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AEDES AEGYPTI, VETOR DE EPIDEMIAS ANUNCIADAS<br />

nautas e as assessorias de imprensa<br />

de órgãos privados e públicos, além<br />

de realizar visitas às unidades de<br />

saúde e pesquisa em base de dados.<br />

A tríplice epidemia trouxe lições<br />

para o jornalismo em saúde. O<br />

jornalista está exposto à linguagem<br />

especializada e deve traduzir para<br />

o grande público de forma clara e<br />

objetiva. Nem sempre agradamos<br />

aos dois lados, pois para o cientista<br />

o discurso coloquial pode parecer<br />

muito raso. Mas, é possível informar<br />

e levar à reflexão, sem se envolver<br />

com os boatos, com ética e critério.<br />

Por vezes são os próprios colegas<br />

de trabalho que tomam como verdade<br />

um boato no WhatsApp. E um<br />

pequeno erro pode causar um pânico<br />

grande na população e estragar um<br />

trabalho que vem sendo feito com<br />

cautela pelos pesquisadores! O nosso<br />

trabalho começou no dia 24 de<br />

outubro e assim continuou seguindo<br />

iniciativas como a do Conselho Regional<br />

de Medicina de Pernambuco<br />

que criou um grupo para fazer essa<br />

investigação no estado.<br />

Quando passamos a divulgar em<br />

redes sociais e no blog Casa Saudável,<br />

sobre a investigação do Ministério<br />

da Saúde e a Organização<br />

Pan-americana de Saúde (OPAS),<br />

apareciam comentários vários, de<br />

uma avó preocupada com a neta<br />

com microcefalia; de um pai na<br />

Bahia preocupado porque a mulher<br />

já tinha recebido o diagnóstico<br />

intrauterino. Isso me fez pensar que<br />

casos estavam surgindo em outros<br />

estados. Como jornalista, não me<br />

preocupei só com a vigilância dos<br />

dados, mas com a assistência, pois<br />

hoje as crianças estão completando<br />

dois anos. Em Pernambuco, temos<br />

hospitais e serviços de reabilitação<br />

mas é preciso cobrar do poder<br />

público para que ofereça assistência<br />

de qualidade. Quando as mães me<br />

contam que uma sessão de terapia<br />

ocupacional para dois bebês dura 15<br />

minutos, questiono a qualidade deste<br />

atendimento. Quando se lançou em<br />

Pernambuco o desafio “Seis meses<br />

para conter o mosquito”, em novembro<br />

de 2015, noticiamos que 80%<br />

dos focos do mosquito estão nas casas.<br />

Porém, os leitores reclamavam<br />

que o telefone disponibilizado pelo<br />

governo para receber as denúncias<br />

não funcionava. Também noticiamos<br />

o trabalho da Fiocruz Pernambuco,<br />

com Constância Ayres, sobre a hipótese<br />

de transmissão do vírus pelo<br />

mosquito Culex.<br />

Enfim, havia dengue, chikungunya,<br />

zika, microcefalia, as complicações<br />

neurológicas, a síndrome de guillan-<br />

-barré, as miosites, e as mortes. Só<br />

em 2016, de janeiro a julho, foram<br />

quase 400 mortes notificadas associadas<br />

às arboviroses. Boa parte<br />

atribuída à chikungunya. Só na<br />

primeira epidemia em Recife, foram<br />

infectadas quase meio milhão de<br />

pessoas, então acredita-se que este<br />

ano a epidemia não será de chikungunya,<br />

porque muita gente já foi<br />

infectada. Quando a chikungunya<br />

entrou no estado, não falávamos<br />

que era letal. Para alertar as pessoas<br />

para além dos casos neurológicos,<br />

informamos sobre os transtornos<br />

psiquiátricos relacionados às arboviroses:<br />

como depressão e surtos.<br />

A chikungunya é identificada pela<br />

dor e a ocorrência de pressão alta,<br />

mas, se falava muito em delírio.<br />

Kátia Petribu, presidente da Sociedade<br />

Pernambucana de Psiquiatria,<br />

alertava também a Secretaria sobre<br />

isso em alguns casos confirmados.<br />

Lembro de um adolescente internado<br />

no Hospital da Restauração,<br />

que colocou fogo na própria roupa e<br />

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