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Revista Curinga Edição 21

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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o fale palavrão não vote não jogue não matar não trair nã<br />

o passe não falte não esqueça não pense não peça não grit<br />

hor não reclame não grafite não atrase não pertube nã<br />

não mude não use não amole não corra não salvo não lig<br />

case não pare não olhe não veja não julgue não estacion<br />

na grama não bata não cobiçar não fume não da<br />

mude não vire não fale não beije não transe não<br />

não fale palavrão não vote não jogu<br />

tar não trair não roubar não passe n<br />

não esqueça não pense<br />

não grite não senhor n<br />

em<br />

Des equilíbrio<br />

Para a psicopedagoga Marcela Gaiotto, 29,<br />

a chave para não deixar que isso atrapalhe as<br />

relações interpessoais seriam os pais imporem<br />

limites aos filhos, mas isso acaba acontecendo<br />

tarde demais, o que resulta nos famosos<br />

conflitos entre as gerações.<br />

Marcela evidencia que até mesmo o jeito como<br />

dizemos o não deve ser cuidadosa, pois se falado de<br />

forma grosseira, pode formar adultos reprimidos e<br />

que terão medo de colocar em pauta sua opinião<br />

ou até mesmo de demonstrar afeto. “Deve ser de<br />

forma firme, porém, com amor”, diz.<br />

Júlia C., 20, estudante da Universidade Federal<br />

de Ouro Preto (Ufop), alega ter sofrido com o<br />

excesso de nãos durante sua vida. Quando teve a<br />

oportunidade de sair de casa para estudar, deparou-se<br />

com as consequências que o exagero de nãos<br />

causou. “Eu era muito presa. Essa questão de ter<br />

que decidir minhas próprias coisas, não tinha essa<br />

liberdade. Tudo tinha que passar por eles (os pais).<br />

Até hoje tenho muita dificuldade de decidir as coisas.<br />

Preciso pedir opinião da minha mãe.”<br />

Apesar de reconhecer que em seu caso não houve<br />

consequências graves, já que percebeu que com<br />

o tempo ela conseguiria se remodelar, Júlia diz que<br />

por causa da educação que recebeu, sente dificuldades<br />

em se impor e mesmo quando quer, não sabe<br />

como agir. Para ela, é importante que haja autonomia<br />

e que a pessoa tenha seu espaço. A estudante<br />

ressalta que os pais deveriam deixar que seus filhos<br />

cometam erros de vez em quando, para que eles<br />

possam aprender e saber medir as consequências.<br />

Já Natália B., <strong>21</strong>, estudante da Universidade Federal<br />

de Lavras (Ufla), conviveu com os dois tipos<br />

de educação, a conservadora e a liberal. Como morou<br />

por 16 anos com seus avós e sua mãe, ela conta<br />

que a educação que teve foi a mesma que os seus<br />

avós receberam no século passado, uma educação<br />

que ela considerava machista, onde deveria aprender<br />

a costurar, cozinhar, arrumar a casa e se casar<br />

com um marido bem sucedido financeiramente.<br />

Natália não aceitou essa educação imposta por<br />

seus avós e passou a seguir suas próprias regras.<br />

Ela relata que sempre teve personalidade forte nesse<br />

aspecto e que recebeu o apoio da mãe quando<br />

resolveu adotar um estilo de vida mais liberal.<br />

Em ambos os casos, é notável que os princípios,<br />

valores e regras podem dialogar de formas e<br />

jeitos diferentes entre as gerações. O mais importante<br />

nesses conflitos é estar disposto a conversar<br />

e enfrentar as frustrações. “Pessoas que não sabem<br />

lidar com suas frustrações, sofrem perante um<br />

mundo em que recebemos o não muitas vezes em<br />

nosso dia a dia”, diz Marcela.<br />

Os efeitos decorrentes de uma vida em que o<br />

“sim” e o “não” não foram dosados são muitos. A<br />

saída que o campo medicinal aponta para superar<br />

esse conflito é o acompanhamento terapêutico com<br />

profissionais. Gervaci destaca que essa é uma das<br />

medidas para que a pessoa entenda que o seu “eu”<br />

está mal-formado e precisa de restauração. “É necessário<br />

que o racional e o emocional sejam filtrados,<br />

assim a pessoa vai descobrir o seu querer.”<br />

Foto: Pedro Nigro<br />

Texto: Carolina Carli e Eric Castro<br />

Arte: Amanda dos Santos Francisco<br />

ão julgue não estacione não pise na grama não bata não co<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>21</strong> 35<br />

ce não mude não vire não fale não beije não transe não xing<br />

o não vote não jogue não matar não trair não roubar não p

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