Comum Palavras que habitam o mundo
Texto: Gabriela Vilhena, Luana Carvalho e Paula Locher Foto: Júlia Rocha Arte: Luccas Gabriel Imagine um mundo sem palavras. Sem letras, caracteres ou símbolos que nos orientem nas mais simples atividades do cotidiano. Pensar, por exemplo, em uma cidade sem palavras, que são as principais condutoras da vida, é uma tarefa difícil e nos leva a pensar onde e como dependemos delas. As palavras presentes em nosso cotidiano, não servem somente como forma de identificação ou diálogo. Placas de carro, trânsito ou até mesmo esse texto, elas estão também no rádio que escutamos no caminho para o trabalho, durante os estudos ou naquela mensagem avisando que chegaremos atrasados. Tudo depende de simples caracteres, que juntos fazem a diferença e dão distintas formas ao contexto. Doutora em Linguística e Professora do Departamento de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Kassandra Muniz, 39 anos, enxerga a Linguística como uma expressão eminentemente humana. A partir do momento em que o ser humano existe, a capacidade de comunicar surge: “se entendermos que desde o início tivemos essa aptidão, isso não necessariamente dependia do uso das palavras. Usamos também o corpo, gestos, olhares e desenhos para isso”, explica. Mesmo que toda forma de comunicação faça parte da natureza humana, para a professora “nós somos uma sociedade altamente centrada no verbo, nas línguas falada e escrita. Temos dificuldade de imaginar coexistir nos dias de hoje sem a possibilidade de falar ou escrever”, afirma. As diferentes formas de se comunicar através das palavras dão ao ser humano a capacidade de compreender o universo ao seu redor. O uso dessa linguagem, aprendida a partir da infância, nos leva a uma comunicação única. Os diálogos formados por palavras remetem a uma exclusividade que difere os humanos dos demais seres vivos. Desenvolvendo a palavra A construção da relação humana com a palavra começa ainda na infância, quando se estabelece suas primeiras relações com a comunicação. De acordo com a psicóloga Lamir de Carvalho, a criança, antes do surgimento da linguagem falada, interage com a família, balbuciando como resposta, e assimila tudo que ouve, transformando em conhecimento. E aos poucos, com os sons que são emitidos, ela aprende a falar de uma forma compreensível. No processo de descobrimento da língua falada, a criança começa a se comunicar, apontando para o que ela deseja. A mãe, então, interpreta estes sinais e repete a palavra e nome das coisas, e, através da repetição, a criança aprende a identificar o que quer. Na linguagem escrita, a criança começa a aprender as letras, a juntá-las e a compor a palavra. Depois aprende a formar frases pequenas, aprendendendo a escrever. Apesar de já formar frases pequenas, a leitura desta frase vai acontecer de acordo com o amadurecimento cognitivo da criança que consegue escrever cursivamente. PALAVRA: Unidade linguística com um significado, que pertence a uma classe gramatical, e corresponde na fala a um som ou conjunto de sons e na escrita a um sinal ou conjunto de sinais gráficos. Mensagem oral ou escrita. Afirmação ou manifestação verbal. Permissão de falar. Manifestação verbal de promessa ou compromisso. Doutrina, ensinamento. Capacidade para falar ou discursar. Dicionário Priberam CURINGA | EDIÇÃO <strong>21</strong> 31