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O Mensageiro das Estrelas - Galileu Galilei - 1610

Livro escrito pelo cientista Galileu Galilei em 1610 sob título original de "Sidereus Nuncius". Livro científico

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luz considerável, e especialmente quando as trevas nocturnas<br />

já forem espessas devido à ausência do Sol; pois sobre<br />

um fundo mais escuro a mesma luz parece mais brilhante.<br />

Também se verifica que este brilho, por assim dizer,<br />

secundário da Lua, é tanto maior quanto menos distante<br />

a Lua estiver do Sol, pois, à medida que ela fica mais distante<br />

dele, decresce mais e mais de tal maneira que, após<br />

a primeira quadratura e antes da segunda, aparece fraco e<br />

muito dúbio, mesmo observando num céu mais escuro,<br />

enquanto que, no sextilo ou em elongações menores 58,<br />

brilha de uma maneira admirável mesmo no crepúsculo.<br />

Na verdade, brilha de tal modo que, com a ajuda de uma<br />

luneta precisa, se podem ver nela as manchas maiores.<br />

Este brilho maravilhoso causou não pouco espanto<br />

nos que se aplicam à filosofia, tendo avançado alguns<br />

com uma razão e outros com outra, como sua explicação.<br />

Alguns disseram tratar-se do brilho natural e intrínseco da<br />

própria Lua, outros que lhe é conferido por Vénus 59,<br />

outros pelas estrelas; e ainda outros disseram que é dado<br />

pelo Sol, que penetraria a vasta massa da Lua com os seus<br />

raios. Mas tais sugestões refutam-se sem muito esforço e<br />

demonstra-se serem falsas. Pois se este género de luz fosse<br />

próprio da Lua, ou conferido pelas estrelas, a Lua retê­<br />

-la-ia e mostrá-la-ia especialmente durante os eclipses<br />

quando está num céu muito escuro. Mas isto é contrário<br />

à experiência, pois a luz que aparece na Lua durante um<br />

eclipse é muito mais fraca, avermelhada, quase cúprea,<br />

enquanto que esta luz é mais brilhante e mais branca. A<br />

luz que aparece durante um eclipse é, além disso, mutável<br />

e move-se, pairando sobre a face da Lua de tal maneira<br />

que a parte mais perto do bordo do círculo da sombra da<br />

Terra se vê sempre mais brilhante e o resto mais escuro.<br />

Daqui se compreende, sem qualquer dúvida, que esta luz<br />

surge [15r] devido à proximidade dos raios solares incidindo<br />

sobre alguma região mais densa que todeia a Lua<br />

de todos os lados. Por causa deste contacto uma espécie<br />

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