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Revista Curinga Edição 21

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Percentual de analfabetismo por raça,<br />

gênero e idade no Brasil<br />

Porcentagem<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

10%<br />

0%<br />

15+ 25+ 40+ 65+<br />

Fonte: Relatório Anual das Desigualdades<br />

Raciais no Brasil; 2009-2010<br />

Faixa etária<br />

Homens brancos<br />

Mulheres Brancas<br />

Homens pardos e pretos<br />

Mulheres pardas e pretas<br />

escolas públicas e universidades. Só foi permitido<br />

negros e negras nestes espaços a partir da década<br />

de 1960. Estamos falando de ontem”.<br />

Condições desiguais<br />

Não começar os estudos ou abandoná-los são<br />

também problemas que estão ligados às desigualdades<br />

sociais. Mesmo com a Constituição garantindo<br />

o direito à educação, o Estatuto da Criança e do<br />

Adolescente (ECA) reforçando esse direto, e a Lei<br />

de Diretrizes e Bases (LDB) abrindo portas para a<br />

educação, essa realidade faz parte do cotidiano do<br />

nosso país. A Presidente do Movimento Negro de<br />

Ouro Preto, Efigênia dos Santos Gomes, – mais conhecida<br />

como Efigênia Carabina – foi uma dessas<br />

pessoas que, aos 14 anos, teve que largar os estudos<br />

para trabalhar e ajudar em casa. Ela que, desde os<br />

sete anos, trabalhava limpando a cozinha de uma<br />

vizinha para poder comprar o caderno e o lápis, teve<br />

que trocar a sala de aula pelo chão de uma fábrica<br />

de tecidos em Ouro Preto. “Eu pegava o serviço<br />

quatro e meia da manhã e largava uma e meia, outra<br />

hora pegava uma e meia e largava às dez, então<br />

não tinha como estudar”. Recentemente, Efigênia<br />

completou os estudos pelo Programa de Educação<br />

de Jovens e Adultos (EJA). Na terceira vez em que<br />

seria conselheira tutelar na cidade de Ouro Preto,<br />

foi atingida por uma mudança no estatuto do Conselho<br />

Municipal que a impedia de exercer a função<br />

por falta dos estudos. “Então eu fui pro EJA, fiz o<br />

Ensino Fundamental, fiz o Ensino Médio e fiz joalheria<br />

na escola técnica”. Hoje, aos 70 anos, diz que<br />

está numa fase de descanso: “Quero estudar mais”.<br />

Para Daniela Guimarães, professora da Universidade<br />

Federal de Minas Gerais (UFMG), um dos<br />

maiores desafios encontrados hoje no combate ao<br />

analfabetismo é despertar o interesse de jovens e<br />

adultos pela educação. Com o analfabetismo em<br />

pauta, programas como o EJA, o Brasil Alfabetizado<br />

e o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade<br />

Certa – PNAC – são responsáveis pela queda nos<br />

índices de analfabetismo. Mas estão longe de ser<br />

uma meta. “O desafio continua grande e é preciso<br />

que sejam desenvolvidos novos projetos governamentais<br />

nesse sentido”, afirma. Para a professora, é<br />

preciso mostrar que a alfabetização fará a diferença<br />

na vida desses jovens e adultos, uma vez que não é<br />

fácil encarar a realidade de trabalhar e estudar, comum<br />

à grande maioria deles. Além disso, ela ressalta<br />

a importância da leitura e escrita satisfatórias<br />

para o desenvolvimento do saber em outras áreas:<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>21</strong> 23

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