. Isso<br />
porque na área onde seria a estação<br />
terminal da CPTM no Aeroporto, a<br />
concessionária (ou a Anac) resolveu<br />
fazer um shopping! Parece que houve<br />
influência política. Será do partido<br />
que controla o aeroporto ou do<br />
lobby dos taxistas ou alguma outra<br />
entidade? Ainda segundo notas, seria<br />
criado uma espécie de trem rápido<br />
entre Luz e o Aeroporto. Mas<br />
somente com quatro frequências<br />
diárias! Sugiro ampla reportagem<br />
sobre o assunto!<br />
Ivan Tavella<br />
itavella332@yahoo.com.br<br />
RF: Obrigada pelas sugestões, Pedro. Vamos levá-las em consideração<br />
em nossas reuniões de pauta. Sem dúvida, os temas que citou são importantes<br />
para o debate em torno do desenvolvimento do setor ferroviário<br />
no Brasil.<br />
Para escrever para a Revista Ferroviária<br />
mande um email para:<br />
redacao@revistaferroviaria.com.br<br />
ou escreva para:<br />
Rua Pamplona, 1.465 - Cj. 61/62<br />
CEP 01405-002, São Paulo - SP<br />
6<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
UMA SOLUCÃO<br />
MAIS ECONÔMICA<br />
para o transporte intermunicipal de passageiros.<br />
O CR200J é um “TUE” com força motriz centralizada<br />
lançado no final de 2017. Mais econômico que o TUE<br />
distribuído, foi criado com objetivo de renovar mais de<br />
50.000 vagões de passageiros existentes na China.<br />
CARACTERÍSTICAS<br />
DO PRODUTO<br />
FORMAÇÃO<br />
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CARGA POR EIXO<br />
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expressas Bianca Rocha<br />
Estações conectadas<br />
São Paulo chegou mais perto do conceito global de smart city, aquele que prega,<br />
à luz das novas tecnologias, cidades mais conectadas e colaborativas. Desde o início<br />
de março, passageiros do Metrô de São Paulo contam com a oferta gratuita de<br />
wireless em quarenta estações das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 5-Lilás.<br />
O serviço de wi-fi funciona nas áreas livres e pagas, com exceção das plataformas,<br />
excluídas da novidade por uma questão de segurança, segundo a STM.<br />
A Otima, por meio de uma parceria com a N1 Telecom, é a responsável pelo<br />
desenvolvimento e gerenciamento da plataforma comercial do wi-fi nas estações.<br />
A empresa (Otima) também foi contratada pelo governo de São Paulo para<br />
implementar wireless em pontos de ônibus da capital – hoje são 150 conectados.<br />
As estações do metrô tem capacidade para receber, em média, mais de 400 acessos<br />
simultâneos, com velocidade média de 1 megabit por segundo (Mbps). O usuário<br />
deve se cadastrar com nome, e-mail e telefone, além de aceitar as condições de<br />
uso na tela que abrirá automaticamente após a seleção do wi-fi gratuito da estação.<br />
Também é possível usar os dados do Facebook ou LinkedIn para o cadastro. Cada<br />
pessoa pode usar a rede por até 15 minutos. Após esse período, a reconexão pode<br />
ser feita novamente. Não há limite para o número de acessos.<br />
Usuários aproveitam as facilidades de navegação para permanecer nas estações.<br />
Na Sé, que atende as linhas 1 e 3 do Metrô, uma das mais movimentadas do sistema,<br />
um espaço foi reservado para os passageiros que querem usufruir da internet.<br />
Desceu para a plataforma, o sinal cai, assim como dentro dos trens.<br />
Novas taxas do BNDES para o setor ferroviário<br />
O setor ferroviário foi incluído na nova política operacional (PO) do BNDES, aprovada em março, que fornece as diretrizes<br />
para o funcionamento de linhas de crédito da instituição em termos de prazos e custos. O prazo de financiamento<br />
para linhas de crédito voltadas para ferrovias de carga, projetos de mobilidade urbana e compra de vagões e locomotivas<br />
via Finame é de até 34 anos.<br />
A nova PO manteve ainda a Taxa de Longo Prazo (TLP), que substituiu a TJLP nos contratos do BNDES firmados a<br />
partir de 1º de janeiro de <strong>2018</strong>. A TLP mensal é composta de uma parcela de juros reais pré-fixados e da inflação (IPCA).<br />
Já o spread médio para linhas de crédito no setor ferroviário passou de 1,7% ao ano para 1,3% ao ano – já incluindo a<br />
taxa de intermediação financeira de 0,4% ao ano. A participação máxima em financiamentos para ferrovias de carga e<br />
de passageiros é de 80% do valor do projeto, limitada a 100% dos itens financiáveis.<br />
Desembolsos para mobilidade urbana<br />
E, por falar em financiamentos via<br />
BNDES, a Revista Ferroviária teve<br />
acesso ao histórico dos desembolsos<br />
do banco na área de mobilidade<br />
urbana, de 2004 a 2017. A curva<br />
ascendente de desembolsos começou<br />
a aparecer em 2011 e atingiu o ápice<br />
em 2015, quando foram liberados<br />
quase R$ 9 bilhões. Em 2013 e 2014<br />
(ano da Copa do Mundo no Brasil),<br />
foram R$ 3,4 bilhões e R$ 6,5 bilhões,<br />
respectivamente. A partir de 2016,<br />
com o aprofundamento da crise<br />
econômica e a redução da capacidade<br />
de endividamento dos estados, veio a<br />
queda: no ano passado, o banco liberou<br />
“apenas” R$ 1,3 bilhão – projetos de<br />
expansão do metrô em São Paulo e em<br />
Salvador (CCR Metrô Bahia) estão na<br />
lista dos que receberam recursos do<br />
BNDES em 2017.<br />
Desembolsos 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010<br />
R$ mil 611.465 169.146 457.446 239.094 662.107 1.458.986 591.760<br />
Desembolsos 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />
R$ mil 927.340 1.178.131 3.477.161 6.537.930 8.999.427 3.528.125 1.353.596<br />
8<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> MARÇO/ABRIL DE <strong>2018</strong>
PMI da Nova Ferroeste<br />
Quatro consórcios, compostos por empresas nacionais e internacionais<br />
(entre elas, francesa, espanhola e americana), foram<br />
selecionados pelo governo do Paraná, por meio de Procedimento de<br />
Manifestação de Interesse (PMI), para fazer os estudos de engenharia<br />
para implantação da nova Ferroeste, que pretende criar um novo<br />
acesso ao Porto de Paranaguá, sem passar pela Malha Sul da Rumo.<br />
A obra está dividida em dois trechos: um de 400 quilômetros,<br />
que liga Porto de Paranaguá a Guarapuava (PR). O segundo,<br />
com aproximadamente 600 quilômetros, vai de Guarapuava até<br />
Dourados (MS), passando por Guaíra. O projeto conta com a<br />
implantação de 350 quilômetros de linha nova, além da reabilitação<br />
do trecho já existente entre<br />
Guarapuava e Cascavel (Ferroeste).<br />
Pelo cronograma, as empresas terão<br />
270 dias (contados a partir de março)<br />
para elaborar os estudos de viabilidade<br />
técnica, econômica e ambiental da<br />
ferrovia. A partir da conclusão destes<br />
trabalhos, o governo do Paraná estará<br />
apto a abrir o processo licitatório para<br />
a construção e concessão da linha.<br />
Os consórcios/<br />
empresas selecionadas:<br />
• Consórcio HaB, único 100% nacional, constituído<br />
pelas empresas Bureau da Engenharia ECT Ltda,<br />
Hendal e Advice Consultoria e Serviços;<br />
• Consórcio SSSE, formado pela empresa<br />
espanhola Sener Ingeneria e pelas nacionais<br />
Sener Setepla e Engefoto;<br />
• Consórcio Egis-Esteio-Copel, do qual fazem parte<br />
a empresa francesa Egis Engenharia e Consultoria<br />
Ltda, e as companhias nacionais Esteio Engenharia e<br />
Aerolevantamentos S.A e Copel;<br />
• Consórcio formado por<br />
Sistemas de Transportes<br />
Sustentáveis – STS, Pullin e<br />
Campano Consultores Associados<br />
e Navarro Prado Advogados, pela<br />
consultoria Millennia Systems,<br />
dos Estados Unidos, e pela EnVia<br />
Technologies International.<br />
Chinesa de olho no mercado de monotrilho<br />
A chinesa BYD, cuja sigla significa<br />
Build Your Dreams ("construa seus<br />
sonhos", na tradução livre para o português)<br />
chegou ao Brasil em 2016,<br />
atraída pelo mercado de ônibus elétricos.<br />
Fundou uma fábrica em Campinas<br />
no mesmo ano, com capacidade<br />
de produção de 15 veículos por mês.<br />
Trinta deles já estão rodando em cidades<br />
como Campinas, São Paulo, Santos,<br />
Brasília, Volta Redonda e Belo<br />
Horizonte. A expectativa é entregar<br />
mais 100 este ano e incluir outras cidades<br />
na lista de encomendas, como<br />
Cuiabá, Belém e Maceió.<br />
Mas não é só o modal rodoviário que<br />
enche os olhos da empresa por aqui.<br />
Fabricante de monotrilhos na China,<br />
a BYD tem investido em estudos<br />
para provar a autoridades estaduais<br />
e municipais que o modal é vantajoso<br />
em capitais brasileiras. Maceió é<br />
uma delas: a empresa acredita que o<br />
monotrilho seria mais adequado que<br />
os projetos de expansão do VLT, em<br />
discussão na capital de Alagoas. Salvador<br />
também está no raio de interesse<br />
da BYD, além de São Paulo, com<br />
oportunidades mais reais a longo prazo,<br />
já que existem a Linha 15-Prata,<br />
que está em processo de expansão; e<br />
a Linha 17-Ouro, em obra.<br />
A empresa, que só tem cinco anos de<br />
atuação, já produziu monotrilhos para<br />
a cidade chinesa de Yinchuan, situada<br />
a duas horas de avião da capital Pequim.<br />
A China, por enquanto, é um<br />
dos poucos países no mundo que apostam<br />
fortemente no modal – os chineses<br />
dispõem de cerca de 200 km de linhas<br />
de monotrilho. Segundo o diretor da<br />
BYD no Brasil, Alexandre Liu, mais<br />
de 300 cidades por lá estão na “fila”<br />
para implantar projetos de monotrilho<br />
com velocidade digamos “chinesa”.<br />
Liu afirma que a construção do monotrilho<br />
em Yinchuan foi um recorde: 5,6<br />
km em apenas 130 dias.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> MARÇO/ABRIL DE <strong>2018</strong> 9
gente<br />
Novo comando na Randon<br />
Em março, Alexandre Randon<br />
assumiu a cadeira de<br />
presidente do Conselho de<br />
Administração da Randon,<br />
após o falecimento de seu pai, Raul<br />
Anselmo Randon (até então ocupante<br />
do cargo), aos 89 anos. O executivo<br />
assumiu o cargo de forma interina, até<br />
abril de 2019, quando um novo Conselho<br />
deverá ser eleito em Assembleia<br />
Geral Ordinária. Com essa mudança,<br />
Alexandre passa a acumular também<br />
a vice-presidência da empresa, até<br />
que a família Randon, acionista e controladora<br />
do grupo, conclua a escolha<br />
de um profissional do<br />
mercado para desempenhar<br />
a função.<br />
Filho do meio da<br />
família, Alexandre,<br />
de 56 anos, tem uma<br />
vasta experiência<br />
dentro e fora do grupo<br />
Randon. Antes<br />
de chegar ao Conselho de Administração,<br />
foi diretor da Randon S.A.<br />
"Passei a me<br />
dedicar a montar<br />
as pautas, atas<br />
e lidar com os<br />
conselheiros<br />
externos."<br />
Implementos e Participações e presidente<br />
do Banco Randon. Teve passagens<br />
ainda pela Rasip, JOST Brasil,<br />
Instituto Elisabetha Randon, Randon<br />
Consórcios, Randonprev, Fras-le e<br />
Randon Veículos. Fora das empresas<br />
do grupo, teve experiências na Intral,<br />
Fundição Tomé e Brasimet Tratamentos<br />
Térmicos.<br />
O executivo formou-se em duas<br />
graduações: Engenharia Mecânica e<br />
Administração de Empresas. Entre as<br />
capacitações acadêmicas, estão uma<br />
especialização em gestão pela Corporate<br />
Financial Management and Strategy<br />
Program, da Califórnia<br />
(EUA), além de<br />
cursos de aperfeiçoamento<br />
profissional em<br />
várias áreas no Brasil e<br />
no exterior. Um currículo<br />
extenso para quem<br />
vai controlar um império<br />
que faturou, só em<br />
2017, R$ 3 bilhões.<br />
“Nosso trabalho é de continuidade.<br />
Raul Randon: simplicidade e prestígio<br />
Ícone do empreendedorismo brasileiro ao criar, há quase setenta<br />
anos, as empresas Randon, do segmento de implementos<br />
para transportes, incluindo o ferroviário, Raul Randon recebeu<br />
centenas de prêmios de reconhecimento ao longo de sua jornada<br />
empresarial. Foi biografado, tema de documentários e, nos<br />
últimos anos, se dedicou também à filantropia.<br />
O empresário nasceu em 1929, na cidade de Tangara, em<br />
Santa Catarina. De origem humilde, o filho de imigrantes italianos<br />
fundou a Randon junto com o irmão Hercílio, em 1949. De lá para<br />
cá, o pequeno negócio na área metalomecânica tornou-se um<br />
dos mais importantes conglomerados da indústria automotiva da<br />
América do Sul, com filiais e escritórios em todos os continentes.<br />
O sucesso empresarial, a prosperidade e a solidez dos negócios<br />
não mudaram a forma natural com que Raul Randon se<br />
Foto: Marco Nunes<br />
Alexandre Randon assumiu a presidência do<br />
Conselho de Administração do grupo<br />
Componho o Conselho há anos<br />
e nos últimos dois eu já vinha me<br />
afastando mais da parte operacional.<br />
Deixei inclusive o comitê executivo<br />
faz um ano. Passei a me dedicar a<br />
montar as pautas, atas e lidar com<br />
os conselheiros externos”, afirmou,<br />
acrescentando que o plano é tornar a<br />
companhia mais global e, para isso,<br />
cogitam também a ideia de trazer algum<br />
executivo de fora para assumir<br />
a vice-presidência.<br />
“Por outro lado, também queremos<br />
prestigiar quem está aqui. A verdade<br />
é que está tudo muito recente. Vamos<br />
avançar no tempo certo”, declarou.<br />
relacionava com as pessoas, dentro e fora da empresa. Pessoas<br />
próximas no convívio com o empresário diziam que ele era um<br />
homem simples, que construiu a vida por meio de trabalho duro.<br />
“Fomos ousados em vislumbrar e sonhar o futuro; fomos<br />
prudentes nos investimentos e avanços tecnológicos; fomos<br />
fortes nos momentos<br />
de crise, na adversidade.<br />
Por acreditarmos no<br />
Brasil, sempre projetamos<br />
produtos afinados com<br />
o progresso, apostando<br />
no desenvolvimento nacional”,<br />
costumava dizer<br />
Raul Randon.<br />
10<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
eportagem<br />
Divulgação/Randon<br />
Randon<br />
inaugura<br />
fábrica em<br />
Araraquara<br />
ARandon pretende dominar metade do mercado<br />
brasileiro de vagões até 2020. Essa é a<br />
expectativa da empresa ao colocar de pé uma<br />
fábrica em Araraquara, no interior paulista,<br />
inaugurada no fim de março. O investimento na unidade,<br />
que também vai produzir veículos rodoviários (semirreboques<br />
canavieiros), foi de R$ 100 milhões, com 60%<br />
financiados pelo BNDES.<br />
Atualmente a Randon detém cerca de um terço do mercado<br />
total de vagões no país. De acordo com a Abifer, a<br />
previsão é que esse ano sejam produzidos de 2 mil a 3<br />
mil vagões. “Trabalhamos para essa fábrica nascer durante<br />
seis anos. Com a crise econômica, paramos 18 meses.<br />
Agora, estamos inaugurando-a com capacidade para<br />
produzir metade da demanda natural de mercado. Vamos<br />
entrar firme nas reformas e nos novos vagões”, reforça o<br />
diretor de Operações da empresa, Alexandre Gazzi.<br />
Na carteira de encomendas da Randon para este ano estão<br />
800 vagões, sendo 25 modelos Hopper para a Rumo e<br />
o restante dividido entre MRS, VLI e Vale, os principais<br />
clientes da empresa no setor ferroviário. Os executivos da<br />
Randon estão otimistas com a renovação dos contratos de<br />
concessão das operadoras de carga, fato que deve contribuir<br />
positivamente para a indústria ferroviária a partir de 2019.<br />
“Não acreditamos que isso saia mais este ano, mas contratamos<br />
até uma consultoria para servir de apoio à ANTT<br />
nos processos e estudos para a renovação dos contratos.<br />
Para isso, cobramos a participação de uma empresa isenta”,<br />
revelou o diretor comercial Wilson Ferri, sem detalhar<br />
qual foi a quantia exata disponibilizada.<br />
Unidade vai produzir diversos modelos de vagões<br />
O empreendimento ocupa 122 hectares,<br />
com 25 mil m2 destinados à fábrica,<br />
área administrativa e de apoio. “Não montamos<br />
uma fábrica pensando só em vagões.<br />
Faremos também os semirreboques<br />
canavieiros. Por isso fizemos uma planta<br />
muito versátil. Vamos atuar de forma sustentável<br />
no segmento ferroviário”, declarou<br />
o presidente do Conselho de Administração<br />
da Randon, Alexandre Randon.<br />
Os trabalhos na unidade começaram de<br />
fato, em meio a ajustes, em janeiro deste<br />
ano. Já com cerca de 100 funcionários diretos<br />
e indiretos, a expectativa é atender a<br />
demandas provenientes especialmente do<br />
agronegócio da região.<br />
A produção de vagões teve início pelos<br />
modelos Gôndola e Hopper. E o plano<br />
da Randon é de que até o final do ano a<br />
unidade de Araraquara concentre a produção<br />
dos demais formatos: Tanque, Sider,<br />
Telescópio e Plataforma. Todas essas soluções<br />
servem ao transporte de minério, grãos,<br />
combustíveis, celulose, cimento, contêineres,<br />
entre outros.<br />
O projeto arquitetônico da fábrica potencializa<br />
o aproveitamento da luz, ventilação<br />
natural, captação e reutilização de<br />
águas pluviais. No processo produtivo,<br />
prevalece o modelo Lean Manufacturing,<br />
livre de distúrbios, com ritmo e fluxo puxados<br />
pela demanda, com automatização e<br />
poucas perdas de movimentação.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 11
agenda<br />
BRASIL<br />
MAIO<br />
VII BRASIL NOS TRILHOS<br />
03/05 – Brasília, DF<br />
Organizador: ANTF<br />
Site: www.antf.org.br<br />
2ND ANNUAL LATIN AMERICA RAIL EXPANSION SUMMIT<br />
10 e 11/05 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Lnoppen<br />
Site: http://latinamerica.railexpansionsummit.com/<br />
JUNHO<br />
11º SIMPÓSIO SAE BRASIL DE NOVOS MATERIAIS E<br />
APLICAÇÕES NA MOBILIDADE<br />
05 e 06/06 – São Paulo, SP<br />
Organizador: SAE<br />
Site: www.portal.saebrasil.org.br/eventos/geral<br />
M&T Expo <strong>2018</strong><br />
05 a 08/06 - São Paulo, SP<br />
Organizador: Bauma Network<br />
Site: http://www.mtexpo.com.br/<br />
REUNIÕES CB06*<br />
05 a 08/06 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
JULHO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
03 a 06/07 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
FÓRUM DE MOBILIDADE ANPTRILHOS<br />
04/07 – Brasília, DF<br />
Organizador: ANPTrilhos<br />
Site: http://www.forummobilidade.com.br/<br />
16º SIMPÓSIO SAE BRASIL DE POWERTRAIN<br />
30 e 31/07 – Campinas, SP<br />
Organizador: SAE<br />
Site: www.portal.saebrasil.org.br/eventos/geral<br />
AGOSTO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
07 a 10/08 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
15º FÓRUM SAE BRASIL DE TECNOLOGIA DE MOTORES DIESEL<br />
14 e 15/08 - Paraná e Santa Catarina<br />
Organizador: SAE<br />
Site: www.portal.saebrasil.org.br/eventos/geral<br />
24ª SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA<br />
21 a 24/08 - São Paulo, SP<br />
Organizador: Aeamesp<br />
Site: www.aeamesp.org.br<br />
CONAEND&LEV<strong>2018</strong><br />
27 a 29/08 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Abendi<br />
Site: www.conaend.org.br<br />
SETEMBRO<br />
TRANSPOQUIP LATIN AMERICA <strong>2018</strong><br />
12 a 13/09 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Real Alliance<br />
Site: www.transpoquip.com.br<br />
FÓRUM INTERNACIONAL SUPPLY CHAIN - EXPO LOGÍSTICA <strong>2018</strong><br />
18 a 20/09 – São Paulo, SP<br />
Organizador: ILOS<br />
Site: www.forum.ilos.com.br<br />
OUTUBRO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
02 a 05/10 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
10º SIMPÓSIO SAE BRASIL DE MANUFATURA<br />
10/10 - Seção Caxias do Sul, RS<br />
Organizador: SAE<br />
Site: www.portalsaebrasil.org.br<br />
NOVEMBRO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
06 a 09/11 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
*Comitê Brasileiro de Normas Técnicas Metroferroviárias
agenda<br />
2019<br />
MARÇO<br />
21º NEGÓCIOS NOS TRILHOS<br />
26 a 28/03 – São Paulo, SP<br />
Organizador: UBM<br />
Site: www.ntexpo.com.br<br />
EXTERIOR<br />
MAIO<br />
4ª EDIÇÃO DA GLOBAL EXHIBITION ON SERVICES (GES)<br />
15 a 18/05 - Mumbai, Índia<br />
Organizador: Departamento de Comércio, Ministério do Comércio e<br />
Indústria, Governo da Índia, Conselho de Promoção de Exportação<br />
de Serviços (SEPC) e Confederação da Indústria Indiana (Cll)<br />
Site: http://www.gesindia.in/<br />
WAYSIDE TRAIN MONITORING SYSTEMS <strong>2018</strong><br />
16 a 17/05 – Berlim, Alemanha<br />
Organizador: DVV Media Group GmbH<br />
E-mail: veranstaltungen@dvvmedia.com<br />
JUNHO<br />
AFRICA RAIL<br />
12 e 13/06 – Joanesburgo, África do Sul<br />
Organizador: Terrapinn<br />
Site: www.terrapinn.com/exhibition/africa-rail<br />
WORLD METRORAIL CONGRESS AMERICAS <strong>2018</strong><br />
26 e 27/06 – Filadélfia, EUA<br />
Organizador: Terrapinn<br />
Site: www.terrapinn.com/conference/metrorail-americas<br />
SAFERAIL<br />
11 e 12/06 – Washington, EUA<br />
Organizador: Saferail<br />
Site: www.smartrailworld.com<br />
SETEMBRO<br />
INNOTRANS <strong>2018</strong><br />
18 a 21/09 – Berlim, Alemanha<br />
Organizador: Messe Berlin<br />
Site: www.innotrans.de<br />
NOVEMBRO<br />
AUSRAIL – CONFERENCE & EXHIBITION<br />
27 a 28/11 – Camberra, Austrália<br />
Organizador: Australasian Railway Association<br />
Site: www.ausrail.com/<br />
2019<br />
ABRIL<br />
EURASIA RAIL 2019<br />
10 a 12/04 – Izmir, Turquia<br />
Organizador: ITE Turkey<br />
Site: www.eurasiarail.eu<br />
JUNHO<br />
RAILLOG KOREA<br />
01/06 – Busan, Coréia do Sul<br />
Organizador: Messe Frankfurt Korea Ltd<br />
Site: www.raillog-korea.kr.messefrankfurt.com<br />
TRANSPORT + LOGISTIK<br />
04 a 07/06 – Munique, Alemanha<br />
Organizador: Messe München<br />
Site: www.transportlogistic.de<br />
SETEMBRO<br />
TRAKO 2019 – 13º INTERNATIONAL RAILWAY FAIR<br />
24 a 27/09 - Gdasnk, Polônia<br />
Organizador: MTG - Gdansk International Fair Co<br />
Site: www.trakofair.com<br />
RAILWAY INTERCHANGE 2019<br />
22 a 25/09 - Mineápolis, EUA<br />
Organizador: AREMA<br />
Site: www.railwayinterchange.org<br />
OUTUBRO<br />
6TH RAILWAY FORUM<br />
01 e 02/10 – Berlim, Alemanha<br />
Organizador: Competence Partner<br />
Site: www.railwayforumberlin.com
entrevista<br />
Boas expectativas em Paranaguá<br />
Nos últimos sete anos, o Porto de<br />
Paranaguá colocou em prática uma série<br />
de melhorias com o objetivo de aumentar<br />
a capacidade de movimentação de cargas.<br />
O resultado disso foram recordes atrás de<br />
recordes. Em 2017, por exemplo, foram<br />
51,5 milhões de toneladas movimentadas,<br />
considerando cargas de importação e de<br />
exportação, segundo a Administração dos<br />
Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). O<br />
número representa um aumento de 14,2%<br />
em relação a 2016, quando foram operadas<br />
45,1 milhões de toneladas.<br />
O modal rodoviário responde por 80%<br />
das cargas transportadas até o porto.<br />
O trem movimenta 20% do volume –<br />
cerca de 9 milhões de toneladas/ano. No<br />
entanto, a chegada de vagões ao litoral de<br />
Paranaguá pode crescer consideravelmente<br />
caso vingue o projeto da Nova Ferroeste,<br />
que está dividida em dois trechos: um<br />
de 400 quilômetros, ligando o Porto de<br />
Paranaguá a Guarapuava (PR). O segundo,<br />
com aproximadamente 600 quilômetros, de<br />
Guarapuava até Dourados (MS), passando<br />
por Guaíra. O projeto cria um novo acesso ao<br />
Porto de Paranaguá, sem passar pela Malha<br />
Sul da Rumo.<br />
O diretor-presidente da Appa, Lourenço<br />
Fregonese, que acabou de assumir o cargo<br />
após Luiz Henrique Dividino pedir demissão,<br />
no fim de março, é um entusiasta da nova<br />
ferrovia. “Eu diria que com a construção da<br />
ferrovia no ramal Oeste e com a aplicação<br />
de melhorias no ramal Norte, podemos<br />
falar em elevar de 20% para 60, 70% essa<br />
participação. Inverteria a matriz”.<br />
Fregonese também falou sobre a chegada<br />
dos chineses ao Terminal de Contêineres<br />
de Paranaguá (TCP) e disse acreditar que<br />
a presença estrangeira no porto estimule<br />
investimentos privados na construção da nova<br />
ferrovia. A estatal chinesa China Merchants<br />
Port Holding (CMPorts) oficializou em fevereiro<br />
a compra de 90% do TCP, por R$ 2,9 bilhões.<br />
Lourenço Fregonese é formado em<br />
Direito e tem 16 anos de experiência na<br />
área portuária. Foi diretor empresarial da<br />
Appa de 1995 a 2002 e de 2011 a março<br />
de <strong>2018</strong>, trabalhando principalmente na<br />
aproximação e diálogo entre operadores<br />
portuários e arrendatários do porto<br />
paranaense. Além disso foi vereador em<br />
Paranaguá em 1988, presidente da Câmara<br />
de Vereadores do município e deputado<br />
estadual em 1991. Também já atuou como<br />
presidente do Instituto de Previdência de<br />
Curitiba de 2005 a 2008.<br />
Lourenço Fregonese<br />
Diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa)<br />
14<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
Nas áreas portuárias aceleramos a capacidade de descarga,<br />
promovendo uma mudança radical e sensível,<br />
inclusive na estrutura de frete rodoferroviária.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 15
entrevista<br />
Revista Ferroviária – O Porto de Paranaguá vem atingindo<br />
recordes frequentes de movimentação de carga. Pode nos<br />
detalhar um pouco a evolução do porto nos últimos anos e as<br />
principais cargas movimentadas?<br />
Lourenço Fregonese – Em primeiro lugar, é importante<br />
destacar que o Porto de Paranaguá tem um perfil técnico<br />
muito ligado ao agronegócio, pois aproximadamente 70%<br />
da carga que chega ao Porto é agrícola e isso se coloca como<br />
item principal da pauta. Nos últimos sete anos, fizemos uma<br />
série de intervenções de forma planejada e ordenada para<br />
repotencializar a área do porto por meio de investimentos<br />
diretos. Focamos no cliente, olhamos o importador e o<br />
exportador e daí começamos a tomar providências. Hoje<br />
temos o melhor e mais estruturado pátio para caminhões<br />
da América Latina. Instalamos uma praça de pedágio totalmente<br />
automatizado, wi-fi disponível para o motorista, assim<br />
como um posto do Detran só para atendê-lo. Sabemos<br />
que o bom atendimento ao segmento de transporte facilita<br />
muito o trabalho. A partir daí iniciamos um processo para<br />
melhorar a carga e descarga dos caminhões. Em 2011, tínhamos<br />
filas e filas de veículos que por vezes chegavam a<br />
40 quilômetros, agora não se vê mais isso.<br />
RF – Quais foram os resultados dessas mudanças?<br />
LF – Nas áreas portuárias aceleramos a capacidade de descarga,<br />
promovendo uma mudança radical e sensível, inclusive<br />
na estrutura de frete rodoferroviária, que costumava<br />
embutir um preço maior por conta dos atrasos na descarga.<br />
Entretanto, não bastava descarregar mais rápido no armazém,<br />
era preciso carregar mais rápido os navios. Nossa<br />
equipe, então, mudou todas as regras de atracação do porto.<br />
Tínhamos regras e conceitos ultrapassados de mais de 30<br />
anos. Modernizamos as regras, facilitamos a compreensão,<br />
tornando-as mais inteligíveis, ao ponto de qualquer pessoa<br />
conseguir entender como funciona o porto. Geramos um<br />
índice de transparência e conseguimos ganhar parte da produtividade<br />
melhorando a forma de fazer as coisas. Criou-se,<br />
então, um processo de ganha a ganha, em que cada terminal,<br />
para não oferecer um serviço pior que o concorrente,<br />
passou a fazer ajustes. Todo mundo entrou num processo de<br />
sintonia que possibilitou uma série de recordes, pois conseguimos<br />
ter uma sinergia entre ações de planejamento do<br />
porto e desempenho dos terminais privados.<br />
RF – Qual foi a participação da ferrovia nesse processo de melhorias<br />
pelo qual o Porto de Paranaguá passou nos últimos anos?<br />
LF – Sem dúvida, com a chegada da Rumo, já houve mudanças.<br />
A concessionária investiu em melhorias dos ramais<br />
de chegada ao porto. Isso nos permitiu elevar sensivelmente<br />
a capacidade ferroviária, dar mais segurança, eliminar todos<br />
os acidentes – algo que era comum em Paranaguá, hoje não<br />
ouvimos falar disso. A segurança melhorou muito no aspecto<br />
ferroviário. O Porto de Paranaguá movimentou em 2017 quase<br />
50 milhões de toneladas, entre importação e exportação.<br />
Deste total, 80% das cargas foram transportadas pelo modal<br />
rodoviário. O trem responde por 20% do volume – cerca de 9<br />
milhões de toneladas. Mesmo que não tenha tido um crescimento<br />
significativo do volume de carga ferroviária no porto<br />
nos últimos anos e isso se deve também a uma limitação de<br />
capacidade de transporte da concessionária, eu sempre digo<br />
que a performance da descarga ferroviária melhorou muito, o<br />
que já é importante para atender com sincronismo a ferrovia.<br />
RF – Quais foram os investimentos que permitiram uma melhora<br />
na operação ferroviária dentro do Porto de Paranaguá?<br />
LF – Os investimentos de responsabilidade da Appa foram<br />
aplicados na parte interna, como no caso da moega ferroviária<br />
do porto. Uma coisa que fizemos que tornou-se sensível<br />
para a operação foi a disponibilização de uma área<br />
estratégica para a instalação de um ramal ferroviário no<br />
Terminal de Contêineres de Paranaguá, que hoje me arrisco<br />
a dizer que é o melhor ramal ferroviário de terminal de contêineres<br />
do país. Quem não era cliente de ferrovia passou<br />
a ter uma performance grande, pois hoje cerca de 15% de<br />
tudo que fazemos em contêineres já vêm por ferrovia. Isso<br />
é considerado bastante, porque antes era praticamente zero.<br />
RF – Os caminhões dominam o porto. Você acha que houve<br />
uma preferência da Appa por direcionar investimentos que<br />
beneficiassem o modal rodoviário?<br />
Disponibilizamos uma área estratégica para instalação de um<br />
ramal ferroviário no Terminal de Contêineres de Paranaguá.<br />
16<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
Não conseguimos tratar um país, que quer ser<br />
o celeiro do mundo, em cima de pneu.<br />
LF – Para o porto, onde a matriz de transporte se configura<br />
como 20% ferrovia e o resto (80%) caminhão, não havia a<br />
possibilidade de ficarmos esperando o aumento da capacidade<br />
de transporte ferroviário. Sabemos que investimentos<br />
em ferrovia são mais complexos até por conta de uma<br />
série de etapas exigidas, como licenciamento ambiental e<br />
captação de recursos. Pensamos: não podemos tratar mal<br />
o cliente se a ferrovia ainda não consegue atender a todos<br />
e, então, partimos para atender bem o caminhão. Isso<br />
foi uma opção porque não tínhamos outra alternativa. Ou<br />
fazíamos isso ou teríamos um porto congestionado. Dessa<br />
decisão para cá, instalamos pelo menos 10 tombadores<br />
novos de caminhões no porto, quando, na verdade, nosso<br />
desejo seria instalar tombadores de vagões ou moegas de<br />
vagão. Por uma questão de não conseguirmos avançar, partimos<br />
para atender o mercado da melhor forma possível.<br />
RF – O volume de cargas por ferrovia que chega ao Porto não<br />
chega nem perto do que é transportado via caminhão. Quais<br />
são as dificuldades que levam a esse baixo volume?<br />
LF – Temos no ramal que segue para o lado Noroeste<br />
e Norte do Paraná as regiões de Maringá e Londrina,<br />
onde basicamente faltam investimentos para o aumento<br />
da capacidade de transporte, já que aproximadamente 8<br />
milhões de toneladas vêm daquela região e, no caso da<br />
Serra do Mar, precisa de investimentos também vultuosos<br />
da Rumo para poder elevar o volume de mercadorias.<br />
Estamos falando de utilizar a Ferroeste, que é um<br />
ramal de 250 quilômetros, e conectá-la com o porto por<br />
uma nova ferrovia, por um novo acesso, que ultrapasse<br />
a Serra do Mar. A malha atual da Rumo, que dá acesso<br />
ao Porto, eu diria que é uma das grandes dificuldades<br />
hoje. Trata-se de uma ferrovia cuja engenharia é de 1880,<br />
época em que era aceitável um tráfego de 6, 7 km/hora,<br />
havia problemas de rampa e de curva. O mundo moderno<br />
não aceita mais isso. Eu digo que temos que elogiar o<br />
trabalho que se tem feito com as condições que se tem.<br />
No caso do setor Oeste do Paraná, próximo aos munícipios<br />
de Toledo e Cascavel, que é uma das zonas de<br />
maior produtividade do país, não temos ferrovia hoje.<br />
Temos um Procedimento de Manifestação de Interesse<br />
(PMI) para a implantação de trilhos naquela região, cuja<br />
demanda é de cerca de 15 milhões de toneladas que poderia<br />
ser colocar na ferrovia.<br />
RF – A proposta de construção de um novo ramal ferroviário, a<br />
Nova Ferroeste, para facilitar o escoamento da produção agrícola<br />
do Centro-Oeste brasileiro pelo Porto de Paranaguá, avança.<br />
Como esse projeto pode impactar o fluxo de carga no porto?<br />
LF – Veja só, já recebemos, aproximadamente, de 12 a<br />
13 milhões de toneladas de caminhão que vêm da região<br />
Oeste do Paraná. Então, de fato, a oportunidade que nós<br />
temos de desenvolver um outro ramal ferroviário no setor<br />
Oeste que pode se conectar com a concessão da Ferroeste<br />
que vai até Dourados, no Mato Grosso do Sul; aquilo<br />
que 40 anos atrás alguém pensou e podia parecer muito<br />
longe, hoje estamos falando só de problema ambiental e<br />
de capital. Quer dizer, eu não vejo como um problema e,<br />
sim, como um desafio, além de uma grande oportunidade.<br />
As duas dificuldades são tratar o problema ambiental e<br />
buscar os recursos para o financiamento, porque demanda<br />
tem. Porque qualquer ferrovia que você tenha capacidade<br />
de injeção de carga que seja de 10 a 15 milhões, você vai<br />
fazer contas e essas contas são boas, vão fechar. Principalmente,<br />
à luz do que, isso não traz só um problema de<br />
solução da carga de commoditie que seria regularidade<br />
do atendimento, mas traria um grande ganho para as vias;<br />
para as rodovias, porque hoje é praticamente um caminhão<br />
atrás do outro, é uma loucura.<br />
RF – O senhor acredita que poderá haver aumento da participação<br />
da ferrovia no Porto de Paranaguá com a implementação<br />
desse novo acesso, independente da Malha Sul da Rumo?<br />
LF – Olha, eu diria que com a construção da ferrovia no ramal<br />
Oeste e com a aplicação de melhorias no ramal Norte, podemos<br />
falar em elevar de 20% para 60, 70% essa participação.<br />
RF – Seria uma elevação significativa, então...<br />
LF – Inverteria a matriz de transporte no acesso ao porto.<br />
Porque, o que acontece? A maior parte dos destinos da<br />
nossa produção, commodities, por exemplo, estão a 600<br />
km daqui, que é o nosso cliente, entende? Então, a partir<br />
de 600 km, você colocar uma matriz de competitividade,<br />
caminhão, vagão, enfim, outros modais como pipeline,<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 17
entrevista<br />
enfim; você olha exatamente qual é o ponto de competitividade<br />
dos modais. E mais, insisto, não conseguimos<br />
tratar um país, que quer ser o celeiro do mundo, em cima<br />
de pneu. Eu não tenho nada contra, inclusive, acho que os<br />
caminhões são a salvação, mas hoje eles tiram a performance<br />
e a competitividade.<br />
RF – O senhor acredita que com o processo de renovação de<br />
concessão em negociação entre operadoras e ANTT, as dificuldades<br />
na malha existente de acesso ao Porto de Paranaguá<br />
poderão ser resolvidas?<br />
LF – Para essa malha se tornar competitiva, porque ela<br />
tem um problema de custeio, o investimento é muito alto,<br />
na medida em que os trilhos têm quase 200 anos. Então,<br />
essa ferrovia, esse ramal que está aí, só vai ter uma performance,<br />
e baixo custo e retornar capital, se ele de fato<br />
trabalhar com velocidades maiores, em condições melhores;<br />
não dá para falar em andar 600/700 km em cinco a<br />
oito dias, isso não existe. Então, em função disso que eu<br />
acredito que, na minha visão, não é a renovação do contrato,<br />
eu acredito que deveria ter uma licitação com uma<br />
concessão de 50 anos, no mínimo, ou 100 anos, aí eu acredito<br />
que as dificuldades serão superadas. Não se paga 10<br />
bilhões, ou 5 ou 8 bilhões em mais 20 anos. Não vai pagar,<br />
essa conta não fecha. Por exemplo, do lado de lá, a PMI<br />
que está se fazendo do outro lado, que seria para o ramal<br />
Oeste, a concessão é de, no mínimo, 70 anos.<br />
RF – Os chineses arremataram recentemente o Terminal de Contêineres<br />
de Paranaguá, o TCP. Como a Appa encara a chegada de<br />
estrangeiros ao porto? Como isso pode impactar a operação?<br />
LF – Encaramos com bastante otimismo. Esta empresa é a<br />
maior da China e uma das maiores do mundo atuando no setor.<br />
Acreditamos que a movimentação da TCP deve aumentar<br />
muito, gerando ainda mais emprego e renda para a cidade de<br />
Paranaguá, bem como investimentos na área portuária.<br />
RF – O senhor acredita que o fato de o TCP ter sido arrematado<br />
por uma empresa chinesa contribuiria para atrair investidores<br />
privados interessados na construção da nova Ferroeste?<br />
LF – É possível. Isso porque este projeto vai ao encontro<br />
da eficiência operacional e logística já demonstrada pelos<br />
chineses na operação portuária. E acredito, sim, que a entrada<br />
desta empresa atrairá novos investimentos privados<br />
para o projeto da Nova Ferroeste.<br />
RF – Há alguns terminais no Porto de Paranaguá que serão licitados<br />
em breve pelo governo federal. Quais são? Como está<br />
essa questão?<br />
LF – São dois terminais: PAR 01 e PAR 12, que são destinados<br />
à movimentação de veículos e de celulose. Trata-se<br />
de terminais para a movimentação de carga geral. O arrendamento<br />
do Terminal PAR 01 foi qualificado para compor o<br />
Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) durante a 2º<br />
Reunião do Conselho do PPI, realizada no dia 07 de março<br />
de 2017. A área do projeto, que será na modalidade arrendamento,<br />
caracteriza-se como greenfield de aproximadamente<br />
28 mil m² e está localizada na extremidade Oeste do Cais<br />
Comercial do Porto. Atualmente, o local conta com estruturas<br />
subutilizadas e sem produtividade operacional.<br />
RF – E o PAR 12?<br />
LF – O PAR 12 tem como objetivo a construção e operação<br />
de terminal portuário para movimentação de carga<br />
geral (veículos e suas partes) no porto. A área em que será<br />
instalado o arrendamento é caracterizada como greenfield<br />
de aproximadamente 170,2 mil m², localizada na retaguarda<br />
do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) – em<br />
área adjacente ao terminal arrendado à Volkswagen.<br />
RF – Qual á relevância da movimentação de papel e celulose<br />
no Porto de Paranaguá?<br />
LF – O Porto de Paranaguá está entre os cinco principais<br />
portos exportadores de papel e celulose do Brasil. As exportações<br />
dessas cargas são destinadas, principalmente,<br />
à China e o papel exportado tem origem nos estados do<br />
Paraná e Santa Catarina. Baseada em análises de demanda<br />
e capacidade, foram identificadas as necessidades de<br />
expansão de infraestrutura para superar déficits de movimentação<br />
dessas cargas.<br />
No setor Oeste do Paraná, próximo aos munícipios<br />
de Toledo e Cascavel, que é uma das zonas de maior<br />
produtividade do país, não temos ferrovia hoje.<br />
18<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
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é o compromisso da ViaQuatro,<br />
concessionária da Linha 4 – Amarela,<br />
para oferecer mobilidade a milhões<br />
de pessoas. O serviço de qualidade<br />
é reconhecido por mais de 90%<br />
de nossos clientes na Pesquisa<br />
de Satisfação de Usuários.
prêmio rf<br />
Após um período de avaliações,<br />
a Comissão Organizadora do<br />
Prêmio (COP) bateu o martelo<br />
para a lista definitiva com o nome<br />
das empresas concorrentes nas 24 categorias<br />
setoriais do Prêmio RF <strong>2018</strong>. A cerimônia de<br />
entrega do prêmio está marcada para o dia<br />
14 de junho, em São Paulo, e contará com<br />
a presença do Ferroviário do Ano de 2017,<br />
Geraldo Alckmin.<br />
A votação começou no dia 12 de abril. Os<br />
interessados em participar do Colégio Eleitoral<br />
podem enviar seu pedido por meio do site<br />
do prêmio. A COP analisa cada solicitação<br />
com base nos critérios do regulamento da<br />
premiação.<br />
Este ano foram criadas quatro novas<br />
categorias: Melhor Operadora Logística;<br />
Melhor Operadora com Investimento em<br />
Preservação Ferroviária; Melhor Fabricante<br />
de Rodas, Eixos, Truques, Rolamentos, Freios<br />
e Sistemas de Choque e Tração; e Melhor<br />
Fabricante de Motores, Partes & Peças,<br />
Acessórios e Componentes Eletrônicos.<br />
Que vençam os<br />
melhores!<br />
Bruna Nishihata<br />
CATEGORIA I:<br />
Melhor Operadora<br />
de Carga<br />
Concorrem<br />
ESTRADA DE FERRO CARAJÁS – EFC<br />
ESTRADA DE FERRO TROMBETAS - EFT<br />
ESTRADA DE FERRO VITÓRIA MINAS – EFVM<br />
FERROESTE – PARANÁ<br />
FERROVIA CENTRO ATLÂNTICA – FCA<br />
FERROVIA NORTE SUL – FNS<br />
FERROVIA TEREZA CRISTINA – FTC<br />
MRS LOGÍSTICA<br />
RUMO MALHA NORTE E PAULISTA<br />
RUMO MALHA SUL E OESTE<br />
TRANSNORDESTINA<br />
Votam<br />
CLIENTES<br />
FORNECEDORES<br />
CATEGORIA II:<br />
Melhor Operadora<br />
de Sistema Metroviário<br />
Concorrem<br />
CCR METRÔ BAHIA<br />
METRÔ RIO<br />
METRÔ SP<br />
METRÔ DF<br />
VIAQUATRO – SP<br />
Votam<br />
FORNECEDORES<br />
CATEGORIA III:<br />
Melhor Operadora<br />
de Sistema Metropolitano<br />
Concorrem<br />
CBTU – METRÔ BH<br />
CBTU – METROREC<br />
CMTP – TERESINA<br />
CPTM – COMPANHIA PAULISTA DE<br />
TRENS METROPOLITANOS<br />
CTB – BAHIA<br />
METROFOR<br />
SUPERVIA – RJ<br />
TRENSURB – RS<br />
Votam<br />
FORNECEDORES<br />
CATEGORIA IV:<br />
Melhor Operadora de VLT<br />
Concorrem<br />
VLT BAIXADA SANTISTA<br />
VLT CARIOCA<br />
VLT CARIRI - CE<br />
VLT JOÃO PESSOA/CBTU<br />
VLT MACEIÓ/CBTU<br />
VLT NATAL/CBTU<br />
VLT SOBRAL – CE<br />
Votam<br />
FORNECEDORES<br />
CATEGORIA V:<br />
Melhor Operadora Logística<br />
Concorrem<br />
BRADO LOGÍSTICA<br />
CONTRAIL LOGÍSTICA<br />
MRS LOGÍSTICA<br />
TORA LOGÍSTICA<br />
VLI<br />
Votam<br />
CLIENTES<br />
CATEGORIA VI:<br />
Melhor Cliente<br />
Concorrem<br />
ADM DO BRASIL<br />
AGREX DO BRASIL<br />
AGROVIA<br />
ALGAR<br />
AMAGGI<br />
ANGLO AMERICAN<br />
ARCELORMITTAL<br />
20<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
BUNGE<br />
CANTAGALO GENERAL GRAIN – CGG<br />
CARAMURU<br />
CARGILL<br />
CBA<br />
CIMENTO HOLCIM<br />
CIMENTO TUPI<br />
COPERSUCAR<br />
CSN<br />
FIBRIA<br />
GERDAU<br />
IPIRANGA<br />
KLABIN<br />
LOUIS DREYFUS<br />
PETROBRÁS<br />
RAÍZEN<br />
SUZANO<br />
USIMINAS<br />
VOTORANTIN<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORES LOGÍSTICO<br />
CATEGORIA VII:<br />
Melhor Fabricante<br />
de Material<br />
Rodante Passageiros<br />
Concorrem<br />
ALSTOM<br />
ANSALDO-HITACHI<br />
BOMBARDIER<br />
BOM SINAL<br />
CAF<br />
CRRC<br />
HYUNDAI-ROTEM<br />
SCOMI<br />
TEMOINSA<br />
T`TRANS<br />
VOSSLOH<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA VIII:<br />
Melhor Fabricante<br />
de Material Rodante -<br />
Locomotivas<br />
Concorrem<br />
GE TRANSPORTATION<br />
LOCOFER<br />
PROGRESS RAIL<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
CATEGORIA IX:<br />
Melhor Fabricante de<br />
Material Rodante - Vagões<br />
Concorrem<br />
GREENBRIER MAXION<br />
RANDON<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
CATEGORIA X:<br />
Melhor Fabricante<br />
de Equipamentos de<br />
Construção, Manutenção<br />
e Componentes para<br />
Via Permanente<br />
Concorrem<br />
BRASTAN<br />
EMPRETEC<br />
GEISMAR DO BRASIL<br />
GERB DO BRASIL<br />
HARSCO RAIL<br />
LORAM<br />
MATISA<br />
METISA<br />
PANDROL SOUTH AMERICA<br />
PLASSER<br />
ROBEL<br />
SPENO
prêmio rf<br />
SUPER METAL<br />
TEMPO OPERAÇÕES INDUSTRIAIS<br />
THERMIT<br />
VIA PERMANENTE<br />
VIBTECH<br />
VOESTALPINE - VAE<br />
VOSSLOH<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XI:<br />
Melhor Fabricante<br />
de Dormentes<br />
Concorrem<br />
CAVAN<br />
CONPREM<br />
DORBRÁS<br />
DURON<br />
EMPAC<br />
ESTÂNCIA DOS DORMENTES<br />
HIDREMEC<br />
MABA ECOLYNE<br />
PREMA<br />
SERRARIA MOHR<br />
SERRARIA SANTA RITA<br />
WISEWOOD<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XII:<br />
Melhor Fabricante<br />
de Sistemas e Produtos -<br />
Sinalização, Controle<br />
e Telecomunicações<br />
Concorrem<br />
ABB<br />
ALSTOM<br />
ANSALDO-HITACHI<br />
BARCO<br />
BOMBARDIER<br />
BOSLOOPER TECNOLOGIA FERROVIÁRIA<br />
EFACEC DO BRASIL<br />
FRAUSCHER<br />
FREQUENTIS<br />
HUAWEI BRASIL<br />
KAPSCH<br />
LAIRD<br />
MOTOROLA SOLUTIONS<br />
MOXA<br />
NIPPON SIGNAL<br />
RAD DO BRASIL<br />
SIEMENS<br />
THALES GROUP<br />
WABTEC<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XIII:<br />
Melhor Fabricante<br />
de Sistemas e Produtos -<br />
Alimentação Elétrica,<br />
Rede Aérea e Auxiliares<br />
Concorrem<br />
COBRESUL<br />
COFIBAM<br />
CORUS<br />
FAIVELEY<br />
HUBER+SUHNER<br />
KNORR BREMSE<br />
MARFEQ<br />
NEXANS<br />
PRYSMIAN GROUP<br />
SECHERON<br />
SIEMENS<br />
SNEF BRASIL<br />
TERMOMECANICA<br />
VINCI ENERGIES<br />
VOITH<br />
WEG<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XIV:<br />
Melhor Fabricante de<br />
Rodas, Eixos, Truques,<br />
Rolamentos , Freios<br />
e Sistemas de<br />
Choque e Tração<br />
Concorrem<br />
AÇOFORJA<br />
AMSTED RAIL<br />
AMSTEDMAXION<br />
CRUZAÇO<br />
FAG - SCHAEFFLER<br />
FRAS-LE<br />
HEWITT EQUIPAMENTOS<br />
MWL<br />
NSK BRASIL<br />
SKF<br />
TIMKEN<br />
VALLOUREC<br />
VILLARES METALS<br />
WABTEC<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XV:<br />
Melhor Fabricante<br />
de Sistemas de Bilhetagem<br />
e Controle de Acesso<br />
Concorrem<br />
AES AUTOMAÇÃO E SISTEMAS<br />
DATAPROM<br />
DIGICON<br />
EMPRESA 1<br />
FUGITEC<br />
MAGNETIC AUTOCONTROL<br />
PERTO<br />
PRODATA<br />
RDA TECNOLOGIA<br />
TACOM<br />
WOLPAC<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XVI:<br />
Melhor Criador de TI<br />
Concorrem<br />
ALIANSA BRASIL<br />
ART - ALTA RAIL TECH<br />
CFLEX<br />
DAIKEN<br />
DM SISTEMAS<br />
ELIPSE SOFTWARE<br />
G3 TECK<br />
GE<br />
GEOAMBIENTE<br />
MASSA PESAGEM<br />
MOTOROLA SOLUTIONS<br />
MOXA<br />
ONIX SAT<br />
RRS SOFTWARE<br />
SYSPAC<br />
T’TRANS<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XVII:<br />
Melhor Fornecedor<br />
de Vidros, Poltronas,<br />
Ar Condicionado, Janelas,<br />
Portas, Gangways e demais<br />
Componentes para Veículos<br />
de Passageiros e Carga<br />
Concorrem<br />
ASTRA ABC<br />
BITZER<br />
EUROAR<br />
FAIVELEY<br />
FINDER COMPONENTES<br />
HUBNER<br />
HUSK<br />
IBAYO CLK<br />
KNORR-BREMSE<br />
NSK BRASIL<br />
SCHUNK DO BRASIL<br />
SKF<br />
22<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
A INFRAESTRUTURA QUE O GRUPO CCR JÁ LEVA<br />
PARA O BRASIL CHEGOU TAMBÉM À BAHIA.<br />
E CHEGOU RÁPIDO: DE METRÔ.<br />
É uma grande satisfação para a CCR Metrô Bahia, concessionária responsável pela construção e operação do Sistema<br />
Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas ajudar a mudar a vida de milhares de pessoas. A implantação do terceiro<br />
maior projeto de trem urbano do Brasil promove o desenvolvimento socioeconômico e a melhoria da qualidade de vida da<br />
população baiana e confirma o compromisso do Grupo CCR em promover o desenvolvimento da infraestrutura do Brasil.<br />
GrupoCCROficial<br />
GrupoCCROficial<br />
CCR S.A.<br />
www.grupoccr.com.br<br />
É por aqui que você chega lá.
prêmio rf<br />
STEMMANN<br />
TECHBUS<br />
TEMOINSA<br />
VITROTEC<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XVIII:<br />
Melhor Construtora<br />
de Infraestrutura para<br />
Sistema Metroferroviário<br />
Concorrem<br />
ANDRADE GUTIERREZ<br />
CAMARGO CORRÊA<br />
CARIOCA<br />
COMSA S A<br />
CONSTRAN<br />
CONSTRUCAP<br />
CONSTRUTORA FERREIRA GUEDES -<br />
GRUPO AGIS<br />
COWAN<br />
CR ALMEIDA<br />
GALVÃO ENGENHARIA<br />
MENDES JÚNIOR<br />
OAS<br />
ODEBRECHT<br />
PELICANO<br />
PRUMO ENGENHARIA<br />
QUEIROZ GALVÃO<br />
S.A. PAULISTA<br />
SERVENG-CIVILSAN<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XIX<br />
Melhor Construtora<br />
de Superestrutura de<br />
Via Permanente<br />
Concorrem<br />
ACA BRASIL<br />
ALBERONI e ARRUDA<br />
AZVI BRASIL<br />
BRICK ENGENHARIA<br />
CONSBEM<br />
CONSTRUTORA MONTEIRO DE CASTRO - CMCSA<br />
EMPA<br />
ENGECOM<br />
ENGEFEL<br />
HELENO & FONSECA<br />
J FONSECA<br />
NEOPUL<br />
PELICANO CONSTRUÇÕES<br />
PRUMO ENGENHARIA<br />
SOMAFEL<br />
SOMAGUE<br />
SPA VIAS<br />
TIISA S.A.<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XX:<br />
Melhor Representante<br />
Metroferroviário<br />
(Bens & Serviços)<br />
Concorrem<br />
AMDS4<br />
BOSLOOPER TECNOLOGIA FERROVIÁRIA<br />
BR RAILPARTS<br />
CISA TRADING<br />
CM EQUIPAMENTOS<br />
COMEXPORT<br />
CONQUEST<br />
CST SENSORS<br />
DAG RAILWAY<br />
EMME 2<br />
IMEXBRA<br />
LANFRANCO<br />
PRISMA 21<br />
SUMITOMO<br />
VIA PERMANENTE<br />
WINCO<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XXI:<br />
Melhor Consultora<br />
Concorrem<br />
CERTIFER<br />
EDLP<br />
EGIS<br />
ENGECOM<br />
EPC ENGENHARIA<br />
HG CONSULTORIA<br />
IM ENGENHARIA<br />
JM SOUTO<br />
LABTRANS<br />
MONTOYA ALVES<br />
POYRY<br />
PROGEN<br />
QUAD-LOG<br />
SENER/SETEPLA<br />
SISTRAN<br />
SYSFER<br />
SYSTRA<br />
TÜV SÜD<br />
URBANIZA ENGENHARIA<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
CATEGORIA XXII:<br />
Melhor Instituição<br />
de Ensino<br />
Concorrem<br />
CEPEFER<br />
COPPE<br />
E.T. SILVA FREIRE - RJ<br />
ESCOLA JAMES STEWART - CPTM/SENAI<br />
IFET SANTOS DUMONT - MG<br />
INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA - IMT<br />
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA - IMERJ<br />
PUC MINAS<br />
SENAI - JUIZ DE FORA<br />
UFMG<br />
UFRJ<br />
UFSC<br />
UNICAMP<br />
UNIP<br />
USP - ESCOLA POLITÉCNICA<br />
Votam<br />
FABRICANTES<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
FORNECEDORES<br />
CATEGORIA XXIII:<br />
Melhor Operadora<br />
com Investimento em<br />
Preservação Ferroviária<br />
Concorrem<br />
ESTRADA DE FERRO CARAJÁS – EFC<br />
ESTRADA DE FERRO VITÓRIA MINAS – EFVM<br />
FERROESTE – PARANÁ<br />
FERROVIA TEREZA CRISTINA – FTC<br />
MRS LOGÍSTICA<br />
RUMO MALHA NORTE E PAULISTA<br />
RUMO MALHA SUL E OESTE<br />
TRANSNORDESTINA<br />
VLI<br />
Votam<br />
ASSOCIAÇÕES<br />
CATEGORIA XXIV:<br />
Melhor Fabricante<br />
de Motores, Partes &<br />
Peças, Acessórios e<br />
Componentes Eletrônicos<br />
Concorrem<br />
A.C. CORRÊA<br />
CUMMINS<br />
MANSER<br />
MTU<br />
SAFT BATERIAS<br />
VOITH<br />
WEG<br />
WYMA TECNOLOGIA<br />
Votam<br />
OPERADORAS DE CARGA<br />
OPERADORAS DE METRÔS<br />
OPERADORAS DE SISTEMAS METROPOLITANOS<br />
OPERADORAS DE VLT<br />
24<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
Com os melhores dormentes de aço do<br />
mundo não existem distâncias para o progresso.<br />
Tecnologia e sustentabilidade rumo a um futuro ainda mais promissor.<br />
$ $$<br />
$<br />
Menor custo no assentamento<br />
Economia de 20% de brita por km<br />
Saving 20% of gravel per km<br />
A utilização dos dormentes<br />
de aço nas ferrovias<br />
apresenta vantagens<br />
econômicas, operacionais<br />
e ecológicas em relação aos<br />
de madeira e de concreto.<br />
1 km de dormentes<br />
de madeira<br />
337<br />
árvores<br />
Combate o desmatamento<br />
Rapidez na manutenção<br />
Maior produtividade<br />
VALE - EFVM -<br />
Estrada de Ferro Vitória Minas<br />
MRS - Cremalheira de Santos<br />
VLI - Contorno Ferroviário<br />
de Belo Horizonte<br />
RUMO - Malha Paulista<br />
Av. Vale do Rio Doce, 701, Galpão H, Itacibá, Cariacica/ES - Brasil CEP.:29150-060<br />
+55 (27) 3212-6600 - dormentes@hidremec.com.br www.hidremec.com.br
diário de bordo<br />
Por dentro da manutenção<br />
Equipe da RF acompanhou a troca de jacaré num trecho da Linha 9-Esmeralda, da CPTM<br />
Por Alessandro da Mata<br />
Émanhã de domingo típico de verão. Centenas de<br />
frequentadores do Parque Villa Lobos, na Zona<br />
Oeste de São Paulo, chegam à entrada principal<br />
da área de lazer. Uma parte se aproxima pela ciclovia<br />
às margens do Rio Pinheiros. Outra vem da estação<br />
de trem próxima ao parque. É esse o cenário que encontramos<br />
ao chegar em um trecho da Linha 9-Esmeralda, em<br />
dia programado pela CPTM para ajustes na via.<br />
Chegamos de carro. Às 9 horas, o sol começa a dar as<br />
caras. O termômetro marca 27 graus. À procura de um<br />
lugar para estacionar, o celular da reportagem toca. É o supervisor<br />
geral de manutenção da CPTM, Martinho Gomes<br />
Vieira, de 66 anos. Ele está com pressa e quer antecipar a<br />
visita a pé junto aos trilhos. Uma equipe especializada já<br />
estava trabalhando nos ajustes do trecho que visitaríamos<br />
em breve. A ideia era acompanhar a troca de um jacaré,<br />
componente de Aparelho de Mudança de Via (AMV), que<br />
nada mais é do que uma placa com trilhos bifurcada, que<br />
permite a mudança de via pelas composições. Seu formato<br />
e dimensões lembram mesmo a espécie de crocodilo.<br />
Detalhe: a Linha 9-Esmeralda não pode parar. Ela atende<br />
568 mil passageiros diários. Liga Osasco ao Grajaú e é<br />
a segunda mais movimentada da companhia. Durante o<br />
conserto, os trens ficam restritos à movimentação de ida e<br />
volta por única estrutura férrea.<br />
As tratativas para a substituição da peça começaram há<br />
pelo menos 60 dias, em meio à Conserva Cíclica Programada<br />
(CCP). Trata-se do plano preventivo e minucioso<br />
de levantamento das necessidades e disponibilidades de<br />
pessoal, material e serviços para as vias permanentes da<br />
companhia. Como previsto nele, todos os dias os técnicos<br />
de manutenção percorrem de três a cinco quilômetros, a<br />
pé, lado a lado com a ferrovia. Em inspeções visuais, eles<br />
checam o estado dos dormentes, dos grampos de fixação,<br />
das bitolas, entre outros tantos componentes do sistema.<br />
Os olhares dos técnicos estão focados na ocorrência de<br />
trechos corroídos, quebrados e tortos, capazes de provocar<br />
ruídos, prejudicar a estabilidade, diminuir a velocidade de<br />
circulação dos trens ou até mesmo causar uma séria intercorrência<br />
de segurança. Esse trabalho de controle também<br />
conta com a ajuda da tecnologia de equipamentos. Mas,<br />
segundo Martinho, o olhar humano ainda é decisivo para<br />
a boa manutenção da Linha 9-Esmeralda. Com 31,8 quilômetros<br />
de extensão, ela atende a variadas classes sociais.<br />
Passa por bairros cheios de contrastes: da elite às comunidades<br />
carentes de São Paulo e Osasco.<br />
Operários da TS<br />
Manutenção, contratada<br />
pela CPTM para o suporte<br />
nas vias permanentes<br />
Fotos: Alessandro da Mata
“Revisamos tudo em nosso<br />
trabalho no dia a dia. Fazemos<br />
uma varredura. Os ajustes<br />
quase não ocorrem durante a<br />
semana. Usamos mais as madrugadas.<br />
De sábado para domingo,<br />
trabalhamos das 21h<br />
às 4h. Nos domingos, trabalhamos<br />
ainda quase que o dia<br />
todo, e é por isso que os trens<br />
chegam a intervalos de até 30<br />
minutos”, explica o supervisor geral. É o nosso primeiro<br />
contato tête-à-tête. Nos encontramos em um pequeno estacionamento<br />
para carros dos funcionários da CPTM, em<br />
uma área coligada à estação. Por uma escada, chegamos<br />
ao piso superior, com acesso às catracas.<br />
Começando a jornada<br />
Para definir o dia da troca do jacaré, entre outros ajustes<br />
nos trilhos, Martinho aciona alguns departamentos da<br />
operadora. Em geral, o Almoxarifado, Compras e o Centro<br />
de Controle de Operações, que dá o aval para o conserto<br />
em razão da demanda estimada de passageiros. Já são 26<br />
anos de CPTM e mais 15 na extinta Fepasa, empresa que<br />
respondia anteriormente pela chamada Linha Sul. A dinâmica<br />
de serviço é bem conhecida. O supervisor é técnico<br />
de agrimensura. Ele é capaz de medir e demarcar terras,<br />
fazer levantamentos topográficos e assim dar subsídios<br />
(informações) para projetos arquitetônicos e urbanísticos.<br />
“Para ampliar os conhecimentos, estou estudando engenharia<br />
civil”, conta Martinho, que não vê problema em<br />
estar na faculdade na terceira idade.<br />
Sob supervisão de Martinho, os funcionários da CPTM<br />
trazem as peças (utilizadas nos ajustes dos trilhos) da estação<br />
Presidente Altino, a cerca de meia hora de distância<br />
da estação Villa-Lobos. Eles saíram às 7h30 da base do<br />
setor de manutenção da Linha 9, em um caminhão de linha<br />
(veículo rodoferroviário). O grupo recebe pagamento<br />
de horas extras, pois as atividades costumam levar entre<br />
9 e 12 horas nos domingos. Mas para reduzir custos, as<br />
práticas mais pesadas de substituições nas vias são feitas<br />
por prestadores de serviços terceirizados, há alguns anos.<br />
A decisão do alto comando da companhia causa certo<br />
incômodo – a área de manutenção da operadora perdeu<br />
67 funcionários em 2016, conforme o último Relatório de<br />
Administração publicado no site da CPTM. Ainda assim,<br />
o líder do setor age com resiliência e reforça o respeito<br />
Trem da Linha 9-Esmeralda tem velocidade limitada a 70 km/h<br />
durante manutenção da via próxima à estação Villa-Lobos<br />
à hierarquia. O largo conhecimento<br />
do sistema como um<br />
todo, das decisões políticas às<br />
técnicas, faz com que ele coordene<br />
também os consertos na<br />
Linha 8-Diamante, entre as estações<br />
Júlio Prestes e Itapevi.<br />
Às 10h, descemos escadas e<br />
chegamos à passarela de embarque.<br />
Há poucos passageiros<br />
e um intervalo de 30 minutos<br />
entre os trens. Os sinais de cansaço e impaciência do público<br />
são evidentes. Existem pessoas com corpos inclinados<br />
para frente nos bancos. Alguns estão com as mãos<br />
segurando o queixo. A operação do sistema de transporte<br />
sobre trilhos privilegia a lógica da rotina de trabalho, durante<br />
a semana. Aos finais de semana, há a manutenção<br />
e o público, em geral com menos compromissos e sem<br />
horário apertado, precisa esperar mais.<br />
Ainda na passarela de embarque, direcionamos os olhares<br />
para um ponto de apoio para consertos de bicicletas<br />
junto à estação Villa-Lobos. Descobrimos, então, que a<br />
relação da equipe de manutenção da CPTM com os donos<br />
das “magrelas” não é lá muito prazerosa. “Para nos deslocarmos<br />
de uma estação à outra de forma ágil, com nossos<br />
equipamentos pesados, muitas vezes vamos de carro pela<br />
ciclovia. O nosso tempo geralmente é curto. Sempre foi<br />
assim antes de criarem a via para os ciclistas. Infelizmente<br />
isso causa um impacto negativo no nosso trabalho”, comenta<br />
Martinho. Logo ele desce da passarela de embarque,<br />
passa por uma portinhola e uma escada, cruza a via<br />
férrea e se desloca até um carro de apoio, que está próximo<br />
à área de consertos das bicicletas.<br />
O supervisor age de forma breve e retorna com uma caixa.<br />
Nela estão os itens obrigatórios de segurança para chegarmos<br />
às linhas. O portão frágil, já sem cadeado, e uma<br />
placa destacando o perigo ainda separam a reportagem da<br />
Revista Ferroviária da escada para o acesso aos trilhos. Há<br />
um segurança também no entorno, munido de cassetete.<br />
Segurança na via<br />
Com um par de botas, colete amarelo e capacete,<br />
partimos às 10h20 para a caminhada bem ao lado das<br />
vias permanentes. Uma delas está fechada e os trens<br />
obedecem a um revezamento. Ora sentido Osasco, ora<br />
sentido Grajaú. O ponto exato da troca do jacaré – que<br />
leva cerca de uma hora – está a 500 metros da estação,<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 27
diário de bordo<br />
no sentido da Companhia de Entrepostos e Armazéns<br />
Gerais de São Paulo (Ceagesp).<br />
Pelo caminho, há rastros da história: dormentes de concreto<br />
com a inscrição Fepasa. Eles são mais resistentes.<br />
Mas existem também os de madeira. “Isso é importante na<br />
inspeção: avaliar os dormentes. Quando eles são de madeira<br />
ruim, isso influencia muito. Não dão fixação. Em<br />
média duram dois anos. O certo seria termos só os de concreto,<br />
que duram 50 anos. Mas eles são bem mais caros”,<br />
diz Martinho, que percebe pouco à frente de seus pés um<br />
grampo de fixação todo amassado. Um item para trocar.<br />
Às 10h40, chegamos ao ponto exato da substituição dos<br />
trilhos. À direita da via notam-se três veículos da TS Manutenção:<br />
um pequeno caminhão, uma Van e uma Kombi.<br />
Há cerca de 20 funcionários da empresa contratada<br />
de apoio. Gente de origem humilde, disposta a enfrentar<br />
um trabalho cansativo, boa parte braçal – há que carregar<br />
muitos pedaços de trilhos. A maioria mal completou o ensino<br />
fundamental. Tem a pele judiada pelo sol, apesar das<br />
luvas, das roupas de mangas compridas, das botas quase<br />
no joelho. Alguns improvisam lenços ou máscaras para<br />
proteger o pescoço e a face. Usam protetores auriculares.<br />
As cores predominantes do vestuário são o amarelo, a fim<br />
de se sobressair aos olhos de quem acompanha o processo.<br />
Há também o cinza, mais próximo da sujeira vinculada às<br />
estruturas férreas. Cores escolhidas de maneira estratégica<br />
para a preservação da vida e dos uniformes.<br />
De repente, mudamos de foco: um trem passava pela<br />
via ao lado. Nesse momento, Martinho traz uma informação<br />
importante: “A melhor temperatura climática para<br />
fazer esse trabalho de troca de jacaré e instalação dos<br />
trilhos é entre 25 e 32 graus. Mas é raro a gente conseguir<br />
isso. Muito calor faz o trilho crescer (expandir) e<br />
flambar (dobrar, podendo provocar<br />
balanços ou até mesmo um<br />
descarrilamento). Geralmente,<br />
isso não chega a causar uma<br />
interdição ou um acidente, pois<br />
nos trechos mais curvos e perigosos,<br />
diminui-se a velocidade.<br />
O horário de pico em relação às<br />
altas temperaturas é entre 15h e<br />
16h, quando os trilhos já estão<br />
fervendo. Então, os maquinistas<br />
devem tomar mais cuidado”.<br />
Os operários da TS Manutenção<br />
vão de um lado para o outro.<br />
28<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong><br />
O supervisor Martinho Vieira destaca o trecho<br />
corroído e quebrado da linha férrea<br />
Eles usam caixas com ferramentas diversas: marretas,<br />
garfos, rebarbadoras, socas, trenas, tenaz, carrinhos de<br />
mão, tirefonadoras e máquinas rotativas com discos. Uns<br />
“cortam” trechos dos trilhos que serão substituídos. Outros<br />
já entram com as peças novas. Uns parafusam, alguns<br />
lixam, outros limpam os dormentes, soldam ou fazem os<br />
acabamentos. Vez ou outra os equipamentos ficam espalhados<br />
paralelamente à via, bem como as partes dos trilhos<br />
danificados. O supervisor de manutenção alerta para um<br />
pedaço de ferro recém-queimado deixado ao lado dos trilhos.<br />
Após 50 minutos de reparos, já é possível um trem<br />
reutilizar o trecho.<br />
Martinho continua observando tudo atentamente. Em<br />
meio à conversa, lembra de um dos pontos mais difíceis<br />
para quem trabalha na manutenção da Linha 9-Esmeralda,<br />
da CPTM. É o quilômetro 21 da linha, em Carapicuíba. Os<br />
moradores da Favela do Moinho, nas imediações, pulam<br />
os muros, paredões da CPTM que não chegam a três metros<br />
de altura. Há fios e canos para ligações clandestinas<br />
de luz e água por baixo e pelas laterais mais próximas<br />
às vias permanentes. “Há uma certa resistência de alguns<br />
moradores em relação ao trabalho de manutenção. Eles temem<br />
que a gente danifique os ‘gatos’ deles. Ameaçam os<br />
operários. Os seguranças não dão conta. O nosso trabalho<br />
atrasa. Isso prejudica os passageiros”, reclama o supervisor<br />
de manutenção.<br />
As reclamações dos usuários quanto a paralisações e<br />
atrasos de trens são constantes em São Paulo. E os motivos<br />
que levam isso acontecer são diversos. Há trens antigos<br />
com freios ultrapassados do ponto de vista tecnológico<br />
e, por isso, precisam operar com velocidade reduzida.<br />
As falhas de energia elétrica e dos sistemas eletrônicos<br />
de comandos também contribuem. Bem como os impedimentos<br />
para os fechamentos<br />
de portas, principalmente em<br />
função das superlotações. Além<br />
da falta de áreas de escape para<br />
consertos na via, dificuldades envolvendo<br />
contratos de manutenção<br />
com terceirizadas, em razão<br />
de recursos financeiros restritos<br />
ou indisponíveis.<br />
Pessoas correndo atrás de<br />
pipas e balões, furtos de fios<br />
de cobre e esconderijos de pertences<br />
e drogas ao longo da via<br />
permanente são outros fatores
diário de bordo<br />
que prejudicam os trabalhos de<br />
manutenção. Cachorros, capivaras<br />
e urubus são recorrentes nas estruturas<br />
férreas que servem aos trens,<br />
dada a proximidade com vias rodoviárias<br />
e rios, e a falta de trechos<br />
com muros cercando as ferrovias.<br />
Retirar os animais, vivos ou mortos,<br />
é um desafio. Existem outras<br />
situações inusitadas.<br />
“Já aconteceu também de material<br />
de limpeza usado nas estações<br />
cair sobre os trilhos e oxidá-los.<br />
Tivemos que trocar. Mas o que<br />
mais impacta para os passageiros é<br />
a falta de energia”, pontua Martinho,<br />
sem querer entrar nos episódios<br />
mais complexos. Uma outra<br />
equipe cuida dos reparos na rede<br />
elétrica, conforme uma agenda ou<br />
casos emergenciais, que podem<br />
ocorrer em função de temporais e<br />
raios, defeitos técnicos, da vida útil<br />
das peças, das equipes disponíveis,<br />
entre outras tantas razões.<br />
Troca do jacaré<br />
São 11h e a temperatura está nos<br />
30 graus. Por sorte, a umidade do<br />
ar não está baixa e as nuvens vez<br />
ou outra encobrem o sol. Os operários<br />
seguem retirando e colocando<br />
vários trechos de trilhos. Eles suam<br />
muito. Enfim, pegam o jacaré, o<br />
componente de Aparelho de Mudança<br />
de Via (AMV) que permite<br />
aos trens mover-se de uma via para<br />
outra. Essa tem uma cor diferente<br />
das habituais usadas nas estruturas<br />
férreas. Num universo onde tudo é<br />
acinzentado ou o tem o tom cobre,<br />
um item verde chama a atenção.<br />
O jacaré é em geral uma peça de<br />
aço fundido ou de trilhos comuns<br />
cortados, usinados, aparafusados e<br />
cravados a uma chapa de aço que<br />
se assenta no lastro. Ele também é<br />
Licitações adiadas<br />
Há uma polêmica no ar envolvendo<br />
processos de licitações na área de manutenção<br />
de via permanente da CPTM. Foi<br />
adiada pela operadora em março a concorrência<br />
que iria definir a empresa encarregada<br />
da manutenção preventiva das<br />
linhas 7-Rubi e 10-Turquesa. A companhia<br />
alega que o adiamento aconteceu em função<br />
da necessidade de análises técnicas<br />
de alguns pontos do edital questionados<br />
pelas empresas interessadas no certame.<br />
A expectativa da CPTM é que o processo<br />
seja retomado (ou seja, o edital seja republicado)<br />
no fim de abril.<br />
O contrato de manutenção da via<br />
permanente das linhas 7-Rubi e 10-Turquesa<br />
com a Construtora Ferreira Guedes<br />
S.A. foi encerrado em agosto de<br />
2017. CPTM e a empresa não conseguiram<br />
chegar a um acordo para prorrogar<br />
por mais um ano o serviço. De<br />
acordo com informações contidas no<br />
Diário Oficial, houve divergências em relação<br />
a ajustes financeiros do contrato. A<br />
equipe de manutenção da CPTM assumiu<br />
os trabalhos nas linhas em caráter provisório,<br />
de acordo com nota da própria<br />
companhia. O processo de licitação teve<br />
início em outubro do ano passado, quando<br />
foi lançado o edital para a contratação das<br />
empresas responsáveis pela manutenção<br />
das duas linhas.<br />
Já a TS Manutenção, à frente das Linhas<br />
8-Diamante, 9-Esmeralda, 11-Coral<br />
e 12-Safira, teve autorizado em outubro<br />
de 2017 um acréscimo no contrato de R$<br />
24 milhões para prorrogar os serviços por<br />
pelo menos até maio deste ano. A empresa<br />
pertence a um consórcio formado pela<br />
Trail Infraestrutura – incumbida também<br />
da manutenção de trechos de linha da<br />
MRS – e a Spavias Engenharia. Ambos os<br />
contratos firmados há mais de quatro anos<br />
com a TS Manutenção e com a Construtora<br />
Ferreira Guedes S.A. previam a possibilidade<br />
de prorrogação de curto prazo, justamente<br />
para cobrir o período de trâmites<br />
legais desde o lançamento de edital até a<br />
assinatura de um novo contrato.<br />
Conforme os editais lançados no fim de<br />
2017, as empresas vencedoras devem assumir<br />
a manutenção preventiva e corretiva,<br />
o fornecimento de materiais, equipamentos<br />
e insumos para as vias permanentes das<br />
linhas da CPTM. As contratadas ficarão<br />
incumbidas das trocas de aparelhos de<br />
mudança de via (AMVs), inspeção das vias,<br />
contenção e recuperação de taludes, limpeza<br />
e conservação da faixa, manutenção e<br />
conservação dos dispositivos de drenagem<br />
e obras de arte, serviços de regularização da<br />
geometria das vias, adequação de pisos das<br />
passagens de nível, substituição de trilhos,<br />
dormentes e fixações, além da substituição<br />
e limpeza de lastro. Para a contratação das<br />
empresas terceirizadas, a CPTM estabeleceu<br />
o pagamento de aproximadamente R$<br />
790 milhões ao longo do próximo ciclo de<br />
quatro anos.<br />
Entenda o caso<br />
Em março, o Ministério Público de São<br />
Paulo abriu inquérito civil para investigar<br />
suposta falta de manutenção e riscos de<br />
acidentes na Linha 10-Turquesa. Segundo<br />
a promotoria, entre as estações Capuava<br />
e Mauá, ambas na mesma cidade, o trem<br />
reduz a velocidade de 90 km/h para 20<br />
km/h porque o trilho é antigo e deve ser<br />
substituído. A CPTM enviou uma nota à<br />
RF sobre o assunto, na qual afirmou: “as<br />
notícias veiculadas pela imprensa sobre a<br />
falta de manutenção nas linhas têm motivação<br />
política, tendo como fontes políticos<br />
de oposição buscando holofotes em ano<br />
eleitoral e sindicalistas, e estão totalmente<br />
descoladas da realidade. A CPTM está<br />
prestando todas as informações e esclarecimentos<br />
ao MP e garante que o transporte<br />
ferroviário é totalmente seguro.”<br />
30<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
diário de bordo<br />
conhecido como coração, pelo fato<br />
de suas interseções lembrarem artérias,<br />
dando fluxo estratégico e vital<br />
ao tráfego de trens.<br />
Após as máquinas de corte fazerem<br />
fendas e permitirem a retirada<br />
do fragmento férreo que servia ao<br />
AMV, os operários buscam o encaixe<br />
perfeito do novo jacaré. A<br />
peça é pesada. É necessário posicioná-la<br />
com atenção para conectá-<br />
-la bem aos demais trilhos.<br />
Logo em seguida, é a vez do soldador,<br />
Ruptura na linha antes de ser soldada<br />
Ele diz que há períodos do ano com<br />
maior atividade: “Temos mais trocas<br />
quando está frio. Os trilhos quebram<br />
mais. E de uns anos para cá,<br />
com os carros novos que entraram<br />
em operação, estamos trabalhando<br />
ainda mais. Não sei se eles freiam<br />
muito próximo das plataformas ou<br />
se usam uma quantidade maior de<br />
lubrificantes. Há muita troca de peças.<br />
A verdade é que hoje tem trem<br />
passando a cada três, cinco minutos.<br />
Dez anos atrás, isso acontecia a<br />
com seus óculos escuros de proteção e um avental de<br />
raspa de couro, “moldar” uma pequena peça complementar<br />
para a junção ideal. Em uma fôrma oval, ele esquenta<br />
um composto de ferro, alumínio e manganês, entre outras<br />
substâncias. É a chamada solda aluminotérmica. De 4 a 7<br />
minutos, chega-se ao aquecimento, próximo dos 60 graus.<br />
De forma recorrente, o trabalhador enxuga a testa molhada.<br />
Antes do derretimento pleno do composto é preciso que<br />
todos se afastem um pouco. O processo de combustão alcança<br />
1,6 mil graus, segundo o soldador. Em segundos,<br />
uma chama explode da fôrma, numa altura superior a 2<br />
metros. Faíscas se espalham ao redor. Tudo normal para<br />
aqueles que lidam com a atividade cotidianamente. Mas<br />
uma reação química surpreendente, quase que um espetáculo<br />
circense para os leigos.<br />
“Tem que fazer o aquecimento no tempo certo. A vedação<br />
também. E se o cara vacilar, dá acidente”, ressalta<br />
José Silveira, de 45 anos, funcionário da TS Manutenção.<br />
Ele está há dez na profissão de soldador. “Eu não sei se<br />
é bom ficar exposto a todo esse calor. Por enquanto não<br />
deu nada, mas eu não sei amanhã”, comenta o operário,<br />
pouco depois. Conhecido no grupo pelo bom-humor, ele é<br />
chamado de Ronaldo, por conta de um suposto faro de gol<br />
e da barriga protuberante.<br />
Logo em seguida, o excesso de material proveniente<br />
da solda é retirado da peça complementar para uma fusão<br />
próxima da perfeição entre o novo jacaré e os trilhos. Há<br />
o ajuste ainda com um contratrilho, pedaço curvo de ferro<br />
adicionado às extremidades e paralelamente à linha para<br />
evitar que o friso da roda se choque com a ponta da parte<br />
principal do AMV ou da agulha.<br />
Em meio aos trabalhos, conhecemos José Roberto Mendes,<br />
de 57 anos, encarregado de Manutenção da CPTM,<br />
cargo imediatamente abaixo do ocupado por Martinho.<br />
cada 12 a 15 minutos”, lembra o profissional com 37 anos<br />
de carreira. Nas temperaturas mais baixas, os trilhos se retraem<br />
e trincam. O aumento do volume de trens operando<br />
nos trilhos também amplia o desgaste dos mesmos.<br />
Martinho e José Roberto comentam que um engenheiro<br />
recém-formado teria dificuldades em determinar as ações<br />
de manutenção numa linha férrea. E ainda falam que as<br />
reclamações em série dos passageiros incomodam. “O que<br />
a gente faz é para o bem do usuário. Mas ele muitas vezes<br />
não entende”, expõe o encarregado.<br />
Às 12h30, pausa de alguns operários para uma água.<br />
Na companhia de Martinho, voltamos à estação Villa-Lobos.<br />
Depois de subir alguns degraus e cruzar a portinhola<br />
de segurança, chegamos à plataforma e deixamos os itens<br />
preventivos. Um dos painéis eletrônicos nas imediações<br />
está desligado. Ele deveria dar informações sobre os horários<br />
de chegada dos trens. Escutamos ao fundo o diálogo<br />
entre dois passageiros. Uma senhora de cerca de 50 anos<br />
questiona sobre os trens usarem apenas uma das vias. Um<br />
senhor de faixa etária semelhante afirma: “É normal, dia<br />
de manutenção. Vai demorar”.<br />
Enquanto isso, seguem os trabalhos dos operários. Lá<br />
embaixo, os funcionários da TS Manutenção recuam alguns<br />
metros em relação às vias permanentes. O almoço<br />
deles é por ali mesmo, em meio a uma sombra feita pelo<br />
concreto da área de circulação dos passageiros na estação.<br />
As marmitas foram compradas pela empresa terceirizada<br />
e trazidas no carro de apoio. Até o final do dia, eles ainda<br />
vão trocar outras peças e recolher o material danificado.<br />
Os trilhos deteriorados vão a leilão. Geralmente, empresas<br />
de ferro velho têm interesse. Mas essa é uma outra parte<br />
da história. E tudo tem o seu tempo. Acessamos o estacionamento<br />
e entramos no carro. Por ora, é fim da linha para<br />
a reportagem da Revista Ferroviária.<br />
32<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
arquivo ferroviário<br />
Trem de passageiros de longa distância,<br />
modelo Classe 22000, produzido<br />
pela Hyundai-Rotem, fazendo o percurso<br />
Dublin (capital) até Rosslare, na costa<br />
sudeste da Irlanda – país com belíssimas<br />
paisagens e que, não por acaso,<br />
é conhecido como a Ilha Verde da Europa.<br />
Nos trilhos da Irish Rail, operadora<br />
ferroviária, são transportados cargas e<br />
passageiros em rotas que somam 2.400<br />
quilômetros de extensão, 147 estações<br />
ferroviárias, 5.100 pontes, 14 túneis e<br />
1.240 passagens de nível. Os percursos<br />
a bordo de trem alcançam todo o território<br />
irlandês, incluindo Belfast, capital<br />
da Irlanda do Norte, que pertence ao<br />
Reino Unido. A maior parte dos trilhos é utilizada para a movimentação<br />
de passageiros – apenas 362 quilômetros do total são destinados às<br />
linhas de carga, que transportam desde celulose e minério até alimentos<br />
processados e suprimentos médicos.<br />
VEJA A FOTO AMPLIADA<br />
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métrica e universal, blocos LVT e AMVs. Tudo feito com alto<br />
nível de qualidade que só a Empac tem.<br />
Com uma fábrica em MG e outra em Pernambuco, a Empac<br />
possui soluções sob medida para sua empresa. Além do serviço<br />
de fábrica móvel que produz dormentes de concreto dentro da<br />
sua obra. A Empac é certeza de qualidade e agilidade.<br />
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32 3574.1580 - 81 3726.1176
arquivo ferroviário
capa<br />
Divulgação/CCR<br />
O Metrô de Salvador, sob<br />
a concessão da CCR Metrô<br />
Bahia, expandiu e vai chegar<br />
ao Aeroporto<br />
Apetite<br />
metroferroviário<br />
CCR arrematou três linhas em São Paulo,<br />
expandiu o Metrô de Salvador, é sócia no VLT Carioca,<br />
e quer crescer ainda mais no setor<br />
Por Romulo Tesi<br />
Oconsórcio Viamobilidade ainda comemorava<br />
a vitória no leilão para operação das linhas<br />
5-Lilás e 17-Ouro do Metrô de São Paulo,<br />
em meados de janeiro deste ano, quando o<br />
presidente da divisão de Mobilidade Urbana da CCR,<br />
Leonardo Vianna, já pensava no próximo alvo. "Temos interesse<br />
na Linha 15-Prata do metrô", anunciou à imprensa<br />
o executivo da empresa, sócia da Ruasinvest na disputa<br />
que havia acabado de arrematar as duas linhas por R$<br />
553,88 milhões, em um contrato de 20 anos.<br />
O episódio dá uma ideia do apetite da CCR no transporte<br />
de passageiros sobre trilhos. Com a vitória no início deste<br />
ano, a companhia passará a operar três linhas na maior cidade<br />
do país, já que é responsável pela Linha 4-Amarela, do<br />
metrô, por meio da concessionária ViaQuatro.<br />
"A empresa está sempre atenta às oportunidades de novos<br />
negócios apresentadas nos mercados nacional e internacional",<br />
diz Vianna, de forma genérica, sobre os planos<br />
de expansão da CCR.<br />
Só a Linha 4-Amarela, em São Paulo, que marcou a<br />
entrada da CCR no setor, responde por 5,4% dos negócios<br />
da empresa. O Metrô de Salvador, por outros 4,1%, e ainda<br />
há mais 1,1% em empreitadas menores, como o VLT<br />
Carioca, onde participa do consórcio com 24,9% e tem<br />
Invepar, Odebrecht e Riopar entre os sócios. Esses pouco<br />
mais 10% devem aumentar de forma significativa caso a<br />
companhia avance sobre essas novas oportunidades em<br />
São Paulo, entre elas as Linhas 13-Jade (CPTM) e Linha<br />
15-Prata (Metrô de SP) – em vias de serem licitadas pelo<br />
governo de SP.<br />
"Mobilidade urbana é uma necessidade latente nas principais<br />
metrópoles do país. Em contrapartida, a CCR tem<br />
como seu principal compromisso investir na infraestrutura<br />
e no desenvolvimento do país, e o transporte sobre trilhos<br />
é uma peça fundamental para esse desenvolvimento. Entretanto,<br />
não é segredo para ninguém que o orçamento do<br />
Estado é justo e precisa ser desonerado. Dessa forma, o<br />
modal sobre trilhos tornou-se parte integrante do negócio<br />
do grupo há mais de uma década", diz Vianna.<br />
Histórico<br />
A CCR – ou Companhia de Concessões Rodoviárias –<br />
nasceu em 1999, mas só entrou nos trilhos em 2006, ao<br />
vencer a licitação para operação da Linha 4-Amarela, do<br />
Metrô de São Paulo. Antes a empresa, como nome entrega,<br />
estava na estrada. A companhia é conhecida pela larga<br />
participação em concessões de rodovias, algumas entre as<br />
mais importantes do país, como a Via Dutra, entre Rio e<br />
36<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
São Paulo, e Raposo Tavares e Castello Branco, que liga a<br />
capital paulista ao interior do estado.<br />
A CCR começou efetivamente a operar na Linha 4-Amarela<br />
em maio de 2010, quando a linha ficou parcialmente<br />
pronta. Hoje, a ViaQuatro atende a 700 mil pessoas por<br />
dia – sem sequer está totalmente concluída –, no trecho<br />
entre Butantã e Luz. Esse ano, a linha ganhou duas novas<br />
estações: Higienópolis-Mackenzie, em janeiro, e Oscar<br />
Freire, no início de abril (ver mais nas págs. 42 e 43)<br />
"A Linha 4-Amarela é um<br />
modelo de referência para<br />
outros projetos, por ter sido<br />
a primeira PPP do país", gaba-se<br />
Vianna. A expectativa<br />
é chegar a 1 milhão de passageiros<br />
quando a linha estiver<br />
com todas as paradas funcionando,<br />
o que só deve acontecer<br />
em dezembro de 2019,<br />
que é a previsão de entrega da<br />
estação Vila Sônia, na Zona<br />
Sul. Em julho desse ano, a<br />
expectativa é ter operando a<br />
estação Morumbi-São Paulo.<br />
"Até o momento, a Via-<br />
Quatro já investiu US$ 500<br />
milhões no que existe de mais<br />
moderno em sistemas e trens no mundo. A linha também<br />
é pioneira em automação total na América Latina", diz<br />
Vianna, referindo-se ao sistema driverless – em português,<br />
trens sem condutores – tecnologia que fez sua estreia nessa<br />
região do mundo pela ViaQuatro, na Linha 4-Amarela<br />
do metrô paulista.<br />
Saindo de São Paulo, a CCR é responsável pelo Metrô<br />
de Salvador, projeto que levou tantos anos para sair do<br />
papel que enriqueceu o anedotário brasileiro sobre obras<br />
que demoram anos para serem concluídas.<br />
O metrô da capital baiana foi idealizado ainda em<br />
meados da década de 1990, mas a construção só começou<br />
de fato em 2000. Desde então, o projeto reuniu<br />
praticamente todos os clichês que costumam aparecer<br />
em obras desse porte no país, com várias alterações,<br />
cortes e uma série de idas e vindas que atrasaram em<br />
muitos anos o início da operação. A responsabilidade<br />
pelo sistema até mudou de mãos, saindo da prefeitura<br />
para o governo estadual.<br />
Em 2013, a CCR entrou sozinha na disputa e levou a<br />
concessão de parte da construção (Linha 2 e parte da Linha<br />
1) e da operação de 30 anos em contrato de PPP.<br />
Os trens começaram a rodar em 2014, mas somente em<br />
setembro do ano passado a operação começou a ser feita<br />
totalmente nas duas linhas. A tão aguardada estação Aeroporto,<br />
na ponta da Linha 2, que liga o centro da capital<br />
baiana ao Aeroporto Internacional de Salvador, está em<br />
vias de ser inaugurada.<br />
"A expectativa é que, com o novo trecho em operação,<br />
A operação da Linha 4-Amarela marcou a entrada da CCR no setor ferroviário, em 2010<br />
com o sistema operando até lá e a integração com os ônibus,<br />
mais de 500 mil pessoas por dia acessem o metrô,<br />
podendo chegar a 700 mil usuários por dia", diz Vianna.,<br />
que acrescenta: "É um negócio que nós construímos, nós<br />
operamos e tem viabilidade", declara o executivo.<br />
Atualmente, a média de passageiros por dia é de 300<br />
mil circulando pelas 20 estações, distribuídas em cerca de<br />
33 km, sendo 21 km na Linha 2 e 12 km da Linha 1. Há<br />
ainda a previsão para início das obras, ainda em <strong>2018</strong>, do<br />
ramo 3, ligando a estação Pirajá, na Linha 1, a mais duas<br />
estações: Brasilgas e Cajazeiras/Águas Claras. A expansão<br />
deve ficar pronta até 2020.<br />
O próximo avanço pode acontecer fora do país. A<br />
CCR se mantém atenta a pelo menos duas oportunidades<br />
na América do Sul: o Metrô de Bogotá e a Linha<br />
3 do Metrô de Lima. No sistema colombiano, a operação<br />
está prevista para começar em 2022, atendendo a<br />
310 mil passageiros por dia. Já no caso peruano, a linha<br />
ainda está em projeto, mas prevê transportar 720 mil<br />
pessoas diariamente.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 37<br />
Divulgação/CCR
capa<br />
"Seguimos buscando nichos onde o marco regulatório<br />
seja melhor, e que não exista a necessidade constante de<br />
decisões do poder concedente", afirma Vianna.<br />
Licitações<br />
De onde vem o dinheiro para pagar as outorgas? Da<br />
própria CCR. A empresa pretende usar seu caixa para bancar<br />
as próximas empreitadas no setor ferroviário. “Esse<br />
valor (de R$ 553,88 milhões pelas linhas 5-Lilás e 17-<br />
Ouro) não pesa absolutamente nada hoje na situação financeira<br />
da CCR", declarou Vianna em recente entrevista<br />
ao jornal Estado de S. Paulo.<br />
Em São Paulo, a CCR mira outras oportunidades de<br />
negócio no setor. Em recente apresentação ao mercado,<br />
a companhia revelou o que está em seu radar, as linhas<br />
13-Jade, que acabou de ser inaugurada pelo governo de<br />
SP; e a 15-Prata, que ganhou mais quatro estações em<br />
abril, e teve a autorização para o edital de concessão<br />
publicada no dia 16 de março no Diário Oficial. A ideia<br />
é conceder a operação e manutenção da linha por 20<br />
anos, com lance mínimo para a outorga de R$ 153,3 milhões<br />
e valor de contrato estimado em R$ 4,5 bilhões.<br />
A previsão é que o leilão aconteça no dia 26 de junho<br />
deste ano.<br />
“Atualmente estão sendo preparadas a audiência pública<br />
e a consulta pública para concessão das linhas<br />
8-Diamante e 9-Esmeralda, da CPTM, que poderão ser<br />
licitadas em conjunto”, afirmou a Secretaria de Transportes<br />
Metropolitanos de São Paulo (STM) em nota, sem<br />
confirmar se fará o leilão em<br />
“pacote”, como foi feito nas linhas<br />
5-Lilás e 17-Ouro.<br />
Sobre as linhas 11-Coral e<br />
12-Safira, a STM afirmou em<br />
nota: “O que temos no momento<br />
é a apresentação de uma Manifestação<br />
de Interesse Público (MIP),<br />
que está sendo analisada pelo Governo<br />
do Estado. Com relação à<br />
licitação, ainda é prematuro qualquer<br />
posicionamento.<br />
A CCR também não esconde o<br />
interesse em uma eventual concessão<br />
da Linha 7 da CPTM e do<br />
CCR no setor ferroviário<br />
Linha 4-Amarela (ViaQuatro)<br />
Linhas 5-Lilás e 17-Ouro<br />
CCR Metrô Bahia (Salvador)<br />
VLT Carioca (Rio de Janeiro)<br />
No radar da CCR, por enquanto:<br />
Concessões das linhas<br />
13-Jade (CPTM)<br />
15-Prata (Metrô de São Paulo)<br />
Trem Intercidade (TIC). O TIC é um projeto que pretende<br />
ligar Jundiaí, na ponta do ramal da CPTM, a Americana,<br />
no interior de São Paulo, passando por Campinas. Trens<br />
de média velocidade (entre 160 e 200 km/h) fariam o trajeto<br />
de cerca de 135 km do TIC, que passaria também por<br />
Santa Bárbara, Sumaré, Hortolândia, Valinhos, Vinhedo,<br />
Louveira. O custo estimado é de R$ 5 bilhões. A via passaria<br />
na faixa de domínio do governo federal, ao lado de<br />
onde operam os trens de carga. Não se sabe ainda se a<br />
CCR entraria com capital para construir a linha ou se só<br />
pretende operá-las.<br />
Desafios<br />
O avanço da empresa, porém, não está livre de obstáculos.<br />
Um deles atende pelo nome de monotrilho.<br />
Divulgação/Metrô SP<br />
A CCR deve começar a operar<br />
a Linha 5-Lilás em agosto<br />
38<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
Modal desconhecido no Brasil<br />
VLT Carioca responde por 1,1% dos negócios da empresa<br />
A começar pela própria Linha 17-Ouro, recém-comprada<br />
pela empresa.<br />
Antes de vencer a licitação, a CCR enfrentou a oposição<br />
do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que<br />
acusou o governo paulista de direcionar a disputa para<br />
a vitória da companhia, única a atender a todos os requisitos<br />
previstos no leilão – segundo a entidade. Os<br />
sindicalistas ainda conseguiram adiar o leilão, mas o<br />
governo cassou a liminar a tempo de concluir o processo<br />
de licitação.<br />
No pacote montado pela Secretaria de Transportes Metropolitanos<br />
(STM), a CCR levou junto a Linha 5-Lilás<br />
– esta sobre trilhos convencionais e, de acordo com o secretário<br />
da pasta, Clodoaldo Pelissioni, o "filé" do prato<br />
servido pelo governo. Só assim, explicou à Revista Ferroviária,<br />
foi possível tornar a concessão atrativa para a<br />
iniciativa privada.<br />
A outorga, que inclui as linhas 5-Lilás e 17-Ouro, foi<br />
assinada durante a inauguração da estação Moema, da Linha<br />
5-Lilás, no dia 5 de abril. De acordo com os trâmites<br />
legais, a CCR deve assumir efetivamente a operação da<br />
linha em 120 dias, contados a partir da data da assinatura<br />
(em agosto, portanto).<br />
A previsão na Linha 5-Lilás é de transportar 850 mil<br />
passageiros por dia. Já na Linha 17-Ouro, a estimativa<br />
fica em torno de 170 mil a 200 mil. "Juntando as duas, o<br />
projeto para em pé direitinho", defendeu Pelissioni, justificando<br />
a união das duas linhas em um único pacote. Se<br />
oferecidas separadamente, a Linha 17-Ouro poderia ser<br />
ignorada pelos operadores, por conta de um provável prejuízo<br />
na operação.<br />
A Linha 17-Ouro fora prometida para 2014, ano de<br />
Copa, e serviria principalmente para atender ao público do<br />
estádio do Morumbi. Mas o Comitê Organizador do mundial<br />
preferiu a Arena Corinthians, em Itaquera, e o projeto<br />
do monotrilho foi encurtado. A região de Paraisópolis, por<br />
Não é de hoje que há uma desconfiança de técnicos e especialistas<br />
do setor com a tecnologia do monotrilho. Desconhecido<br />
no Brasil e até mesmo nas Américas e na Europa, o modal<br />
pode virar uma dor de cabeça para a CCR, muito por conta<br />
das dificuldades e possíveis altos custos de manutenção, por<br />
exemplo. A começar pelos 12 pneus que são utilizados por<br />
cada trem.<br />
“Esses pneus precisam ser trocados a cada 40 mil km rodados.<br />
No metrô, a distância percorrida para trocar uma roda<br />
é de 1,5 milhão de km. E o descarte desses pneus? Mais: o<br />
único fornecedor do mundo desses pneus é a Michelin”, explica<br />
o consultor de sistemas de metrô, Peter Alouche.<br />
A reportagem apurou também que a tecnologia usada nos<br />
monotrilhos não é aberta, e a manutenção só pode ser feita<br />
pelas próprias fabricantes – no caso, Bombardier na Linha<br />
15-Prata e Scomi na Linha 17-Ouro.<br />
A própria experiência de utilização de monotrilho no transporte<br />
de massa não é muito usual no mundo. Japão e China<br />
“Temos que aprender,<br />
conhecer melhor esta<br />
tecnologia. Existem<br />
monotrilhos em outros<br />
países, mas o sistema<br />
de funcionamento que<br />
são portas automáticas é<br />
igual ao do trem”<br />
Harald Zwektoff, ViaQuatro<br />
estão entre os poucos países<br />
que contam com um<br />
sistema como o projetado<br />
para São Paulo, com alta<br />
demanda. “E os japoneses<br />
não estão fabricando, já<br />
que não há mais encomendas”,<br />
diz Alouche.<br />
A tecnologia pouco conhecida<br />
do monotrilho no<br />
Ocidente, pelo visto, não<br />
assusta a empresa, ainda<br />
que, como o próprio secretário<br />
Pelissioni admite, o modal enfrente certa desconfiança<br />
por alguns operadores. Para o presidente da ViaQuatro, Harald<br />
Zwektoff, a diferença do monotrilho para o trem tradicional de<br />
metrô é uma questão meramente técnica.<br />
“O trem tem o trilho, que é uma tecnologia sedimentada,<br />
que existe há centenas de anos, e o monotrilho é uma tecnologia<br />
mais moderna. Temos que aprender, conhecer melhor esta<br />
tecnologia”, disse. O executivo acredita que não deve haver<br />
grande dificuldade de operar um sistema de monotrilho. “É<br />
uma diferença simplesmente de tipo de carro”, minimizou.<br />
Na opinião de Harald, ainda não há grandes preocupações<br />
no que diz respeito à operação da Linha 17-Ouro. “É prematuro<br />
dizer que a linha é deficitária. Trata-se de uma linha que vai<br />
atender a uma parcela significativa da população”, ressaltou.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> MARÇO/ABRIL DE <strong>2018</strong> 39
capa<br />
exemplo, ficou fora do novo traçado. Somente a comunidade<br />
tem mais de 100 mil habitantes. Na outra ponta, a<br />
linha chegaria até o Jabaquara. Mas o trecho também está<br />
suspenso, sem previsão.<br />
Nada disso afastou a CCR, que manteve o interesse<br />
na Linha 17-Ouro, mesmo com os atrasos nas obras. O<br />
que a CCR vai operar é o chamado “trecho prioritário”,<br />
que é como o governo se refere à linha entre Congonhas<br />
e Morumbi – esta na Marginal Pinheiros, na altura<br />
da estação de mesmo nome da Linha 9-Esmeralda da<br />
CPTM – cujas obras começaram somente no dia 16 de<br />
fevereiro deste ano.<br />
A previsão de entrega mais otimista de todo o “trecho<br />
prioritário” é dezembro de 2019. Até lá, talvez o Brasil já<br />
tenha até vingado o 7 a 1 da Copa de 2014, para quando<br />
a obra estava prometida. A companhia, porém, acredita<br />
estar resguardada.<br />
"O edital prevê uma tarifa de remuneração de contingência<br />
para o caso de atraso na entrega das estações",<br />
ressalta Vianna.<br />
Onde estão os trens da Linha 17-Ouro?<br />
Enquanto aguarda o fim das obras da<br />
Linha 17-Ouro, a CCR terá tempo nos<br />
próximos meses para desvendar um dos<br />
mistérios da concessão: o fornecimento<br />
do material rodante. A fabricação dos trens<br />
para o monotrilho ficou a cargo da Scomi,<br />
que até agora parece ter pouco a revelar<br />
sobre a encomenda, cujo contrato foi assinado<br />
em 2013. A companhia também se<br />
comprometeu a fornecer os sistemas, os<br />
AMVs (aparelhos de mudança de via), o<br />
sistema de sinalização e as bandejas dos<br />
cabos.<br />
Procurada pela RF, a Scomi informou,<br />
por meio do diretor da empresa no Brasil,<br />
Halan Lemos Moreira, que as caixas<br />
e truques dos 14 trens estão prontos. Só<br />
falta montar, segundo o executivo, que<br />
atendeu a reportagem por meio de mensagens<br />
de texto, respondendo algumas<br />
poucas perguntas.<br />
A produção, disse Moreira, foi dividida.<br />
Caixas de oito trens – de cinco carros – foram<br />
feitas na fábrica do Rio de Janeiro (da<br />
MPE, que se desligou do projeto) e levadas<br />
para a de Taubaté, e as outras (de seis<br />
trens), na Malásia, onde os truques foram<br />
fabricados. A fábrica em Taubaté, informa<br />
Moreira, será usada para a produção dos<br />
trens da Linha 18, a do ABC Paulista. Em<br />
2017 foi noticiado que as obras na unidade<br />
de Taubaté, cujo lançamento da pedra<br />
fundamental foi em 2016, estão paradas.<br />
40<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> MARÇO/ABRIL DE <strong>2018</strong><br />
O diretor da Scomi não quis confirmar<br />
essa informação.<br />
“No monotrilho, o truque é colocado primeiro<br />
na via e o trem em cima, ou seja, a<br />
montagem final sempre é feita na própria via,<br />
dentro do centro de manutenção”, explicou.<br />
Quem tem poucas informações sobre os<br />
trens é a própria CCR. O presidente da Via-<br />
Quatro, Harald Zwektoff, admite que pouco<br />
se sabe sobre as composições, mas espera<br />
conhecer mais a partir de agora, com o<br />
contrato assinado.<br />
“Hoje (dia 5 de abril) assinamos o contrato<br />
e passamos a ter acesso a todas as<br />
informações. Até aqui, os dados que tínhamos<br />
eram os que foram disponibilizados<br />
para todo mundo que se interessou pelo<br />
negócio e que foram usados na licitação.<br />
Agora vamos entrar em mais detalhes”, declarou<br />
Zwektoff.<br />
Pelo lado do governo, o discurso é mais<br />
brando. O secretário de Transportes Metropolitanos<br />
de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni,<br />
espera receber o primeiro dos 14 trens<br />
ainda este ano.<br />
“Já temos um trem em testes. Imaginamos<br />
neste ano que receberemos o<br />
primeiro trem da Scomi”, diz Pelissioni.<br />
Estes testes estão sendo feitos na Malásia,<br />
segundo o diretor de engenharia do<br />
Metrô, Paulo Sérgio Amalfi Meca, mas<br />
sob responsabilidade da Scomi – e bem<br />
longe da Zona Sul de São Paulo. O governo<br />
mesmo não realizou os seus.<br />
“A princípio a Scomi produziu um trem<br />
com cinco carros e colocou para teste em<br />
Kuala Lumpur (capital da Malásia), onde ela<br />
tem a fábrica. Não fizemos ainda o teste oficial<br />
do Metrô. Estamos aguardando porque<br />
eles usaram os equipamentos que não eram<br />
os definitivos”, explica. Halan Moreira não<br />
enviou fotos das caixas dos trens prontas,<br />
somente indicou um link no Youtube que, diz<br />
ele, mostra o primeiro monotrilho da Linha<br />
17-Ouro sendo testado na Malásia.<br />
O Metrô terá que esperar a Scomi realizar<br />
a montagem com o maquinário que<br />
será utilizado nos trens que serão fornecidos<br />
ao sistema paulista. Depois, então,<br />
uma comitiva vai à Malásia para, enfim,<br />
ver os trens de perto.<br />
“Vamos mandar uma equipe para acompanhar<br />
estes testes, chamados de ‘cabeça<br />
de série’. Eles são demorados porque testamos<br />
todas as funcionalidades dos trens”,<br />
explica Meca. Se a fabricante passar pela<br />
prova, o Metrô libera a produção.<br />
E quando os trens chegam? Segundo<br />
Halan Moreira, da Scomi, depende do governo.<br />
“Só quem define cronograma é o<br />
Metrô. E de acordo com o contrato, temos<br />
que entregar o trem dentro do centro de<br />
manutenção que está em construção. Nós<br />
apenas atendemos o que é definido, quando<br />
está dentro das previsões contratuais”,<br />
concluiu o executivo.
eportagem<br />
Expansão segue em SP<br />
Pouco antes de renunciar ao cargo, Geraldo Alckmin inaugurou a Linha 13-Jade e novas<br />
estações nas linhas 4-Amarela, 5-Lilás e 15-Prata<br />
Alessandro da Mata<br />
Geraldo Alckmin desembarca na estação Cecap, da recém-inaugurada Linha 13-Jade, da CPTM<br />
Os meses de março e abril foram agitados para<br />
o sistema metroferroviário de São Paulo.<br />
Pouco antes de renunciar ao cargo de governador<br />
no início de abril para concorrer<br />
à Presidência da República, Geraldo Alckmin – que é o<br />
Ferroviário do Ano de 2017 – inaugurou a Linha 13-Jade,<br />
que liga o Centro da capital ao Aeroporto de Guarulhos, e<br />
novas estações na Linha 4-Amarela (Oscar Freire), Linha<br />
5-Lilás (Moema) e Linha 15-Prata (São Lucas, Camilo<br />
Haddad, Vila Tolstói e Vila União).<br />
Uma das inaugurações mais aguardadas pelos paulistanos,<br />
a Linha 13-Jade teve seus primeiros dias movimentados:<br />
entre 31 de março e 1º de abril, cerca de<br />
55 mil usuários fizeram o novo trajeto, que conta com<br />
12,2 quilômetros e três estações: Aeroporto-Guarulhos,<br />
Guarulhos-Cecap e Engenheiro Goulart (que faz integração<br />
com a Linha 12-Safira). O investimento total foi<br />
de R$ 2,3 bilhões, financiados pela Agência Francesa<br />
de Desenvolvimento (AFD), BNDES e recursos do governo<br />
do estado.<br />
A Estação Aeroporto dispõe de uma passarela para o Terminal<br />
1 (com distância de cinco minutos a pé entre os dois<br />
pontos), onde ocorrem partidas e chegadas das companhias<br />
aéreas Azul e Passaredo. Para chegar aos terminais aéreos 2<br />
e 3, o público terá que recorrer a ônibus gratuitos oferecidos<br />
42<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong><br />
pela concessionária do aeroporto GRU Airport. O intervalo<br />
entre um coletivo e o outro é de cerca de 15 minutos, mas<br />
essa operação acompanha a demanda de viagens da CPTM<br />
e do próprio aeroporto, segundo a GRU Airport.<br />
Obras e trens<br />
A Linha 13-Jade passa sobre as rodovias Presidente<br />
Dutra, Ayrton Senna e Helio Smidt, além dos Rios Tietê e<br />
Baquirivú-Guaçú. As obras incluíram uma ponte ferroviária<br />
estaiada em curva, bicicletários e passarelas que levam<br />
a outras modalidades de transporte, como os serviços de<br />
ônibus e táxis. O sistema de sinalização da linha está a cargo<br />
da Siemens. Os oito trens destinados à Linha 13-Jade<br />
estão sendo fabricados pelo consórcio Temoinsa-Sifang<br />
e as primeiras unidades devem chegar em 2019. Enquanto<br />
as composições chinesas não chegam, trens da série 9.500<br />
da Hyundai-Rotem foram remanejados para a linha do aeroporto.<br />
Eles fazem parte do lote de 65 trens novos comprados<br />
recentemente pela CPTM.<br />
A linha férrea para passageiros volta a Guarulhos após<br />
53 anos. Antes, o chamado Trem da Cantareira serviu à<br />
cidade até o Tucuruvi, na Zona Norte de São Paulo. Ele foi<br />
eternizado pela canção “Trem das Onze”, letra de Adoniran<br />
Barbosa e sucesso de público e crítica com o grupo de<br />
samba Demônios da Garoa.
Linha 15-Prata: busca por operadoras asiáticos<br />
A inauguração de mais quatro estações da Linha 15-Prata,<br />
do Metrô de São Paulo, coloca à prova a capacidade do<br />
monotrilho. O modal é usado majoritariamente na Ásia,<br />
principalmente na China – e é exatamente neste mercado<br />
que o governo do estado quer buscar um operador privado<br />
para o trecho.<br />
As duas primeiras estações da linha, Vila Prudente e<br />
Oratório, foram inauguradas no final de 2014. Agora, no<br />
começo de abril de <strong>2018</strong>, o governo de Geraldo Alckmin<br />
entregou as estações São Lucas, Camilo Haddad, Vila<br />
Tolstói e Vila União, adicionando 5,5 km ao trecho, que<br />
passou a percorrer 7,8 km na Zona Leste, a mais populosa<br />
da capital paulista, onde vivem cerca de quatro milhões<br />
de pessoas.<br />
A promessa é que até junho deste ano, mais quatro estações<br />
estejam prontas: Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda<br />
da Juta e São Mateus. Mais uma estação, a Jardim Colonial,<br />
está em fase de licitação e deve ser entregue em 2021. Com<br />
ela, a Linha 15-Prata terá 15,3 km de extensão, 11 estações e<br />
deverá transportar 400 mil passageiros diariamente.<br />
O secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo<br />
Pelissioni, afirma que a ideia é terminar a operação assistida<br />
em junho nas quatro estações já inauguradas e, “ao mais<br />
tardar”, em agosto ou setembro nas outras quatro que serão<br />
entregues. Terminado o período de testes e ajustes, ele<br />
quer ter, antes do final de <strong>2018</strong>, um contrato assinado com<br />
o futuro concessionário para a operação comercial da linha.<br />
“Pretendemos fazer roadshow no exterior para trazer<br />
novos operadores. Na concessão das linhas 5-Lilás e<br />
17-Ouro tivemos a participação de um operador estrangeiro,<br />
o metrô de Seul. Nós queremos trazer mais, aí uma<br />
proposta de irmos à China, onde estarão todos os operadores<br />
da Ásia, que tem a maior quantidade de monotrilhos.<br />
Queremos atrair muitos concorrentes”, explica.<br />
Novo trecho<br />
Para isso, porém, é necessário otimizar a velocidade de<br />
viagem e o intervalo entre os trens, que hoje supera os sete<br />
minutos nas estações Oratório e Vila Prudente, as mais<br />
antigas. Pelissioni explica que o sistema de sinalização da<br />
linha é o CBTC e que todos os trens serão automatizados,<br />
sem condutor.<br />
No trecho novo, além da velocidade reduzida da fase<br />
de operação, os solavancos também foram notados – vale<br />
lembrar que os trens do monotrilho usam pneus. Outro<br />
problema foi o pouco tempo de intervalo entre o apito e o<br />
fechamento das portas na viagem de volta, após as inaugurações<br />
das estações. Como muita gente acompanhou a<br />
primeira viagem do trecho, algumas pessoas ficaram momentaneamente<br />
presas nas portas.<br />
Estações Oscar Freire e Moema<br />
Inauguradas na primeira semana de abril, as estações<br />
Oscar Freire, da Linha 4-Amarela, e Moema, da Linha<br />
5-Lilás, vão ser operadas pela CCR, que aguarda ainda<br />
outras expansões prometidas pelo governo do estado.<br />
Até dezembro, a Linha 5-Lilás vai ganhar mais cinco<br />
estações (AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa<br />
Cruz – ligação com Linha 1-Azul, Chácara Kalbin – ligação<br />
com Linha 2-Verde, e Campo Belo), o que levou a<br />
STM a reservar para o trecho parte da nova frota, encomendada<br />
recentemente à CAF. O sistema de sinalização<br />
da Linha 5-Lilás é o CBTC, fornecido pela Bombardier.<br />
“No total, 26 novos trens da CAF se juntaram a outros<br />
oito da Alstom, que já serviam à linha. Tivemos que<br />
implementar em todas as composições o novo sistema<br />
de sinalização. Aquele que operava no primeiro trecho é<br />
um sistema que a gente chama de bloco fixo, que não nos<br />
permitia ter um headway (intervalo entre trens) adequado<br />
para essa linha, com menor tempo. Então nós implementamos<br />
esse novo sistema, o CBTC, baseado em rádio”,<br />
explica o diretor de Engenharia do Metrô de São Paulo,<br />
Paulo Sérgio Amalfi Meca.<br />
“Se o concessionário tomar iniciativa de fazer algumas<br />
adequações para tirar os operadores do trem na Linha 5-Lilás<br />
vai ser muito fácil, porque a grande parte do sistema que daria<br />
essa condição já está implementada” acrescenta, se referindo<br />
ao sistema utilizado na Linha 4-Amarela, cuja operação se dá<br />
por meio de driveless, ou seja, trens sem condutores.<br />
Para o presidente da ViaQuatro, Harald Zwektoff, a automação<br />
da Linha 5-Lilás ainda requer estudos. “Vamos, a<br />
partir de agora, nos debruçarmos sobre essa questão. É muita<br />
coisa acontecendo a curto prazo. Vamos assumir a linha do<br />
jeito que está e, evidentemente, da mesma forma que o grupo<br />
CCR faz com todas as concessões, buscaremos inovação,<br />
melhorias de processo, qualidade e atendimento”, justifica.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 43
eportagem<br />
Comitê da Baixada em ação<br />
Renovações feitas por Plano Diretor Integrado dão fôlego às operações no Porto de Santos<br />
Por Evelyn Soares<br />
Quase três anos depois do início do Plano Diretor<br />
Integrado da Baixada Santista, que vem<br />
sendo discutido e elaborado em conjunto entre<br />
MRS, Rumo e VLI, mudanças nos processos<br />
de acesso ferroviário ao maior porto do Brasil já<br />
são perceptíveis e impactam o volume de movimentação a<br />
bordo de trens na região. Desde 2015, quando efetivamente<br />
os trabalhos começaram, os investimentos têm sido expressivos:<br />
duplicações e melhorias da malha ferroviária,<br />
aprimoramento da operação diária, reforma e criação de<br />
pátios novos e até a construção de um terminal dentro do<br />
Porto de Santos, o Tiplam, com o custo de R$ 2,7 bilhões<br />
por parte da VLI.<br />
“Tivemos grandes investimentos que possibilitaram<br />
melhorias de processos. Foi um conjunto de forças que<br />
levaram ao crescimento vertiginoso nesse período. Só na<br />
entrega de insumos agrícolas no porto, que é o carro-chefe<br />
da Baixada Santista para as operadoras, houve crescimento<br />
de 30% em 2017 em relação a 2016”, informou Guilherme<br />
Delgado, gerente geral de operações da MRS em São Paulo<br />
e líder do Plano Diretor.<br />
Não por acaso, em três anos, a movimentação ferroviária<br />
no Porto de Santos cresceu e isso se reflete no balanço mais<br />
recente divulgado pela Companhia Docas do Estado de São<br />
Paulo (Codesp). Segundo a entidade, a movimentação geral<br />
no porto aumentou 10,5% de 2016 para 2017. O modal<br />
ferroviário foi responsável por 2,3% do crescimento deste<br />
período e, hoje, participa com 27% de todas as cargas movimentadas<br />
no porto – percentual que, em 2013, era de apenas<br />
12%. Em projeções apresentadas em 2017 pela Codesp, as<br />
ferrovias podem chegar a 40% de participação em 2025.<br />
Ainda de acordo com dados da Codesp, as commodities<br />
respondem por 43,6% de tudo o que passou pelo porto em<br />
2017 – e o modal ferroviário foi responsável, nesse período,<br />
por 53,2% da movimentação de cargas de farelo de soja,<br />
milho e açúcar.<br />
racionalização e de ganho de eficiência na operação”, como<br />
explicou Rafael Langoni, gerente-executivo da área de Projetos<br />
e Relações Corporativas da Rumo-ALL.<br />
O grupo dividiu o trabalho em três frentes. Em Capacidades,<br />
são feitas análises de investimento atual e futuro; no<br />
quesito Normatização, a ideia é aperfeiçoar processos operacionais;<br />
e em Processo de Gestão, o objetivo é investigar<br />
ações que podem ser aplicadas para melhorar a operação,<br />
sem a necessidade de investimentos financeiros. Segundo<br />
Delgado, da MRS, o planejamento de cada etapa é feito<br />
conjuntamente, mas a maior parte dos investimentos é tratada<br />
de forma individual, ou seja, por cada operadora. Os<br />
encontros podem ser diários – no caso do setor operacional<br />
-, semanais ou mensais, e têm objetivos e níveis diferentes<br />
– sejam gerencias ou estratégicos. Ou seja, integração<br />
tornou-se a palavra de ordem para as operadoras da região.<br />
A fase inicial do grupo de trabalho, que durou do segundo<br />
semestre de 2015 a meados de 2016, teve o objetivo de colocar<br />
em prática ações para transformar a operação de forma<br />
rápida, sem a necessidade de investir capital. A primeira<br />
Aplicações imediatas<br />
O trabalho conjunto do grupo foi iniciado no segundo semestre<br />
de 2015 para “discutir a compatibilização de longo<br />
prazo de cada operadora, além de buscar oportunidades de<br />
44<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
foi a unificação do Regulamento de Operação Ferroviária<br />
(ROF), na qual técnicos das três empresas se reuniram ao<br />
longo de seis meses para definir um processo operacional<br />
comum. Em aplicação desde 2017, o ROF está salvo na nuvem<br />
e é acessado pelos funcionários por um site exclusivo.<br />
Estruturar uma célula de programação unificada também<br />
foi importante: agora, três pessoas, uma de cada ferrovia,<br />
ficam fisicamente uma ao lado da outra, acompanhando a<br />
todo momento as operações, num espaço reservado dentro<br />
da estrutura de transporte ferroviário no Porto de Santos,<br />
a cargo da Portofer (controlada pela Rumo). A mudança,<br />
aparentemente simples, faz toda a diferença na rotina das<br />
operações, afirma Delgado:<br />
“Hoje não conseguimos pensar como operávamos sem<br />
isso. Antigamente, as programações eram separadas e cada<br />
um olhava o que era melhor para o seu sistema, e não para<br />
um todo. São pautadas regras para melhorar o sistema como<br />
um todo, não o que é melhor para cada empresa ou para o<br />
porto. Os indicadores de programação estão cada vez melhores,<br />
quando se fala em assertividade de horário de trens,<br />
de aderência de programação”.<br />
Outro ponto colocado em prática pelo comitê foi a integração<br />
dos sistemas de Tecnologia da Informação (TI)<br />
das operadoras, específico para a Baixada, que hoje está<br />
em fase final de testes. Antes disso, os números não deixavam<br />
dúvidas de que era preciso mudar: em todos os dias<br />
Divulgação/MRS<br />
de agosto de 2016, foram registradas seis paradas de trem,<br />
de todas as operadoras na malha da Baixada Santista, pela<br />
baixa interoperabilidade dos sistemas individuais (de cada<br />
operadora). Com a mudança, houve apenas uma parada de<br />
trem em agosto de 2017.<br />
“Além da falta de comunicação entre os sistemas, o fator<br />
humano também influenciava. Um exemplo era o cadastro<br />
de ativos novos, necessariamente feito por um funcionário,<br />
que deveria avisar às outras empresas para que fosse reconhecido<br />
ao passar nas outras malhas. Caso não ocorresse,<br />
a composição parava. Tornamos o sistema automatizado e<br />
minimizamos esse risco de erro a quase zero”, esmiuçou o<br />
gerente da MRS.<br />
As operadoras, conjuntamente, investiram cerca de R$<br />
120 mil para desenvolver dois sistemas compartilhados: o<br />
de Documentação e o de Certificação de Maquinistas, que<br />
ainda será aplicado (no terceiro ciclo de atividade do grupo).<br />
Ambas as soluções foram providas pela empresa de<br />
softwares SAP. Individualmente, cada ferrovia adequou<br />
seus próprios sistemas parar maximizar os ganhos dessa<br />
plataforma conjunta.<br />
Investimentos das operadoras<br />
A elaboração de um plano de investimentos integrado foi<br />
outro passo dado pelas operadoras na primeira fase de trabalho<br />
conjunto. Pela primeira vez na história, MRS, VLI e<br />
Rumo fizeram, juntas, um estudo aprofundado para conhecer<br />
e quantificar o volume de carga que poderia ser transportada<br />
por ferrovia até a Baixada Santista.<br />
“Usando modelagem matemática, analisamos a capacidade<br />
e cruzamos com a demanda prevista para sabermos<br />
quais investimentos serão necessários nos próximos 20<br />
anos. Alguns deles já saíram do papel”, sinalizou Delgado.<br />
O executivo cita como fundamental a obra de adequação<br />
do pátio ferroviário da MRS em Santos, entregue em setembro<br />
do ano passado. Orçada em R$ 13 milhões, a obra<br />
incluiu a construção de 2,5 quilômetros de duas novas linhas<br />
exclusivas para manobras de trens da operadora, além<br />
da implementação de cinco Aparelhos de Mudança de Via<br />
(AMVs) e aprimoramento da rede auxiliar de energia. O<br />
local era considerado um gargalo no sistema:<br />
“Muitas vezes, um trem demorava cerca de 45 minutos<br />
da entrada do pátio até a divisa com a Portofer. O tempo<br />
caiu em 20 minutos. Os trens que seguiam para o Porto ti-<br />
MRS construiu 2,5 km de duas novas linhas exclusivas<br />
para manobras de trens no pátio de Santos (à esquerda)<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 45
eportagem<br />
nham que aguardar uma manobra do pátio para depois passar.<br />
Agora, eles seguem direto para o Porto, sem interrupções”,<br />
explicou Delgado.<br />
Já a Rumo investiu mais de R$ 100 milhões em diversas<br />
melhorias nesse período – como a implantação de 54<br />
AMVs elétricos com intertravamento microprocessado no<br />
trecho entre Patojo e Pai Matias; de 11 AMVs elétricos com<br />
intertravamento a relés de Gaspar (ZGP) e Paratinga (ZPT);<br />
e do sistema de licenciamento de trens via rádio digital no<br />
trecho Evangelista de Souza (ZEV) e Perequê (ZPG).<br />
A empresa também revitalizou a via permanente e ampliou<br />
pátios de estacionamento na Portofer. As remodelações<br />
do corredor de exportação e do Pátio do Macuco estão<br />
em andamento. O investimento total da Portofer, entre 2015<br />
e 2022, chega ao total de R$ 800 milhões. Langoni afirma<br />
Modal ferroviário<br />
Participação da ferrovia<br />
Porto de Santos<br />
40%<br />
giro dos trens em comparação com os terminais da ponta da<br />
praia. A empresa também adequou e ampliou os pátios de<br />
Piaçaguera e Areais.<br />
A expansão do Tiplam também trouxe uma nova rota de<br />
chegada ao Porto de Santos: a área central, em que não há a<br />
necessidade de passar pelas margens esquerda ou direita. O<br />
terminal consegue operar com capacidade máxima de importação<br />
e passa também a exportar carga agrícola – o que<br />
possibilitará movimentar até 14,5 milhões de toneladas de<br />
produtos por ano, quase seis vezes mais que anteriormente.<br />
Uma das estratégias de suporte ao Tiplam para aumentar<br />
a capacidade de acesso pelo Guarujá será a remoção e realocação<br />
dos moradores da Favela da Prainha, posicionada na<br />
margem esquerda do porto, e a posterior construção de um<br />
pátio. O plano, cuja responsabilidade é da MRS, ainda está<br />
Produtos agrícolas<br />
Movimentação em 2017<br />
12%<br />
27%<br />
43,6%<br />
53,2%<br />
Em 2013<br />
Em 2017<br />
Projeção da Codesp para 2025<br />
Total de commodities no Porto de Santos<br />
Farelo de soja, milho e açúcar por ferrovia<br />
Fonte: Codesp<br />
que a empresa já percebe alguns resultados com a conclusão<br />
dessas obras:<br />
“Os feedbacks da comunidade portuária, tanto de<br />
clientes quanto do poder concedente, são positivos e de<br />
reconhecimento. Os investimentos executados na recapacitação<br />
da malha da Portofer trouxeram resultados significativos<br />
no volume transportado nos últimos três anos,<br />
ampliando as oportunidades de mercado. Nossa perspectiva<br />
é de dar continuidade aos investimentos, aumentando a<br />
participação do modal ferroviário no transporte de cargas<br />
em direção ao Porto”.<br />
A VLI concluiu, em março, a ampliação do Terminal Integrador<br />
Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam), cujo<br />
aporte alcançou R$ 2,7 bilhões. Onze quilômetros de linha<br />
férrea foram construídos dentro do terminal, formando uma<br />
pera ferroviária – solução logística na qual os trilhos ficam<br />
em formato circular. Isso permite o transbordo das cargas<br />
sem desmembrar o trem e aumenta a eficiência das manobras<br />
de entrada e saída, reduzindo em 60% o tempo de<br />
em fase inicial. Segundo a empresa, a Prefeitura de Guarujá<br />
está na fase de contratação e mobilização de recursos para<br />
construir novas moradias para as cerca de 480 famílias que<br />
permanecem no local. A empresa e o poder público local<br />
estão trabalhando a questão com a Portofer e a Codesp.<br />
Projeções a curto prazo<br />
O segundo ciclo de trabalho, iniciado em meados de<br />
2016 e ainda em curso, teve como foco os parâmetros de<br />
manutenção. Os manuais de cada empresa deram lugar a<br />
um unificado e convergente, no qual há o mesmo padrão<br />
de manutenção e as mesmas tolerâncias no que diz respeito<br />
a material rodante e vias permanentes. Também estão em<br />
estudo o aumento de velocidade de trens na Baixada Santista,<br />
assim como a revisão dos modelos de trens (vagões e<br />
locomotivas) e aumento do volume de carga por eixo, por<br />
exemplo.<br />
Atualmente o plano de investimentos integrado, feito em<br />
conjunto pelas operadoras, vem sendo revisado e adaptado.<br />
46<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
Se em 2016 o plano previa um horizonte para<br />
daqui a duas décadas, o novo documento requer<br />
observações mais a curto prazo, para os<br />
próximos cinco anos. “Esse plano é dinâmico<br />
porque a demanda varia. A abrangência dele<br />
também é maior. Aprofundamos o estudo e exploramos<br />
o acesso à Baixada Santista, à área<br />
da Portofer e aos terminais”, explicou Delgado.<br />
A expectativa é que o novo plano de investimentos<br />
integrado seja atualizado em julho.<br />
No terceiro ciclo de trabalho, cujo início é<br />
previsto para julho deste ano, deve ser realizada,<br />
entre outras ações, a formação conjunta<br />
de maquinistas das três operadoras. A ideia é<br />
equalizar os conceitos e metodologias para formar um time<br />
com condições de operar todos os trens e locomotivas das<br />
empresas (VLI, Rumo e MRS) na região.<br />
Entre os futuros pontos de debate, segundo Langoni, estão<br />
a implementação de ações que visam ao aumento de<br />
capacidade de transporte de carga por meio da relação carga/eixo<br />
e a definição de parâmetros para o uso de novas<br />
Anuncio_Revista_Ferroviária_21x14_P02.pdf 1 02/04/<strong>2018</strong> 15:24:07<br />
Navio Panamax aporta no Tiplam, obra da VLI no Porto de Santos<br />
tecnologias de sistemas de sinalização de tráfego.<br />
Os clientes também terão voz na próxima etapa. “Já estamos<br />
analisando e reparando as falhas para conseguir dar<br />
o próximo passo, que é a aproximação com os terminais<br />
portuários. Queremos bater de porta em porta para desenhar<br />
um plano de investimento e melhoria operacional que possa<br />
satisfazê-los”, comentou Delgado.<br />
Divulgação/VLI<br />
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estudo de mercado<br />
Mais de 120 mil vagões<br />
Entre março de 2017 e março de <strong>2018</strong>, frota cresceu 1.175 unidades nas ferrovias<br />
Por Murillo Magaroti<br />
Agência Vale<br />
Estrada de Ferro Carajás foi a operadora que mais adquiriu vagões no ano passado<br />
As ferrovias brasileiras registraram 120.945<br />
vagões, entre frotas própria e de clientes, em<br />
março de <strong>2018</strong>. O crescimento em um ano foi<br />
equivalente a 1.175 unidades. A Rumo, que detém<br />
mais de 12 mil quilômetros de trilhos divididos entre<br />
Malha Sul, Malha Norte, Malha Oeste e Malha Paulista,<br />
conta também com a maior frota de vagões entre as operadoras<br />
de carga: 31.954 unidades, sendo 17.328 somente<br />
do tipo Hopper, destinados ao transporte de grãos.<br />
De março de 2017 até março deste ano, além da EFC,<br />
Rumo, Ferrovia Norte-Sul (FNS) e Estrada de Ferro Juruti<br />
obtiveram crescimento na frota de vagões, contribuindo<br />
assim para o resultado positivo geral. A Rumo adquiriu<br />
667 vagões HPT (Hopper fechado, com peso bruto máximo<br />
de 130 toneladas, tara de 30 t) da Greenbrier Maxion.<br />
Segundo a empresa, outros sete vagões (seis do tipo<br />
Fechado e um do tipo Gôndola) foram retirados da frota<br />
por estarem acidentados e considerados sem recuperação.<br />
Assim, o saldo positivo da empresa entre março de 2017 e<br />
março de <strong>2018</strong> ficou em 660 unidades.<br />
48<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong><br />
As ferrovias da Vale ocupam a quarta e a quinta posições<br />
(FCA está em segundo, e MRS em terceiro) em número de<br />
vagões na tabela geral, sendo que a Estrada de Ferro Carajás<br />
(EFC) ultrapassou a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM)<br />
em quantidade de vagões no último ano. EFC e EFVM contam<br />
hoje com frotas de 20.209 e 19.022 vagões, respectivamente.<br />
A EFC foi a operadora que mais adquiriu novos vagões<br />
no ano passado: 2.074 unidades, mais de 90% delas são do<br />
tipo Gôndola para 100 toneladas (1.995 unidades), utilizados<br />
no transporte de minério. A Vale não informou o nome<br />
da empresa fabricante dos novos vagões, mas fontes do<br />
mercado afirmam que dois terços das unidades foram produzidas<br />
pela Greenbrier Maxion e o restante pela Randon.<br />
O investimento da EFC é para suprir a demanda crescente<br />
gerada pelo projeto S11D, maior complexo minerador da<br />
história da Vale, em Canaã dos Carajás, sudeste do Pará.<br />
A FNS, operada pela VLI no trecho Palmas (TO)-Açailândia<br />
(MA), conta hoje com 238 vagões a mais que em<br />
março de 2017. Segundo a VLI, todos os vagões novos do<br />
tipo Hopper foram adquiridos com a Greenbrier Maxion e
são do modelo HFT (também fechados, para grãos e calcário<br />
agrícola, com capacidade de carga de 99 toneladas,<br />
tara de 31 t). A Ferrovia Centro-Atlântica, controlada pela<br />
VLI, não apresentou crescimento da frota no período analisado,<br />
permanecendo com 23.484 vagões (o número do<br />
ano passado foi retificado pela operadora). Já a Estrada de<br />
Ferro Juruti, controlada pela Alcoa, comprou 18 novos vagões<br />
tipo GDE da Usiminas (Gôndola, com peso máximo<br />
admissível de 100 toneladas).<br />
A frota atual da MRS é de 20.331 vagões. O número<br />
deste ano revela queda em relação à quantidade apresentada<br />
em 2017 (são 1.089 vagões a menos). Segundo a<br />
concessionária, a redução se deu por “processos de baixa<br />
de ativos próprios, nos termos do que estabelece o contrato<br />
de arrendamento. Em 2017, foi feita uma atualização<br />
do cadastro entre ANTT e MRS, o que também contribuiu<br />
para a redução do quantitativo de vagões. Houve<br />
também alguns processos de desvinculação concluídos<br />
no ano passado, tudo dentro do que estabelecem os procedimentos<br />
regulatórios existentes”. A empresa retificou<br />
os números publicados na tabela "Todos os Vagões" do<br />
pub_2_8-6-14.pdf 1 7/8/2014 3:31:50 PM<br />
ano passado (edição <strong>Março</strong>-<strong>Abril</strong> 2017).<br />
A Ferrovia Norte-Sul também ajustou alguns dos dados<br />
publicados em 2017, em relação à quantidade de vagões<br />
Hopper, Fechado, Gôndola e Tanque. Transnordestina e<br />
Estrada de Ferro Vitória a Minas não explicaram, até o<br />
fechamento desta edição, a variação negativa nos números<br />
relativos ao período analisado. Os 57 vagões a menos<br />
na frota atual da Ferrovia Tereza Cristina (FTC) se dão<br />
em razão de unidades retiradas de uso em definitivo. Estes<br />
vagões devem ser indenizados e vendidos como sucata, de<br />
acordo com informações da concessionária.<br />
A Estrada de Ferro Amapá não teve seus vagões computados,<br />
pois está desativada desde 2015. Segundo o governo<br />
do Amapá, assim como a ferrovia, todo o material<br />
rodante não tem no momento condições para operação.<br />
Até ano passado, a frota da EF Amapá era de 321 vagões.<br />
O levantamento "Todos os Vagões" é publicado periodicamente<br />
na edição <strong>Março</strong>-<strong>Abril</strong> da Revista Ferroviária.<br />
Os estudos de mercado exclusivos feitos pela RF podem<br />
ser acessados pelos assinantes, por meio de login e senha,<br />
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estudo de mercado<br />
TOTAL DE VAGÕES POR OPERADORA<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Rumo 28.368 29.028 2.926 2.926 31.294 31.954<br />
Transnordestina (FTL + TLSA) 1.776 1.708 131 131 1.907 1.839<br />
Ferrovia Centro-Atlântica 21.487 21.487 1.997 1.997 23.484 23.484<br />
Ferrovia Norte-Sul 1.995 2.233 652 652 2.647 2.885<br />
EF Vitória a Minas 19.123 18.808 500 214 19.623 19.022<br />
EF Carajás 18.135 20.209 0 0 18.135 20.209<br />
Ferrovia Tereza Cristina 540 483 0 0 540 483<br />
MRS 19.935 18.846 1.485 1.485 21.420 20.331<br />
Ferroeste 426 426 0 0 426 426<br />
EF Trombetas 146 146 0 0 146 146<br />
EF Juruti 64 82 0 0 64 82<br />
EF Jari 84 84 0 0 84 84<br />
Total 112.079 113.540 7.691 7.405 119.770 120.945<br />
*Os dados têm como base os meses de março de 2017 e março de <strong>2018</strong>. Fonte: Operadoras<br />
RUMO<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 1.982 1.976 752 752 2.734 2.728<br />
Gôndola 1.843 1.842 3 3 1.846 1.845<br />
Hopper 16.040 16.707 621 621 16.661 17.328<br />
Plataforma 2.259 2.259 163 163 2.422 2.422<br />
Tanque 2.776 2.776 885 885 3.661 3.661<br />
Outros 3.468 3.468 502 502 3.970 3.970<br />
Total 28.368 29.028 2.926 2.926 31.294 31.954<br />
Fonte: Rumo<br />
FERROVIA CENTRO-ATLÂNTICA<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 1.631 1.631 0 0 1.631 1.631<br />
Gôndola 4.620 4.620 0 0 4.620 4.620<br />
Hopper 9.936 9.936 1.697 1.697 11.633 11.633<br />
Plataforma 3.233 3.233 300 300 3.533 3.533<br />
Tanque 1.917 1.917 0 0 1.917 1.917<br />
Outros 150 150 0 0 150 150<br />
Total 21.487 21.487 1.997 1.997 23.484 23.484<br />
Fonte: VLI<br />
FERROVIA NORTE-SUL<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 77 77 228 228 305 305<br />
Gôndola 1 1 0 0 1 1<br />
Hopper 1.570 1.808 369 369 1.939 2.177<br />
Plataforma 5 5 0 0 5 5<br />
Tanque 341 341 55 55 396 396<br />
Outros 1 1 0 0 1 1<br />
Total 1.995 2.233 652 652 2.647 2.885<br />
Fonte: VLI<br />
EF VITÓRIA A MINAS<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 249 206 46 0 295 206<br />
Gôndola 14.206 14.099 200 1 14.406 14.100<br />
Hopper 2.619 2.384 42 23 2.661 2.407<br />
Plataforma 1.937 1.884 154 190 2.091 2.074<br />
Tanque 101 99 39 0 140 99<br />
Outros 11 136 19 0 30 136<br />
Total 19.123 18.808 500 214 19.623 19.022<br />
Fonte: Vale<br />
50<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
FERROVIA TRANSNORDESTINA LOGÍSTICA (FTL)<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 242 241 85 85 327 326<br />
Gôndola 35 27 0 0 35 27<br />
Hopper 408 378 0 0 408 378<br />
Plataforma 242 214 46 46 288 260<br />
Tanque 371 371 0 0 371 371<br />
Gaiola 5 4 0 0 5 4<br />
Outros 4 4 0 0 4 4<br />
Total 1.307 1.239 131 131 1.438 1.370<br />
Fonte: Transnordestina<br />
TRANSNORDESTINA LOGÍSTICA S.A. (TLSA)<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 0 0 0 0 0 0<br />
Gôndola 12 12 0 0 12 12<br />
Hopper 305 305 0 0 305 305<br />
PlataformaC 150 150 0 0 150 150<br />
Tanque 0 0 0 0 0 0<br />
Outros 2 2 0 0 2 2<br />
Total 469 469 0 0 469 469<br />
Fonte: Transnordestina
estudo de mercado<br />
EF CARAJÁS<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 12 46 0 0 12 46<br />
Gôndola 16.314 18.309 0 0 16.314 18.309<br />
Hopper 1.171 1.210 0 0 1.171 1.210<br />
Plataforma 446 423 0 0 446 423<br />
Tanque 158 182 0 0 158 182<br />
Outros 34 39 0 0 34 39<br />
Total 18.135 20.209 0 0 18.135 20.209<br />
Fonte: Vale<br />
FERROVIA TEREZA CRISTINA<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 56 0 0 0 56 45<br />
Gôndola 410 0 0 0 410 375<br />
Hopper 20 0 0 0 20 9<br />
Plataforma 54 0 0 0 54 54<br />
Tanque 0 0 0 0 0 0<br />
Outros 0 0 0 0 0 0<br />
Total 540 0 0 0 540 483<br />
Fonte: FTC<br />
MRS<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 1.171 1.068 158 158 1.329 1.226<br />
Gôndola 12.952 12.240 514 514 13.466 12.754<br />
Hopper 2.957 2.823 813 813 3.770 3.636<br />
Plataforma 2.418 2.304 0 0 2.418 2.304<br />
Tanque 408 384 0 0 408 384<br />
Outros 29 27 0 0 29 27<br />
Total 19.935 18.846 1.485 1.485 21.420 20.331<br />
Fonte: MRS<br />
FERROESTE<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 414 414 0 0 414 414<br />
Gôndola 0 0 0 0 0 0<br />
Hopper 10 10 0 0 10 10<br />
Plataforma 2 2 0 0 2 2<br />
Tanque 0 0 0 0 0 0<br />
Outros 0 0 0 0 0 0<br />
Total 426 426 0 0 426 426<br />
Fonte: Ferroeste<br />
EF TROMBETAS<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 0 0 0 0 0 0<br />
Gôndola 142 142 0 0 142 142<br />
Hopper 2 2 0 0 2 2<br />
Plataforma 2 2 0 0 2 2<br />
Tanque 0 0 0 0 0 0<br />
Outros 0 0 0 0 0 0<br />
Total 146 146 0 0 146 146<br />
Fonte: Mineração Rio do Norte (MRN)<br />
52<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
EF JURUTI<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 1 1 0 0 1 1<br />
Gôndola 54 72 0 0 54 72<br />
Hopper 2 2 0 0 2 2<br />
Plataforma 5 5 0 0 5 5<br />
Tanque 2 2 0 0 2 2<br />
Outros 0 0 0 0 0 0<br />
Total 64 82 0 0 64 82<br />
Fonte: Alcoa<br />
EF JARI<br />
Operadora<br />
Frota própria Frota de clientes Total<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Fechado 0 0 0 0 0 0<br />
Gôndola 0 0 0 0 0 0<br />
Hopper 2 2 0 0 2 2<br />
Plataforma 82 82 0 0 82 82<br />
Tanque 0 0 0 0 0 0<br />
Outros 0 0 0 0 0 0<br />
Total 84 84 0 0 84 84<br />
Fonte: EF Jari
suprimentos<br />
Soluções estratégicas<br />
Fabricantes de vagões buscam inovação no atendimento às demandas das operadoras<br />
Por Annaclara Velasco<br />
M.Scalco<br />
Vagões modelo Hopper da Randon entregues à VLI<br />
Relacionamento próximo das operadoras de<br />
carga e reuniões frequentes de grupos técnicos<br />
de engenharia são rotina para quem<br />
trabalha em empresas fabricantes de vagões<br />
no Brasil. Para agradar ao cliente, a ordem é oferecer<br />
soluções que tornem as operadoras de carga mais competitivas<br />
e reduzam os custos de operação no transporte<br />
ferroviário. Não por acaso, nos últimos anos, a evolução<br />
em termos de tecnologia do produto foi perceptível:<br />
vagões com maior capacidade de volume transportado,<br />
aumento da vida útil de componentes, redução do nível<br />
de acidentes e do tempo de espera e de parada dos ativos<br />
são apenas alguns dos resultados.<br />
Os grandes desafios são dotar as concessionárias de<br />
novas tecnologias que as tornem mais eficientes e dinamizar<br />
o mercado em um momento de baixo investimento<br />
na indústria, define Paulo Maurício Rosa, diretor de<br />
Engenharia Brasil para América do Sul da Amsted Rail,<br />
responsável por projetos de truques e sistema de choque<br />
e tração. E, para encontrar os melhores resultados, os engenheiros<br />
não economizam no uso de formas geométricas,<br />
curvas matemática e testes em laboratórios.<br />
“A demanda das ferrovias é transportar com cada vez<br />
mais produtividade, menor custo operacional e baixo<br />
número de acidentes. E nós, empresas fabricantes, estamos<br />
sempre investindo no desenvolvimento de novas<br />
soluções, utilizando tecnologia não só de material, como<br />
também de sistema, para que toda a cadeia tenha um custo<br />
de manutenção mais baixo. Todos os componentes são<br />
estudados nos mínimos detalhes”, garante o engenheiro.<br />
54<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
Uma das inovações da Amsted Rail,<br />
testada no mercado nacional há alguns<br />
anos é o Motion Control, truque que reduz<br />
o desgaste das rodas e o consumo de<br />
combustível por garantir maior estabilidade<br />
devido ao amortecimento variável<br />
de vibrações ao entrar e sair das curvas.<br />
Cerca de 90% do material rodante produzido<br />
pela Greenbrier Maxion já têm<br />
chegado ao mercado com esta solução<br />
e a empresa também oferece um kit retrofit,<br />
para que os modelos mais antigos<br />
possam ser adaptados.<br />
Já a Randon, que acabou de inaugurar uma fábrica<br />
para a produção de vagões e semirreboques canavieiros,<br />
em Araraquara (interior de São Paulo), também está<br />
atenta às demandas do mercado (veja mais na página<br />
11). A empresa espera atingir market share de 50% no<br />
setor ferroviário até 2020. Afonso Brambilla, gerente comercial<br />
Ferroviário da Randon, diz que o investimento<br />
em inovação desde a concepção do projeto até a entrega<br />
do material rodante para os clientes é a peça fundamental<br />
– e também a mais desafiadora – no caminho para<br />
alcançar esse objetivo. Entregar um produto otimizado,<br />
robusto, que permita ganho de produtividade, competitividade<br />
e manutenção eficiente da frota, está no check list<br />
da empresa.<br />
Brambilla observa que uma das mais importantes diretrizes<br />
ao desenvolver vagões é o foco em soluções que permitam<br />
melhorar a relação carga/eixo do material rodante,<br />
o que contribui para o aumento da capacidade de transporte<br />
na via. Principalmente os vagões modelo Hopper,<br />
“A demanda das<br />
ferrovias é transportar<br />
com cada vez<br />
mais produtividade,<br />
menor custo<br />
operacional e baixo<br />
número de acidentes.”<br />
Paulo Maurício Rosa,<br />
Amsted Rail<br />
Pano de fundo da indústria ferroviária<br />
para o transporte de grãos, vêm sofrendo<br />
atualizações no que se refere à tara e<br />
ao sistema de descarga, com o objetivo<br />
de diminuir o tempo de espera e de parada<br />
dos ativos.<br />
“Ao diminuir a tara do vagão, aumentamos<br />
o peso de carga transportada.<br />
Fazendo um histórico em números<br />
macros, um vagão Hopper para bitola<br />
larga, em 2003, pesava de 33 a 34 toneladas,<br />
para uma carga total de 120<br />
toneladas. Hoje, o equipamento pesa<br />
28 toneladas para uma carga total de<br />
130 toneladas, quase 155 toneladas de adição de carga<br />
por viagem”, analisa o executivo da Randon.<br />
Inovação dos fornecedores<br />
A rede de fornecedores de peças para vagões não fica<br />
atrás quando o assunto é a busca por inovação e competitividade.<br />
A MWL, especializada em rodas e eixos, desenvolveu,<br />
em parceria com a Universidade Estadual de<br />
Campinas (Unicamp), uma roda para vagões e locomotivas<br />
de aço fundido microligado com nióbio, substituindo<br />
assim o vanádio. Ao substituir o vanádio, componente<br />
mais usado na fabricação, o resultado, segundo o gerente<br />
de engenharia, Domingos José Minicucci, é uma roda<br />
mais dura, tenaz e com menor taxa de desgaste.<br />
“Nossos testes de laboratório apontaram um desgaste<br />
20% menor com esse novo produto. Ele já está<br />
sendo amplamente utilizado na Arábia Saudita e, no<br />
Brasil, empresas como Vale, Rumo e MRS já aderiram”,<br />
afirma Minicucci.<br />
Apesar da busca por melhorias e<br />
produtividade, a indústria ferroviária<br />
vive um período de baixo investimento<br />
por parte das operadoras de carga. Um<br />
dos motivos, além da crise, que paralisou<br />
investimentos de maneira geral no<br />
Brasil, é a expectativa das empresas em<br />
torno da renovação antecipada das concessões<br />
ferroviárias, cuja contrapartida<br />
é o compromisso de investimentos de<br />
R$ 25 bilhões nos próximos cinco anos<br />
(somando os valores discutidos nos processos<br />
em negociação com a ANTT), segundo<br />
dados da Abifer.<br />
Vicente Abate, presidente da entidade,<br />
afirma que as fabricantes de vagões<br />
e locomotivas estão trabalhando<br />
atualmente com um nível de ociosidade<br />
de 75% e que há previsões de que, a<br />
partir do segundo semestre deste ano,<br />
a ANTT já esteja trabalhando juntamente<br />
ao Tribunal de Contas da União para que<br />
alguns dos contratos de renovação antecipada<br />
das concessões sejam assinados<br />
ainda no terceiro trimestre de <strong>2018</strong>. Um<br />
dos processos que está mais avançado<br />
é o da Malha Paulista da Rumo.<br />
“Isso fará com que 2019 seja um<br />
ponto de crescimento da indústria,<br />
pois vai alavancar os investimentos.<br />
Enquanto as renovações não ocorrem,<br />
temos uma previsão de pedidos de 60<br />
locomotivas e algo em torno de dois<br />
mil e três mil vagões neste ano, muito<br />
aquém da nossa capacidade produtiva”,<br />
afirma Abate.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> MARÇO/ABRIL DE <strong>2018</strong> 55
nota técnica<br />
Contribuição do Carro Controle na gestão dos<br />
trilhos na Estrada de Ferro Vitória a Minas<br />
Pereira, Luciano; Tonini, Luis; Gomes, Viviane<br />
VALE, Vitoria/ES, Brasil<br />
A Estrada de Ferro Vitória a Minas atualmente tem uma extensão de 905 km de linha principal, transporta em média<br />
160 milhões de toneladas por ano, dos quais 130 milhões é minério de ferro e 30 milhões correspondem a carvão,<br />
produtos agrícolas como soja, calcário, granito, fertilizante e cargas diversas. Com relação aos trilhos, a Estrada de<br />
Ferro Vitória a Minas possui 1810 km’s de trilhos assentados na sua linha principal, o que representa aproximadamente<br />
120 mil toneladas de trilho, sendo esses trilhos do tipo TR-68 (136 RE). Hoje o trilho é o ativo mais caro da ferrovia e o<br />
segundo maior gasto anual de aquisição, abaixo somente de combustível (Diesel). Para se ter uma ideia da representatividade<br />
deste ativo, o orçamento anual de trilhos para manutenção na Estrada de Ferro Vitória a Minas gira em torno<br />
de R$ 50 milhões. Basicamente estes trilhos são substituídos por três motivos: desgaste, defeito ou fadiga. Substituir<br />
trilhos não atendendo aos parâmetros técnicos implica em risco operacional, em contrapartida, o fato de substituir os<br />
trilhos abaixo destes limites reflete em perda financeira.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A definição do momento ideal para substituição de um trilho<br />
é uma busca que garante de forma concomitante a segurança<br />
operacional e o menor custo de manutenção relacionado a este<br />
ativo. A projeção da substituição, assim como a confirmação<br />
desta necessidade, é realizada através de um monitoramento<br />
periódico, denominado “ prospecção de trilho”. Na Estrada de<br />
Ferro Vitória a Minas esta prospecção é realizada anualmente<br />
de forma manual (pelos inspetores de via). Nesta etapa ocorre<br />
a avaliação do trilho, levando em consideração os três aspectos<br />
prioritários para substituição:<br />
Desgaste: é a perda de área do boleto causada basicamente<br />
pelo atrito do friso do material rodante com o trilho.<br />
Figura 2 – Defeito superficial na pista de rolamento (Flaking).<br />
Fadiga: Trilho com elevado MTBT, já apresentando perda de<br />
algumas características mecânicas. Estes trilhos são monitorados<br />
periodicamente por inspeções do ultrassom.<br />
Figura 3 - Trilho fabricado em 1971 representando<br />
um trilho onde se estima ter passado mais de 1800 MTBT<br />
(valor definido pela estratégia de manutenção).<br />
Figura 1 – Medição manual de desgaste de trilho.<br />
Defeito Superficial: são imperfeições na superfície de rolamento<br />
causadas pela fadiga no contato roda/trilho RCF (Rolling<br />
Contact Fatigue).<br />
56<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong><br />
2. LIMITES<br />
De acordo com o motivo da substituição, o trilho apresenta<br />
seu respectivo limite. Para o desgaste, esse limite irá depender<br />
do local onde o trilho está assentado (curva ou tangente), sendo<br />
que em curvas irão variar de acordo com o grau de curvatura,<br />
conforme tabela 01.
Trilho tipo “B”: Trilho com pequenas incidências de deformações<br />
e defeitos superficiais.<br />
Tabela 01 – Tabela dos limites de desgaste<br />
em % de perda de área do boleto<br />
Com relação aos defeitos superficiais, sua substitui-ção é<br />
priorizada através de uma classificação que depende do tipo do<br />
defeito, variando do tipo A até o tipo D, sendo que o tipo D é<br />
automaticamente incluído no planejamento de substituição.<br />
Tabela 02 – Classificação dos trilhos<br />
quanto aos defeitos superficiais<br />
Trilho tipo “A”: Trilho isento de defeitos superficiais, possuindo<br />
sua superfície de rolamento regular e uniforme, que<br />
ameniza os impactos causados pelo contato roda/trilho.<br />
Figura 5 – Trilho “B” pequenas imperfeições<br />
Trilho tipo “C”: Trilho em adiantado estado de deformação/defeito<br />
superficial. Geralmente são defeitos do tipo Shelling ou Flaking.<br />
Figura 6 – Trilho “C” avançado estado de defeito<br />
Figura 4 – Trilho “A” isento de defeito<br />
Trilho tipo “D”: Trilho com a superfície de rolamento completamente<br />
comprometida. Estas imperfeições já começam a<br />
provocar outros defeitos na superestrutura da via, como desnivelamento<br />
transversal/longitudinal, afrouxamento das fixações<br />
e desconsolidação do lastro.
nota técnica<br />
Figura 7 – Trilho “D” superfície<br />
completamente comprometida<br />
3. DADOS HISTÓRICOS E DEFINIÇÃO DA META<br />
PARA MELHORIA DO PROCESSO<br />
No ano de 2015 foram substituídas 16 mil toneladas de trilhos.<br />
Levando em consideração o critério desgaste, o processo apresentava<br />
uma grande variabilidade dos dados e uma média de 38,1%<br />
de trilhos substituídos sem um critério assertivo de priorização.<br />
Diante das estatísticas descritivas, estabelecemos uma meta para<br />
melhorar a priorização dos trilhos a serem substituídos reduzindo<br />
o erro médio de 38,1% para 22,1% até Julho - 2017.<br />
Gráfico 03 – Pareto com estratificação por grau de curva<br />
Em seguida foi avaliado se os dados históricos seguiam uma<br />
distribuição normal para uso das corretas ferramentas estatísticas e<br />
a conclusão foi que os dados não seguiam uma distribuição normal.<br />
Gráfico 04 – Gráfico de análise de probabilidade normal<br />
Gráfico 01 – % de Trilhos substituídos fora dos parâmetros.<br />
4. ANÁLISE DO FENOMÊNO<br />
Foi realizada a estratificação dos dados históricos para análise<br />
do comportamento do nosso problema, sendo identificado<br />
que o maior desvio encontrava-se nos trilhos substituídos por<br />
desgaste. Dentro dos trilhos substituídos por desgaste o destaque<br />
era para as curvas com limite de 30% e 35% de perda da<br />
área do boleto.<br />
Tabela 03 e 04 - Tabelas de conclusão<br />
da análise de normalidade<br />
Pelo resultado do Teste de Normalidade de Anderson-Darling<br />
(p-Value < 0,05), concluímos que a distribuição dos dados<br />
não seguem uma curva normal.<br />
Portanto, foi necessário avaliar se os dados apresentam variabilidade<br />
através do boxplot.<br />
Gráfico 02 – Pareto com estratificação por motivo<br />
Gráfico 05 - Boxplot indicando variabilidade<br />
e assimetria dos dados<br />
58<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
Diante dos resultados estatísticos e da dificuldade de correlação<br />
e quantificação das possíveis causas, reunimos uma equipe<br />
multidisciplinar com representantes das áreas envolvidas (Engenharia<br />
de via, Confiabilidade de via, PCM VP e Equipe de manutenção),<br />
afim de realizar o levantamento das possíveis causas do<br />
problema. Diante das possíveis causas, foram realizadas inspeções<br />
no trecho para comprovação e tratamento das mesmas.<br />
5. COMPROVAÇÃO DAS CAUSAS E AÇÕES<br />
DE TRATAMENTO<br />
A primeira causa a ser comprovada e tratada, foi o método de<br />
realização da prospecção de trilho, que por ser manual,<br />
é muito sensitiva e depende da avaliação humana.<br />
Então estudamos os dados extraídos do carro controle<br />
para fazer o monitoramento periódico dos trilhos<br />
e assim obter a definição correta do desgaste de trilho<br />
impedindo projeções equivocadas e garantindo a adoção<br />
do valor máximo de desgaste nominal.<br />
Para obter um melhor resultado, realizamos um novo<br />
estudo de análise dos dados gráficos do carro controle<br />
e convertemos em uma tabela numérica para ser mais<br />
assertiva e menos interpretativa.<br />
Figura 8 – Carro contrale da<br />
Estrada de Ferro Vitória a Minas<br />
Figura 9 – Leitura automatizada de desgaste<br />
realizada pelo Carro controle<br />
Tabela 05 – Desgaste Bimestral e<br />
previsão de vida útil dos trilhos<br />
A segunda causa comprovada e tratada, foram trilhos substituídos<br />
acima do limite de desgaste que concorriam com as demais<br />
manutenções, como substituição de dormentes, substituição<br />
de componentes de aparelho de mudança de via, realização<br />
de correções geométricas e etc. Sendo que a manutenção que<br />
mais impactava era em locais com grandes interdições. Quando<br />
um determinado trecho é entregue para uma grande manutenção,<br />
este local fica interditado por aproximadamente 30 dias,<br />
impedindo que outros serviços sejam realizados nas proximidades,<br />
ou seja, só é possível interditar a linha em outro local próximo<br />
para substituição do trilho, após a finalização da grande<br />
parada e entrega da linha para circulação. Utilizando as taxas de<br />
desgaste levantadas nas medições bimestrais do carro controle,<br />
foi possível realizar projeções de substituição e incluir a substi-
nota técnica<br />
tuição dos trilhos no plano de manutenção anual (plano de 52 semanas<br />
com as grandes paradas).<br />
A terceira ação mais significativa, foi o fornecimento de dados assertivos<br />
de desgastes com o carro controle com ampla amostragem<br />
(frequência bimensal), que propiciou o estudo estatístico de número de<br />
fraturas x desgaste da área do boleto. O resultado final deste estudo levou<br />
a alteração do limite técnico de substituição de trilhos internos das<br />
curvas. Estes limites que anteriormente eram de 30% (curvas com grau<br />
maior que 3°30’) e 35% (curvas com grau entre 2°00’ e 3°30’) foram<br />
alterados para 40%. Conforme tabela abaixo:<br />
Gráfico 07 – Histograma do processo antes das melhorias<br />
Tabela 06 – Tabela de desgaste de trilho revisada<br />
6. APURAÇÃO DOS RESULTADOS<br />
As ações foram implantadas e em Fevereiro de 2017 teve início o<br />
período de verificação dos resultados, desde então saímos do patamar<br />
de 38,1% de trilhos substituídos fora dos parâmetros de priorização<br />
por desgaste, para um patamar de 14,1%, superando a meta que era de<br />
22,1%. O resultado se mostrou estável e sustentável até a data da última<br />
atualização (FEV-<strong>2018</strong>).<br />
7. CONCLUSÃO<br />
A automatização da prospecção e o acompanhamento das inspeções<br />
utilizando o carro controle, garantem uma maior assertividade no<br />
processo. A programação das substituições de trilhos inseridas no planejamento<br />
anual das grandes paradas, evitam que trilhos ultrapassem<br />
seus limites de desgaste em regiões de difícil concessão para faixas de<br />
manutenção. Outro ganho obtido, foi a revisão dos valores de desgaste<br />
para o trilho interno, que diferente do trilho externo, está basicamente<br />
submetido a esforços verticais. Essa revisão proporcionou uma economia<br />
que foi redirecionada para atenuar o backlog de trilhos fadigados<br />
(acima de 1800 MTBT). Além dos ganhos quantitativos mencionados,<br />
foi possível reduzir a variabilidade no processo, saindo de um desvio<br />
padrão de 3,8 para 1,5. A aplicação da metodologia Seis Sigma proporcionou<br />
a tomada de decisão mais assertiva para o desenvolvimento do<br />
trabalho de forma estruturada e sustentável.<br />
Gráfico 08 – Histograma do processo depois das melhorias<br />
Gráfico 09 – Boxplot do processo antes e depois das melhorias.<br />
60<br />
Gráfico 06 – Gráfico sequencial com histórico do indicador<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong><br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
AGUIAR, S., 2002, Integração<br />
das Ferramentas da Qualidade<br />
ao PDCA e ao Programa<br />
Seis Sigma. Belo<br />
Horizonte: Editora Desenvolvimento<br />
Gerencial.<br />
ECKES, G., A Revolução Seis<br />
Sigma. Rio de Janeiro,<br />
Campus, 2001, 4ª <strong>Edição</strong><br />
NOBRE, S., 2012, Vida útil de<br />
trilhos na EFVM, DocTec<br />
10968 Vale.<br />
VALE S.A, EM– Estratégia de<br />
manutenção <strong>2018</strong>-2021<br />
para superestrutura EFVM,<br />
DocTec 13673 Vale.<br />
VALE S.A, MT – Manual<br />
técnico de Manutenção,<br />
2013.<br />
CARNEIRO, E., 1997, Estudo<br />
de determinação do desgaste<br />
máximo em trilhos<br />
na EFVM, CVRD
Início de <strong>2018</strong> em alta<br />
Movimentação nas operadoras cresceu nos dois primeiros meses do ano<br />
estatísticas<br />
Com intuito de fornecer informações mais atualizadas<br />
aos leitores, a Revista Ferroviária<br />
traz excepcionalmente nesta edição quatro<br />
meses de dados estatísticos de movimentação<br />
nos sistemas de carga e de passageiros – o período<br />
compreende entre novembro de 2017 a fevereiro deste<br />
ano. No que diz respeito ao transporte de carga, na comparação<br />
entre 2016 e 2017 houve aumento de 10% na<br />
movimentação em TKU (toneladas por quilômetro útil)<br />
pelas operadoras. Foram 375,2 bilhões de TKU transportados<br />
em 2017, 155,5 bilhões só na Estrada de Ferro<br />
Carajás que, em relação aos resultados de 2016, obteve<br />
crescimento de 14,1% em TKU. Em <strong>2018</strong>, apesar do<br />
início satisfatório em janeiro, há de se ressaltar que, no<br />
acumulado até fevereiro, o transporte de carga ainda está<br />
à frente dos resultados de 2017 em TKU, mas obteve<br />
ligeira queda em TU (toneladas úteis), de 0,8%.<br />
As operadoras de passageiros fecharam 2017 com<br />
alta de 0,2% frente à 2016, com 2,876 bilhões de passageiros<br />
transportados no ano, 1,095 bilhão apenas no<br />
Metrô de São Paulo. A MDU (Média Dia Útil) girou<br />
em torno de 9,8 milhões de passageiros transportados,<br />
tendo superado a casa dos 10 milhões de passageiros/<br />
dia útil em quatro meses durante 2017: maio, setembro,<br />
outubro e novembro. Em <strong>2018</strong>, os sistemas já demonstram<br />
crescimento de 2,9% até fevereiro, frente aos dois<br />
primeiros meses de 2017. Ano passado foi a estreia do<br />
Metrô de Salvador, VLT da Baixada Santista, VLT de<br />
Sobral, VLT Carioca (sistemas novos) nos dados estatísticos<br />
da RF; assim como os Bondes de Santa Teresa e<br />
Metrô de Teresina (antigos, mas não contabilizados até<br />
então nas estatísticas), trazendo assim uma visão mais<br />
completa sobre a realidade do transporte de passageiros<br />
por trilhos no Brasil.<br />
Veja mais em www.revistaferroviaria.com.br<br />
Nas tabelas de transporte urbano sobre trilhos estão contabilizadas as transferências entre as linhas<br />
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - NOVEMBRO 2017<br />
Operadoras<br />
11/16 11/17<br />
Δ% Acumulado no ano até Novembro<br />
Nov 17/Nov 16 2016 2017 Δ%<br />
TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU<br />
Rumo - Malha Sul 1.298,8 817,6 1.759,7 1.119,6 35,5 36,9 17.056,9 11.022,1 19.740,5 12.525,4 15,7 13,6<br />
Transnordestina Log. 113,3 56,5 121,1 55,9 6,9 (1,2) 1.214,7 602,0 1.224,3 594,3 0,8 (1,3)<br />
E.F. Carajás 13.765,5 12.072,6 15.983,7 14.203,6 16,1 17,7 140.692,7 123.487,8 157.417,6 139.574,3 11,9 13,0<br />
E.F.V.M. 10.588,0 6.119,7 10.826,8 6.119,8 2,3 0,0 118.308,9 68.086,6 119.588,0 67.724,3 1,1 (0,5)<br />
Rumo - Malha Paulista 735,6 487,0 285,1 244,5 (61,2) (49,8) 5.470,5 4.174,4 3.706,6 3.157,7 (32,2) (24,4)<br />
Rumo - Malha Norte 659,0 958,7 1.909,5 2.945,7 189,8 207,3 14.068,0 21.772,6 18.595,8 28.922,0 32,2 32,8<br />
Ferroeste* 14,6 5,4 54,3 22,0 272,5 307,8 422,6 123,3 420,6 137,6 (0,5) 11,6<br />
FCA 1.902,7 1.354,8 2.676,0 1.879,7 40,6 38,7 23.488,3 18.005,2 31.773,2 22.769,3 35,3 26,5<br />
FTC 241,9 18,5 233,3 17,9 (3,6) (3,3) 2.699,7 208,5 2.487,2 191,1 (7,9) (8,3)<br />
MRS Logística 11.116,3 5.160,2 10.878,4 5.049,9 (2,1) (2,1) 130.180,7 60.456,0 126.640,7 59.088,8 (2,7) (2,3)<br />
Rumo - Malha Oeste 294,2 68,7 352,2 76,9 19,7 11,9 3.249,0 746,3 3.704,7 781,4 14,0 4,7<br />
Ferrovia Norte-Sul 179,7 141,4 430,1 386,7 139,3 173,6 4.827,8 4.294,8 7.646,4 7.083,2 58,4 64,9<br />
Total 40.909,6 27.261,0 45.510,3 32.122,1 11,2 17,8 461.679,6 312.979,6 492.945,6 342.549,3 6,8 9,4<br />
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.<br />
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - DEZEMBRO 2017<br />
Operadoras<br />
12/16 12/17<br />
Δ% Acumulado no ano até Dezembro<br />
Dez 17/Dez 16 2016 2017 Δ%<br />
TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU<br />
Rumo - Malha Sul 1.287,8 809,3 1.613,9 1.030,4 25,3 27,3 18.344,7 11.831,4 21.354,5 13.555,7 16,4 14,6<br />
Transnordestina Log. 105,1 50,4 105,8 51,1 0,7 1,5 1.319,8 652,3 1.330,1 645,4 0,8 (1,1)<br />
E.F. Carajás 14.559,6 12.780,4 17.914,9 15.963,2 23,0 24,9 155.252,3 136.268,2 175.332,5 155.537,5 12,9 14,1<br />
E.F.V.M. 11.292,1 6.472,2 10.319,3 5.793,6 (8,6) (10,5) 129.601,0 74.558,8 129.907,3 73.517,9 0,2 (1,4)<br />
Rumo - Malha Paulista 506,2 355,3 344,9 286,3 (31,9) (19,4) 5.976,7 4.529,7 4.051,5 3.444,0 (32,2) (24,0)<br />
Rumo - Malha Norte 838,3 1.225,0 1.791,5 2.740,7 113,7 123,7 14.906,3 22.997,6 20.387,3 31.662,7 36,8 37,7<br />
Ferroeste 17,2 7,7 44,3 21,5 158,0 180,9 439,8 130,9 464,9 159,1 5,7 21,5<br />
FCA 1.504,4 1.039,9 2.412,7 1.660,0 60,4 59,6 24.992,7 19.045,1 34.185,8 24.429,3 36,8 28,3<br />
FTC 198,8 15,3 190,8 14,6 (4,0) (4,4) 2.898,4 223,8 2.678,0 205,7 (7,6) (8,1)<br />
MRS Logística 11.320,5 5.189,6 10.485,5 4.820,2 (7,4) (7,1) 141.501,2 65.645,7 137.126,2 63.909,0 (3,1) (2,6)<br />
Rumo - Malha Oeste 255,8 50,8 341,5 76,3 33,5 50,4 3.504,7 797,0 4.046,1 857,7 15,4 7,6<br />
Ferrovia Norte-Sul 201,5 157,0 250,5 210,5 24,3 34,1 5.029,2 4.451,8 7.896,9 7.293,8 57,0 63,8<br />
Total 42.087,3 28.152,8 45.815,5 32.668,5 8,9 16,0 503.766,9 341.132,4 538.761,1 375.217,8 6,9 10,0<br />
Fonte: ANTT.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong> 61
estatísticas<br />
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - JANEIRO <strong>2018</strong><br />
Operadoras<br />
01/17 01/18<br />
Δ% Acumulado no ano até Janeiro<br />
Jan 18/Jan 17 2017 <strong>2018</strong> Δ%<br />
TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU<br />
Rumo - Malha Sul 1.078,8 664,2 1.329,7 832,3 23,3 25,3 1.078,8 664,2 1.329,7 832,3 23,3 25,3<br />
Transnordestina Log. 106,9 52,2 113,5 54,8 6,1 4,9 106,9 52,2 113,5 54,8 6,1 4,9<br />
E.F. Carajás 14.089,1 12.356,7 15.835,6 14.173,7 12,4 14,7 14.089,1 12.356,7 15.835,6 14.173,7 12,4 14,7<br />
E.F.V.M. 11.042,3 6.386,5 10.498,8 5.944,1 (4,9) (6,9) 11.042,3 6.386,5 10.498,8 5.944,1 (4,9) (6,9)<br />
Rumo - Malha Paulista 438,0 358,9 544,6 383,2 24,3 6,8 438,0 358,9 544,6 383,2 24,3 6,8<br />
Rumo - Malha Norte 859,2 1.324,6 1.135,6 1.699,5 32,2 28,3 859,2 1.324,6 1.135,6 1.699,5 32,2 28,3<br />
Ferroeste 31,0 14,2 56,6 37,7 82,3 165,8 31,0 14,2 56,6 37,7 82,3 165,8<br />
FCA 1.681,3 1.014,0 1.927,3 1.111,6 14,6 9,6 1.681,3 1.014,0 1.927,3 1.111,6 14,6 9,6<br />
FTC 232,3 17,7 219,4 16,9 (5,6) (4,4) 232,3 17,7 219,4 16,9 (5,6) (4,4)<br />
MRS Logística 10.341,8 4.742,7 9.895,8 4.597,7 (4,3) (3,1) 10.341,8 4.742,7 9.895,8 4.597,7 (4,3) (3,1)<br />
Rumo - Malha Oeste 277,1 40,0 353,0 81,0 27,4 102,5 277,1 40,0 353,0 81,0 27,4 102,5<br />
Ferrovia Norte-Sul 205,1 163,5 193,7 166,0 (5,6) 1,5 205,1 163,5 193,7 166,0 (5,6) 1,5<br />
Total 40.383,0 27.135,3 42.103,5 29.098,6 4,3 7,2 40.383,0 27.135,3 42.103,5 29.098,6 4,3 7,2<br />
Fonte: ANTT.<br />
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - FEVEREIRO <strong>2018</strong><br />
02/17 02/18<br />
Δ% Acumulado no ano até Fevereiro<br />
Operadoras Fev 18/Fev 17 2017 <strong>2018</strong> Δ%<br />
TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU<br />
Rumo - Malha Sul 1.318,3 831,2 1.453,7 917,5 10,3 10,4 2.397,1 1.495,4 2.783,4 1.749,9 16,1 17,0<br />
Transnordestina Log. 88,5 47,7 84,4 41,5 (4,6) (13,0) 195,4 100,0 197,9 96,3 1,3 (3,6)<br />
E.F. Carajás 11.847,4 10.433,9 11.796,5 10.607,3 (0,4) 1,7 25.936,6 22.790,7 27.632,2 24.781,0 6,5 8,7<br />
E.F.V.M. 10.052,1 5.751,2 8.889,6 5.019,6 (11,6) (12,7) 21.094,4 12.137,6 19.388,5 10.963,8 (8,1) (9,7)<br />
Rumo - Malha Paulista 258,7 243,9 335,9 299,1 29,8 22,6 696,7 602,8 880,4 682,3 26,4 13,2<br />
Rumo - Malha Norte 1.493,9 2.334,1 1.807,2 2.751,1 21,0 17,9 2.353,1 3.658,7 2.942,8 4.450,7 25,1 21,6<br />
Ferroeste 88,4 31,2 65,0 30,3 (26,4) (3,0) 119,5 45,4 121,6 68,0 1,8 49,8<br />
FCA 2.051,3 1.475,0 2.190,3 1.410,0 6,8 (4,4) 3.732,5 2.489,0 4.117,6 2.521,6 10,3 1,3<br />
FTC 226,0 17,3 222,0 17,2 (1,7) (0,5) 458,3 35,0 441,4 34,2 (3,7) (2,5)<br />
MRS Logística 10.903,9 5.083,8 9.147,1 4.221,4 (16,1) (17,0) 21.245,7 9.826,5 19.042,9 8.819,2 (10,4) (10,3)<br />
Rumo - Malha Oeste 275,3 32,0 329,6 74,2 19,7 132,3 552,4 71,9 682,6 155,2 23,6 115,7<br />
Ferrovia Norte-Sul 429,8 385,9 331,1 289,2 (23,0) (25,1) 634,9 549,4 524,7 455,2 (17,3) (17,2)<br />
Total 39.033,6 26.667,2 36.652,4 25.678,6 (6,1) (3,7) 79.416,6 53.802,5 78.755,9 54.777,2 (0,8) 1,8<br />
Fonte: ANTT.<br />
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - NOVEMBRO 2017<br />
Operadora<br />
11/16 11/17 Δ% Acumulado no ano até Novembro Δ%<br />
Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />
Metrô-SP 3.841.283 92.211 3.928.193 91.386 2,3 (0,9) 1.017.001 1.006.754 (1,0)<br />
Via Quatro 705.048 16.561 742.061 16.307 5,2 (1,5) 184.236 183.562 (0,4)<br />
CPTM 2.823.044 68.763 2.821.253 68.958 (0,1) 0,3 748.328 756.587 1,1<br />
Metrô Rio 921.327 20.864 880.936 19.364 (4,4) (7,2) 248.482 238.338 (4,1)<br />
SuperVia 632.351 14.069 602.289 12.874 (4,8) (8,5) 166.146 147.645 (11,1)<br />
CBTU Recife 342.191 8.788 348.550 8.818 1,9 0,3 97.903 95.172 (2,8)<br />
Trensurb 193.727 4.596 199.304 4.814 2,9 4,7 51.546 50.494 (2,0)<br />
CBTU BH 202.173 4.874 203.669 4.945 0,7 1,5 54.542 54.007 (1,0)<br />
Metrofor 25.514 606 32.122 808 25,9 33,5 6.675 7.724 15,7<br />
CTB Salvador 11.143 258 11.416 269 2,4 4,1 2.983 2.946 (1,3)<br />
CBTU João Pessoa 6.997 155 7.816 172 11,7 11,0 1.566 1.816 15,9<br />
CBTU Natal 11.216 250 13.262 290 18,2 16,3 2.802 3.167 13,0<br />
CBTU Maceió 2.940 67 7.332 164 149,4 143,8 1.662 1.062 (36,1)<br />
Metrô DF 128.583 3.215 76.226 1.906 (40,7) (40,7) 32.692 34.477 5,5<br />
VLT do Cariri 945 21 1.519 32 60,7 54,0 364 172 (52,9)<br />
Metrô de Salvador 51.992 1.282 253.149 6.188 386,9 382,7 8.812 35.124 298,6<br />
VLT da Baixada Santista 4.544 117 21.021 534 362,6 355,3 469 5.348 1.039,6<br />
VLT de Sobral - - 3.460 83 - - 0 266 -<br />
VLT Carioca 25.000 661 53.000 1.152 112,0 74,2 4.002 10.055 151,2<br />
Bondes de Santa Teresa 1.108 28 800 23 (27,8) (19,8) 258 202 (21,9)<br />
Metrô de Teresina 6.210 137 6.000 132 (3,4) (3,4) 1.283 1.484 15,6<br />
Total 9.937.336 237.523 10.213.378 239.220 2,8 0,7 2.631.754 2.636.401 0,2<br />
Fonte: Operadoras. *O VLT de Sobral iniciou operação comercial em dezembro de 2016. Os dados serão computados a partir de janeiro de 2017.<br />
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - DEZEMBRO 2017<br />
Operadora<br />
12/16 12/17 Δ% Acumulado no ano até Dezembro Δ%<br />
Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />
Metrô-SP 3.557.293 90.322 3.619.203 88.991 1,7 (1,5) 1.107.322 1.095.745 (1,0)<br />
Via Quatro 627.915 16.236 673.803 16.104 7,3 (0,8) 200.472 199.667 (0,4)<br />
CPTM 2.685.045 71.156 2.806.271 71.086 4,5 (0,1) 819.484 827.673 1,0<br />
Metrô Rio 918.280 21.662 874.249 19.609 (4,8) (9,5) 270.144 257.947 (4,5)<br />
SuperVia 625.145 14.265 606.025 13.142 (3,1) (7,9) 180.411 160.786 (10,9)<br />
CBTU Recife 331.997 9.107 347.726 9.067 4,7 (0,4) 107.009 104.240 (2,6)<br />
Trensurb 178.652 4.666 184.387 4.563 3,2 (2,2) 56.212 55.057 (2,1)<br />
CBTU BH 195.316 4.803 203.088 4.788 4,0 (0,3) 59.345 58.794 (0,9)<br />
Metrofor 27.231 714 37.102 913 36,2 27,7 7.389 8.637 16,9<br />
CTB Salvador 10.462 263 11.445 262 9,4 (0,2) 3.246 3.208 (1,2)<br />
CBTU João Pessoa 7.128 169 8.128 175 14,0 4,1 1.735 1.991 14,8<br />
CBTU Natal 10.999 283 13.774 322 25,2 13,7 3.086 3.489 13,1<br />
CBTU Maceió 2.647 65 9.187 196 247,1 203,7 1.727 1.259 (27,1)<br />
Metrô DF 117.652 3.177 84.736 2.203 (28,0) (30,6) 35.869 36.680 2,3<br />
VLT do Cariri* 0 0 1.364 30 - - 364 201 (44,7)<br />
Metrô de Salvador 73.447 1.855 271.790 6.531 270,0 252,1 10.667 41.655 290,5<br />
VLT da Baixada Santista 5.070 135 19.216 527 279,0 289,6 605 5.875 871,7<br />
VLT de Sobral - - 3.661 87 - - 0 353 -<br />
VLT Carioca 29.000 738 57.000 1.285 96,6 74,0 4.741 11.340 139,2<br />
Bondes de Santa Teresa 1.100 25 996 27 (9,5) 8,7 283 229 (19,2)<br />
Metrô de Teresina 6.040 133 5.800 128 (4,0) (4,0) 1.416 1.612 13,8<br />
Total 9.410.419 239.773 9.838.951 240.036 4,6 0,1 2.871.527 2.876.437 0,2<br />
Fonte: Operadoras. *O VLT Cariri teve as operações suspensas em razão de obras da Avenida do Contorno, incluindo dois viadutos sobre a linha férrea.<br />
Continua<br />
62<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong>
Continuação<br />
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - JANEIRO <strong>2018</strong><br />
Operadora<br />
01/17 01/18 Δ% Acumulado no ano até Janeiro Δ%<br />
Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />
Metrô-SP 3.175.245 80.039 3.177.580 78.475 0,1 (2,0) 80.039 78.475 (2,0)<br />
Via Quatro 589.516 14.678 609.408 15.110 3,4 2,9 14.678 15.110 2,9<br />
CPTM 2.406.398 61.345 2.469.338 63.057 2,6 2,8 61.345 63.057 2,8<br />
Metrô Rio 822.776 20.096 797.642 20.024 (3,1) (0,4) 20.096 20.024 (0,4)<br />
SuperVia 543.950 12.651 537.668 12.747 (1,2) 0,8 12.651 12.747 0,8<br />
CBTU Recife 305.563 8.423 334.373 8.561 9,4 1,6 8.423 8.561 1,6<br />
Trensurb 160.967 4.169 165.390 4.252 2,7 2,0 4.169 4.252 2,0<br />
CBTU BH 173.066 4.547 173.443 4.590 0,2 1,0 4.547 4.590 1,0<br />
Metrofor 24.361 604 33.511 835 37,6 38,2 604 835 38,2<br />
CTB Salvador 12.162 295 12.266 298 0,9 0,9 295 298 0,9<br />
CBTU João Pessoa 7.925 188 8.543 203 7,8 7,7 188 203 7,7<br />
CBTU Natal 10.937 266 13.207 310 20,8 16,7 266 310 16,7<br />
CBTU Maceió 2.816 66 9.221 225 227,5 241,7 66 225 241,7<br />
Metrô DF 102.893 2.675 95.694 2.584 (7,0) (3,4) 2.675 2.584 (3,4)<br />
VLT do Cariri 0 0 1.303 31 - - 0 31 -<br />
Metrô de Salvador 65.481 1.687 242.231 6.298 269,9 273,3 1.687 6.298 273,3<br />
VLT da Baixada Santista 7.540 158 18.279 502 142,4 216,8 158 502 216,8<br />
VLT de Sobral 460 12 3.613 93 685,4 679,3 12 93 679,3<br />
VLT Carioca 33.182 790 56.000 1.390 68,8 75,9 790 1.390 75,9<br />
Bondes de Santa Teresa 1.261 30 1.176 33 (6,7) 11,1 30 33 11,1<br />
Metrô de Teresina 6.540 137 5.700 125 (12,8) (8,7) 137 125 (8,7)<br />
Total 8.452.920 212.855 8.765.586 219.740 3,7 3,2 212.855 219.740 3,2<br />
Fonte: Operadoras.<br />
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - FEVEREIRO <strong>2018</strong><br />
estatísticas<br />
Operadora<br />
02/17 02/18 Δ% Acumulado no ano até Fevereiro Δ%<br />
Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />
Metrô-SP 3.689.011 83.723 3.729.224 83.934 1,1 0,3 163.761 162.408 (0,8)<br />
Via Quatro 684.851 15.871 722.254 16.807 5,5 5,9 30.549 31.917 4,5<br />
CPTM 2.745.272 61.768 2.786.281 63.182 1,5 2,3 123.114 126.240 2,5<br />
Metrô Rio 890.671 20.989 857.384 19.483 (3,7) (7,2) 41.085 39.507 (3,8)<br />
SuperVia 580.964 12.043 577.230 11.286 (0,6) (6,3) 24.694 24.033 (2,7)<br />
CBTU Recife 336.560 7.929 346.973 8.011 3,1 1,0 16.352 16.572 1,3<br />
Trensurb 171.261 3.696 162.643 3.581 (5,0) (3,1) 7.865 7.833 (0,4)<br />
CBTU BH 199.380 4.685 196.768 4.712 (1,3) 0,6 9.232 9.302 0,8<br />
Metrofor 25.581 528 32.565 705 27,3 33,6 1.132 1.540 36,1<br />
CTB Salvador 10.603 232 9.422 215 (11,1) (7,2) 527 513 (2,6)<br />
CBTU João Pessoa 7.257 146 7.749 155 6,8 6,3 334 358 7,1<br />
CBTU Natal 11.995 237 13.894 269 15,8 13,4 503 579 15,2<br />
CBTU Maceió 2.984 60 8.492 187 184,6 209,9 126 412 226,5<br />
Metrô DF 118.601 2.846 117.237 2.814 (1,2) (1,1) 5.522 5.397 (2,2)<br />
VLT do Cariri 0 0 1.292 25 - - 0 55 -<br />
Metrô de Salvador 73.907 1.731 266.989 5.985 261,2 245,8 3.418 12.283 259,4<br />
VLT da Baixada Santista 17.167 326 20.466 480 19,2 47,3 485 982 102,7<br />
VLT de Sobral 347 8 3.576 83 930,5 973,9 20 176 794,8<br />
VLT Carioca 33.158 630 57.000 1.171 71,9 85,9 1.420 2.561 80,4<br />
Bondes de Santa Teresa 662 15 857 18 29,5 14,8 45 51 12,3<br />
Metrô de Teresina 6.250 119 5.900 106 (5,6) (10,6) 256 232 (9,6)<br />
Total 9.606.482 217.584 9.924.196 223.210 3,3 2,6 430.439 442.951 2,9<br />
Fonte: Operadoras.
artigo<br />
Chegou a hora de o<br />
governo e iniciativa<br />
privada destravarem<br />
o setor ferroviário<br />
ANDRÉ LUÍS LUDOLFO DA SILVA,<br />
Analista de Infraestrutura do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e diretor de Estudos<br />
e Pesquisas da Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura (ANEInfra)<br />
64<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong> DE <strong>2018</strong><br />
Dados publicados no 4º Levantamento da Safra<br />
de Grãos 2017/<strong>2018</strong> da Companhia Nacional de<br />
Abastecimento (Conab) indicam que a produção<br />
de grãos da safra 2017/<strong>2018</strong> pode chegar a<br />
227,9 milhões de toneladas. Mesmo com um ligeiro recuo<br />
de 4,1% em relação à safra passada, de 237,7 milhões de<br />
toneladas, o agronegócio segue firme no país, e a tendência<br />
de demanda por transporte ferroviário continuará a crescer.<br />
Em contrapartida, o momento de austeridade fiscal relacionado<br />
ao financiamento público da infraestrutura aponta<br />
para a necessidade de estreitamento do diálogo entre<br />
o setor público e a iniciativa privada, com o objetivo de<br />
buscar soluções para superar os desafios da infraestrutura<br />
ferroviária nacional.<br />
Nossa principal carência ainda é a baixa extensão da<br />
malha ferroviária, dada as dimensões continentais do Brasil.<br />
Nesse aspecto, observamos que três grandes projetos<br />
ferroviários, com leilões previstos para o ano de <strong>2018</strong>, estão<br />
em destaque: Ferrovia Norte-Sul, Ferrogrão e Ferrovia<br />
de Integração Oeste-Leste (Fiol).<br />
Mesmo quando concluídos tais projetos, ainda teremos<br />
considerável estoque de oportunidades de expansão da malha<br />
ferroviária frente à enorme demanda por este modo de<br />
transporte. Entretanto, ao que tudo indica, os futuros projetos<br />
sairão do papel apenas com o compartilhamento dos<br />
investimentos entre os setores público e privado, dividindo<br />
os riscos do empreendimento entre as entidades envolvidas.<br />
Em termos de cifras, os números de 2017 do Global Infrastructure<br />
Hub, órgão criado pelo grupo dos 20 países mais<br />
ricos do mundo – G20, nos permitem ter uma noção da magnitude<br />
dos desafios: os cálculos baseados na expectativa de<br />
crescimento da economia e da população, além dos níveis<br />
históricos de investimento em infraestrutura e outros fatores<br />
mostram que, se fosse mantida uma taxa média anual de<br />
crescimento do PIB de 1,7%, a tendência de investimentos<br />
em ferrovias no Brasil até 2040 girariam em torno de US$<br />
106 bilhões, todavia, a projeção da real necessidade de investimentos<br />
para o setor seriam de US$ 207 bilhões. Ou seja,<br />
quase o dobro dos valores estimados para o setor.<br />
Diante da perspectiva da redução dos investimentos<br />
públicos em todos os setores de infraestrutura, será primordial<br />
a criação de um ambiente político, econômico e<br />
regulatório propício e atrativo aos investidores não apenas<br />
no curto prazo, uma vez que os investimentos no setor<br />
ferroviário demandam longo tempo de maturação.<br />
Uma ótima oportunidade para se fazer um prognóstico<br />
de como serão os próximos investimentos no setor ferroviário<br />
está na questão da possibilidade de prorrogação antecipada<br />
de alguns contratos de concessão ferroviária, caso<br />
seja demonstrada a vantajosidade da prorrogação frente à<br />
realização de novas licitações. Teremos a chance de solucionar<br />
inúmeros conflitos rodoferroviários nas áreas urbanas<br />
por onde passam as ferrovias, dada a necessidade de investimentos<br />
obrigatórios das concessionárias como parte da<br />
contrapartida às prorrogações. Ressalto que projetos para<br />
a solução de tais conflitos dificilmente seriam executados<br />
pelo governo frente à escassez de recursos públicos.<br />
Ainda no bojo das possíveis prorrogações contratuais,<br />
o aperfeiçoamento do ambiente regulatório, o fortalecimento<br />
da Agência Nacional de Transportes Terrestres e a<br />
modernização dos antigos contratos garantirão segurança<br />
jurídica para que as concessionárias possam investir em<br />
suas malhas. Isso contribuirá para a ampliação da capacidade<br />
de operação das empresas para atender aos usuários,<br />
e por consequência, ajudará na redução de entraves logísticos<br />
de transporte de carga no Brasil.
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foto do mês<br />
O trem de dois andares da Bombardier, modelo Twindexx Swiss Express,<br />
começou a operar, no fim de fevereiro, no trecho Zurique-Berna, na Suíça.<br />
A composição, apelidada de FV-Dosto pela Swiss Federal Railways (SBB),<br />
foi fabricada especialmente para o sistema de longa distância da Suíça. A<br />
encomenda de 62 trens desse modelo é de 2010, mas polêmicas envolvendo a<br />
falta de acessibilidade das composições impactaram o prazo. Até agora, seis<br />
trens chegaram à SBB e a conclusão da entrega está prevista para 2020.<br />
Foto: Divulgação/Bombardier