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O Mensageiro das Estrelas - Galileu Galilei - 1610

Livro escrito pelo cientista Galileu Galilei em 1610 sob título original de "Sidereus Nuncius". Livro científico

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Ao redigir o Siderem Nuncius, <strong>Galileu</strong> percebeu que necessitava<br />

de criar uma nova linguagem visual para acompanhar a descrição<br />

de factos tão surpreendentes. As gravuras que preparou não<br />

têm a pretensão de cartografar a superfície lunar e, quando<br />

compara<strong>das</strong> com imagens reais da Lua, imediatamente se reconhece<br />

que estão muito longe de serem representações fiéis. Pelo<br />

menos desde meados do século XVII que vários astrónomos<br />

fizeram notar que, considera<strong>das</strong> como descrições cartográficas<br />

da Lua, as gravuras do Sidereus Nuncim são muito deficientes?7<br />

Mas a representação exacta dos detalhes lunares nunca foi a<br />

intenção de <strong>Galileu</strong>. As gravuras que apresenta são peças<br />

visuais de um argumento. Aliás, a comparação <strong>das</strong> aguarelas<br />

que primeiramente desenhou, enquanto observava com o telescópio,<br />

com as gravuras depois publica<strong>das</strong>, mostra que as primeiras<br />

são muito mais fiéis à realidade e que <strong>Galileu</strong> intencionalmente<br />

deformou e exagerou muitos aspectos do que vira,<br />

. para construir e ilustrar os seus argumentos. As imagens apresenta<strong>das</strong><br />

são o ponto de partida e apoio visual de um argumento<br />

que <strong>Galileu</strong> monta acerca <strong>das</strong> zonas claras e escuras da<br />

Lua, do modo como essas zonas de claridade e escuridão vão<br />

variando com a passagem do tempo, e do que se pode deduzir<br />

dessas mutações.<br />

A análise de <strong>Galileu</strong> é verdadeiramente excepcional, sendo<br />

toda baseada na observação de pontos luminosos e escuros e<br />

manchas mais ou menos brilhantes na superfície da Lua, na<br />

sua distribuição espacial e sua variação com o decorrer do<br />

tempo. O telescópio não lhe mostrou directamente o perfil de<br />

77 O primeiro a assinalar esse facto foi o grande astrónomo e selenógrafo<br />

polaco Johannes Hevelius (1611-1687), na Selenographia síve<br />

Lunae descriptio (Gdansk, 1647), p. 205. Recentemente, por exemplo,<br />

idênticas críticas foram feitas por especialistas em cartografia lunar:<br />

ZDENEK KOPAL and ROBERT W. CARDER, Mapping the Moon, past and<br />

present (Dordrecht and Boston: Reidel, 1974), p. 4. Uma importante<br />

obra de referência para este tipo de estudos é o livro de JOHN E.<br />

WESTFALL, Atlas o/ the Lunar Terminator (Cambridge: Cambridge University<br />

Press, 2000).<br />

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