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AEDES AEGYPTI, VETOR DE EPIDEMIAS ANUNCIADAS<br />
No H1N1, como sujeito do outro<br />
lado, eu senti uma extrema solidariedade<br />
da imprensa, de estar ao<br />
lado. Foi muito trabalhoso para todo<br />
mundo, mas senti uma extrema solidariedade.<br />
Na febre amarela, não. A<br />
gente não tinha notícia, e a imprensa<br />
precisava vender. Só saiu dia 2 de fevereiro<br />
da mídia porque o Congresso<br />
Nacional voltou e abriu com algum<br />
escândalo de que eu não me recordo<br />
agora. E é esse desajuste, nessa conversa<br />
da febre amarela, que acabou<br />
fazendo com que pessoas morressem<br />
porque o alarde foi muito grande.<br />
Pessoas se revacinaram em vários<br />
estados do Brasil. Então, momentos<br />
como esse, nos quais a gente está fora<br />
das crises e se estabelece um diálogo<br />
com convergência e divergência, nos<br />
preparam para a responsabilidade social<br />
que todos temos em uma próxima<br />
crise que vai acontecer.<br />
A dengue fez um caminho vindo do<br />
sudoeste asiático. Até a chikungunya<br />
anunciadamente fez o mesmo caminho<br />
e a zika fez o mesmo percurso,<br />
parando um pouco na Polinésia Francesa<br />
antes de completar seu caminho<br />
e chegar até aqui. E a gente, a comunidade<br />
científica, ainda tem somente<br />
uma arma de combate ao vetor. Eu<br />
conversava sobre a vacina de dengue<br />
com uma grande figura da saúde<br />
pública, o professor Pedro Tauil, da<br />
Universidade de Brasília (UnB) e ele<br />
me disse: “Gerson, nós temos que<br />
testar espontaneamente a vacina para<br />
dengue 1, 2, 3 e a tetravalente e esperar<br />
uma situação”. Eu disse: “Pedro,<br />
a situação ideal para se testar<br />
uma vacina, se ela chegar um dia a<br />
ser eficaz, seria o caos para o gestor<br />
e o caos para a população ao circularem<br />
simultaneamente os quatro vírus<br />
em uma comunidade. Seria um caos<br />
e morte certa de muita gente. Então,<br />
mesmo que nós tivéssemos uma<br />
vacina muito eficaz, a situação ideal<br />
exigida pela comunidade científica<br />
para teste significa morte de pessoas,<br />
o que é lamentável”.<br />
Esses dilemas que se vivem do lado<br />
da comunicação da ciência e da saúde<br />
pública são fantásticos para que a<br />
gente possa se ver, neste momento,<br />
fora da crise, sem defesas dos dois<br />
lados e estabelecer essas convergências<br />
e divergências.<br />
Link Youtube:<br />
https://goo.gl/xLNp36<br />
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