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Fides 22 N2

Um publicação do Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper.

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DARIO DE ARAUJO CARDOSO, O PAPEL DA MÚSICA NA REFORMA E A FORMAÇÃO...<br />

aspectos fundamentais a serem abordados no estudo das religiões. 1 Assim, o<br />

estudo da Reforma deve tratar com atenção os aspectos litúrgicos envolvidos<br />

em sua concepção e desenvolvimento.<br />

Nas palavras de Witvliet,<br />

Alguns dos mais dramáticos e reveladores desenvolvimentos no período foram<br />

litúrgicos. Nós não podemos entender completamente as dimensões religiosas<br />

deste (ou de qualquer outro) período sem compreender as variações e mudanças<br />

nos modos pelos quais os fiéis prestavam culto a Deus. 2<br />

McKee observa que, além da teologia e da política eclesiástica, a Reforma<br />

trouxe grandes mudanças na liturgia. Nesse campo, continua ela, Calvino e<br />

Genebra devem receber especial atenção “porque aquele padrão é usualmente<br />

reconhecido como o mais significativo para a teologia e liturgia reformada<br />

posterior”. 3 Noll relata que a hinologia foi uma marca tão importante da Reforma<br />

que personagens importantes da Igreja Católica pensaram em proibir o<br />

uso da música na missa. Ele afirma:<br />

A enxurrada de hinos protestantes que inundou a Europa juntamente com as<br />

primeiras crises da Reforma criou dificuldades incomuns para a Igreja Católica<br />

Romana. O canto congregacional estava associado ao protestantismo de maneira<br />

tão profunda e os protestantes foram tão eficazes na utilização dos hinos que<br />

alguns personagens importantes da Igreja Católica por breve tempo consideraram<br />

a proibição da música nas missas. 4<br />

Dessa forma, a consideração dos aspectos litúrgicos não dever ser vista<br />

apenas como subsidiária, mas como elemento essencial para a compreensão e<br />

análise da Reforma. Em particular, o estudo das questões relacionadas ao papel<br />

da música na liturgia e dos instrumentos preparados para este fim servirá de<br />

grande proveito para o desenvolvimento desse campo de pesquisa.<br />

Neste artigo descrevemos o pensamento de Lutero e Calvino sobre o<br />

uso da música na liturgia. Em seguida focalizamos os desdobramentos dos<br />

princípios de Calvino na proposição e confecção do Saltério de Genebra. A<br />

exposição é feita sob o referencial teórico semiológico de Nattiez, que propõe<br />

que a música remete a seu ambiente filosófico, ideológico e religioso, entre<br />

1 DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 1996,<br />

p. 457.<br />

2 MAAG, K.; WITVLIET, J. D. Worship in Medieval and Early Modern Europe: Change and<br />

continuity in religious pratice. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 2004, p. 1.<br />

3 MCKEE, E. A. Reformed Worship in Sixteenth Century. In: VISCHER, L. (Org.). Christian<br />

Worship in Reformed Churches Past and Present. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2003, p. 3.<br />

4 NOLL, Mark A. Momentos decisivos na história do Cristianismo. São Paulo: Cultura Cristã,<br />

2000, p. 206.<br />

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