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AEDES AEGYPTI, VETOR DE EPIDEMIAS ANUNCIADAS<br />
A EXPERIÊNCIA DA COBERTURA DO PRINCIPAL<br />
JORNAL DE PERNAMBUCO NA EPIDEMIA DE ZIKA<br />
*TRANSCRIÇÃO DA PALESTRA<br />
Cinthya Leite<br />
É um prazer falar um pouco sobre<br />
como é que nós do sistema Jornal do<br />
Comércio de Comunicação vivenciamos<br />
a tríplice epidemia. Costumo<br />
dizer que, sou uma profissional antes<br />
do dia 23 de outubro de 2015, e sou<br />
outra profissional depois desse dia.<br />
Porque foi no dia 23 de outubro de<br />
2015, que soubemos da mudança no<br />
padrão da ocorrência da microcefalia.<br />
Essa informação mudou tanto a rotina<br />
de redação, a apuração, o relacionamento<br />
com as fontes e também a<br />
minha vida extra-jornalística. E esta<br />
é uma coisa que eu sempre perguntava<br />
aos pesquisadores e médicos<br />
entrevistados, porque eu sentia que<br />
algo tinha mudado muito. Chegava<br />
em casa e não conseguia parar de<br />
pensar em zika, microcefalia e nas<br />
outras possíveis consequências. Os<br />
pesquisadores diziam a mesma coisa,<br />
principalmente os que estavam lá no<br />
epicentro da epidemia.<br />
No dia 23 de outubro, chegou à<br />
redação a mensagem de que estaria<br />
circulando em grupos de médicos no<br />
WhatsApp a necessidade de notificação<br />
adequada para a ocorrência de bebês<br />
com microcefalia, pois o número<br />
era muito volumoso. Se antes a média<br />
era de 10 nascimentos por ano; em<br />
15 dias já se contabilizavam 40<br />
casos extraoficiais. Então, a nossa<br />
sorte foi contar com especialistas<br />
competentes e engajados, médicos,<br />
pesquisadores, profissionais<br />
de saúde e assessores de imprensa.<br />
Aproveito para agradecer à Rita<br />
Vasconcelos (assessora de imprensa<br />
da Fiocruz Pernambuco) por todo<br />
o empenho e apoio no meu contato<br />
com esses pesquisadores. Sem isso,<br />
não teríamos feito esse trabalho.<br />
Com o aumento no número de<br />
nascimentos de bebês com microcefalia,<br />
fizemos uma pesquisa pois<br />
havia a hipótese relacionada às<br />
doenças transmitidas pelo Aedes<br />
aegypti (dengue, chikungunya e<br />
zika). Voltando no tempo, a primeira<br />
ocorrência do vírus da dengue,<br />
não documentado do País, foi em<br />
Roraima entre 1981 e 1982, seguida<br />
por uma epidemia no Rio de Janeiro<br />
em 1986. Nesse ano (1986),<br />
foram identificadas larvas do aedes<br />
na Zona da Mata Sul, em Palmares<br />
(em uma borracharia) e em<br />
1987, ou seja, a 30 anos se viveu<br />
a primeira epidemia de dengue em<br />
Pernambuco com mais de dois mil<br />
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