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Fides 22 N2

Um publicação do Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper.

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FIDES REFORMATA XXII, Nº 2 (2017): 67-83<br />

1.1 A falha sinergista de Melanchton<br />

O sinergismo que começou a existir dentro dos círculos luteranos na<br />

época da Reforma e que foi defendido por Melanchton tinha como raciocínio<br />

o seguinte:<br />

Visto que todos os homens que estão perdidos são eternamente condenados<br />

por suas próprias faltas, de modo que Deus não deve ser culpado, mas somente<br />

eles, por rejeitarem a graça de Deus em Cristo Jesus, aqueles que são convertidos<br />

devem ao menos receber um pequeno crédito em relação à sua salvação<br />

eterna – talvez uma melhor atitude para com o Evangelho do que aqueles que<br />

são perdidos. Nesse assunto, o sinergismo é evidentemente muito sutil e perigoso...<br />

visto que ele reduz a cooperação do homem a um mínimo aparentemente<br />

inofensivo que um cristão que não desconfia poderia facilmente aceitar para a<br />

sua eterna destruição. 2<br />

A fim de compreender o desenvolvimento do pensamento teológico de<br />

Melanchton, de maneira muito rápida, vejamo-lo em três décadas sequenciais<br />

de sua vida.<br />

1.1.1 O Melanchton da década de 1520 era monergista<br />

Em 1520, nas notas preliminares de sua primeira edição dos Loci Communes<br />

(Lugares Comuns), Melanchton negou à vontade humana qualquer tipo<br />

de liberdade. Na edição dos Loci de 1521, ele escreveu: “Visto que todas as<br />

coisas que ocorrem, ocorrem necessariamente, de acordo com a predestinação<br />

divina, a liberdade da vontade humana não é nada”. 3 As ideias de Melanchton<br />

no começo da Reforma podem ser entendidas como chegando às raias do<br />

determinismo, que era um pensamento não muito comum naquela época. No<br />

começo da Reforma, portanto, certamente Melanchton não tinha nenhuma<br />

tendência sinergista. Nas primeiras edições de seus Loci Communes ele parecia<br />

mais um partidário da dupla predestinação.<br />

No tempo em que escreveu a Confissão de Augsburgo e sua Apologia,<br />

Melanchton tinha evitado qualquer erro sinergista. Os homens caídos não<br />

possuíam qualquer liberdade espiritual para o bem. Ele incluiu um artigo sobre<br />

o livre arbítrio na Confissão de Augusburgo (1530), no qual admitiu uma<br />

liberdade qualificada, tal como usar ou não usar um casaco. Mesmo nesta<br />

matéria, ele a chamava de “uma espécie de liberdade” (quaedam libertas).<br />

O homem poderia escolher fazer alguma coisa na esfera da justiça civil, mas<br />

não da justiça espiritual. Melanchton ficou com essa posição por vários anos,<br />

2 Ibid.<br />

3 Corpus Reformatorum, 14, apud DRICKAMER, John M. “Did Melanchton Become a Synergist?”<br />

Springfielder, Vol. 40, Nº 2 (abril 1976). Disponível em: http://www.ctsfw.net/media/pdfs/drickamermelanchtonsynergist.pdf.<br />

Acesso em: jul. 2017. Grifos meus.<br />

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