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As Relações da Saúde Públicacom a Imprensa<br />
68<br />
idiomas, para entender o que se falava<br />
de zika. E a linha temporal mostra<br />
que a informação vai se espalhando<br />
pelo mundo inteiro e, em 2016, explode!<br />
Com isso, são 63 milhões de menções<br />
não somente no Fac<strong>ebook</strong>, mas<br />
também no Twitter, e em outras redes<br />
sociais. Exclusivamente no Fac<strong>ebook</strong>,<br />
foram 17,3 milhões de menções.<br />
E como é que vocês fizeram isso?<br />
O Unicef fez uma parceria com o<br />
Fac<strong>ebook</strong>, e tivemos acesso aos dados<br />
brutos, ou seja, o que todo mundo<br />
falava sobre zika. Quem eram essas<br />
pessoas, onde moravam, se no campo<br />
ou na cidade, qual o tipo de trabalho<br />
delas, se tinham família e crianças,<br />
que tipo de celular, renda econômica,<br />
enfim, tivemos acesso a todas as<br />
informações sobre ela. Assim, passamos<br />
a entender não somente quem<br />
eram essas pessoas, mas qual seria a<br />
mensagem mais importante que cada<br />
pessoa teria que receber.<br />
No começo, a gente comunicava sobre<br />
tudo a todo mundo. “Não esquece<br />
de fechar a caixa d’água e colocar<br />
tela mosquiteiro”, aquelas mensagens<br />
padronizadas. Mas, cada região do<br />
país tem suas características e diferentes<br />
formas de nomear os mesmos<br />
objetos (muriçoca ou mosquito, por<br />
exemplo). Então, não posso fazer uma<br />
comunicação genérica! A partir daí,<br />
dividimos em clusters e começamos<br />
a ativar cada tipo de público de forma<br />
diferente. Fizemos uma comunicação<br />
segmentada e customizada para aquele<br />
perfil de pessoa.<br />
Descobrimos que 82% das pessoas<br />
que falavam sobre zika, tinham entre<br />
18 e 44 anos. E, por incrível que pareça,<br />
quem mais publicou conteúdo sobre<br />
zika foram homens e não mulheres.<br />
As mulheres eram mais engajadas<br />
e os homens publicavam mais. Foi<br />
importante descobrir isso, pois antes o<br />
Unicef só falava com mulheres, porque<br />
falávamos sobre gravidez; aliás,<br />
todo mundo só falava com mulheres.<br />
Nos esquecemos que, se a mulher<br />
está grávida, teoricamente ela<br />
tem um parceiro. E o homem deve<br />
ter uma mínima preocupação então,<br />
neste caso, eles buscavam informação.<br />
Compreendemos que existia<br />
uma faixa da sociedade que é um<br />
formador de opinião da sua família<br />
e de sua comunidade, mas não haviam<br />
comunicações específicas para<br />
eles os maridos, os namorados, os<br />
pais das crianças. O Unicef começou<br />
a desenvolver então, conteúdo<br />
específico para eles também. Para<br />
nós, 84% utilizam exclusivamente o<br />
celular, e, no início, divulgávamos<br />
muito infográfico cheio de detalhes<br />
pouco perceptíveis numa tela de<br />
um smartphone. Então tivemos que<br />
mudar o formato das peças para o<br />
tamanho de uma tela de celular: não<br />
adiantava exagerar o texto, colocar<br />
infográfico que as pessoas não vão<br />
ler nem enxergar!<br />
Nós descobrimos que, além de zika,<br />
as pessoas falavam de mosquito, de<br />
dengue, de chikungunya em muitos<br />
boatos. Então o Unicef passou a<br />
ser um caçador de mitos e boatos.<br />
Aproveitamos as postagens do<br />
Ministério da Saúde, a fonte oficial<br />
de informação, e baseado nelas<br />
montávamos conteúdos.<br />
O que mais me chamou atenção<br />
foi o post de maior engajamento<br />
da história do Unicef, no qual não<br />
se investiu um centavo. Tínhamos<br />
recebido a notícia de que uma<br />
família abandonara a bebê Duda e<br />
entendemos que não era só sua mãe<br />
nem eram só são as mulheres que<br />
estão preocupadas, mas, o pai de<br />
uma criança com microcefalia também.<br />
Fizemos uma publicação, que<br />
está com 2.8 milhões de alcance.<br />
Foi a primeira vez que batemos um<br />
milhão de likes e isso é fantástico