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Revista Curinga Edição 21

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Alternativa<br />

Outras vozes<br />

Poesia, som e ritmo andam juntos em<br />

expressões de resistência na cidade<br />

Texto: Matheus Santiago<br />

Foto: Matheus Gramigna<br />

Arte: Caio Franco<br />

Samila discorre temas sociais<br />

cotidianos em sua poesia.<br />

Faz frio. A luta está prestes a começar. O público<br />

espera atento o primeiro golpe poético. Dois atletas<br />

encontram-se concentrados em bancos opostos da<br />

praça. É a primeira vez deles como finalistas. A saga<br />

de quatro fases chega ao fim. Oito atletas ficaram<br />

para trás. O que parece um ringue de luta, na verdade<br />

é a uma roda de pessoas à espera do “I Slam Invasor”,<br />

realizado na Praça Gomes Freire, em Mariana.<br />

Slams são batalhas poéticas em que os participantes<br />

performam poesias para serem posteriormente<br />

avaliadas por um júri. O nome do esporte<br />

remete a onomatopeia de um golpe desferido em<br />

alguém. Essa modalidade teve início nos Estados<br />

Unidos na década de 1980. A primeira iniciativa<br />

brasileira começou em 2008, com o ZAP (Zona Autônoma<br />

da Palavra), idealizado pela poeta Roberta<br />

Estrela D’Alva, em São Paulo.<br />

Samila Mayrink, 17 anos, finalista e estudante<br />

secundarista, acredita que participar do slam é uma<br />

oportunidade de sair do anonimato e dar vazão às<br />

inquietações poéticas pessoais. Ela enxerga essa exposição<br />

como um fortalecimento da representatividade.<br />

“Estamos ocupando o centro burguês dessa<br />

cidade histórica cheia de resquício de racismo: dois<br />

pretos na final de uma competição de poesia, numa<br />

praça da primeira capital de Minas”.<br />

O “I Slam Invasor”, realizado no dia 30 de maio<br />

de 2017, teve empate técnico. A organização decidiu<br />

que os dois finalistas receberiam prêmios. Três pessoas<br />

do público compunham o júri que se renovou a<br />

cada fase do evento. O grupo era escolhido pela organização<br />

sempre no início de cada slam. A premiação<br />

consistia na gravação de um videopoema ou videoclipe<br />

para promover o trabalho dos poetas iniciantes.<br />

Raquel Satto, 22, uma das idealizadoras do projeto<br />

em Mariana, conta que o slam tem dois critérios<br />

básicos: letra e performance. As poesias performadas<br />

são sempre autorais e de cunho político.

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