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As Relações da Saúde Públicacom a Imprensa<br />
casos suspeitos e mais de mil confirmados.<br />
Ou seja, a dengue fazia<br />
parte da rotina jornalística. A falta<br />
de saneamento básico e de água,<br />
para nós é muito forte e a população<br />
já relaciona estas situações com as<br />
doenças transmitidas pelo mosquito<br />
principalmente no interior (dados do<br />
livro de Marli Tenório, da Fiocruz<br />
Pernambuco).<br />
O primeiro registro de dengue<br />
hemorrágica em Pernambuco foi<br />
feito em 1996 e o Aedes não é<br />
um agente novo nessa associação<br />
com os casos neurológicos como a<br />
síndrome de guillan-barré e mielites<br />
(registros desde 1997). Em 2002,<br />
ocorreu a primeira grande epidemia<br />
com a introdução da dengue tipo<br />
3 em Pernambuco, com 116 mil<br />
casos investigados. É importante<br />
ver a sazonalidade do mosquito: em<br />
2002, muita gente já tinha doença;<br />
e passados 10 anos, os casos voltam<br />
a subir, depois voltam a cair. Nos<br />
anos de 2013 e 2014, por exemplo,<br />
antes do aparecimento da zika e da<br />
chikungunya, eram poucos casos<br />
em comparação aos anos anteriores.<br />
Porém, os muitos casos do primeiro<br />
semestre foram notificados como<br />
dengue, por orientação do próprio<br />
Ministério da Saúde e da Secretaria<br />
de Saúde, porque não se sabia se, de<br />
fato, era zika.<br />
Em 2015, houve o alerta para a<br />
tríplice epidemia de zika vírus em<br />
Pernambuco, com quatro casos em<br />
junho. Já chikungunya, foram registrados<br />
casos em agosto. Em Pernambuco,<br />
houve uma explosão nos casos<br />
de dengue; mas segundo o médico<br />
Carlos de Brito, pelo menos 80%<br />
dos notificados podem ter sido zika.<br />
atentam para compartilhar as informações<br />
com a população sobre o que<br />
deve ser feito. Embora em 2017, os<br />
casos tenham caído, em comparação a<br />
2015/2016, ainda foi um volume muito<br />
alto de adoecimento. O Ministério<br />
da Saúde divulgou em 12/07 um levantamento<br />
do LirAa (Levantamento<br />
rápido de índices para Aedes aegypti<br />
) que mostrou que 88% dos municípios<br />
em Pernambuco estariam em alto<br />
risco de surto ou em alerta.<br />
Hoje chamamos a expressiva quantidade<br />
de casos de microcefalia no<br />
estado de síndrome congênita do zika.<br />
Em 2016, houve pouco mais de mil<br />
casos. Em 2017, até agora, 110 casos,<br />
mas, o que intriga é que não há confirmações<br />
no boletim oficial de casos<br />
confirmados de zika, apesar de o vírus<br />
estar circulando.<br />
Em 24 de outubro de 2015, publicamos<br />
a matéria sobre o aumento dos<br />
casos de microcefalia em Pernambuco.<br />
Durante a apuração dos dados, eu<br />
não encontrava nada sobre microcefalia,<br />
e fazia os cruzamentos todos,<br />
me perguntando: “Meu Deus será que<br />
isso existe ou estamos criando pânico?”<br />
Fiquei muito angustiada porque<br />
não tinha nada em lugar nenhum. Mas<br />
a Secretaria de Saúde já alertava para<br />
uma mudança de padrão na ocorrência<br />
então, começamos a noticiar as<br />
arboviroses de uma forma mais atenta<br />
às possíveis complicações. Isso fez<br />
parte do nosso noticiário diário e, nos<br />
últimos três anos, 90% das matérias<br />
foram relacionadas a essa temática.<br />
Um ano depois da primeira publicação,<br />
fiz uma nova matéria e ainda haviam<br />
muitas dúvidas entre nós jornalistas,<br />
entre os pesquisadores, e entre<br />
as mães e os afetados pela doença.<br />
Enquanto os profissionais de saúde<br />
ficam atentos às possibilidades<br />
de novos surtos, os jornalistas se<br />
Hoje, temos contato diário com as<br />
fontes oficiais, os profissionais de saúde<br />
e pesquisadores, os leitores inter-<br />
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