Revista Apólice #219

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22.02.2018 Views

consumidor | comunicação Estabelecendo contato A chave para relações bem sucedidas está na comunicação. Sabendo disso, o mercado de seguros agora quer ampliar sua voz Amanda Cruz Consultar sites como o Reclame Aqui antes de comprar um produto ou contratar um serviço se tornou uma tarefa quase obrigatória. As companhias do mercado de seguros estão por lá e somam milhares de ocorrências, com taxas altas de resolução que, entre as maiores empresas do setor, ficam entre 80 e 90%. Já a porcentagem daqueles que voltariam a fazer negócio com as companhias não é tão boa assim e fica entre 33% e 65%. O top 3 dos motivos das reclamações são velhos conhecidos do mercado: demora na execução dos serviços; cobranças indevidas e lentidão no andamento de resolução do sinistro. Isso mostra que é preciso aparar arestas e melhorar o entendimento entre o seguro e a população. No mês do consumidor, as ouvidorias das seguradoras, conforme vemos na página 14, parecem empenhadas em manter sua reputação sem manchas, mas no mundo real isso está longe de poder ser uma realidade em qualquer setor. O mercado chegou ao momento de se 26 perguntar: as estratégias de comunicação sobre os produtos têm sido efetivas? Principalmente porque é comum que, fora do nicho especializado, o setor tenha destaque midiático apenas de forma negativa, quando há algum problema. A busca não é apenas para sanar cada reclamação individualmente. Isso continua a ser muito importante, mas é também encontrar maneiras de utilizar informações e dados para fazer com que a comunicação entre players seja a chave para uma reputação mais condizente com aquilo que o mercado pretende oferecer de produtos e de retorno e ajuda à sociedade. Com a palavra, os seguradores Seja nas relações interpessoais ou nos negócios, a comunicação é pauta recorrente, especialmente para aqueles que querem resolver suas diferenças e ver seus projetos saindo do papel. Com o mercado de seguros não é diferente. Quando uma companhia desenha um novo produto para determinado público, a informação sobre a novidade precisa chegar de forma efetiva às pessoas. “Os consumidores querem ter a garantia de atendimento rápido e especializado. Nesse sentido, a disponibilização de diversos canais de atendimento que permitam ao cliente acionar a seguradora por celular, computador ou telefone é essencial para o setor de seguros e aproxima o público das companhias”, opina Ana Beatriz Basso, diretora de Marketing da MetLife no Brasil. O uso intensivo dos smartphones pode ter dado mais agilidade, mas também traz ainda mais exigências. Como a principal entidade de representação das seguradoras, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) analisa a efetividade de comunicação do setor e propõe mudanças para incrementá-la. É o que afirma Marcio Coriolano, presidente da entidade. Para ele, o mercado se esforça para melhorar a comunicação e parte desse esforço está concentrado em novas mídias. “Claro que ainda há

muito que melhorar, mas acredito que esse processo será fortalecido cada vez mais, em benefício das empresas e, claro, dos consumidores”, afirma. Esse otimismo parte do exemplo que a própria entidade dá: a Rádio CNseg e as ações em mídias sociais, como o Facebook, são ferramentas para modernizar o alcance, especialmente para atingir jovens, que são o foco do Programa de Educação em Seguros, idealizado pela entidade. “Além disso, teremos novidades em breve, incluindo o lançamento de um canal no Youtube”, promete Coriolano. As redes são justamente o que têm dado mais retorno. Complexo, mas acessível À primeira vista, o mercado é mesmo complexo e o que muito se ouve conversando com consumidores sobre determinados tipos de seguro é que eles não faziam ideia de que tal modalidade existisse. Sendo assim, quando chega o momento de entender de contratos, coberturas, exclusões e regras de seguro, de maneira geral, é quando se apresenta o momento de mais ruído nesse entendimento. “As pessoas têm dificuldade de entender algumas regras dos contratos e até mesmo de perceber a necessidade de fazer seguro em suas vidas. Mas acredito que essa resistência pode ser vencida paulatinamente mediante uma estratégia de comunicação adequada das empresas e entidades do setor e, claro, a atuação dos corretores”, aponta o presidente da CNseg. A acessibilidade ao setor chegou, sem dúvidas, por meio da internet e da presença obrigatória nas redes sociais. A comunicação é instantânea e a exigência por agilidade e eficiência é grande e ainda maior quando um assunto de urgência, como um sinistro, entra em cena. Mas, ao contrário do que pode parecer, isso é um incentivo para o aprimoramento e não uma plataforma para se acomodar. “As seguradoras são obrigadas a se atualizar e aperfeiçoar o atendimento para atender as demandas com qualidade”, esclarece. Apenas ter o digital incorporado às ações não garante o sucesso, o corretor precisa ser treinado para usar os recursos e alcançar mais clientes. A MetLife vê em sua ferramenta de cotações online para PME um case de sucesso, segundo a executiva da companhia. Isso porque eles cresceram 46% no primeiro mês de utilização, com diminuição no tempo de operação. Se a contratação é fácil nos seguros mais básicos, como o de automóvel, o consumidor fica familiarizado, começa a pesquisar e se aprimora com a complexidade e as possibilidades de outros serviços e em breve está pronto para comprar mais proteção. Ou pelo menos é isso que se espera. É um processo que pode parecer longo demais, principalmente por ser um mercado com baixa penetração em determinadas carteiras, que quer trabalhar usando todo seu potencial. Mas é preciso ponderar se a falta de demanda e de cultura do seguro não está, justamente, na maneira como o mercado se apresenta, coloca-se e até mesmo como se abstém de algumas questões. Aplicativos, ouvidorias, cartilhas, campanhas publicitárias, posts e acompanhamento dos memes na internet. Nas estratégias de marketing têm de tudo e o intuito é estar em dia. Tudo é rápido e volátil: qualquer erro pode comprometer reputações e fazer com que a comunicação não se estabeleça. É preciso cuidado Nenhuma empresa está livre de erros, problemas e a dança de ganhar e perder clientes é eterna. Nenhuma companhia será unanimidade no mercado, mas aquelas que souberem se comunicar melhor ganham uns metros de vantagem na largada. “O pior para a companhia são clientes insatisfeitos”, ressalta Coriolano. Para ele, essas pessoas poderão, rapidamente, multiplicar uma opinião desfavorável sobre a empresa, mesmo entre pessoas que nunca utilizaram o serviço. “Além disso, as reclamações entram nas listas dos Procons, o que sempre é uma propaganda negativa. A melhor maneira de minimizar isso é procurando solucionar queixas e demandas dos clientes rapidamente”, aconselha. É preciso, também, dar espaço para que as empresas se mostrem à sociedade. Um processo de evolução que demanda tempo e boa vontade, tanto do receptor quanto do emissor. A crença de que o mercado é difícil ❙❙Marcio Coriolano, da CNseg de compreender está sendo desmistificada, até mesmo pela necessidade que o momento econômico impõe. As pessoas têm procurado, por si só ou por meio de seus corretores, entender esse mercado. A MetLife realizou uma pesquisa em julho de 2016 e constatou que as três principais preocupações das pessoas envolvem independência financeira (41%); cuidados com a família (39%) e saúde da família (32%). Todos esses pontos passam pelas ofertas do mercado de seguros e é a comunicação que pode ajudá-los a perceber isso. Na prática, a estratégia funciona? O presidente da CNseg acredita que os esforços do mercado estão rendendo frutos para se comunicar com a sociedade em geral e também com os poderes constituídos, dialogando com o Governo, o Congresso e o Judiciário em questões mais técnicas. Ana Beatriz, da MetLife, crê que os espaços para as seguradoras se mostrarem estão cada vez mais amplos, especialmente com as redes. É na internet que os esforços têm se concentrado e, embora os meios digitais estejam cada vez mais democráticos, quem têm confiança em interagir com empresas e avaliar seu desempenho por meio das redes são, especialmente, os jovens entre 16 e 35 anos. Todas as faixas de idade são importantes, mas o que esses potenciais consumidores, que deveriam estar no auge de suas atividades de contratação, pensam sobre o mercado? 27

consumidor | comunicação<br />

Estabelecendo contato<br />

A chave para relações bem sucedidas<br />

está na comunicação. Sabendo disso,<br />

o mercado de seguros agora quer<br />

ampliar sua voz<br />

Amanda Cruz<br />

Consultar sites como o Reclame<br />

Aqui antes de comprar um produto<br />

ou contratar um serviço se<br />

tornou uma tarefa quase obrigatória.<br />

As companhias do mercado de<br />

seguros estão por lá e somam milhares de<br />

ocorrências, com taxas altas de resolução<br />

que, entre as maiores empresas do setor,<br />

ficam entre 80 e 90%. Já a porcentagem<br />

daqueles que voltariam a fazer negócio<br />

com as companhias não é tão boa assim e<br />

fica entre 33% e 65%. O top 3 dos motivos<br />

das reclamações são velhos conhecidos<br />

do mercado: demora na execução dos<br />

serviços; cobranças indevidas e lentidão<br />

no andamento de resolução do sinistro.<br />

Isso mostra que é preciso aparar arestas<br />

e melhorar o entendimento entre o seguro<br />

e a população.<br />

No mês do consumidor, as ouvidorias<br />

das seguradoras, conforme vemos<br />

na página 14, parecem empenhadas em<br />

manter sua reputação sem manchas, mas<br />

no mundo real isso está longe de poder ser<br />

uma realidade em qualquer setor.<br />

O mercado chegou ao momento de se<br />

26<br />

perguntar: as estratégias de comunicação<br />

sobre os produtos têm sido efetivas? Principalmente<br />

porque é comum que, fora do<br />

nicho especializado, o setor tenha destaque<br />

midiático apenas de forma negativa,<br />

quando há algum problema.<br />

A busca não é apenas para sanar<br />

cada reclamação individualmente. Isso<br />

continua a ser muito importante, mas é<br />

também encontrar maneiras de utilizar<br />

informações e dados para fazer com que<br />

a comunicação entre players seja a chave<br />

para uma reputação mais condizente com<br />

aquilo que o mercado pretende oferecer de<br />

produtos e de retorno e ajuda à sociedade.<br />

Com a palavra, os<br />

seguradores<br />

Seja nas relações interpessoais ou<br />

nos negócios, a comunicação é pauta recorrente,<br />

especialmente para aqueles que<br />

querem resolver suas diferenças e ver seus<br />

projetos saindo do papel. Com o mercado<br />

de seguros não é diferente. Quando uma<br />

companhia desenha um novo produto para<br />

determinado público, a informação sobre a<br />

novidade precisa chegar de forma efetiva<br />

às pessoas. “Os consumidores querem ter a<br />

garantia de atendimento rápido e especializado.<br />

Nesse sentido, a disponibilização<br />

de diversos canais de atendimento que<br />

permitam ao cliente acionar a seguradora<br />

por celular, computador ou telefone é essencial<br />

para o setor de seguros e aproxima<br />

o público das companhias”, opina Ana<br />

Beatriz Basso, diretora de Marketing da<br />

MetLife no Brasil.<br />

O uso intensivo dos smartphones<br />

pode ter dado mais agilidade, mas também<br />

traz ainda mais exigências. Como a<br />

principal entidade de representação das<br />

seguradoras, a Confederação Nacional<br />

das Empresas de Seguros Gerais, Previdência<br />

Privada e Vida, Saúde Suplementar<br />

e Capitalização (CNseg) analisa<br />

a efetividade de comunicação do setor e<br />

propõe mudanças para incrementá-la. É<br />

o que afirma Marcio Coriolano, presidente<br />

da entidade. Para ele, o mercado<br />

se esforça para melhorar a comunicação<br />

e parte desse esforço está concentrado<br />

em novas mídias. “Claro que ainda há

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