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Revista Apólice #230

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Ano 23<br />

Número 230<br />

Março 2018


2


editorial<br />

Ano 23 - nº 230<br />

Março 2018<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente<br />

da Correcta Editora Ltda<br />

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15.000 exemplares<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />

Muita vida pela frente<br />

Há muito tempo os corretores de seguros são alertados a respeito<br />

da necessidade de diversificar sua carteira de produtos, diminuindo<br />

a participação do seguro de automóvel. As alternativas se<br />

voltam para outros tipos de seguros, como os patrimoniais direcionados<br />

às pequenas e médias empresas. Mas, nesta edição, apresentamos<br />

uma das alternativas mais viáveis (e rentáveis) para preencher<br />

o espaço do seguro de automóveis.<br />

Os especialistas afirmam que o seguro de vida tem um enorme<br />

potencial de crescimento no Brasil por conta da sua baixa penetração.<br />

Por isso, muitas empresas internacionais aportam por aqui de<br />

olho em um mercado gigante a ser explorado. A Susep afirma que<br />

no mês de abril o seguro de vida universal, que une a cobertura<br />

de risco e a acumulação de valores em um mesmo produto, estará<br />

aprovado. É um produto que pode atrair uma nova fatia de consumidores<br />

das classes B e C.<br />

Por outro lado, com prêmios menores, existem os seguros<br />

ligados a financiamentos, que cobrem o risco de morte do tomador<br />

do empréstimo. Por seu caráter quase obrigatório, com a retomada<br />

do crédito, ele tende a ampliar a sua participação no mercado. Ele<br />

atinge consumidores de diversas camadas econômicas.<br />

Motivados por diversos comentários no site da <strong>Revista</strong>, abordamos<br />

nesta edição especial de vida o tema dos beneficiários. Esta é<br />

uma das questões que mais gera demandas jurídicas no seguro de<br />

vida, pois quando não há indicação específica sobre quem deve<br />

receber a indenização, entra em cena o que manda o Código Civil<br />

brasileiro. Conversamos com diversos especialistas para explicar aos<br />

corretores a importância de se atentarem a este ponto no momento<br />

de realizar uma venda.<br />

Vender um seguro de vida não pode ser uma tarefa dispendiosa<br />

para o corretor de seguros. Mostramos aqui como a elaboração de<br />

produtos pode ser feita com a participação do canal de distribuição,<br />

melhorando a aceitação do risco.<br />

Boa leitura!<br />

Diretora de Redação<br />

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />

3


sumário<br />

14<br />

6<br />

12<br />

14<br />

|<br />

|<br />

|<br />

painel<br />

gente<br />

especial vida<br />

capa<br />

O mercado se mostra cada vez promissor aos seguros de<br />

vida. Para a Mister Líber, investir na qualificação do corretor<br />

é essencial para aumentar a penetração do produto<br />

entre os brasileiros<br />

18<br />

18<br />

|<br />

panorama<br />

Apesar do mercado como um todo não ultrapassar a<br />

marca de 4,6% de crescimento em relação a 2016, os<br />

planos de risco nos seguros de pessoas tiveram um<br />

resultado destacado<br />

24<br />

|<br />

universal life<br />

Resolução que criou o produto no Brasil depende dos<br />

últimos ajustes junto à Receita Federal. Outros países da<br />

América Latina, como Chile, já comercializam o Universal<br />

Life há mais de 15 anos<br />

28<br />

28<br />

|<br />

beneficiários<br />

Os consumidores ainda têm muitas dúvidas sobre quem<br />

são os beneficiários legais em caso de morte, principalmente<br />

quando estes não estão indicados na apólice<br />

32<br />

|<br />

distribuição<br />

Há inúmeros talentos no mercado, mas os estigmas e a<br />

falta de preparo necessário ainda afastam os corretores de<br />

uma carteira que deve ganhar cada vez mais relevância<br />

35<br />

|<br />

produto<br />

Desenhar um seguro não é um processo rápido nem<br />

simples. Antes de apresentar qualquer novidade ao mercado,<br />

as empresas precisam avaliar uma série de fatores<br />

32<br />

38<br />

|<br />

prestamista<br />

Financiou um veículo, comprou uma casa ou fez um empréstimo,<br />

mas surgiu um imprevisto no meio do caminho?<br />

O seguro prestamista mantém os débitos em dia, mesmo<br />

em situações difíceis<br />

40<br />

|<br />

encontro de líderes<br />

Executivos do primeiro escalão das seguradoras brasileiras<br />

querem investir em novos produtos, de olho em possíveis<br />

consumidores potenciais<br />

42<br />

|<br />

comunicação<br />

4


5


painel<br />

• ninstalações<br />

Nova sede no Rio de Janeiro<br />

O Grupo Bradesco Seguros ganhará uma nova sede no Rio de<br />

Janeiro, na revitalizada Zona Portuária. Com 40 mil metros quadrados<br />

e 18 andares de escritórios, o edifício abrigará as atividades do<br />

grupo segurador concentradas na cidade, que incluem as unidades<br />

da Bradesco Saúde e Bradesco Auto/RE.<br />

O empreendimento alia tecnologia ao uso racional dos recursos<br />

naturais. Com sistema próprio de reaproveitamento da água, inclusive<br />

da chuva, e outros mecanismos que garantem o uso renovável dos<br />

recursos naturais, o prédio preenche os requisitos das certificações<br />

internacionais de sustentabilidade, como a Leed Gold, concedida<br />

pelo Green Building Council dos Estados Unidos. Com lajes de dois<br />

mil metros quadrados, o empreendimento possui padrão Triple A.<br />

• ¢ inauguração<br />

Atuação reforçada em São Paulo<br />

A diretoria São Paulo Capital da SulAmérica está em novo endereço.<br />

Toda a estrutura que envolve, além da diretoria, as filiais Centro,<br />

Capitalização, Concessionárias Auto e espaço VIP (Vida, Investimentos<br />

e Previdência) ocupam o 9º andar do edifício New England, no bairro<br />

Higienópolis.<br />

Nos 760 metros quadrados de área útil estão dispostos um auditório<br />

com 70 lugares, sala de reunião que acomoda até 20 pessoas e<br />

espaços personalizados. O ambiente obedece a um avançado conceito<br />

arquitetônico, em que as paredes dão lugar a uma área aberta,<br />

estimulando um clima mais dinâmico e colaborativo.<br />

A diretoria São Paulo Capital é a maior das seis divisões regionais<br />

da vice-presidência Comercial da seguradora. Ela engloba 16 filiais na<br />

Grande São Paulo e toda a região da Baixa Santista, no litoral sul do<br />

Estado, atendendo aproximadamente 10,6 mil corretores de seguros.<br />

Patrick Larragoite Lucas, Luciano Lima, Gabriel Portela, Brás Martins<br />

de Miranda e Matias Ávila<br />

• nproduto<br />

Coberturas para ciclistas<br />

A Tassbike lançou uma plataforma para oferecer<br />

aos ciclistas coberturas em casos de roubo e furto.<br />

O conceito foi desenhado<br />

em parceria<br />

com a Porto Seguro,<br />

que oferece o seguro<br />

residencial com<br />

cobertura para as bikes.<br />

“Conversamos<br />

com a seguradora<br />

e conseguimos elaborar<br />

um produto a<br />

partir desta cobertura”,<br />

diz Sérgio Henrique<br />

Magalhães,<br />

diretor executivo da<br />

ferramenta e ciclista<br />

de longa data. Assim,<br />

a cobertura não<br />

se limita ao tempo<br />

de tráfego da bicicleta, mas também na sua guarda<br />

e transporte.<br />

A contratação é feita online, mas de forma assistida.<br />

O ciclista também conta com o seguro de vida<br />

e de acidentes pessoais, garantidos pela Previsul. Há<br />

ainda o serviço de assistência funeral, com cobertura<br />

de até R$ 3 mil.<br />

O produto oferece descontos de acordo com o<br />

perfil do ciclista e a vistoria da bike é feita por meio<br />

de fotos. Os interessados podem ter descontos adicionais<br />

caso pretendam associar mais de uma bicicleta.<br />

6


• nevento<br />

Ações para 2018<br />

No primeiro encontro do<br />

ano, o Clube dos Corretores de<br />

Seguros de São Paulo (CCS-<br />

-SP) fez um balanço de suas<br />

atividades em 2017 e expôs as<br />

ações para 2018. De acordo<br />

com o secretário Evaldir Barboza<br />

de Paula, apesar da crise<br />

econômica, a entidade encerrou<br />

o último exercício com resultado<br />

positivo. Para este ano,<br />

estão previstas iniciativas para a implantação de um plano de<br />

gestão profissional, como o recadastramento de associados e<br />

a ampliação do quadro diretivo do Clube, que hoje conta com<br />

apenas quatro membros.<br />

Quem também esteve presente no evento foi Alexandre<br />

Camillo, presidente do Sincor-SP, que comentou sua reeleição<br />

por aclamação juntamente com sua diretoria para o próximo<br />

mandato de quatro anos à frente do sindicato, e apresentou os<br />

principais pilares de seu plano de gestão.<br />

• nsegurança<br />

Mercado afetado pela<br />

intervenção<br />

Com a segurança pública do Rio de Janeiro sob intervenção<br />

militar, as seguradoras deixaram de trabalhar com pelo<br />

menos cinco bairros da cidade. Apesar disso, o presidente do<br />

Clube dos Corretores de Seguros do Rio de Janeiro (CCS-RJ),<br />

Jayme Torres, apoia a iniciativa. “A sensação de insegurança<br />

era enorme. Caso não tivéssemos essa interferência, necessitaríamos<br />

de outra providência”, declara.<br />

Sobre a má fama que o estado pode ter após a repercussão<br />

dos casos calamitosos na mídia, ele afirma que as seguradoras<br />

trabalham sobre estatísticas. E que, depois de resolvido o<br />

problema, o Rio voltará a ser um mercado forte e explorado<br />

pelas seguradoras.<br />

Para o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros<br />

no Estado do Rio de Janeiro (Sincor-RJ), Henrique<br />

Brandão, o positivismo é um dos fatores que podem ajudar o<br />

setor. “A minha mensagem é para que a categoria permaneça<br />

otimista em relação à melhora do quadro de violência. Com<br />

a medida militar, até dezembro, esperamos ter um upgrade<br />

dessa situação”.<br />

7


painel<br />

• ncongresso<br />

Maceió sediará 3º Conseg-NE<br />

A cidade de Maceió receberá o 3º Congresso de Corretores de<br />

Seguros do Nordeste (Conseg-NE), que será realizado entre os dias<br />

31 de maio e 1º de junho e terá com o tema central “Adaptando-se<br />

às mudanças – evoluir conservando os princípios”.<br />

O Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas (Sincor-AL)<br />

será o anfitrião do Congresso, que conta com o apoio institucional<br />

da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), do Sindicato<br />

das Seguradoras Norte Nordeste (SindsegNNE), do Sindseg<br />

BA/SE/TO e da Escola Nacional de Seguros.<br />

• ¢ luto<br />

Adeus a Miguel Roberto Soares<br />

Silva<br />

O mercado segurador paulista se despediu do corretor<br />

Miguel Roberto Soares Silva, que atuava no setor desde 1961.<br />

Ele era sócio-gerente da Trevizan & Associados e participava da<br />

Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) desde 2012.<br />

Silva foi autor do primeiro material didático no Brasil sobre o<br />

Artigo 16 da Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil. Teve artigos publicados<br />

no Diário do Comércio, Jornal a Tarde (Salvador), Caderno<br />

de Seguros da Fundação Escola Nacional de Seguros (Funenseg),<br />

APTS Notícias, <strong>Revista</strong><br />

<strong>Apólice</strong> e <strong>Revista</strong> Incêndio.<br />

Foi autor do Programa de<br />

Atendimento ao Segurado,<br />

ministrou aulas durante<br />

25 anos na Funenseg e foi<br />

palestrante em cursos de<br />

Engenharia de Segurança<br />

e em congressos de segurança<br />

contra incêndio.<br />

Participou de diversas entidades<br />

do mercado paulista,<br />

como Clube dos Corretores<br />

de Seguros e o clube Só-Sai.<br />

• negócios<br />

Compra por R$ 49 bilhões<br />

A seguradora Axa comprou a americana XL Group<br />

por aproximadamente R$ 49 bilhões (US$ 15,3 bilhões).<br />

Dessa forma, a empresa se tornará a maior do segmento<br />

comercial voltada ao mercado de danos e acidentes. O<br />

faturamento combinado deve atingir aproximadamente<br />

US$ 36 bilhões.<br />

O acordo garante que<br />

a companhia francesa será<br />

proprietária de 100% das<br />

contas da XL. A fusão foi<br />

aprovada por unanimidade<br />

pelos conselhos das duas<br />

entidades, mas ainda está sujeita à aprovação de órgãos<br />

reguladores. A expectativa é que a compra seja concluída<br />

no segundo semestre deste ano.<br />

No Brasil, no ano passado, a Axa cresceu 52%<br />

ante 2016. O crescimento global no período foi de 8%<br />

em comparação com o ano anterior e o lucro líquido<br />

girou em torno de 6,2 bilhões de euros. Os prêmios,<br />

que saltaram de R$ 156 milhões em 2015 para R$ 658<br />

milhões no ano seguinte, ultrapassaram a marca de R$<br />

1 bilhão em 2017.<br />

• ncursos<br />

Programas de Treinamento no<br />

Exterior<br />

Estão abertas as inscrições para os Programas<br />

de Treinamento no Exterior, ministrados pela Escola<br />

Nacional de Seguros em parceria com The Chartered<br />

Insurance Institute (CII). Neste ano, além do curso Os<br />

Processos Técnicos do Resseguro, as instituições oferecem<br />

um treinamento sobre Gerenciamento de Riscos e<br />

Seguros. Ambos acontecerão em setembro, em Londres.<br />

A seleção para os cursos será por análise de currículos.<br />

Os interessados deverão enviá-los para o e-mail<br />

parcerias@funenseg.org.br até 28 de março. O resultado<br />

sairá no dia 4 de abril.<br />

8


• ncampanha<br />

Operadora leva corretores para Arraial D’Ajuda<br />

Em sua nova campanha de incentivo,<br />

a Ameplan levará os corretores mais<br />

bem colocados para Arraial D’Ajuda, na<br />

Bahia. Serão contemplados 15 parceiros<br />

– três de cada empresa – e outros 20<br />

serão por conta da operadora. Ganharão<br />

a viagem os dois primeiros colocados de<br />

cada administradora, os dois primeiros<br />

da Dentalpar que venderem os produtos<br />

Ameplan, os três primeiros colocados da<br />

própria operadora em PME e o corretor<br />

que for mais ágil e não deixar problemas<br />

com documentação ou qualquer outro<br />

fator para trás no fechamento do seguro.<br />

Este ano, o representante que tiver o melhor<br />

resultado com negociação de Contrato<br />

Corporativo (PJ) será reconhecido e os<br />

dois primeiros em PF serão contemplados<br />

com a viagem.<br />

As plataformas de vendas participam<br />

e o dono da campeã irá à viagem e poderá<br />

levar um funcionário. Os repasses<br />

também foram incluídos após demandas:<br />

o empresário responsável por esses<br />

repasses e também um administrativo, o<br />

supervisor e o gerente estarão em Arraial<br />

D’ajuda, além da equipe da operadora.<br />

No evento de divulgação da campanha,<br />

o gerente comercial Marcelo Belber<br />

afirmou que o otimismo continua imperando<br />

dentro da companhia. “As metas<br />

são muito mais altas do que foram no<br />

ano passado. Vamos analisar o mercado,<br />

investir mais, ter mais parcerias e atingi-<br />

-las”, pontuou.<br />

9


painel<br />

• negócios 2<br />

Joint venture é aprovada<br />

pelo Cade<br />

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo<br />

de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem<br />

restrições a formação de uma joint venture entre o<br />

Santander Brasil e a HDI Seguros para criação da<br />

seguradora digital de automóveis Santander Auto.<br />

Anunciada em dezembro, a operação prevê<br />

controle compartilhado da nova seguradora digital,<br />

com cada uma detendo participação de 50% na Santander<br />

Auto.<br />

O órgão considera<br />

que a<br />

t r a n s a ç ã o<br />

não “levanta<br />

preocupações<br />

sob o enfoque<br />

concorrencial<br />

no Brasil”.<br />

Fonte: Reuters<br />

• nrecadastramento<br />

Prazo adiado para as corretoras PJ<br />

A Susep suspendeu o início do prazo de recadastramento<br />

para as sociedades corretoras, antes estipulado em 1º de março. A<br />

medida ocorre em função<br />

do aprimoramento do sistema<br />

interno de recadastramento<br />

da autarquia, que<br />

informará a nova data para<br />

o início do processo após a<br />

realização das adequações<br />

no sistema.<br />

A mudança preocupa<br />

a Federação Nacional dos<br />

Corretores de Seguros (Fenacor), que considera o recadastramento<br />

necessário para atualizar e verificar a consistência e legalidade da<br />

atuação das empresas que operam no setor. “Provavelmente, temos<br />

diversas corretoras de seguros operando irregularmente ou, pior,<br />

ilegalmente, o que coloca o mercado em risco e, principalmente, traz<br />

sérios prejuízos para os consumidores”, adverte Armando Vergilio,<br />

presidente da entidade.<br />

• naquisição<br />

Operações na América Latina<br />

A Zurich adquiriu as operações da seguradora australiana<br />

QBE na América Latina por um preço agregado total<br />

de USD 409 milhões. A transação, sujeita a aprovações<br />

regulatórias, posicionará a companhia como a principal<br />

seguradora na Argentina, além de agregar escala e capacidades<br />

incrementais no Brasil, Colômbia e México e fazer<br />

do Grupo a seguradora número três no Equador.<br />

A seguradora suíça pretende obter um retorno geral<br />

do investimento na casa de 10% no primeiro ano, após a<br />

conclusão da transação. A aquisição deverá ser concluída<br />

até o final de 2018 e financiada a partir de recursos internos.<br />

Negócio entre corretoras<br />

A JLT adquiriu a International Risk Consultant (IRC), uma<br />

das corretoras líderes no segmento de seguro de crédito<br />

e risco político, com operação nos Estados Unidos, Brasil<br />

e Ásia. Desde o dia 28 de fevereiro deste ano, a IRC Brasil<br />

integra a divisão de CPS (Credit, Political & Security Risks)<br />

da JLT Specialty Brasil.<br />

Este é um passo importante no desenvolvimento de<br />

atuação global de CPS da empresa, proporcionando uma<br />

maior escala e alcance nestes mercados, consolidando a<br />

posição da JLT de liderança na Ásia, solidificando a atuação<br />

no Brasil e fortalecendo a presença da companhias nos<br />

Estados Unidos.<br />

• ndemanda<br />

Cresce a procura por seguros de<br />

riscos ambientais<br />

A Chubb verificou um aumento na procura por seguros<br />

de riscos ambientais ao longo dos últimos 12 meses. Para a<br />

empresa, um dos principais fatores que explicam a expansão<br />

são as medidas e resoluções publicadas pela Companhia<br />

Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e Secretaria do<br />

Meio Ambiente (SMA), com relação ao gerenciamento de<br />

áreas contaminadas.<br />

A legislação exige que as empresas localizadas em áreas<br />

contaminadas contratem um seguro ambiental, que pode servir<br />

como garantia financeira para implementação do projeto de<br />

remediação. “Seria, mais precisamente, um seguro ‘Garantia<br />

Ambiental’”, diz Fábio Barreto,<br />

coordenador de subscrição<br />

de riscos ambientais da<br />

empresa. “Todavia, é preciso<br />

destacar que as proteções<br />

atualmente disponíveis no<br />

mercado não suprem todas as<br />

exigências de um cenário de<br />

exposição em que o sinistro já<br />

ocorreu. Dessa forma, torna-<br />

-se necessária a criação de<br />

outros produtos, que já estão<br />

sendo desenvolvidos pela<br />

companhia”, completa.<br />

10


11


GENTE<br />

Cascos Marítimos e<br />

Mercados Emergentes<br />

Desenvolvimento de Mercados<br />

Emergentes. Nesta<br />

função, a executiva – que<br />

tem 20 anos de experiência<br />

no setor de seguros, com<br />

dez anos de trabalho na<br />

companhia – contribuirá na<br />

orientação e execução das<br />

estratégias da empresa em<br />

mercados emergentes, com<br />

foco especial na América<br />

Latina.<br />

Duas novidades na XL<br />

Catlin. Mike MacColl foi<br />

promovido à líder de prática<br />

global para Cascos Marítimos.<br />

Até então, ele ocupava<br />

o cargo de Head of Hull para<br />

o Reino Unido. MacColl<br />

assume o lugar de Mike<br />

Talbot, que se aposenta após<br />

uma carreira profissional que<br />

durou 50 anos.<br />

Já Claudia Thyme foi<br />

indicada para a diretoria de<br />

Mudanças em RH e Eventos<br />

Adriana Zanni é a nova<br />

líder da área de Recursos<br />

Humanos da Aon Brasil. Com<br />

experiência no mercado brasileiro<br />

e em outros países da<br />

América Latina, a executiva<br />

sempre atuou com foco em dar<br />

suporte no aprimoramento dos<br />

resultados das companhias,<br />

valorizando o capital humano.<br />

Outra novidade é Jorge<br />

Ribeiro, que assumiu a gerência<br />

para a área de Seguro<br />

de Eventos e Entretenimento.<br />

O executivo possui amplo<br />

conhecimento no mercado de<br />

seguros e riscos corporativos<br />

e tem 18 anos de experiência<br />

atuando pela empresa. No<br />

início de carreira, Ribeiro<br />

teve passagem pela corretora<br />

Angra Seguros.<br />

Diretoria Gerencial de Gestão<br />

de Riscos<br />

O Grupo Bradesco Seguros<br />

criou a Diretoria Gerencial de<br />

Gestão de Riscos, área comandada<br />

pelo diretor-gerente Jair de<br />

Almeida Lacerda Junior.<br />

“Nosso papel é definir parâmetros<br />

e indicadores que permitam<br />

ao Grupo aferir periodicamente<br />

sua exposição a riscos.<br />

Tais informações são importantes<br />

para que os nossos gestores tomem<br />

decisões de acordo com o apetite por risco do Grupo, alinhado<br />

com as normas do mercado”, destaca o executivo.<br />

A Diretoria é dividida em três departamentos: Riscos de Empresas<br />

e Governança, Risco Operacional e Atuarial Corporativo.<br />

Gestão 2018-2021<br />

O Clube Internacional de<br />

Seguros de Transportes (CIST)<br />

apresentou a nova diretoria da<br />

entidade para o triênio 2018-2021.<br />

À frente da diretoria, eleita por<br />

aclamação, está Salvatore Lombardi<br />

Jr, diretor de Transportes<br />

da Argo Seguros.<br />

“Vamos buscar novas parceiras,<br />

profissionais e temas relevantes<br />

para nosso segmento, de forma<br />

a atrair ainda mais associados e ampliar a participação em<br />

nossas realizações, reforçando representatividade para, juntos,<br />

vencermos desafios do nosso técnico e especializado ramo de<br />

Diretor regional no Rio de<br />

Janeiro<br />

Paulo Loureiro foi o escolhido<br />

para liderar as operações da MDS<br />

Brasil no Rio de Janeiro. Ele chega<br />

para dinamizar o time carioca da<br />

companhia e mantê-lo alinhado no<br />

desafio de gerir uma relação sólida<br />

com os clientes e com o mercado<br />

segurador.<br />

“Há um potencial muito grande<br />

ainda a ser desenvolvido no Rio de<br />

Janeiro em muito segmentos, sobretudo<br />

o de Oil & Gas”, comenta o executivo, que traz na bagagem<br />

sua experiência de sete anos na Allianz Brasil.<br />

12


Coordenador de crédito<br />

corporativo e seguro garantia<br />

O ex-Santander Andre Romani<br />

Taterka passou a coordenar<br />

a área de crédito corporativo<br />

e seguro garantia da Thinkseg<br />

Corporate. Ficará sob sua responsabilidade<br />

a demanda por seguro<br />

garantia para obrigações públicas<br />

e privadas, bem como a articulação<br />

de parcerias ligadas ao produto. Há<br />

a perspectiva de retomada gradual<br />

dos investimentos em infraestrutura<br />

nos próximos anos. No Brasil, os prêmios com seguro garantia<br />

cresceram 21,89% em 2017 em relação ao ano anterior.<br />

Vice-presidente comercial e<br />

RCMO<br />

Após 12 anos como franqueado<br />

da Prudential do Brasil, Rodrigo<br />

Prosdocimi foi contratado<br />

como vice-presidente comercial<br />

e RCMO da companhia. Ele irá<br />

comandar a região da seguradora<br />

que abrange Brasília, Campinas,<br />

Goiânia e Ribeirão Preto.<br />

“É um novo desafio e me<br />

motiva muito, pois, agora, entro<br />

no mundo corporativo da companhia,<br />

onde além dos meus resultados pessoais, terei que desenvolver<br />

outras habilidades corporativas para ampliar minha<br />

área de alcance e ajudar a seguradora a crescer e a proteger<br />

cada vez mais famílias no Brasil”, destaca.<br />

Mudança na Comissão de<br />

Garantia Estendida<br />

A diretoria da Federação Nacional de Seguros Gerais<br />

(FenSeg) homologou a indicação<br />

de Luis Henrique Meirelles<br />

Reis, chefe de affinities da Zurich<br />

Minas Brasil Seguros, para<br />

exercer a função de presidente da<br />

Comissão de Garantia Estendida<br />

da Federação.<br />

O executivo assume em substituição<br />

a Marco Aurélio Garutti<br />

de Araujo, da Seguros Sura, que<br />

esteve à frente da Comissão desde<br />

dezembro de 2016.<br />

Novo diretor executivo<br />

Heverton Peixoto de Melo<br />

Pessoa é o novo diretor executivo<br />

da Wiz, proprietária<br />

da plataforma digital Zim. O<br />

profissional ocupava o posto<br />

de diretor de Transformação<br />

Digital do Zim.<br />

Além de Peixoto, o Conselho<br />

de Administração também<br />

decidiu pela não recondução<br />

do presidente da companhia, João Francisco da Silveira<br />

Neto. Em sua substituição, em caráter interino e sujeito a<br />

modificação do Estatuto Social em Assembleia Geral Extraordinária,<br />

foi nomeado o atual presidente do Conselho<br />

de Administração, Fernando Carlos Borges de Melo Filho,<br />

que ocupará a função por até 12 meses.<br />

Diretor comercial, de<br />

produtos e marketing<br />

Marcio Magnaboschi assumiu<br />

a diretoria Comercial,<br />

Produtos e Marketing da Europ<br />

Assistance Brasil com o desafio<br />

de consolidar a marca como referência<br />

em assistência 24 horas<br />

no país. Magnaboschi ocupou<br />

posições de liderança na HSBC<br />

Seguros, na Axa, além da MetLife<br />

e SulAmérica, onde tem uma<br />

carreira marcada pela participação<br />

em processos de reestruturação de negócios.<br />

Novo diretor presidente<br />

Paulo Eduardo de Freitas Botti e Carlos Roberto De Zoppa,<br />

presidente da diretoria executiva e atual vice-presidente<br />

da Terra Brasis Resseguros, respectivamente, deixam os<br />

cargos e mantêm suas posições<br />

de membros do Conselho de<br />

Administração. Os dois executivos<br />

fazem parte da equipe de<br />

fundadores da empresa.<br />

Rodrigo Botti assume<br />

como diretor presidente a partir<br />

de abril de 2018. Participante da<br />

Terra Brasis desde seu início,<br />

ele já ocupou várias posições<br />

na companhia e atualmente é<br />

diretor Geral e de Finanças.<br />

13


capa | mister líber<br />

Fotos: Douglas Assarian<br />

As oportunidades<br />

não cessam<br />

O mercado se<br />

mostra cada vez mais<br />

promissor aos seguros<br />

de vida. Investir<br />

na qualificação do<br />

corretor é essencial<br />

para aumentar a<br />

penetração do produto<br />

entre os brasileiros<br />

Lívia Sousa<br />

14


Diferente dos seguros para bens<br />

materiais, que protegem a sociedade<br />

em caso de imprevistos,<br />

os seguros de vida cobrem<br />

um sinistro que é certo, mesmo sem saber<br />

exatamente quando. Ele permite que o<br />

segurado trace uma espécie de “plano<br />

de voo” e faça o pouso com dinheiro<br />

suficiente para que os familiares deem<br />

sequência às finanças. Ainda assim, 130<br />

milhões de brasileiros se encontram desprotegidos<br />

para esta certeza. No Brasil,<br />

a participação do mercado de seguros de<br />

vida no Produto Interno Bruto (PIB) é<br />

de apenas 0,6%, deixando-o na lanterna<br />

na lista dos países que mais vendem o<br />

produto – à sua frente estão Peru (0,7%),<br />

México (1%), Colômbia (1,1%), China<br />

(1,9%), Espanha (2,4%), Chile (2,5%) e<br />

Noruega (2,9%).<br />

O número persiste por falta de informação<br />

ou clareza na venda? Josusmar<br />

Alves de Sousa, CEO da Mister Líber<br />

Corretora de Seguros, garante que o mercado<br />

carece de investimento em sistemas<br />

e na qualificação do corretor de seguros.<br />

“O brasileiro não tem a educação de comprar<br />

seguro de vida e, quando possui um<br />

produto, quase sempre foi mal vendido<br />

através da rede bancária. É aquele seguro<br />

que se faz sem necessidade: o cliente<br />

adquire um seguro de acidentes pessoais<br />

e acha que é seguro de vida”, explica.<br />

Além disso, muitas vezes o próprio corretor<br />

não acredita no produto. Segundo<br />

ele, isso acontece porque o seguro de<br />

vida foi passado de maneira equivocada<br />

para estes profissionais. “Não falam que<br />

ao oferecer o produto ele estará fazendo<br />

um bem social para as famílias e que<br />

amanhã estas famílias poderão trazer<br />

mais segurados para a carteira dele. O<br />

enfoque precisa ser diferente”.<br />

Sousa atua desde 1984 no ramo<br />

Vida. Dez anos depois fundou a corretora<br />

para atender os profissionais liberais que<br />

precisavam de apólices mais personalizadas<br />

às suas necessidades. Ele acredita<br />

que a receita para ir longe não é apenas<br />

disponibilizar produtos sob medida mas,<br />

principalmente, investir na qualificação<br />

dos profissionais. Por isso, os corretores<br />

que trabalham na empresa passam por<br />

um rígido treinamento semanal e contam<br />

com programas de investimentos como,<br />

“Queremos deixar<br />

nosso nome na<br />

história como uma<br />

das empresas que<br />

mudou o seguro de<br />

vida no país”<br />

Josusmar Alves de Sousa<br />

por exemplo, o pagamento de parte da<br />

faculdade desde que o curso seja ligado<br />

a alguma área da corretora. Aqueles que<br />

não fazem parte do corpo de funcionários<br />

podem participar de palestras sobre o<br />

tema. “É preciso desprendimento para<br />

aprender como se vende o seguro de vida<br />

e humildade para falar ‘eu quero vender<br />

o produto, mas não sei fazer isso’”, diz<br />

ele, que na corretora recebe em média 40<br />

profissionais por mês.<br />

O passo mais recente nesta empreitada<br />

foi a criação da Mister Líber Educação,<br />

nova empresa do grupo detentor de<br />

outras sete empresas ligadas aos seguros<br />

(entre corretoras, centro automotivo e empresas<br />

na área de informática). O objetivo<br />

é ensinar as técnicas de comercialização<br />

do seguro de vida e oferecer uma grade<br />

diferenciada de cursos de idiomas, como<br />

inglês e mandarim. “A melhor maneira<br />

de fazer com que um corretor trabalhe<br />

mais com seguro de vida é a palavra, é<br />

a conversa entre ele e um especialista na<br />

área. O corretor é a elite da indústria de<br />

seguros do Brasil. É ele quem sai embaixo<br />

de sol, de chuva, que coloca a cara para<br />

bater e participa ativamente do dia a dia<br />

do mercado”, destaca.<br />

Experiências internacionais<br />

Josusmar é um dos poucos brasileiros<br />

que integram a Million Dollar Round<br />

Table (MDRT), associação de corretores<br />

e consultores financeiros internacionalmente<br />

conhecida que congrega 72 países<br />

e soma 91 anos de experiência no ramo de<br />

proteção a pessoas. São 63 mil membros<br />

e apenas 2% dos produtores mundiais de<br />

seguro participam da entidade, focada em<br />

qualificação e mentoria de profissionais.<br />

Junto com a esposa Simone e o filho<br />

Felipe, que também atuam na Mister<br />

Líber, Sousa presta consultoria para<br />

aproximadamente 700 mentorados. A<br />

maioria se encontra no Brasil (quase 400),<br />

mas muitos também estão espalhados<br />

nas Filipinas, Coreia do Sul, Tailândia,<br />

México, Portugal, Estados Unidos e<br />

Canadá. “Como o corretor é o agente de<br />

seguros, meu papel é fazer com que ele<br />

enxergue não a árvore, mas o bosque, porque<br />

muitas vezes ele vai ter dificuldades<br />

e dar meia volta”, diz ele, que na MDRT<br />

ocupa a posição de State Chair de toda a<br />

região São Paulo, responsável por 50% da<br />

produção de seguros no Brasil.<br />

❙❙Felipe Eduardo Rodrigues de Sousa, diretor comercial, treinando a equipe<br />

15


mister líber<br />

Para fazer parte do grupo, mais<br />

uma vez a palavra qualificação entra<br />

em ação. Há apenas três maneiras de<br />

torna-se um membro, sempre baseadas<br />

em comissões recebidas. O participante<br />

deve receber, anualmente, uma média de<br />

R$ 140 mil de comissões dos produtos<br />

Vida, Previdência e Saúde. Já no Quart<br />

of the Table o valor de comissões anuais<br />

é de R$ 600 mil. No Top of the Table, do<br />

qual a Mister Líber faz parte, é preciso<br />

ter acima de R$ 1 milhão em comissões<br />

por ano. “A Mister Líber tem três Top<br />

of the Table”, comemora. “Eu diria que<br />

o grande sucesso da companhia é fazer<br />

parte deste grupo. A entidade traz uma<br />

qualificação em que ganha a empresa e o<br />

cliente. O cliente ganha porque tem uma<br />

empresa qualificada atendendo ele e a<br />

corretora ganha pelo volume de produção”,<br />

acrescenta.<br />

A evolução do mercado<br />

O ingresso das seguradoras especializadas<br />

em Vida no país ajudou a<br />

alavancar o segmento. Depois de trazer<br />

produtos como os resgatáveis, um dos<br />

mais importantes hoje no mercado, elas<br />

deixaram claro que o seguro de vida vai<br />

muito além do tradicional. “O seguro<br />

de vida não é só o seguro de vida puro.<br />

Temos o seguro de vida resgatável, a<br />

Diária por Incapacidade Temporária<br />

(DIT), os Lucros Cessantes, a Majoração<br />

de Membros, e o mais recente, Doenças<br />

Graves. Logo teremos o Universal Life.<br />

Está tendo uma evolução”, diz.<br />

É importante destacar que muitas<br />

Mister Líber em<br />

números<br />

Fundada em 1994, a Mister Líber<br />

tem 80 funcionários e aproximadamente<br />

19 mil segurados. Conta com<br />

duas unidades em São Paulo (SP),<br />

duas no Rio de Janeiro (RJ), uma em<br />

Brasília (DF), uma em Salvador (BA), e<br />

se prepara para abrir duas filiais em<br />

Orlando e em Nova York, nos Estados<br />

Unidos. Para 2018, a companhia prevê<br />

R$ 10 milhões em novos prêmios apenas<br />

com o seguro de vida individual.<br />

❙❙Felipe Eduardo Rodrigues de Sousa e Josusmar Alves de Sousa<br />

das soluções voltadas a profissionais liberais<br />

disponíveis no mercado segurador<br />

nasceram na Mister Líber. Um exemplo<br />

é o DIT, comercializado atualmente por<br />

cinco grandes seguradoras. “É preciso<br />

sentir a necessidade do cliente”, afirma.<br />

“Quando visitávamos os médicos,<br />

perguntavam por que tínhamos seguro<br />

de tudo, menos das mãos. Para eles, as<br />

mãos são um instrumento de trabalho e<br />

valem tanto quanto a vida. Assim nasceu<br />

o seguro de Majoração de Membros”,<br />

exemplifica Sousa. O mesmo aconteceu<br />

com o seguro de Lucros Cessantes, que<br />

cobre os honorários dos profissionais.<br />

Agora, as companhias de seguros<br />

tradicionais que atuam em solo brasileiro<br />

enxergam que precisam investir<br />

mais nessa carteira. “Em um mercado<br />

que lida com a inteligência artificial e a<br />

venda de seguro pela internet, quem não<br />

se atualizar perderá espaço”, garante<br />

Sousa, citando como exemplo os Estados<br />

Unidos, onde os grandes brokers têm<br />

comissões melhores de comercialização.<br />

“Lá, o ‘corretor pastinha’ perdeu espaço”.<br />

A tendência do mercado de seguros<br />

de vida, com a quantidade de pessoas que<br />

ainda não estão protegidas pelo produto,<br />

será a criação de soluções tanto para<br />

a classe A quanto para as classes mais<br />

baixas. “Nossa especialidade é buscar<br />

melhorias para o mercado. Queremos<br />

deixar nosso nome na história como uma<br />

das empresas que mudou o seguro de<br />

vida no país”, diz Josusmar, que não se<br />

intimida com o trabalho das seguradoras<br />

e das demais corretoras.<br />

“Não tenho concorrente corretor e<br />

não tenho concorrente seguradora. Meu<br />

maior concorrente é a morte prematura, a<br />

invalidez, a doença e a aposentadoria. Meu<br />

único trabalho é chegar primeiro. Quanto<br />

mais seguro de vida vender no país, melhor<br />

será, porque teremos no mercado pessoas<br />

muito mais esclarecidas”, assegura. “Até<br />

2045, o corretor ou o agente que investir<br />

em seguros de vida e não ficar milionário<br />

é porque trabalhou mal. Ele tem um mar<br />

de oportunidades”, finaliza.<br />

16


17


especial vida | panorama<br />

Seguros de vida<br />

cresceram 10,9% em 2017<br />

Apesar do mercado como um<br />

todo não ultrapassar a marca de<br />

4,6% de crescimento em relação<br />

a 2016, os planos de risco nos<br />

seguros de pessoas tiveram um<br />

resultado destacado<br />

Kelly Lubiato<br />

O<br />

ano de 2017 foi bastante<br />

difícil para o mercado de<br />

seguros. No início do ano,<br />

as projeções apontavam um<br />

crescimento entre 9% e 11%, seguindo<br />

na linha de 2016, mas a conta fechou em<br />

4,6% sem o seguro saúde nem o DPVAT.<br />

Mesmo assim, o desempenho dos<br />

planos de riscos nas coberturas de pessoas<br />

foi 10,9% maior do que no ano de<br />

2016, atingindo a marca de R$ 34 bilhões<br />

arrecadados em 2017. Estas coberturas<br />

incluem os produtos de vida, prestamista,<br />

viagem e outros.<br />

Vale ressaltar que os seguros de vida<br />

e saúde foram muito prejudicados pela<br />

crise econômica brasileira. O desemprego<br />

afetou diretamente os números<br />

da carteira e agora atravessamos um<br />

período de retomada, mas ainda longe<br />

dos patamares anteriores a crise.<br />

“A retomada do crescimento vai<br />

depender da estratégia de cada companhia”,<br />

avalia Guilherme Menezes,<br />

diretor comercial de Afinidades e Vida<br />

da Axa Seguros. Baseados em dados<br />

18


estatísticos, a seguradora deve focar a sua<br />

atuação no médio mercado, em empresas<br />

com 150 a 800 vidas. As pequenas e<br />

médias empresas não foram descartadas.<br />

Elas oferecem rentabilidade melhor mas,<br />

para tanto, é preciso ter escala.<br />

O aumento da expectativa de vida<br />

e a preocupação constante com a segurança<br />

financeira, sobretudo para manter<br />

o padrão de vida da família em caso de<br />

imprevistos agora e no futuro, têm se<br />

intensificado no Brasil diante das discussões<br />

em torno da reforma da Previdência<br />

Social. “A queda dos juros e as perspectivas<br />

da retomada da economia também<br />

apontam para um 2018 promissor”,<br />

afirma Fernanda Pasquarelli, diretora<br />

de Vida, Previdência e Investimentos da<br />

Porto Seguro.<br />

A entrada em alguns segmentos da<br />

economia também é facilitada pela exigência<br />

do seguro nos acordos coletivos<br />

de determinadas categorias. As pequenas<br />

e médias empresas destes setores são<br />

obrigadas a cumprir as exigências dos<br />

sindicatos.<br />

De acordo com especialistas no<br />

assunto os principais entraves para o<br />

desenvolvimento do seguro de vida<br />

continuam sendo a falta de cultura e<br />

problemas econômicos. “As pessoas ainda<br />

encontram dificuldades para realizar<br />

um planejamento envolvendo depósitos<br />

regulares e há a necessidade de aprimoramento<br />

constante das pessoas envolvidas<br />

na comercialização”, destaca o presidente<br />

do Clube Vida em Grupo do Rio de Janeiro,<br />

Carlos Ivo Gonçalves.<br />

Distribuição de prêmio direto mensal por conjunto de ramos (individual e coletivo)<br />

Em % de participação - Período analisado: Novembro<br />

Prestamista 29,9%<br />

Há cerca de cinco anos os seguros<br />

de vida tonaram-se mais atraentes para<br />

os corretores de seguros, que passaram<br />

a enxergar nesta carteira uma alternativa<br />

plausível para os ganhos minguantes do<br />

seguro de automóveis. Muitos corretores,<br />

após recorrentes apelos dos seguradores,<br />

começaram a se preparar melhor (veja<br />

matéria na página 32) e a oferecer uma<br />

consultoria de investimento para os seus<br />

segurados.<br />

Gonçalves ressalta que a venda de<br />

produtos individuais devem ser realizada<br />

de forma consultiva, através de um levantamento<br />

de necessidades e dentro da real<br />

possibilidade do cliente. “Quando este<br />

processo não é utilizado, evidencia-se a<br />

Acidentes Pessoais 13,4%<br />

Dotais (misto e puro) 8%<br />

Eventos aleatórios 3,1%<br />

Vida 37,3%<br />

Prêmio direto mensal: R$ 2.847.958.689,00 - Fonte: SES (Susep) - Extraído 02/01/2018<br />

Demais ramos 6,3%<br />

possibilidade de uma contratação fora das<br />

expectativas”, comenta.<br />

Distribuição<br />

“Os seguros de pessoas caíram de<br />

vez na graça dos corretores de seguros<br />

cujo foco de atuação principal foi o<br />

seguro de automóvel. Em tempos de<br />

crise econômica pela qual o país passa<br />

nesse momento, e o decréscimo nas<br />

vendas de automóveis, o profissional da<br />

corretagem se assustou com a queda da<br />

carteira e buscou novas oportunidades no<br />

mercado”, crava Helio Loreno, CEO da<br />

Classic Seguros. O ramo de pessoas tem<br />

forte apelo por ser acessível de diversas<br />

maneiras, seja na modalidade individual<br />

❙❙Guilherme Menezes, da Axa<br />

❙❙Fernanda Pasquarelli, da Porto Seguro<br />

❙❙Helio Loreno, da Classic<br />

19


panorama<br />

❙❙<br />

Silas Kasahaya, do CVG-SP<br />

ou no coletivo, que normalmente é oferecido<br />

pelas empresas como benefício<br />

que contribui na retenção de talentos.<br />

Ele acrescenta: “Não podemos deixar de<br />

considerar também a previdência privada,<br />

que se tornou o “xodó” dos jovens nesse<br />

momento de incertezas com a Previdência<br />

Oficial INSS-RGPS”.<br />

O corretor consultor é uma necessidade<br />

do mercado de seguros de vida e<br />

isso vale tanto para os produtos coletivos<br />

quanto para os individuais. Com novos<br />

produtos chegando ao mercado, como o<br />

Universal Life (veja matéria na página<br />

24), é mandatório que o corretor conheça<br />

bem o consumidor para entender o que<br />

ele precisa e, assim, indicar o produto<br />

mais adequado.<br />

“Já avançamos muito na questão<br />

de criação de novos produtos. A grande<br />

discussão agora é aumentar a penetração<br />

dos produtos entre a população”, aponta<br />

Silas Kasahaya, presidente do Clube Vida<br />

em Grupo de São Paulo.<br />

Entretanto, Kasahaya explica que<br />

apesar das seguradoras estarem empenhadas<br />

em resolver a questão tecnológica,<br />

ainda existe o problema da formação dos<br />

consultores para realizar uma boa venda<br />

de seguro de vida, levando soluções para<br />

os consumidores. “Há muitos segmentos<br />

que podem ser explorados, como o de alta<br />

renda ou de produtos específicos para a<br />

classe média ou até os microsseguros.<br />

O desafio é que precisamos de uma formação<br />

específica para cada um deles”,<br />

pontua Kasahaya.<br />

Já Helio Loreno acha que o corretor<br />

20<br />

❙❙<br />

Carlos Ivo Gonçalves, do CVG-RJ<br />

precisa se reinventar para atingir sucesso<br />

na carteira de seguros de pessoas. “Terá<br />

que empreender, ser inovador e, principalmente,<br />

enxergar o novo mercado que<br />

está surgindo. É muito mais complexo,<br />

pois não basta ter uma apólice de auto<br />

e aproveitar para oferecer um seguro de<br />

vida. Estão surgindo novas propostas<br />

de atuação no mercado e o corretor tem<br />

que investir em ferramentas de gestão,<br />

marketing digital, entre outras”.<br />

As seguradoras estão trabalhando<br />

nesta tarefa de facilitar a vida dos corretores<br />

de seguros e, a exemplo do que<br />

aconteceu no seguro de automóvel, elas<br />

querem tornar o seguro de vida mais<br />

palatável e fácil de ser comercializado.<br />

A venda de seguro automóvel foi<br />

otimizada através da criação de grandes<br />

plataformas de cotação online, nas quais<br />

o corretor consegue transmitir ao segurado,<br />

que está demandando o seguro, uma<br />

cotação eficiente, parametrizada, com<br />

coberturas ideais para o que ele deseja. O<br />

corretor consegue agregar valor e fazer a<br />

contratação remota. Ele manda a apólice<br />

para o segurado por e-mail, recebe a<br />

confirmação, faz o pagamento do boleto<br />

e o agendamento das demais parcelas.<br />

O presidente da Previsul Seguradora,<br />

Renato Pedroso, explica que esta angariação<br />

no seguro de pessoas é mais difícil,<br />

porque o corretor de seguros se vê no<br />

dilema do atendimento pessoal ao segurado.<br />

Estes entraves da comercialização<br />

de vida já foram realidade no seguro de<br />

automóveis, que é uma venda mais fácil e<br />

palatável, porque é um seguro comprado<br />

❙❙<br />

Renato Pedroso, da Previsul<br />

e não vendido.<br />

O seguro de vida ainda não contava<br />

com isso e havia uma carência da digitalização,<br />

não com o intuito do clichê,<br />

mas da relação de vendas efetiva com o<br />

consumidor, que cria este facilitador. “A<br />

Previsul tentou trazer a mesma facilidade<br />

do seguro de automóvel para o seguro de<br />

vida, porque o corretor hoje tem grande<br />

dificuldade de ter equipe de angariação.<br />

Seja pelo passivo trabalhista que isso<br />

gera ou pela dificuldade de encontrar e de<br />

formar profissionais que atendam as suas<br />

necessidades”, avalia Pedroso.<br />

Para facilitar a vida do corretor, as<br />

seguradoras precisam se adequar e tentar<br />

driblar a dificuldade de distribuição. A<br />

Previsul criou um formulário eletrônico<br />

que pode ser preenchido remotamente,<br />

com dados pessoais, escolha de produtos,<br />

indicação de beneficiários e forma<br />

de pagamento. Assim, isso é enviado<br />

por e-mail para assinatura digital e com<br />

emissão automatizada.<br />

Fernanda, da Porto Seguro, acrescenta<br />

que a companhia direciona seus<br />

treinamentos para uma venda mais adequada<br />

ao momento de vida das pessoas,<br />

às necessidades delas hoje, mas agregando<br />

benefícios futuros. “Por exemplo: um jovem<br />

médico está hoje mais preocupado em<br />

garantir sua renda caso sofra um acidente<br />

e não possa trabalhar do que com o futuro.<br />

Mas ele precisa de uma proteção nos dois<br />

tempos de vida: um seguro profissional<br />

aliado à uma cobertura de morte soluciona.<br />

É essa percepção que o corretor está<br />

aprendendo a ter”, completa.


21


22


23


especial vida | universal life<br />

Susep promete circular<br />

até abril de 2018<br />

Resolução 344, que<br />

criou o produto no<br />

Brasil, agora depende<br />

dos últimos ajustes<br />

que estão sendo feitos<br />

junto à Receita Federal.<br />

Outro países da<br />

América Latina, como<br />

Chile, já comercializam<br />

o Universal Life há mais<br />

de 15 anos<br />

Kelly Lubiato<br />

24<br />

O<br />

modelo brasileiro do produto<br />

Universal Life está na reta<br />

final para ser efetivamente<br />

aprovado. Segundo o diretor<br />

de Supervisão de Conduta da Susep, Carlos<br />

de Paula, até o mês de abril a circular<br />

com os últimos detalhes será publicada.<br />

O projeto, por enquanto, está nas<br />

mãos da Receita Federal para esclarecer<br />

duas questões ligadas à tributação deste<br />

produto híbrido. De Paula explica que a<br />

primeira é quando o segurado deixar de<br />

pagar alguma parcela e for necessário retirar<br />

uma parcela do seu valor acumulado<br />

para cobrir o custo do risco de morte. “A<br />

Receita discute se haverá incidência de<br />

IOF neste caso para o prêmio de risco”,<br />

explica.<br />

O outro ponto é no momento de<br />

receber o valor acumulado ao longo dos<br />

anos, em caso de sobrevivência do segurado.<br />

“Por hipótese, se nesta saída ele<br />

tiver acumulado R$ 100 mil, exatamente<br />

o valor do seu capital segurado. Quando<br />

ele resgatar este valor, que é composto<br />

pelo principal e o que é desdobramento<br />

decorrente de rentabilidade, haverá incidência<br />

de Imposto de Renda?”, questiona<br />

De Paula.<br />

De acordo com Adriana Henning,<br />

coordenadora de Seguros de Pessoas,<br />

Microsseguros e Planos de Previdência<br />

Complementar da Susep, a partir de abril,<br />

com a aprovação da circular, as seguradoras<br />

já terão todo o arcabouço legal para<br />

submeter seus produtos à aprovação da


autarquia. “Neste sentido, estaremos bem<br />

atentos para liberar estes produtos o mais<br />

rápido possível para o mercado”, garante.<br />

O Universal Life poderá ser apresentado<br />

em produtos individuais ou<br />

corporativos, de acordo com o apetite de<br />

cada companhia. O produto possui um<br />

ambiente complexo, com grande diversidade<br />

de fatores que tratam de dinheiro<br />

capitalizado, cobertura de risco, eventual<br />

inadimplência permitida, eventual variação<br />

de prêmio, eventual acréscimo ou<br />

redução de cobertura.<br />

Tanto Governo quanto mercado<br />

sabem que um produto de Universal<br />

Life sem nenhum tipo de diferimento de<br />

imposto já nasce morto, pois seria inferior<br />

a uma soma de produtos já encontrados<br />

no mercado. Este produto não é “tábua de<br />

salvação” dos seguros de pessoas. “Não<br />

haverá 130 milhões de consumidores<br />

potenciais como diziam alguns que pleiteavam<br />

lançamento do Universal Life”,<br />

informa Ricardo Iglesias, presidente<br />

da Centauro-On.<br />

Entretanto, ter este<br />

produto na prateleira<br />

mostra que o<br />

mercado de seguro<br />

de pessoas amadureceu<br />

e encontrou<br />

as condições econômicas<br />

favoráveis<br />

à sua elaboração.<br />

Iglesias aponta<br />

uma série de<br />

fatores: o Universal<br />

Life tem uma<br />

❙<br />

gama de desafios<br />

vinculados a ele<br />

❙ Ricardo<br />

que não são simples. “A gente fala que<br />

o Governo não resolveu o problema<br />

tributário, que é só o primeiro. Depois<br />

deste vem a sintonia fina da regulação,<br />

que tem muitas coisas escritas que na<br />

operação nem sempre vão funcionar.<br />

Os mais críticos são as ferramentas de<br />

tecnologia, para operar de fato (porque<br />

Iglesias, da Centauro-On e David Azzarito, da Ohio<br />

não há sistema tradicional, tem que ser<br />

específico). Por exemplo, não é possível<br />

trazer os sistemas de fora do país para<br />

cá”, sentencia.<br />

Um dos maiores desafios, segundo<br />

Iglesias, está ligado à mão-de-obra<br />

para a comercialização. O modelo de<br />

comercialização da Centauro-ON é<br />

25


universal life<br />

exclusivamente via corretor de seguros.<br />

Para estes profissionais será necessário<br />

um treinamento especial e novos modelos<br />

de negócios. “Estamos falando<br />

de um produto com margens que fogem<br />

àqueles 20% ou 25% aos quais o corretor<br />

está acostumado. Isso é proibitivo em um<br />

produto de investimento. A portabilidade,<br />

que vai existir, é verdadeira, mas o corretor<br />

precisa ter cuidado porque ele não está levando<br />

apenas dinheiro, mas também uma<br />

série de garantias. O maior dos desafios é<br />

o canal de vendas”, previne Iglesias.<br />

Experiência internacional<br />

A Ohio Internacional, que possui<br />

50% do capital da Centauro-ON, opera<br />

o seguro de Universal Life na América<br />

Latina. Há 15 anos o produto já existe no<br />

Chile. David Azzarito, vice-presidente<br />

para a América Latina explica que o<br />

perfil econômico financeiro dos consumidores<br />

varia de acordo com o nível de<br />

complexidade de cada produto. O foco da<br />

companhia é atingir consumidores das<br />

classes B e C, principalmente no ramo<br />

de vida individual. “Também oferecemos<br />

produtos com características que apresentam<br />

investimentos complexos e são<br />

destinados a auxiliar o planejamento para<br />

a aposentadoria de clientes mais sofisticados,<br />

de acordo com as suas respectivas<br />

necessidades”, acrescenta.<br />

A distribuição dos produtos no<br />

Chile é muito diversificada e também é<br />

associada ao tipo de produto e adequada<br />

a cada cliente. A regra geral é a de que<br />

26<br />

Mecanismo da Conta Individual (Account Value)<br />

se trabalha com agentes de seguros<br />

independentes que representam a Ohio<br />

National Seguros de Vida S.A. perante<br />

os consumidores finais e também com<br />

brokers que possuem alta capacidade<br />

de vendas. Isso se aplica para seguros<br />

de vida individual em geral, incluindo<br />

produtos mais complexos como o vida<br />

inteira (“whole life”) e vida universal<br />

(“universal life”). “Mais recentemente,<br />

estamos investindo em tecnologia para<br />

possibilitar a contratação de seguros de<br />

vida através de nossos brokers e agentes,<br />

mas por meio da utilização de tablets e<br />

celulares, a fim de prestar um serviço<br />

mais ágil, fácil e transparente aos consumidores<br />

finais”, adianta David.<br />

Agora, a Ohio National se prepara<br />

para lançar o produto de Universal Life<br />

❙❙Alejandro Widder, da MetLife<br />

Fonte: MetLife<br />

no Peru. Para tanto, a experiência no<br />

Chile certamente irá contribuir, mas<br />

não será inteiramente replicada. “Hoje<br />

temos duas companhias completamente<br />

independentes e operacionais, com<br />

crescimento exponencial nas vendas de<br />

ambas. Estamos muito satisfeitos com os<br />

resultados das vendas e acreditamos que<br />

introduzimos nesses mercados uma nova<br />

cultura, com um incrível nível de serviço<br />

ao cliente, com integridade e transparência,<br />

valores esses que são incentivados e<br />

prezados pelos nossos executivos estratégicos,<br />

incluindo aqueles baseados no Hub<br />

Regional da Ohio National na América<br />

Latina, em Fort Lauderdale”.<br />

Alejandro Widder, diretor financeiro<br />

e atuarial da MetLife, conta que a companhia<br />

comercializa o produto de Universal<br />

Life na Argentina, Chile, México e em<br />

diferentes partes da América Latina.<br />

Todos os países têm versõe semelhantes,<br />

com algumas particularidades locais.<br />

“Os Estados Unidos são um mercado<br />

mais evoluído, com diferentes tipos de<br />

Universal Life, desde os mais simples<br />

até aqueles que passaram a aplicar seus<br />

fundos acumulados no mercado financeiro”,<br />

conta.<br />

O Universal Life traz uma flexibilidade<br />

de produto que o mercado brasileiro<br />

atual não possui. Há pequenos ajustes<br />

que ainda precisam ser feitos na versão<br />

brasileira, com opções para melhorar o<br />

produto, de comum acordo com todas as<br />

companhias.<br />

Um exemplo que seria único no<br />

Brasil é que o seguro de vida universal,<br />

no mundo, é com regime de capitalização<br />

para a cobertura de morte e não<br />

tem reserva matemática nas coberturas<br />

adicionais. “São pequenos ajustes que<br />

ajudariam a ter uma administração mais<br />

simples e que não geram nenhum prejuízo<br />

para o segurado final”, classifica Widder.<br />

O seguro de vida precisa crescer no<br />

Brasil de maneira geral. Isso tem que ser<br />

feito em conjunto com a Fenaprevi para<br />

informar muito bem a importância social<br />

do seguro. As seguradoras precisam<br />

mostrar quantas famílias são beneficiadas<br />

pelo seguro. O sulamericano é muito<br />

otimista e supersticioso, mas a cultura da<br />

proteção deve ser trabalhada junto com<br />

outros conceitos.


27


especial vida | beneficiários<br />

Quem tem direito<br />

à indenização?<br />

Os consumidores ainda têm muitas dúvidas sobre<br />

quem são os beneficiários legais em caso de<br />

morte, principalmente quando estes não estão<br />

indicados na apólice<br />

28<br />

Kelly Lubiato


De acordo com o Dicionário de<br />

Seguros editado pela Escola<br />

Nacional de Seguros, ‘beneficiário’<br />

é a pessoa física ou jurídica<br />

em favor da qual é devida a indenização<br />

ou o capital segurado em caso de sinistro.<br />

Ele pode ser determinado nominalmente<br />

na apólice. Caso isso não aconteça, a<br />

indenização deve ser paga de acordo com<br />

o artigo 792 do Novo Código Civil, que<br />

determina que 50% seja pago ao cônjuge<br />

e 50% para os herdeiros legais.<br />

Certo, tudo muito claro. Mas, por que<br />

esta questão ainda gera tantas dúvidas no<br />

segurado e seus parentes? Porque nem<br />

sempre a regulação de sinistro acontece<br />

de forma tranquila, seja por briga entre os<br />

próprios beneficiários, desconhecimento<br />

legal ou, ainda, falta de comunicação?<br />

As seguradoras aceitam como indicação<br />

de beneficiários pessoas (físicas<br />

ou jurídicas) que tenham dependência<br />

econômica do segurado, sofrendo o impacto<br />

da sua ausência. Este é o principal<br />

instrumento do seguro de vida: amenizar<br />

o impacto da perda do ente querido e<br />

permitir que a vida siga com alguma<br />

normalidade. Pelo menos, financeira.<br />

Entretanto, nem sempre é isso que<br />

acontece. Osmar Bertacini, corretor<br />

de seguros há 50 anos e secretário do<br />

Sincor-SP, explica que o problema de<br />

se negar um sinistro pode ser resolvido<br />

antes, com uma venda bem feita e com<br />

cláusula de beneficiário bem esclarecida<br />

e orientada. “Assim, não corre o risco de<br />

cair na máxima: ‘quem paga mal, paga<br />

duas vezes’”. O seguro é fundamentado<br />

em dois pontos básicos: rigor na subscrição<br />

e precificação. Se<br />

o técnico aceitar bem<br />

o seguro, não haverá<br />

problema na regulação.<br />

Ele cita como<br />

exemplo o seguinte<br />

fato: “é fácil identificar<br />

o cônjuge, porque<br />

há um documento para<br />

isso. Entretanto, como<br />

saber quantos filhos<br />

o segurado possui?”,<br />

questiona Bertacini.<br />

Não existe um documento<br />

oficial no Brasil<br />

que autentique isso,<br />

❙❙Homero Stabeline Minhoto<br />

apenas o hall de herdeiros identificado no<br />

inventário. Porém, a maioria das pessoas<br />

não faz inventário.<br />

É importante que o corretor de<br />

seguros explique ao segurado as implicações<br />

ligadas ao fato dele não indicar<br />

os beneficiários do seguro de vida. “No<br />

seguro de vida, se a pessoa fica sem carro<br />

ela pode pegar um Uber, ir de táxi etc.<br />

Agora, quando morre o provedor da família,<br />

as despesas com escola dos filhos,<br />

roupas, remédios, comida continuam a<br />

chegar. Sem a cláusula do beneficiário,<br />

a demora para o pagamento do sinistro é<br />

maior”, sustenta o corretor de seguros,<br />

proprietário da Humana Seguros.<br />

O advogado especialista em seguros,<br />

Marcio Malfatti, do escritório Pimentel &<br />

Associados, ressalta que as seguradoras<br />

não podem recusar uma indicação de<br />

beneficiário. “Quando muito, podem alertar<br />

para uma liquidação de sinistro mais<br />

complexa, por vezes até judicialmente”.<br />

Sinistro negado<br />

Às vezes, pode acontecer do segurado<br />

somente fazer a contratação do seguro<br />

de vida após ter sido diagnosticado com<br />

uma doença grave, como, por exemplo,<br />

um câncer ou uma esclerose múltipla. Se,<br />

no momento da contratação, ao preencher<br />

a Declaração Pessoal de Saúde, o segurado<br />

omitir esta informação ele levará a<br />

seguradora a subscrever o risco de forma<br />

inadequada. “Ocorrendo a sua morte, a<br />

seguradora vai apurar os detalhes relacionados,<br />

constatar a omissão praticada<br />

pelo segurado e, certamente, negará o<br />

pagamento do capital aos beneficiários”,<br />

explica Homero Stabeline<br />

Minhoto, advogado<br />

especializado<br />

em seguros e sócio da<br />

Minhoto Advogados<br />

Associados.<br />

“O maior ponto<br />

de conflito entre seguradoras<br />

e segurados<br />

são as declarações<br />

precontratuais, quando<br />

a seguradora alega<br />

que o segurado omitiu<br />

dado que conhecia sobre<br />

seu real estado de<br />

saúde e a imputação,<br />

ao segurado, de<br />

ato que agravou<br />

o risco”, conforme<br />

constata<br />

Malfatti.<br />

A Declaração<br />

Pessoal de<br />

Saúde é mais<br />

solicitada nos<br />

contratos de seguro<br />

de vida individuais.<br />

“Nem ❙ Marcio Malfatti ❙<br />

sempre as seguradoras exigem este documento,<br />

mas é importante salientar que a<br />

dispensa de DPS impossibilita a negativa<br />

do sinistro por omissão de informação<br />

sobre o real estado de saúde quando da<br />

contratação”, acrescenta Malfatti.<br />

Suicídio<br />

Enquanto o Código Civil de 1916<br />

ainda estava vigente, havia grande controvérsia<br />

sobre o pagamento do capital<br />

segurado nos casos de suicídio, pois<br />

os tribunais brasileiros diferenciavam<br />

duas espécies de suicídio: “o voluntário,<br />

quando o segurado punha fim a sua vida<br />

com o propósito de deixar o capital de<br />

uma apólice de seguro para seus beneficiários;<br />

e o involuntário, quando o<br />

segurado, sofrendo de pressões externas<br />

incontroláveis, depressão, ansiedade, problemas<br />

psicológicos, cometia o suicídio”,<br />

esclarece Minhoto.<br />

“As seguradoras, por óbvio, negavam<br />

o pagamento do capital no caso do suicídio<br />

voluntário. Todavia, praticamente, era<br />

impossível prová-lo”, lembra o advogado.<br />

Para por fim a esta interpretação, o Novo<br />

Código Civil, vigente a partir de 2003, no<br />

artigo 798, estabeleceu: ‘O beneficiário<br />

não tem direito ao capital estipulado<br />

quando o segurado se suicida nos primeiros<br />

dois anos de vigência inicial do<br />

contrato, ou de sua recondução depois<br />

de suspensa’. “Dessa forma, o legislador<br />

preferiu adotar um critério objetivo, qual<br />

seja, todo suicídio cometido nos dois<br />

primeiros anos não gera a obrigação de<br />

pagar o capital”, conta Minhoto.<br />

De forma geral, as seguradoras procuram<br />

oferecer decisões que levem em<br />

conta a boa ou má-fé dos segurados no<br />

momento da contratação, com o objetivo<br />

de reduzir os pontos de atrito.<br />

29


eneficiários<br />

Perguntas dos consumidores<br />

Publicamos uma notícia no Portal da revista (www.revistaapolice.com.br)<br />

sob o título: “Quem tem direito a receber o<br />

seguro de vida”. Desde então, recebemos inúmeras consultas<br />

dos leitores, perguntando sobre situações particulares. Ao longo<br />

desta matéria vocês poderão conferir as dúvidas dos leitores<br />

e as respostas do especialista Osmar Bertacini. Lembrando<br />

que não há nenhum valor jurídico envolvido.<br />

Meu marido pagou o seguro de vida desde 2011. Ele<br />

veio a falecer de morte natural. Os beneficiários não têm<br />

direito a nada por que ele completou 70 anos?<br />

Osmar Bertacini: Ao citar “Morte Natural” em que pese<br />

entender ser decorrente de doença e, não, é claro, de Acidente<br />

Pessoal, estabelece a circular 302, de 19/09/2005 – da Susep<br />

em seu Artigo 10: “Morte por causas naturais e acidentais.”<br />

Respondendo objetivamente a pergunta; independentemente<br />

da idade, estando o seguro em vigor na data do<br />

óbito, os beneficiários instituídos e/ou legais, farão jus, sim,<br />

ao recebimento do valor segurado vigente na data do óbito.<br />

Ressalto dois pontos importantes:<br />

a) Prazo de Prescrição (3 anos);<br />

b) Valor a ser pago corrigido até a data do efetivo pagamento<br />

pela seguradora.<br />

Meu pai deixou um seguro de vida para a minha mãe,<br />

que já faleceu. A seguradora disse que a indenização seria<br />

paga aos herdeiros legais, eu e meus dois irmãos. Porém,<br />

depois a seguradora informou que ele indicou apenas<br />

meus dois irmãos como beneficiários. Não tenho direito,<br />

mesmo sendo herdeira legal?<br />

Osmar: É de se perguntar: o falecimento da mãe ocorreu<br />

antes ou depois do segurado?<br />

Se antes, realmente não terá direito.<br />

Se depois, seus direitos garantidos por lei são transferidos<br />

para os seus herdeiros legais.<br />

Caso o segurado tenha designado, por escrito, apenas<br />

e tão somente os dois irmãos, o direito ao recebimento será<br />

limitado aos beneficiários nomeados.<br />

Não havendo, estabelece a Lei 10.406 de 10/01/2002,<br />

vigente a partir de 11/02/2003 – Novo Código Civil, em seu<br />

Artigo 792 – “O capital segurado será pago por metade ao<br />

cônjuge não separado judicialmente e o restante aos herdeiros<br />

do segurado, obedecida a ordem de vocação hereditária,<br />

prevista no Artigo 1829 de mesmo dispositivo legal.<br />

I. Aos Descendentes<br />

II. Aos Ascendentes<br />

III. Ao Cônjuge sobrevivente<br />

IV. Aos Colaterais<br />

Meu pai morreu em 1979 e apenas minha mãe recebeu<br />

a indenização na época. Somos em 7 filhos. Não<br />

tínhamos direito a receber também?<br />

Osmar: Caso o segurado tenha designado, por escrito, a<br />

esposa, a indenização foi realizada de forma correta.<br />

Em caso contrário, cumpram-se os Artigos 792 e 1829 do<br />

Código Civil.<br />

Comecei a trabalhar em 2014 e logo tive um problema<br />

no coração e fui afastado. Em dezembro de 2017 me<br />

aposentaram por invalidez e requeri o seguro de vida da<br />

empresa. Porém, a seguradora negou o pedido, pois disse<br />

que o sinistro foi informado em 2014, menos de um ano<br />

de prazo da vigência do seguro. Está correto?<br />

Osmar: Estabelece a Lei 10.406, de 10/01/2002, vigente<br />

a partir de 11/01/2003 em seu Artigo 206. “Dos Prazos da<br />

Prescrição”<br />

- Invalidez Permanente (Doença/Acidente): “Em 1 ano”<br />

- Morte do segurado: “Em 3 anos”<br />

Como se vê, o posicionamento da seguradora está amparada<br />

na Lei vigente acima (Novo Código Civil).<br />

Meu pai era trabalhador rural e disse que pagou um<br />

seguro de vida. Tenho o comprovante. Ele faleceu este<br />

ano e sempre me disse que quando ele morresse era para<br />

eu ir atrás, porque naquele tempo se pagava o prêmio de<br />

uma só vez. Será que tenho direito?<br />

Osmar: Os seguros de vida são: Temporários e/ou vitalícios,<br />

com pagamentos mensais, trimestrais, semestrais e/<br />

ou anuais.<br />

Em se confirmando estar o prêmio pago, na data do óbito,<br />

e obedecidos os prazos das prescrições já citados, o direito<br />

estará preservado.<br />

Meu marido faleceu 3 meses depois que saiu da empresa.<br />

Tenho direito ao seguro de vida?<br />

Osmar: Ao que tudo indica, não.<br />

Com o rompimento do vínculo empregatício entre o se-<br />

30


gurado e a empresa Estipulante<br />

do seguro, independentemente<br />

de se tratar de seguro contributário<br />

e/ou não contributário.<br />

Artigo 20 item I de circular<br />

Susep 302, de 19/09/2005 da<br />

Cessação da Cobertura – “Com<br />

o desaparecimento do vínculo<br />

entre o segurado principal e o<br />

estipulante, nos planos coletivos.”<br />

Minha tia faleceu, tinha<br />

seguro de vida e deixou minha<br />

mãe como única beneficiária, uma vez que não era<br />

casada nem tinha filhos. Mesmo assim, as outras irmãs<br />

terão direito ao valor do seguro?<br />

Osmar: Em se confirmado ter sido a mãe como única<br />

beneficiaria nomeada, por escrito, pelo próprio segurado, os<br />

outros irmãos não terão direito ao recebimento.<br />

Ratifico que, não havendo designação de beneficiário pelo<br />

próprio segurado, a indenização respectiva terá que ser paga<br />

em conformidade com os Artigos 792 e 1829 da Lei 10.406<br />

A empresa em que trabalho concede um seguro para<br />

acidentes pessoais, invalidez, morte a mim e meus dependentes.<br />

Meu pai se acidentou gravemente. Posso dar<br />

entrada e ajudar ele?<br />

Osmar: Trata-se de um seguro de Acidentes Pessoais –<br />

Morte/Invalidez Permanente Total ou Parcial -, decorrente de<br />

um Acidente Pessoal. Sendo o pai também segurado como<br />

dependente, o que não é comum, mesmo ficando ou não com<br />

Invalidez Permanente Total ou Parcial, recomendo comunicar<br />

a seguradora respectiva.<br />

Prazo de prescrição: Apenas de 1 ano<br />

Meu filho faleceu em um acidente com o carro da<br />

empresa em seu primeiro dia de trabalho. Como mãe,<br />

tenho direito ao seguro mesmo ele tendo apenas um dia<br />

de registro de trabalho?<br />

Osmar: Havendo o seguro, Vida e/ou Acidentes Pessoais<br />

a cobertura encontra-se confirmada. Além do seguro facultativo,<br />

existe o seguro obrigatório de Dpvat – Danos Pessoais<br />

de Veículos Automotores Terrestres (Morte/Invalidez/Despesas<br />

Médicas).<br />

Meu ex-marido faleceu sete meses antes da sua mãe.<br />

Ele era o beneficiário de um seguro de vida dela. Como ele<br />

faleceu primeiro, a seguradora retirou o nome dele da lista<br />

de beneficiários. Os filhos dele não têm direito ao seguro<br />

da avó? Apenas os irmãos dele devem receber?<br />

Osmar: Com o falecimento do beneficiário antes do falecimento<br />

do segurado, não conquistou o direito ao recebimento<br />

do seguro.<br />

A seguradora não pode, em hipótese alguma, excluir,<br />

incluir e/ou modificar a cláusula beneficiária.<br />

Somente o próprio segurado. Aqui, também, entendo<br />

que deva prevalecer os Artigos 792 e 1829 do Código Civil.<br />

Os pais da minha mãe faleceram e deixaram um seguro<br />

de vida. Ela mora no Rio de Janeiro e os irmãos, no<br />

Rio Grande do Norte. Estes pedem o número de RG e CPF<br />

de minha mãe para darem entrada no pedido de indenização.<br />

Existe alguma possibilidade de receberem a parte<br />

dela sem a sua assinatura ou procuração?<br />

Osmar: O pagamento e/ou os pagamentos devem ser,<br />

sempre, a quem efetivamente faz jus ao recebimento.<br />

Identificados os beneficiários, através do RG e CPF a seguradora<br />

providenciará, certamente, os pagamentos respectivos<br />

a quem de direito alusivo a sua participação.<br />

Quando uma pessoa falece e tem um seguro empresarial,<br />

não sendo casado, mas deixando uma filha e seu<br />

pai dependente dele. Por não constar nenhum nome no<br />

seguro, a indenização é dividida entre ambos?<br />

Osmar: Não havendo beneficiário nomeado pelo próprio<br />

segurado, o pagamento cumprirá as determinações<br />

impostas pelos Artigos 792 e 1829 da Lei 10.406 (Novo<br />

Código Civil)<br />

31


especial vida | distribuição<br />

Incentivo à figura<br />

do especialista<br />

Há inúmeros talentos<br />

no mercado, mas os<br />

estigmas e a falta de<br />

preparo necessário<br />

ainda afastam os<br />

corretores de uma<br />

carteira que deve<br />

ganhar cada vez mais<br />

relevância<br />

Lívia Sousa<br />

O<br />

mercado de seguros de<br />

pessoas, que compreende os<br />

seguros de vida em grupo,<br />

vida individual, prestamista,<br />

acidentes pessoais, educacional e viagem,<br />

movimentou R$ 34,53 bilhões em<br />

prêmios em 2017. Desse total, o seguro<br />

de vida registrou R$ 13,69 bilhões em<br />

prêmios, correspondendo a um aumento<br />

de 4,48% em relação ao acumulado no<br />

ano anterior. Os dados, divulgados pela<br />

Federação Nacional de Previdência Privada<br />

e Vida (FenaPrevi), deixam claro<br />

que se trata de um segmento ainda pouco<br />

explorado, mas que deve ganhar relevância<br />

nos próximos anos, principalmente<br />

considerando a conjuntura econômica,<br />

caracterizada pela expectativa de retomada<br />

do crescimento e o envelhecimento da<br />

população, que incrementará a demanda<br />

por produtos e serviços relacionados à<br />

qualidade de vida. Não à toa, o que mais<br />

se ouve é que há um grande mercado a<br />

desbravar.<br />

Entretanto, historicamente os corretores<br />

dão mais atenção aos produtos que<br />

possuem retorno imediato de vendas,<br />

formato que dificulta a abertura de novos<br />

nichos. A grande dificuldade está na<br />

mudança de foco, afirma Carlos André<br />

Meyer Sabóia Cordeiro, diretor dos ra-<br />

32<br />

mos de Saúde e Odontológico do Clube<br />

de Seguros de Pessoas e Benefícios do<br />

Estado do Paraná (CVG-PR). “Devido<br />

às instabilidades políticas, sociais e econômicas,<br />

os consumidores temem planos<br />

para o futuro e os profissionais parecem<br />

se sentir mais confortáveis com planos<br />

de curto prazo por não entenderem como<br />

contornar as objeções. Percebe-se também<br />

a dificuldade de criarem uma ‘cesta<br />

de produtos’, incluindo o ramo vida. É o<br />

medo de perder o ‘certo’ vendendo outro<br />

produto”, declara.<br />

❙❙Carlos André Cordeiro, do CVG-PR<br />

A ausência de corretores especializados<br />

na área se torna ainda mais preocupante<br />

ao avaliar que há uma grande distribuição<br />

de produtos através de canais não<br />

especializados, onde o consumidor acaba<br />

contratando seguro de vida ou acidentes<br />

pessoais com coberturas escolhidas sem<br />

nenhum critério. Segundo Cordeiro,<br />

ainda é comum escutar do vendedor<br />

que ele tem um seguro de vida, quando<br />

na verdade a apólice possui apenas cobertura<br />

de acidentes que deixará uma<br />

família desamparada em caso de morte<br />

natural. “Nosso mercado precisa fazer<br />

com que o cliente entenda que não se faz<br />

um seguro sem o devido planejamento.<br />

E, neste caso, a oportunidade sempre<br />

aparecerá primeiro para os profissionais<br />

mais especializados. Vale lembrar que em<br />

outros mercados temos os life planners,<br />

que fazem consultorias especializadas,<br />

acompanhando e protegendo famílias por<br />

toda a vida”, diz. “O ‘trem’ está passando,<br />

há espaço para todos. Contudo, aqueles<br />

que não acordaram ainda perderão o<br />

lugar na ‘janelinha’”.<br />

Saindo da mesmice<br />

Os corretores afirmam que a carteira<br />

de Vida é complexa. Na visão de Tiago<br />

Melo, especialista em gestão de risco e


lindagem de ativos e Country Chair<br />

Brazil da Million Dollar Round Table<br />

(MDRT), associação internacional de<br />

corretores e consultores financeiros,<br />

o que acontece é que o preconceito<br />

com o seguro de vida parte do próprio<br />

corretor. “Ele vende o seguro do carro,<br />

da casa, até do telefone celular. São<br />

seguros importantes, ainda mais no<br />

mundo em que vivemos hoje. Mas ele<br />

se esquece de fazer o básico, que é proteger<br />

a vida daquela pessoa que dirige<br />

o carro, que usa o celular e que mora<br />

dentro de uma casa. Não é o cliente que<br />

tem preconceito com o seguro de vida,<br />

é o profissional”, sentencia.<br />

Ele lembra ainda que o cliente é<br />

faminto por novidades e, principalmente,<br />

por bons profissionais que o atenda.<br />

O mercado não tem mais espaço para<br />

o vendedor de seguros, que apenas<br />

comercializa o produto e não presta<br />

assistência ao consumidor. “O setor<br />

quer um consultor de seguros de vida.<br />

❙❙<br />

Tiago Melo, do MDRT<br />

Temos inúmeros talentos, a questão é<br />

a falta de preparo e a quebra de alguns<br />

paradigmas”.<br />

Presidente da Federação Nacional<br />

dos Corretores de Seguros (Fenacor),<br />

Armando Vergilio diz que há praticamente<br />

um consenso de que o futuro<br />

está no ramo de pessoas, lembrando que<br />

produtos como o Universal Life (saiba mais<br />

na página 24), comercializado em vários países<br />

com grandes resultados, e o Prev Saúde,<br />

cuja regulamentação tramita no Congresso,<br />

podem ser os ingredientes que faltam para<br />

que o ramo de pessoas decole no Brasil.<br />

É indispensável que o profissional invista<br />

nesse segmento e esteja devidamente<br />

preparado, atualizado e capacitado não só<br />

para atender às diferentes necessidades<br />

de cada grupo de consumidores, sempre<br />

respeitando as peculiaridades referentes às<br />

condições financeiras, familiares e regionais<br />

dos segurados. A regra vale também para<br />

que ele enfrente as vendas por meios remotos<br />

e outras ameaças, inclusive a tentativa de cooperativas<br />

e associações que comercializam<br />

a “proteção pirata”, de explorarem o ramo de<br />

pessoas. “O corretor de seguros profissional<br />

está plenamente capacitado para se consolidar<br />

como o canal mais confiável, que tem<br />

o conhecimento necessário para atender o<br />

consumidor com a necessária qualificação”,<br />

completa Vergilio.<br />

33


distribuição<br />

❙❙<br />

Armando Vergilio, da Fenacor<br />

A figura do especialista é bastante incentivada<br />

pelas seguradoras por meio de<br />

treinamentos e diversificação de produtos.<br />

Campanhas promocionais e foco na<br />

carteira são a tônica dessas companhias.<br />

As entidades do setor não ficam atrás.<br />

O CVG-PR, que sente a necessidade de<br />

reposicionamento e implementação de atitudes<br />

que fomentem o desenvolvimento do<br />

mercado de seguros de vida e benefícios,<br />

promove palestras, encontros e discussões<br />

técnicas, apoia ideias e iniciativas e desenvolve<br />

projetos de pesquisa com o intuito<br />

de aprofundar o conhecimento a respeito<br />

do mercado consumidor, entendendo seus<br />

hábitos e anseios. Além disso, divulga<br />

nas redes sociais novidades, produtos,<br />

processos, campanhas e as boas práticas<br />

no mercado de benefícios.<br />

Já a Escola Nacional de Seguros<br />

oferece a Habilitação de Corretores de<br />

Seguros para quem deseja operar com<br />

as proteções voltadas ao segmento. O<br />

objetivo é formar o profissional como um<br />

consultor de benefícios nas áreas de Vida,<br />

Previdência e Capitalização. Para este<br />

ano, o curso teve sua estrutura alterada<br />

com o intuito de fornecer uma formação<br />

ainda mais robusta e abrangente. Três<br />

novas disciplinas foram incluídas: Risco<br />

e Precificação de Seguros de Benefícios,<br />

Operações de Seguros e Gerenciamento<br />

de Riscos.<br />

“Para aquele corretor que atua sob<br />

a perspectiva de um consultor de benefícios,<br />

a área de Vida é um ótimo nicho<br />

para expansão da carteira. Ele pode<br />

ofertar o seguro aos dependentes diretos<br />

do segurado, familiares próximos, ami-<br />

34<br />

Eles compartilham suas experiências<br />

Para o corretor, o seguro de vida rende muito mais do que um seguro de<br />

automóvel. Mas não é só por isso que a carteira se torna atrativa. Três corretores<br />

especializados no ramo compartilham com a <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong> suas memórias,<br />

impressões e as dicas que adquiriram ao trabalhar com os produtos de Vida.<br />

➥Elizeu ➥ Dias dos Santos, sócio-proprietário da Tudo Seguro (RO)<br />

“Minha primeira indenização de morte foi algo que realmente marcou, porque<br />

entreguei o comprovante do pagamento para uma viúva que chorou. Esse<br />

episódio me mostrou que era isso o que eu queria fazer para o resto da vida. Tive<br />

a oportunidade de ver o que o seguro faz, além de indenizar. O seguro cria um<br />

ambiente de bem estar. Era uma pessoa que estava devendo, uma família com<br />

compromissos financeiros altos. A esposa nem sabia que a empresa em que o<br />

marido trabalhava tinha seguro. É um momento que eu não vou esquecer.”<br />

➥Renato ➥ Costa, sócio-proprietário da Nova Semeando Seguros (RJ)<br />

“O corretor precisa ter planejamento e foco. Não adianta só falar que é corretor<br />

de seguros de vida. É importante que ele faça reciclagem, conheça outros produtos<br />

e tenha um planejamento que o deixe mais apropriado para abordar e oferecer<br />

o seguro de vida de forma consistente. Só assim o profissional ficará cada vez<br />

mais capacitado. E na medida em que ele fica mais capacitado, as oportunidades<br />

aparecem e a gente consegue superar o tabu do seguro de vida.”<br />

➥Rogerio ➥ Araújo, sócio-diretor da TGL Consultoria (MG)<br />

“Foram vários os erros no início, mas nunca os enxerguei como algo que<br />

prejudicou minha trajetória, porque quanto mais eu erro é sinal de que estou<br />

tentando me dar conhecimento e experiência para acertar nos projetos futuros.<br />

Os acertos foram principalmente a persistência, porque não é fácil começar a fazer<br />

esse trabalho. Quando se compra a ideia e acredita que o seu trabalho muda a<br />

vida das pessoas, faz todo o sentido. Ter persistência e acreditar naquilo que se<br />

está fazendo são os principais diferenciais que levam o corretor de seguro de<br />

vida a atingir o sucesso.”<br />

gos do trabalho. Mas para isso é preciso<br />

fazer a abordagem correta, ofertando uma<br />

cobertura realmente vantajosa e na qual o<br />

cliente enxergue real valor. Essa expertise<br />

se adquire no dia a dia da profissão e<br />

também com técnicas e conhecimentos<br />

❙❙Simone Maiello, da ENS<br />

ensinados em nossos cursos”, destaca<br />

a gerente de Unidades da instituição,<br />

Simone Maiello.<br />

São oferecidos ainda outros programas<br />

educacionais aos corretores. Especificamente<br />

na área de Vida, a maior oferta<br />

está na categoria de workshops (cursos de<br />

curta duração) e em cursos de extensão e<br />

MBA. A procura, de acordo com Simone,<br />

se mantém estável e em patamares considerados<br />

bons, principalmente ao mensurar<br />

que o país passa por um momento de<br />

dificuldades econômicas e muitas pessoas<br />

acabam deixando de investir em educação.<br />

Sobre a ampliação do leque de cursos<br />

voltados à área ainda em 2018, ela afirma:<br />

“não há uma diretriz específica nesse<br />

sentido. O que costumamos fazer, ano a<br />

ano, é ir ao mercado ouvir nossos públicos,<br />

interagir com os principais segmentos<br />

do setor para, então, ofertar de maneira<br />

precisa os programas educacionais que os<br />

profissionais necessitam”.


especial vida | produto<br />

Desafio constante para<br />

as seguradoras<br />

Desenhar um seguro não é um<br />

processo rápido nem simples. Antes<br />

de apresentar qualquer novidade ao<br />

mercado, as empresas precisam avaliar<br />

uma série de fatores<br />

Lívia Sousa<br />

As seguradoras se deparam<br />

com um consumidor cada vez<br />

mais consciente e demandador<br />

de produtos personalizados.<br />

Para atendê-lo, o segmento de Vida<br />

customizou soluções e ressignificou a<br />

cobertura de morte do seguro de vida,<br />

deixando clara a necessidade específica<br />

que o produto atende – como os seguros<br />

funeral e prestamista (saiba mais sobre<br />

o seguro prestamista na página 38).<br />

Também investiu nos benefícios em<br />

vida, seja com coberturas como doenças<br />

graves, perda de renda, ou na forma de<br />

❙❙Rafael Amaral, da Capemisa<br />

serviços como segunda opinião médica,<br />

desconto em medicamentos e auxílio na<br />

recolocação profissional. Só que desenhar<br />

um seguro não é um processo rápido,<br />

tampouco simples. É preciso atender às<br />

obrigações legais e ter cautela para analisar<br />

os novos riscos e suas consequências.<br />

Vários outros fatores são considerados<br />

antes de colocar uma novidade<br />

na prateleira. A questão é por onde as<br />

seguradoras começam esse processo,<br />

especificamente. Para muitas delas, o<br />

corretor é a principal fonte de informação<br />

sobre as demandas do consumidor final.<br />

“As empresas normalmente partem dos<br />

desafios trazidos pelo corretor de seguros<br />

e das necessidades de seus clientes”, diz<br />

Rafael Amaral, diretor-técnico da Capemisa<br />

Seguradora.<br />

No portfólio de coberturas e assistências<br />

da empresa estão 74 garantias e<br />

25 serviços. O desafio, aponta Amaral,<br />

é conciliar produtos feitos sob medida<br />

para grupos menores de consumidores<br />

ao mesmo tempo em que se implementa<br />

processos e sistemas para administrar<br />

satisfatoriamente essas soluções. “Equilibrar<br />

as demandas é fundamental para<br />

o negócio. Se for necessário desenvolver<br />

processos e sistemas ao criar cada nova<br />

cobertura, serviço, meio de pagamento,<br />

forma de angariação e fluxo de aceitação,<br />

por exemplo, os produtos não serão rentáveis”,<br />

argumenta.<br />

Por outro lado, se a seguradora mantiver<br />

processos e sistemas fixos, não terá<br />

produtos que atendam às necessidades<br />

particulares de cada corretor e grupo<br />

de clientes e, consequentemente, estará<br />

fora do mercado. Para o executivo, a<br />

saída é ser eficaz, desenvolver produtos<br />

personalizados amparados por processos<br />

e sistemas com uma filosofia escalável. “É<br />

isso que empresas mais modernas, como<br />

a Amazon, fazem, e é isso que as seguradoras<br />

de vida devem fazer”, sentencia.<br />

A própria Capemisa busca equacionar<br />

um produto que atinja os objetivos de<br />

todos os interessados – segurado, estipulante,<br />

corretor e seguradora – através<br />

de um modelo no qual leva em conta o<br />

comportamento da carteira em produtos<br />

semelhantes, as necessidades específicas<br />

do segurado, a avaliação do modelo de<br />

negócios, os custos de colocação do corretor<br />

e o interesse comercial da empresa<br />

no negócio.<br />

Pesquisas e análises de<br />

tendências<br />

Uma vez identificada a oportunidade<br />

de desenvolver produtos adequados ao<br />

35


produto<br />

❙❙<br />

Luciana Bastos, da Icatu<br />

ciclo de vida do cliente, a Icatu Seguros<br />

realiza um estudo da viabilidade econômica<br />

e, em paralelo, busca os canais de<br />

distribuição do produto. O IcatuLabs,<br />

Laboratório de Inovação da empresa,<br />

auxilia nesse processo. Destinado à<br />

prototipação de negócios, o espaço, que<br />

fica dentro da própria seguradora, realiza<br />

testes de alternativas a processos, sistemas,<br />

serviços e produtos com o objetivo<br />

de promover melhorias às ofertas da<br />

companhia e parceiros. Por estar situado<br />

na mesma estrutura da área de produtos,<br />

o laboratório permite que a sinergia entre<br />

desenvolvimento e remodalagem de produtos<br />

e inovação aconteça naturalmente.<br />

“Com base na nossa expertise e nas<br />

lições que aprendemos nos últimos anos,<br />

é hora de apostar na experiência do cliente<br />

e do corretor. Quanto mais aderente a sua<br />

jornada, temos mais chances de agradar.<br />

O mercado já percebeu que o produto em<br />

si é uma consequência dessa estratégia”,<br />

elucida a diretora de desenvolvimento de<br />

Produtos de Vida da empresa, Luciana<br />

Bastos.<br />

Para analisar as novas coberturas,<br />

a seguradora produz estudos a fim de<br />

subsidiar suas decisões e investe na área<br />

de inteligência de mercado/produto,<br />

além de manter diálogo com parceiros e<br />

corretores, mais uma vez citados como<br />

responsáveis por alimentá-las sobre as<br />

necessidades do mercado e do cliente.<br />

“Prezamos muito por esse relacionamento<br />

direto. Gostamos de ouvi-los e valorizamos<br />

sua opinião. Realizamos um Fórum<br />

de Vida, espaço para troca de ideias, pesquisas<br />

e aprofundamento das análises dos<br />

36<br />

nossos produtos. Nessas oportunidades,<br />

apresentamos e conseguimos testar os<br />

nossos conceitos”, afirma.<br />

Há também os grupos de inteligência<br />

do mercado, responsáveis pela realização<br />

de estudos no macroambiente (econômicos,<br />

sociais, legais e tecnológicos) que<br />

identificam oportunidades e desafios<br />

aos quais os produtos, geralmente de<br />

longo prazo, estarão expostos durante a<br />

vigência. Esta é a aposta da Prudential<br />

do Brasil, que para o desenvolvimento<br />

técnico das soluções trabalha com estatísticas<br />

que representam as chances de<br />

ocorrência dos eventos. Dependendo do<br />

risco coberto, as chances de ocorrência<br />

são maiores ou menores conforme gênero<br />

e idade dos clientes.<br />

“Áreas de marketing usam os números<br />

capturados dos estudos macroambientais<br />

e técnicos para adequarem-se<br />

às necessidades de colocação do produto.<br />

São testados os preços e a aceitação por<br />

parte dos clientes e dos canais de distribuição”,<br />

explica o diretor de Marketing<br />

Office, Marcelo Eboli.<br />

A Prudential também recorre ao<br />

mercado segurador internacional para<br />

suporte de bases de dados estatísticos.<br />

Baseado nas estatísticas e experiência<br />

de sobrevivência de outras operações<br />

internacionais da Prudential, a empresa<br />

lançou, em 1998, no mercado brasileiro<br />

de seguro de vida individual o produto de<br />

Seguro de Vida Inteira, que atualmente<br />

está presente em cerca de 90% das apólices<br />

emitidas pela seguradora.<br />

“O mercado de seguros brasileiro<br />

❙❙Marcelo Eboli, da Prudential<br />

❙❙<br />

Alaor Silva Junior, do Pasi<br />

segue em desenvolvimento contínuo, com<br />

a criação das legislações necessárias e bases<br />

de dados estatisticamente fortes para<br />

dar suporte à construção de produtos com<br />

características verde e amarela. Porém,<br />

mercados mais desenvolvidos continuam<br />

sendo fontes de inspiração para a<br />

evolução constante do setor nacional de<br />

seguros de vida”, diz Eboli.<br />

Benefícios para baixa e média<br />

renda<br />

Há quase três décadas, o Plano de<br />

Amparo Social Imediato (Pasi) desenvolve<br />

e aprimora coberturas e benefícios<br />

voltados às classes trabalhadoras de<br />

baixa e média renda e busca identificar<br />

as necessidades das companhias,<br />

dos colaboradores e dos beneficiários,<br />

transformando-as em novas coberturas<br />

e adequando-as e disponibilizando-as<br />

em forma de cláusula de benefícios nas<br />

Convenções Coletivas de Trabalho.<br />

Muitos dos benefícios desenvolvidos,<br />

formatados e disponibilizados pela companhia<br />

se tornaram parâmetros no mercado<br />

segurador brasileiro, dentre os quais as<br />

coberturas para nascimento de filhos com<br />

doença congênita, cestas-básicas em caso<br />

de falecimento do empregado, pagamento<br />

antecipado especial em caso de doença<br />

profissional (PAED), diagnóstico de<br />

câncer de mama e próstata, e assistência<br />

psicológica, social e nutricional remota<br />

aos empregados e/ou dependentes.<br />

“Pesquisamos e trabalhamos com<br />

as informações básicas para disponibilizar<br />

os produtos e desenvolvemos sua<br />

precificação com muita responsabilidade


❙❙<br />

Edglei Monteiro, da Sompo<br />

quanto à sua sustentabilidade técnica<br />

e financeira”, diz Alaor Silva Junior,<br />

presidente do Clube Pasi de Seguros.<br />

Para isso, prima pelo apoio técnico das<br />

seguradoras no desenvolvimento das<br />

coberturas e benefícios, sempre visando<br />

a sustentabilidade financeira, comercial<br />

e econômica da operação.<br />

Levando em consideração as possíveis<br />

mudanças positivas nos cenários<br />

políticos e econômicos do país, Silva<br />

afirma que haverão grandes mudanças<br />

no mercado segurador, em especial pela<br />

chegada da tecnologia alinhada às janelas<br />

de oportunidades que se abrirão frente ao<br />

consumo de produtos voltados aos riscos<br />

e benefícios pessoais. “Seguradores e corretores<br />

mais atentos e preparados serão<br />

os primeiros beneficiários dentro destes<br />

mercados”, assegura.<br />

Processo educacional<br />

A Sompo Seguros recebe feedbacks<br />

com as demandas que o consumidor passa<br />

para o profissional ou as tendências que<br />

os parceiros observam. Os especialistas<br />

também ficam atentos ao mercado e aos<br />

debates das entidades que representam<br />

o setor. Recentemente, a empresa apresentou<br />

o seguro PME Vida Supremo,<br />

um seguro de vida coletivo que atende<br />

pequenas e médias empresas com até<br />

500 funcionários. A novidade traz uma<br />

série de coberturas, capitais segurados e<br />

serviços de assistência que incluem desde<br />

as coberturas básicas até atendimento<br />

exclusivo para os sócios das empresas<br />

e atendimentos diferenciados para os<br />

funcionários.<br />

Contudo, no momento do desenvolvimento<br />

dos produtos, as companhias<br />

seguradoras ainda esbarram na questão<br />

de inserção do seguro no planejamento<br />

financeiro dos brasileiros, permanecendo<br />

um terreno desconhecido para a maioria<br />

das pessoas. “Tudo passa por um processo<br />

educacional. Muitas vezes, um produto<br />

é criado, uma nova cobertura é agregada<br />

a um tipo de seguro e seus potenciais<br />

segurados sequer sabem que uma solução<br />

dessa natureza existe”, pontua o diretor<br />

de Benefícios, Edglei Monteiro. Hoje,<br />

nem todo mundo tem a percepção da<br />

relevância do seguro de vida. Isso porque<br />

o indivíduo só sentirá necessidade de<br />

algo quando souber a falta que esse item<br />

lhe faz. É por isso que é mais comum<br />

contratar seguro do carro, da casa ou da<br />

empresa, o que não significa que essas<br />

pessoas dão mais valor aos bens materiais<br />

do que à própria vida. “O que acontece<br />

é que as pessoas no Brasil ainda estão<br />

num processo de inclusão na cultura do<br />

seguro e da relevância de cada um de<br />

seus ramos. E esse processo, felizmente,<br />

converge com a maior longevidade, que<br />

faz com que elas estejam mais cientes<br />

da necessidade de se planejar e adotar<br />

mais medidas preventivas em favor de si<br />

próprias e de suas famílias”, reitera.<br />

No centro da estruturação<br />

A Tokio Marine elabora seus produtos<br />

de Vida com o objetivo de atender<br />

às necessidades dos consumidores, oferecendo<br />

coberturas e assistências que<br />

agreguem valor para os beneficiários e<br />

❙❙Nancy Rodrigues, da Tokio Marine<br />

Desenvolvimento x<br />

órgão regulador<br />

As regulações impostas pelo mercado<br />

não interferem no processo de<br />

desenvolvimento de seus produtos.<br />

Em alguns casos, o que pode acontecer<br />

é apenas ajustarem o tempo de<br />

lançamento das soluções, uma vez<br />

que é preciso aguardar a aprovação<br />

pela Superintendência de Seguros<br />

Privados (Susep), órgão regulador do<br />

setor.<br />

Luciana Bastos, da Icatu, reforça<br />

que quando a companhia acompanha<br />

o mercado e contribui com as suas<br />

discussões, acaba familiarizada com os<br />

normativos vigentes e, eventualmente,<br />

com possíveis alterações. “Os órgãos<br />

reguladores não nos impedem de<br />

criar”, garante. Já Rafael Amaral, da Capemisa,<br />

assegura que dentro da casa o<br />

aparato normativo é desenvolvido por<br />

técnicos oriundos do mercado segurador,<br />

que “sabem das dificuldades e<br />

dores vividas pelas seguradoras”.<br />

para o próprio segurado. Nessa estruturação,<br />

o corretor, fundamental para o<br />

sucesso nas vendas, ganha destaque. Toda<br />

a construção é desenvolvida para facilitar<br />

a comercialização dos produtos, desde a<br />

cotação. “Temos o cuidado de desenhar<br />

um produto para fácil comercialização,<br />

criando um sistema simples para cotação,<br />

preenchimento e envio da proposta”,<br />

explica Nancy Rodrigues, diretora<br />

de seguros de Pessoas da companhia.<br />

Para facilitar esse processo, a empresa<br />

aperfeiçoou seu aplicativo e inseriu a<br />

funcionalidade de venda de seguros individuais<br />

via celular. A ferramenta está<br />

disponível para corretores que possuem<br />

aparelhos Android ou iOS e permite que<br />

o profissional faça a cotação e envie a<br />

proposta pelo celular.<br />

Treinamentos foram e continuam<br />

sendo ministrados para todos os corretores<br />

de seguros, principalmente para<br />

aqueles não especializados em Vida. “É<br />

uma mudança importante no mercado:<br />

trazer para o Vida os corretores que não<br />

tinham o hábito de oferecer esse tipo de<br />

produto”, conclui Nancy.<br />

37


especial vida | prestamista<br />

Não abra mão das conquistas<br />

Financiou um veículo,<br />

comprou uma casa ou<br />

fez um empréstimo,<br />

mas surgiu um<br />

imprevisto no meio<br />

do caminho? O seguro<br />

prestamista mantém os<br />

débitos em dia, mesmo<br />

em situações difíceis<br />

Lívia Sousa<br />

Nem sempre as coisas saem<br />

como o planejado. O desemprego,<br />

assim como um acidente,<br />

pode nos surpreender a<br />

qualquer momento. E se nesses cenários<br />

existir uma dívida? É possível manter<br />

os débitos em dia, mesmo em situações<br />

difíceis? A resposta é sim. Através do<br />

seguro prestamista, o consumidor garante<br />

a quitação da dívida ou o pagamento de<br />

um determinado número de parcelas,<br />

dependendo do contrato, em caso de<br />

desemprego involuntário, perda de renda<br />

do autônomo, invalidez, ou até mesmo em<br />

casos extremos, como a morte.<br />

“Este seguro pode ser aplicado em<br />

operações financeiras como empréstimos,<br />

cheque especial, cartões de créditos,<br />

consórcios, crediários de redes varejistas,<br />

❙❙Rafael Leonel, da Sancor Seguros<br />

38<br />

financiamentos de veículos, imóveis, loteamentos<br />

e várias outras oportunidades”,<br />

diz Rafael Leonel, gerente nacional de<br />

seguros de Pessoas da Sancor Seguros,<br />

onde a carteira equivale a 37% do faturamento<br />

em seguros de Pessoas. “Em<br />

um momento de imprevisto, ele garante<br />

que o segurado e sua família tenham<br />

condições de honrar seus compromissos<br />

e não corram riscos de perder seus bens<br />

adquiridos com tanto esforço”, reforça.<br />

O produto surgiu da necessidade<br />

das instituições de crédito transferir<br />

o risco para uma seguradora para não<br />

ficarem expostas de forma excessiva à<br />

inadimplência, e pode ser adquirido em<br />

duas modalidades. Na primeira (Saldo<br />

Devedor), o capital segurado é atualizado<br />

mensalmente, de acordo com o saldo devedor<br />

do segurado. Já na segunda (Valor<br />

Total da Dívida), o capital segurado é<br />

único do início ao fim do contrato – neste<br />

caso, ocorrendo o óbito ou invalidez do<br />

segurado, após a quitação da dívida, o<br />

saldo remanescente da indenização é<br />

pago aos beneficiários legais.<br />

Por estar ligada à operação de crédito<br />

e à captação de clientes elevada, sua contratação<br />

não pode ser feita diretamente<br />

pelo consumidor. A operação exige a<br />

presença de um estipulante (instituição/<br />

empresa), que possui um processo de<br />

inclusão do seguro e que na maioria<br />

das vezes tem uma operação de crédito<br />

envolvida. Assim, as seguradoras e os<br />

corretores de seguros firmam parcerias<br />

com empresas varejistas e instituições financeiras<br />

para comercializarem o seguro.<br />

Papel fundamental<br />

Como não há a opção de contratar o<br />

produto fora dos bancos e do varejo, fica<br />

a dúvida: existe algum risco em adquirir o<br />

seguro prestamista por esses canais? Rodrigo<br />

Romanó Fatuch, diretor da Protecta<br />

❙❙Rodrigo Romanó Fatuch, da Protecta


❙❙<br />

Adriano Calmon, da April Brasil<br />

Corretora de Seguros, garante que não.<br />

Contudo, lembra que em qualquer seguro<br />

que tenha um corretor responsável pelo<br />

processo, o consumidor conta com um<br />

aliado no momento do acionamento, que<br />

nem sempre é uma situação confortável.<br />

“O corretor será o intermediador do processo<br />

desde a contratação até o sinistro e<br />

isso, por si só, traz clareza de informação,<br />

rapidez do processo e recebimento do<br />

sinistro”, declara.<br />

O coordenador de Seguros da corretora<br />

April Brasil Broker, Adriano<br />

Calmon, não só concorda como destaca<br />

o papel do profissional neste processo.<br />

“Além do conhecimento técnico e comercial<br />

do seguro prestamista, o corretor defende<br />

os interesses do segurado, diferente<br />

das instituições bancárias, que precisam<br />

defender os interesses do banco”.<br />

O diferencial do corretor, neste caso,<br />

é a consultoria especializada que presta<br />

ao segurado, buscando as opções de seguro<br />

prestamista que o mercado dispõe<br />

e levando para o cliente aquela mais<br />

adequada à sua necessidade. Na Seguros<br />

Unimed, por exemplo, eles representam<br />

a principal força de vendas do produto<br />

e são parceiros estratégicos para gerar<br />

negócios pelo país. “É uma prática nossa<br />

capacitá-los para uma venda assertiva e<br />

consultiva e acredito que aí está o diferencial”,<br />

argumenta o superintendente<br />

de Estratégia Comercial para Vida, Previdência<br />

e Ramos Elementares, Carlos<br />

Alberto Gadia Barreto. “São eles que nos<br />

fornecem insumos do mercado para que<br />

possamos seguir no caminho da melhoria<br />

e da inovação”, diz.<br />

Exclusão e restrições<br />

O seguro prestamista nada mais<br />

é que um seguro de vida que garante<br />

a quitação ou amortização de dívidas<br />

vinculadas a uma instituição financeira<br />

com suas operações de crédito ou<br />

financiamento, em caso de morte ou<br />

invalidez total e permanente por acidente<br />

do segurado. É destinado para<br />

qualquer pessoa física no momento da<br />

contratação de operações de crédito<br />

ou financiamento. Em algumas situações,<br />

além de quitar a dívida, o saldo<br />

restante da indenização é pago aos<br />

beneficiários do segurado, gerando<br />

uma ajuda financeira extra.<br />

Como todo produto do setor,<br />

possui alguns riscos exclusos: não<br />

garante a dívida para funcionários que<br />

participem de programas de demissão<br />

voluntária ou tenham sido demitidos<br />

por justa causa, mas neste caso mantém<br />

a cobertura de morte ou invalidez,<br />

respeitando sempre as condições<br />

gerais da apólice – principalmente<br />

no que se refere à invalidez parcial,<br />

sempre que possuir essa cobertura.<br />

Também tem como restrição<br />

para contratação idade mínima de<br />

18 anos e máxima que vai de 60 a 80<br />

anos, carência de 15 dias para casos<br />

de invalidez ou perda de emprego,<br />

e preenchimento de declaração de<br />

saúde, com informações verdadeiras<br />

sobre a existência ou não de doenças<br />

preexistentes, sob pena de perda de<br />

cobertura do seguro.<br />

❙❙Carlos A. Barreto, da Seguros Unimed<br />

❙❙<br />

Rubens Nogueira, da BR Insurance<br />

Evolução da demanda<br />

A procura pela proteção cresceu nas<br />

décadas de 1970 e 1980, fase áurea dos<br />

consórcios de veículos, sendo incorporado,<br />

posteriormente, nos financiamentos imobiliários<br />

com o nome de Morte e Invalidez<br />

Permanente (MIP). Mas foi com o Plano<br />

Real, a partir de 1994, que realmente<br />

ganhou destaque com o aumento dos<br />

financiamentos de automóveis e, mais recentemente,<br />

com a inserção da população<br />

com menor poder de compra no mercado<br />

de consumo e a expansão do crédito no<br />

Brasil – em especial, o crédito consignado.<br />

Barreto declara que o seguro prestamista<br />

também teve uma divulgação<br />

maior nos últimos cinco anos. “Tivemos<br />

a abertura de outras frentes de negócio,<br />

como os seguros massificados/affinity,<br />

principalmente com a oferta através do<br />

canal varejo”, afirma. Os varejistas inseriram<br />

o seguro junto à venda de produtos<br />

como telefonia móvel e eletrodomésticos.<br />

Os dados mais recentes divulgados<br />

pela Superintendência de Seguros Privados<br />

(Susep) indicam que o prêmio direto<br />

do seguro prestamista chegou a R$ 852<br />

milhões em novembro do ano passado.<br />

E devem continuar em evidência. Isso<br />

porque o índice de desemprego ainda é<br />

preocupante no Brasil. “A economia não<br />

se estabilizou, o que preocupa muito o<br />

empresariado e em especial o empregado,<br />

que é o grande consumidor deste tipo de<br />

seguro. Portanto, a expectativa para 2018<br />

é que haja uma procura pelo produto significativa<br />

e superior a 2017”, conclui Rubens<br />

Nogueira, diretor de Seguros Massificados<br />

da corretora BR Insurance.<br />

39


evento | encontro de líderes<br />

Líderes do mercado<br />

discutem o futuro do seguro<br />

Executivos do<br />

primeiro escalão das<br />

seguradoras brasileiras<br />

querem investir em<br />

novos produtos, de<br />

olho em possíveis<br />

consumidores<br />

potenciais<br />

Novos tempos exigem novas<br />

atitudes. Se o mercado de<br />

seguros deseja ocupar uma<br />

posição de protagonista na<br />

economia brasileira deve investir em<br />

mercados emergentes. Esta foi a mensagem<br />

do 23º Encontro de Líderes do<br />

Mercado Segurador realizado pela Confederação<br />

Nacional de Seguros Privados,<br />

em Foz do Iguaçu/PR. O seguro rural e<br />

as possibilidades das novas tecnologias,<br />

além da discussão da política brasileira,<br />

foram os temas dos painéis apresentados<br />

ao primeiro escalão das seguradoras.<br />

O 1% de crescimento do PIB em 2017<br />

muito se deve ao desenvolvimento da<br />

indústria de agronegócios brasileira, que<br />

teve índice de 17% de aumento no mesmo<br />

período. O mestre e doutor da Unicamp,<br />

Antonio Marcio Buainain, afirmou que<br />

o futuro é a economia verde, baseada no<br />

princípio da sustentabilidade. Se não for<br />

assim, não há continuidade na produção.<br />

É o setor que tem o papel de viabilizar<br />

economicamente a maior parte do Brasil.<br />

O pesquisador destacou a gestão<br />

integrada de riscos na produção agrícola,<br />

pois a agricultura é uma ilha cercada de<br />

riscos, sejam eles naturais, políticos ou<br />

econômicos, com problemas como riscos<br />

climáticos, volatilidade dos preços dos<br />

insumos, taxa de câmbio, instabilidade<br />

política, quadro institucional, doenças<br />

animais, risco operacional, geadas, chu-<br />

40<br />

Kelly Lubiato<br />

vas excessivas, seca, praga.<br />

Em uma estimativa do Banco Mundial,<br />

o Brasil anualmente perde R$ 11<br />

bilhões, cerca de 1% do PIB, porque não<br />

é feita uma gestão adequada do risco<br />

na agricultura. Segundo o especialista,<br />

as alternativas de gestão englobam os<br />

serviços de previsão do tempo, irrigação,<br />

conservação do solo e da água, mercados<br />

futuros, infraestrutura para estocagem,<br />

práticas de plantio, pesquisas e extensão<br />

rural, sistemas de informação, diversificação.<br />

“É preciso e é possível administrar<br />

os riscos do agronegócio, porque eles<br />

custam caro. Mas isso requer políticas<br />

e conversas entre o setor público e o<br />

privado”, destacou Buainain.<br />

O objetivo da gestão de riscos é diminuir<br />

a volatilidade das perdas econômicas,<br />

garantindo maior estabilidade para, no<br />

médio prazo, aumentar a resiliência do setor.<br />

A gestão de riscos depende do desenho<br />

de políticas para determinar quais intervenções<br />

são mais efetivas. “A dificuldade<br />

de mensurar o risco na agricultura tem um<br />

conjunto de informações que é muito importante.<br />

Para aperfeiçoar o seguro rural<br />

no Brasil é preciso quantificar os riscos,<br />

ter a magnitude das perdas potenciais.<br />

Para tanto é preciso ter um volume grande<br />

de informações”, explicou o pesquisador.<br />

A operacionalização do sistema não<br />

é difícil, mas requer análise de condições<br />

específicas do País e dos empreendimentos:<br />

diferentes riscos, instituições existentes,<br />

capacidade dos stakeholders para<br />

gerenciar e implantar os mecanismos de<br />

gestão. “O corretor de seguros rural tem<br />

que ter capacidade de ser um assistente<br />

técnico, tem que oferecer sugestões, com<br />

abordagem integrada para a gestão do<br />

risco. Assim, o seguro poderá ter um<br />

preço adequado ao bolso do produtor, à<br />

viabilidade do seguro rural e à solvência<br />

das seguradoras”, concluiu.<br />

O economista José Roberto Mendonça<br />

de Barros reafirmou que o agronegócio<br />

foi o único segmento da economia<br />

brasileira a crescer na atual crise. De<br />

1995 a 2015 apenas os segmentos agro e<br />

extrativistas cresceram nestes vinte anos.<br />

O crescimento de agro foi de 5,4%.<br />

Segundo dados da FIPE, nos últimos<br />

40 anos, houve queda sistemática dos<br />

preços relativos de 20 produtos que não<br />

podem faltar na mesa dos brasileiros. À<br />

medida que o preço dos alimentos cai,<br />

aumenta a possibilidade de compra dos<br />

produtos industrializados. “Os maiores<br />

desafios a serem enfrentados são: entender<br />

o novo consumidor, expandir ainda<br />

mais os novos mercados internacionais, e<br />

criar valor com novos produtos industrializados<br />

(biocombustíveis, novos materiais<br />

etc)”, declarou Barros.<br />

O seguro rural foi apresentado pelo<br />

diretor geral do Grupo BB e Mapfre,<br />

Wady Cury, que isolou os dados sobre o<br />

seguro agrícola para a palestra. “A partir<br />

de 2006, quando iniciou a subvenção ao<br />

seguro rural, tivemos crescimento de<br />

1.252%. Esta carteira tem papel essencial<br />

e, em 2017, as seguradoras ainda não tem<br />

a cultura da agricultura. Um seguro rural<br />

precisa ser desenvolvido no campo, junto<br />

ao produtor”, sentenciou Cury.<br />

Não há reposição no seguro agrícola,<br />

apenas a indenização, por isso é preciso<br />

entender as especificidades deste segmento.<br />

Os países com estrutura de programas<br />

de seguro agrícola no mundo são fortes<br />

na subvenção dos prêmios, com leis de<br />

seguro específicas.<br />

Entretanto, o Brasil ainda tem um valor<br />

de 9 bilhões de dólares em importância<br />

segurada, número pequeno em relação<br />

a outros países com políticas específicas,<br />

como Canadá com US$ 14 bilhões, EUA<br />

com US$ 109 bilhões e China, com 226<br />

bilhões de dólares.<br />

“Os objetivos do seguro agrícola<br />

vão desde a estabilidade econômica dos<br />

produtos rurais, passando pela indução<br />

do desenvolvimento de tecnologia no<br />

campo; pela manutenção de emprego<br />

no campo e proteção da produção ou da


enda do produtor rural, e produção da<br />

oferta do crédito para o produtor rural”,<br />

explicou Cury.<br />

A subvenção serve para incentivar a<br />

demanda pelo seguro agrícola, para garantir<br />

a expansão e a continuidade do seguro<br />

agrícola, propicia a evolução e o desenvolvimento<br />

de novos produtos e a equalização<br />

do orçamento publico e privado.<br />

Cury comemorou: “O seguro agrícola<br />

começou a descolar da evolução do<br />

valor da subvenção e o produtor passou<br />

a ver o seguro agrícola como um insumo<br />

à sua produção. O produtor pensa: ‘Eu<br />

adquiri a cultura do seguro, agora venha<br />

adquirir a cultura da agricultura’”.<br />

Tecnologia<br />

Big Data, Blockchain e Inteligência<br />

Artificial estarão cada vez mais presentes<br />

no mercado de seguros brasileiro. A<br />

partir deste momento de economia mais<br />

forte, os clientes se mostram mais favoráveis<br />

a adquirir produtos de empresas de<br />

tecnologia já conhecidas, como o Google.<br />

Por isso, é preciso atender o cliente bem<br />

digitalmente, para diminuir sua propensão<br />

a migrar para um grande player.<br />

Em tempos em que o Brasil atrai<br />

investimentos em tecnologia, uma das<br />

que devem ser o foco é o Blockchain,<br />

que promete a descentralização plena dos<br />

negócios. “É um mercado autorregulado<br />

por contratos inteligentes, sem corretores<br />

de seguros ou qualquer outro tipo de intermediação”,<br />

explicou Roberto Dagnoni,<br />

investidor de Venture Capital e Conselheiro<br />

de Administração de empresas.<br />

Durante sua palestra, ele apresentou<br />

alguns modelos de Blockchain que já<br />

estão sendo utilizados por instituições<br />

financeiras internacionais, como o Insurepal,<br />

que captou em seu ICO - Initial<br />

Coin Offering (Oferta inicial da moeda)-<br />

-US$ 80 milhões em 80 segundos. É uma<br />

empresa de seguro peer to peer, baseado<br />

em informações das redes sociais. Outro<br />

exemplo mostrado por Dagnoni é a Fizzy,<br />

uma insurtech que comercializa seguro<br />

para atrasos de vôos, patrocinado pela<br />

Axa. Esta empresa utiliza o Ethereum<br />

Blockchain, uma rede pública. “Em caso<br />

de atraso (+2h) o pagamento é feito de<br />

forma automática, sem a necessidade de<br />

reclamação de sinistro”.<br />

Ele também falou sobre Inteligência<br />

Artificial, ressaltando que esta ferramenta<br />

deve ser aplicada para liberar as<br />

pessoas de tarefas repetitivas.<br />

Leonardo Rochadel , CEO da O2O-<br />

BOTS, construiu um instrumento de<br />

Inteligência Artifical com robôs treinados<br />

para vender e gerar grande quantidade<br />

de leads qualificados para serem repassados<br />

aos canais de distribuição. “É<br />

como se cada robô fosse um assistente<br />

pessoal de um corretor de seguros. É<br />

um mini exército de robôs para ajudar<br />

os corretores a executar algumas tarefas<br />

operacionais”, contou. Os leads gerados<br />

são mais qualificados e fecham 22% dos<br />

negócios sugeridos.<br />

A inteligência Artificial já aprendeu<br />

mais de 10 habilidades, como analisar<br />

o perfil social do segurado, analisar o<br />

comportamento de direção do motorista e<br />

também já aprendeu a vender cinco tipos<br />

de seguro no Brasil. “A cada interação<br />

esta Inteligência aprende mais”, ressaltou<br />

Rochadel.<br />

As federações<br />

O presidente da entidade, Marcio<br />

Coriolano, destacou que o setor cumpriu<br />

o que se propôs a fazer em 2017, principalmente<br />

ampliando a comunicação<br />

com a sociedade através de novos canais<br />

de rádio e televisão no Youtube. Além<br />

disso, o crescimento de 6,6% registrado<br />

no último ano mostrou que o setor tem<br />

fôlego para se manter sempre acima do<br />

crescimento do PIB, que foi de 1%. Para<br />

2018, Coriolano acredita que devamos<br />

ultrapassar novamente os dois dígitos.<br />

João Francisco Borges da Costa afirmou<br />

que a Federação de Seguros Gerais,<br />

que ele preside, atuou em três frentes no<br />

último ano: no combate ao seguro pirata,<br />

no incentivo ao seguro auto popular e na<br />

regulamentação do seguro garantia.<br />

O presidente da Federação Nacional<br />

de Previdência Privada e Vida, Edson<br />

Franco, disse que 2017 comprovou a solidez<br />

do setor que, apesar dos solavancos,<br />

continuou com forte nível de captação.<br />

“Precisamos agora nos preparar para<br />

novos mercados, como o de annuitties”.<br />

Em saúde, que perdeu 3 milhões de<br />

segurados nos últimos três anos, o desafio<br />

é encontrar o equilíbrio entre as despesas<br />

médicas e os reajustes. A presidente da<br />

Federação Nacional de Saúde, Solange<br />

Beatriz Palheiros, afirmou que o mercado<br />

se preocupa com a falta de oferta de<br />

planos individuais e com a sua imagem.<br />

Ela acrescentou que, apesar dos inúmeros<br />

esforços, o reajuste dos planos ainda deve<br />

continuar na casa de dois dígitos.<br />

Marco Barros, presidente da Federação<br />

Nacional de Capitalização, ressaltou<br />

que a entidade conseguiu conversar com a<br />

Susep para discutir os novos marcos regulatórios<br />

da capitalização em 2018. “Nossa<br />

expectativa é consolidar o novo marco<br />

regulatório e efetivamente trabalhar muito<br />

na comunicação e na educação”.<br />

41


comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Verbos diferentes para<br />

seres diferentes...<br />

Sempre pensei que “comprar” e “fazer compras”<br />

fossem a mesma coisa. Afinal ambas as<br />

formas exprimem o sentido de adquirir alguma<br />

coisa. Mas aí eu li na Folha de São Paulo, seção<br />

“Mercado”, do último dia de fevereiro, este primoroso<br />

texto “do enviado de Barcelona”:<br />

“‘comprar’ e ‘fazer compras’ serão ações de<br />

diferença cada vez mais nítida por causa da tecnologia.<br />

É o que dizem executivos que trabalham<br />

diretamente no varejo ou em áreas relacionadas a<br />

ele. Segundo essa definição, comprar envolve, por<br />

exemplo, o ato de adquirir produtos necessários<br />

para a vida no dia a dia, um processo com o qual<br />

o consumidor gostaria de perder o menor tempo<br />

possível.<br />

Já ‘fazer compras’ é um processo mais longo,<br />

de escolha, tentativa e erro, e também prazeroso.<br />

‘Gostaríamos que algo que nos faz felizes fosse<br />

totalmente automatizado?’, pergunta Ann-Sofie<br />

Isakson, especialista em marketing do Ikea.<br />

‘Comprar pode ser algo automatizado’, diz<br />

Pernilla Jonsson, que encabeça o laboratório de<br />

pesquisa ao consumidor da Ericsson, fabricante<br />

sueca de aparelhos de telefonia. ‘Já no caso de<br />

fazer compras, a tecnologia entra para melhorar<br />

a experiência do consumidor.’<br />

A partir daí, pode-se perceber claramente<br />

a diferença entre os verbos “comprar” e “fazer<br />

compras”, e, mais do que isso, qual dos cônjuges<br />

“conjuga” um ou outro! Vamos lá, repetindo os<br />

conceitos acima: “comprar envolve, por exemplo,<br />

o ato de adquirir produtos necessários para a vida<br />

no dia a dia, um processo com o qual o consumidor<br />

gostaria de perder o menor tempo possível”!<br />

“Já ‘fazer compras’ é um processo mais longo,<br />

de escolha, tentativa e erro, e também prazeroso’...<br />

‘Gostaríamos que algo que nos faz felizes fosse<br />

totalmente automatizado?’<br />

Aí está, com todas as letras: “comprar” traduz-<br />

-se como o ato de adquirir produtos necessários,<br />

em que se procura perder (ou gastar, não importa)<br />

o menor tempo possível.<br />

Agora, “fazer compras” – assim com essa<br />

composição de verbo mais substantivo plural - já<br />

é um processo mais longo, de escolha, tentativa e<br />

erro, e também prazeroso...<br />

A conclusão obrigatória e indiscutível é esta:<br />

o homem compra.<br />

Em princípio, exclusivamente o necessário e no<br />

menor espaço de tempo possível. Se vai comprar<br />

uma camisa, ele não traz duas. Nem inclui “aquela<br />

gravata porque combina com a cor da camisa, num<br />

belo e sugestivo ‘ton sur ton’”. Se é um par de sapatos,<br />

é um par e acabou, nem meias entram nisso.<br />

Além disso, segue diretamente para a loja que vende<br />

o artigo – geralmente a mesma em que ele compra<br />

há séculos – adquire-o e volta mais diretamente do<br />

que quando foi...<br />

A mulher não.<br />

Ela não compra. Faz compras (assim mesmo,<br />

no plural!). Daquele jeitinho que o texto descreve:<br />

em um processo longo, de escolha, tentativa e erro:<br />

desce todo o estoque, prova artigos de modelos,<br />

cores, cortes, complementos e acessórios e até tamanhos<br />

diferentes, demorando nisso um tempo tão<br />

extenso que marido algum aguenta... Por fim, frente<br />

à dúvida cruel que se instala em razão disso, acaba<br />

comprando mais de uma peça... para satisfação da<br />

“amiga” vendedora! O detalhe está no final da frase<br />

transcrita: o processo lhe é prazeroso!<br />

Por isso, não há tristeza, estresse, mágoa,<br />

depressão que não se cure com uma boa “shoppinterapia”.<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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