004 - O FATO MANDACARU - ABRIL 2018 - NÚMERO 4

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Pág. 8 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! Jornal Comunitário de Maringá | Ano 01 | Edição 004 | Maringá, abril de 2018 PREFEITURA INVESTE MAIS DE R$ 840 MIL NA CONSTRUÇÃO DE SALÕES COMUNITÁRIOS A Prefeitura de Maringá investe mais de R$ 840 mil para construção de salões comunitários no Jardim Sumaré e no Conjunto Branca Vieira. Os novos salões contarão com área de serviço, cozinha, sanitários masculino e feminino, bicicletário, estacionamento e vagas específicas para pessoas com deficiência e idosos. As obras dos salões estão em andamento. No Sumaré, após a fundação, é finalizado o levantamento da estrutura predial para receber a cobertura. O prédio do Branca Vieira, já coberto, receberá piso e contará com obras para o fechamento da estrutura. Além de contemplar novos bairros com um espaço de integração para a comunidade, a administração realizou melhorias nos 28 salões já existentes com a destinação de ventiladores e contêineres de lixo. Na próxima segunda, dia 12, às 19h30, a administração iniciará a entrega de bebedouros no Salão Comunitário do Conjunto Cidade Alta (Rua Ataulfo Alves - ao lado da UBS do bairro). Os salões comunitários são disponibilizados a associações de moradores, culturais, desportivas, de assistência social e afins para a comunidade do bairro. As associações são responsáveis pelos serviços de manutenção dos salões para as boas condições de uso. A administração custeia as despesas mensais de água e luz dos salões até R$ 300,00. As associações de moradores de bairro podem efetuar a locação do salão para atividades de interesse particular, com ou sem fins lucrativos. Os recursos da locação são destinados a melhorias da entidade.■ PROJETO ESCOLA ABERTA OFERECE ESPAÇO DE LAZER PARA A COMUNIDADE O Projeto Escola Aberta tornou-se espaço de lazer e entretenimento esportivo para comunidade de Maringá. Promovido pela Secretaria de Educação, o projeto disponibiliza durante a semana o uso de quadras esportivas de 38 escolas municipais. Em 2017, quando o projeto começou, foram autorizados 242 termos de permissão de uso e neste ano 153. O espaço pode ser utilizado de segunda a sexta, das 18h00 às 22h00, e aos finais de semana até às 22h00. Sem exigência de taxa de pagamento, o usuário deve se responsabilizar pelos cuidados essenciais do espaço público. “Para utilizar a quadra, o interessado deve comparecer na sede da secretaria (Av. Itororó, 867) e preencher um requerimento identificando o nome da escola, dia e horário de interesse para utilização”, explicou a Secretária de Educação, Valkiria Trindade. O responsável recebe um termo de permissão de uso e a cópia deve ser entregue na escola no dia do uso. A maior demanda dos requerimentos está relacionada à prática esportiva. “O projeto cria a apropriação do espaço público pela comunidade, promovendo a integração cultural, esportiva e social. Entretanto, é necessária a consciência da cuidar do espaço público e de todos os equipamentos oferecidos”, afirmou Valkiria Trindade■ Saiba Mais: Secretária de Educação – SEDUC Av. Itororó, 867, Zona 02. O funcionamento é de: Segunda a sexta-feira das 8h00 às 11h30 e das 13h30 às 17h00. Fonte: Assessoria de imprensa da Prefeitura de Maringá PRAZO PARA SOLICITAR PASSE LIVRE DO ESTUDANTE É PRORROGADO ATÉ 30 DE ABRIL A Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOB) prorrogou o prazo para solicitar o passe livre de estudante, que era até 31 de março, para 30 de abril. A prorrogação é para atender a demanda de alunos que ainda não solicitaram o benefício. Dos 26 mil estudantes que têm direito, 23.104 efetuaram os pedidos. Ainda restam cerca de 3 mil vagas abertas para novas solicitações. O pedido pode ser feito pelo site da prefeitura (www2.maringa.pr.gov.br). Estudantes do ensino fundamental, médio e superior têm direito, desde que residem no mínimo 1 Km distante da instituição de ensino, obrigatoriamente em Maringá ou distritos de Iguatemi e Floriano. O cartão é retirado, após 20 dias úteis, na instituição onde o aluno está matriculado. Para quem já tem o cartão e precisa recarregar e, caso necessário, atualizar informações, isso também deve ser feito pelo site da prefeitura. A validação do cartão é feita depois de 5 dias úteis, pela catraca do ônibus. No momento do cadastro, o estudante pode escolher quatro opções de linhas para trafegar. São concedidos dois passes diários, com integração se necessário. O vale-transporte só funciona nas catracas durante o turno que o aluno está matriculado. Não são atendidos estudantes do préescolar, pré-vestibular, curso profissionalizante, pós-graduação e curso à distância.■ Saiba Mais: Secretaria de Mobilidade Urbana - SEMOBde Maringá - PR (44) 3221-8526
Ano 01 | Edição 004 | Maringá, abril de 2018 | Jornal Comunitário de Maringá DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! | Pág. 9 ITÁLIA: UMA GERAÇÃO DE TRABALHADORES PRECÁRIOS, EXPLORADOS E MAL PAGOS “Valemos menos do que a carne que cozinhamos... Eis o que poderá acontecer também com vocês brasileiros se não reagirem agora... Reajam rápido ou terminarão muito pior do que nós italianos”. (Marco Alfarano) Ora e labora - Caros amigos brasileiros, no curso dos séculos brasileiros e italianos se revezaram num migrar contínuo do Brasil para a Itália e da Itália para o Brasil, mas hoje percebe-se que tanto aqui como aí, não há futuro sereno para o trabalhador. Marco Alfarano LECCE / ITÁLIA • Soube através de amigos que vossos representantes no congresso eliminaram direitos importantes relativos à relação patrão e empregado. Poucos anos atrás, nós italianos também assistimos calados o desmontar da lei que reservava g a r a n t i a s a o s t r a b a l h a d o r e s , especialmente a eliminação do artigo 18, pilar mestre da lei trabalhista. A última crise econômica na Europa levou a maioria dos países a perderem a soberania perante a União Europeia e a colossal nação alemã, que não perde o vício de conduzir o continente a estradas perigosas. A austeridade imposta destruiu as relações de trabalho e os países ricos, jogaram os países pobres no precipício. A regra é essa em toda a Europa, mas agora quero descrever o quadro do trabalho precário e dos contratos intermitentes que vigem na Itália, país de onde lhes escrevo. Ora et labora, trabalha e reza. Quando digo essa frase, creio que num primeiro momento vocês pensarão que estou falando de rezar para Deus como determina a regra da ordem dos padres Beneditinos, mas lhes garanto que não tem nada a ver. Com o fim das garantias dos trabalhadores, nós italianos ouvimos promessas como: “A flexibilidade vos fará ganhar mais trabalhando menos”; mas na verdade é que para podermos trabalhar, somos obrigados a ajoelhar-nos aos pés do patrão e rezar para que nos mantenha. Há poucos dias, Mario Draghi, presidente do BCE - Banco Central Europeu, afirmou: “Recuperados todos os empregos perdidos durante a crise”. Certamente ele não vive no sul da Itália onde a situação é mais grave. Após a reforma da lei trabalhista completada pelo governo do primeiro ministro Matteo Renzi que, passandose por homem de esquerda nos vendeu um pacote que na verdade agrada somente a partidos, políticos, bancos e bolsas de valores. Com o fim da estabilidade no trabalho e com os novos contratos precários, o mercado do trabalho efetivamente se movimentou. Mas em que modo? Contatos sem algum valor efetivo e que facilitam as demissões. Quero citar alguns exemplos que creio já acontecem no Brasil ou que certamente acontecerão, já que a vossa lei trabalhista também perdeu peças importantes. Jovens - Um jovem que acaba de sair da escola média ou até mesmo um recém-formado pode em modo mais rápido e fácil encontrar o Santo Graal. Mas o que acontece quando finalmente encontra algo? No sul da Itália, muitas empresas pararam na idademédia e o novo empregado encontrará computadores lentos e velhos, equipamentos ultrapassados, ausência de qualquer período de formação e locais de trabalho que não são idôneos para garantir a integridade física e mental do subordinado. Com esse cartão de visita, muitos pseudos empreendedores pretendem obter candidatos o máximo de formação, a máxima disponibilidade de tempo, conhecimento de pelo menos 3 línguas, solteiras e sem filhos se forem mulheres, que aceitem ganhar salário mínimo depois de estagiar por meses e meses sem receber nada. Sem estudo, podem-se fazer somente duas coisas: abrir uma empresa individual, sei que por aí chamam de MEI, aqui são as “partita iva”, ou aceitar qualquer oferta que lhes façam sem registro, sem direito a previdência, férias, 13° e direitos que não deveriam ser negociáveis. Over 40 - Nestes casos as empresas agem em modo mitológico. Em se tratando de pessoas com boa experiência de vida e trabalho, se poderia imaginar que o tratamento seria mais decente. Não. Hoje em dia na Itália, a experiência de um trabalhador é considerada um grande problema. Mas por que isso? Não querem ser confrontados por quem conhece os próprios direitos e a profissão melhor do que eles. O trabalhador acima dos 40 costuma ouvir daquele que pode lhe dar uma chance, as seguintes frases: “Sei brucciato, você está queimado. Tem muita experiência para aquilo que nos serve. Teu perfil e teu currículo tem um nível muito alto para nós”. Procuram por quem possam explorar sem provocar reações. Ora et labora. Quem está acima dos 40 deve esconder um pouco do que sabe e excluir do currículo coisas que metem medo. A maioria dessas empresas que brindam a chegada desse tipo de relação com o trabalhador, são guiadas por famílias que enriqueceram explorando seus empregados mesmo antes da abolição da nossa CLT. Mulheres - Devem ser jovens, belas e aceitarem salários menores que os dos homens, mesmo quando isso parece impossível. Mas o calvário das mulheres não termina aí. Devem submeter-se às piadas deselegantes dos colegas e do patrão e, naturalmente sofrer contínuos assédios do tipo sexual e ainda, fingirem que se trata de brincadeiras, devem rir de tudo, até não suportarem e se demitirem sem direito a nada, deixando espaço para novas vítimas. São operárias, atendentes nos cafés, lojas, escritórios, restaurantes, hotéis, enfim, as encontre em todos os lugares, mas nunca são as mesmas. Valemos menos do que a carne que cozinhamos. No sul da Itália as coisas pioram, pois nos pagam no máximo 500 euros por meio período de trabalho, mas nos fazem trabalhar o dia inteiro e até, a fazer horas extras que não nos pagarão jamais. Permanecemos todos calados. Queria falar coisas boas mas não há nada de bom para dizer. Não acontecerá jamais uma mudança no mercado do trabalho, pois nos fazem lutar pelas migalhas que nos jogam e que como loucos disputamos. Eis o que poderá acontecer também com vocês brasileiros se não reagirem agora. Não há futuro sem uma lei que garanta pelo menos a dignidade. Isso todo trabalhador merece.■
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