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marciais. Conventos por quartéis. Aqui, em<br />
Portugal, na opção inversa aos guerreiros<br />
que se converteram em Sagrados. A espada<br />
de fogo em contraste ao espectáculo da<br />
morte. Forjando o afã de liberdade, num<br />
mundo consumido pelas labaredas do<br />
aniquilamento. Exércitos que um dia, ainda<br />
ontem, fenderam o vão entre as alturas e<br />
as profundezas. Preenchendo tal vazio com<br />
o urro da animalidade, o pavor avulso, os<br />
combatentes estropiados, os cadáveres em<br />
putrefacção, os esqueletos ávidos da sua<br />
argamassa palpitante. Agora, tudo em Grael<br />
se confundia e distinguia, se definia e<br />
deprimia. Com um gemido, ampliava o<br />
silêncio coral que ia assombrando este país<br />
em decomposição - petrificado quanto ao<br />
signo astral e ancestral, exacerbado pelo<br />
ritual necrofílico. Gerando monstros,<br />
despovoado, exultando com a mutilação,<br />
exaltando ao precipício a sua própria<br />
mística. Um cálice sublimado, corrupto pela<br />
sede da ressurreição. Atraído e dissecado,<br />
eis Grael perante a normalidade.<br />
Despedaçado. Implícito. O fluido da vida era<br />
o sopro que o transformara. O homem,<br />
entre anjo e besta.<br />
Os SobreNaturais