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Gestão Hospitalar N.º 12 2005

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~nalisa


04 Editorial<br />

Tempos difíceis, foi o mote escolhido por Manuel<br />

Delgado, presidente da APAH, para o Editorial do<br />

mês de Dezembro. Nem tudo está bem, na<br />

Saúde, e nem tudo parece fácil de conciliar. Mas<br />

há que tentar dar a volta a muitas situações para<br />

reverter o que está menos bem. Até porque é<br />

tempo de Natal!<br />

<strong>12</strong> Entrevista<br />

A secretária de Estado da Saúde, Carmen Pignatelli,<br />

é a última personalidade a ser entrevistada pela<br />

GH, em <strong>2005</strong>. Num momento em que os Recursos<br />

Humanos, na Saúde, estão a dar muito que falar,<br />

os motivos subjacentes a esta entrevista eram<br />

evidentes. Muitas mudanças previstas para 2006<br />

e algumas delas são já avançadas na GH.<br />

18 Política<br />

Correia de Campos, e a sua equipa, estão há nove<br />

meses à frente dos destinos da Saúde. A GH relembra<br />

as medidas tomadas, com direito a despacho<br />

ou a decreto-lei, e apresenta a análise da<br />

Associação Portuguesa dos Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es (APAH) sobre o que foi feito pelos responsáveis<br />

do Ministério da Saúde.<br />

Ciência. Saúde. Esperança.<br />

·A nossa paixão é proporcionar medicamentos<br />

inovadores a quem deles p1r,ecisa.<br />

Schering-Plough Farma, Lda.<br />

R..1a Ag..1a va dos Açores 16<br />

2715 557 Aguava Cacerr<br />

P"'RTI GAL<br />

-E'I~ )l' 339 rfüC "r'IX :4 3:2 052<br />

WvVW sr 1-'er1nq p<br />

J1r CfTl<br />

d}j_ Schering-Plough<br />

22 Reflexões<br />

24 Conto<br />

No Instituto Portugês de Oncologia (IPO) de Lisboa,<br />

existe o Centro de Investigação de Patologia<br />

Molecular, coordenado por Sérgio Dias. A GH esteve<br />

no local e conversou com o responsável, que<br />

explicou de que forma é que cientistas portugueses<br />

tentam atacar o cancro.<br />

Natal é quando um homem quiser, diz o poeta.<br />

Mas seja como for, é em Dezembro que o espírito<br />

de Amizade está mais presente. Foi por isso que a<br />

GH desafiou o médico e escritor António Sampaio a<br />

escrever um conto de Natal. E como conto sem ilustração<br />

não fica bem, pedimos também à Associação<br />

Nacional de Famílias para a Integração da Pessoa<br />

Deficiente para ilustrar o trabalho do clínico. Tudo<br />

foi possível, Porque é Natal. Veja o resultado.


Sopra<br />

uma boa nova.<br />

Tempos Difíceis<br />

1<br />

A situação económica do país e a política de<br />

contenção da despesa que este Governo tem<br />

adaptado, têm, também, naturalmente, uma<br />

de novos hospitais. A área metropolitana de Lisboa é,<br />

a todos os títulos, aquela que concentra, justificadamente,<br />

a atenção de especialistas e comentadores.<br />

directa repercussão na saúde.<br />

O ruído provocado pelas desconfianças e receios de pro­<br />

Os próximos orçamentos serão instrumentos de gestão<br />

fissionais, e de doentes e familiares, inseridos em hos­<br />

autênticos e mais exigentes, pois, por um lado, apro­<br />

pitais para os quais se prevê o encerramento ou, nal­<br />

ximam-se mais da realidade e, por outro, traduzem uma<br />

guns casos, alterações mais ou menos significativas<br />

Manuel Delgado<br />

Presidente da APAH<br />

"Precisamos de criar<br />

instrumentos de<br />

mobilidade que<br />

permitam flexibilizar<br />

decisões e dar mais<br />

eficácia à gestão<br />

hospitalar"<br />

política de contenção assinalável no crescimento da despesa<br />

(por exemplo, até 4% em medicamentos ou até<br />

1,5% em Recursos Humanos).<br />

Não será fácil que, num só ano, se consigam introduzir<br />

modificações que conduzam àqueles resultados.<br />

Até porque, em muitos domínios, os problemas e as<br />

ineficiências são estruturais e dependem de decisões<br />

externas à própria gestão dos hospitais.<br />

Precisamos, assim, de criar instrumentos de mobilidade<br />

que permitam flexibilizar decisões e dar mais eficácia<br />

à gestão hospitalar. A entrevista da Secretária de Estado<br />

Adjunta, Cármen Pignatelli, neste número da <strong>Gestão</strong><br />

H ospitalar, parece apontar esse caminho, prometendo<br />

novidades legislativas quanto à mobilidade de efectivos.<br />

no perfil de oferta, só pode ser minorado, com a apresentação<br />

de estudos sérios e decisões claras e transparentes.<br />

Até porque temos tempo de preparar, sem dramatismos<br />

ou precipitações, as mudanças necessárias.<br />

Que, diga-se, representarão melhores condições de<br />

trabalho para os profissionais e melhores condições de<br />

atendimento para os doentes.<br />

Não se deixe transformar benefícios óbvios em mais um<br />

quebra-cabeças para políticos e uma angústia para<br />

profissionais e doentes. N ão há necessidade!<br />

3A quadra natalícia é propícia à paz e à concórdia.<br />

Aproveitemos a oportunidade para reílectirmos<br />

sobre o futuro. Tentemos preservar a defesa dos nos­<br />

m l'o tugal.~<br />

Aliámos a expenencia e solidez de um grupo internacional,<br />

líder na sua área, ao maior e mais moderno c01nplexo industrial<br />

farmacêutico português.<br />

Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento<br />

e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.<br />

Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos<br />

profissionais.<br />

Acreditámos no seu apoio.<br />

20 encerramento de velhos hospitais tem sido<br />

objecto de comentários, opiniões e boatos, os<br />

mais diversos, face à emergência a médio/longo prazo<br />

sos interesses: pessoais ou profissionais. Mas sem atropelar<br />

os outros ou pôr em causa o interesse geral.<br />

Com sinceridade. Sem falsas modéstias ou hipocrisias.<br />

Bom Natal e Feliz 2006. 1!111<br />

Em Portugal, com portugueses, para o mundo.<br />

~<br />

LABESFAL<br />

Fresenius<br />

Kabi<br />

Caring for Life


Tratamento de Parkinson<br />

S. João é referência europeia<br />

O<br />

Serviço de neurocirurgia do Hospital<br />

de S. João, no Porto, integra um lote<br />

de 16 unidades hospitalares europeias que<br />

vão uniformizar procedimentos do tratamento<br />

cirúrgico da doença de Parkinson. O método<br />

está a ser desenvolvido pela multinacional<br />

norte-americana Medtronic. É uma escolha<br />

que resulta do reconhecimento internacional<br />

do trabalho pioneiro desenvolvido por esta<br />

unidade, afirmou o director do serviço, Rui Vaz.<br />

ln "jornal de Notícias" 29/11105<br />

Estudos<br />

SA são ou não eficientes?<br />

U<br />

m estudo de um catedrático da<br />

Faculdade de Ciências Económicas e<br />

Empresariais da Universidade Católica,<br />

apresentado durante a 9ª Conferência Nacional<br />

de Economia de Saúde, afirma que em termos<br />

de qualidade, nomeadamente, da prestação<br />

dos cuidados de Saúde a diferença entre<br />

hospitais SA e hospitais públicos não é<br />

significativa. Mas, em termos quantitativos,<br />

os primeiros registaram acréscimos de eficiência<br />

e produtividade. Mas um outro estudo, da<br />

apresentação no site da Direcção-Geral da<br />

Saúde, afirma que os SA são menos eficientes,<br />

salvo algumas excepções. S. Francisco<br />

Xavier, Egas Moniz ou Pulido Valente são<br />

menos eficientes que os seus equivalentes<br />

com gestão pública ou administrativa. Um<br />

terceiro estudo de dois docentes da Escola<br />

Nacional de Saúde Pública afirma que a<br />

criação dos SA não contribuiu para diminuir<br />

o acesso aos tratamentos nem para a perda<br />

de qualidade dos cuidados de saúde.<br />

ln ''jornal de Notícias" 25111/05,<br />

"Público" 111<strong>12</strong>105 e 2311 1/ 05<br />

Baixo Alentejo<br />

Doenças coronárias acima da média<br />

Ahipertensão e o envelhecimento<br />

populacional contribuem para a<br />

prevalência dos enfartes do miocárdio e da<br />

angina de peito em Beja, representando um<br />

valor três vezes superior à média nacional.<br />

O responsável pela Unidade de Cuidados<br />

Intensivos do Hospital, José Joaquim<br />

Fernandes, em Beja, associa ainda este tipo<br />

de patologias aos hábitos alimentares dos<br />

alentejanos que têm vindo a abandonar a<br />

dieta mediterrânica.<br />

Inglaterra<br />

ln "Público" 02/72/05<br />

Farmacêuticos a passar receitas<br />

O<br />

Governo britânico quer que, a partir<br />

da próxima Primavera, enfermeiros e<br />

farmacêuticos possam prescrever<br />

medicamentos, exceptuando aqueles<br />

catalogados como drogas. Em Portugal, o<br />

Ministério da Saúde apressou -se a esclarecer<br />

que a realidade portuguesa é totalmente<br />

diferente e uma medida dessas seria impossível.<br />

ln ''jornal de Notícias" 11/11/05 e<br />

"Semanário Económico" 18111105<br />

~ -·-- .:....'..:~...::~ 2:"1 , ,-.._<br />

1 ·;.~~ .. .... "'''"'1 ' ~ 1 ._...<br />

.. J t t. ..<br />

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11<br />

i [<br />

tJ-~ -·----<br />

Fecho de maternidades<br />

Obstetras reformados<br />

....<br />

sao recurso<br />

Vários hospitais estão a recorrer a<br />

obstetras reformados para compensar<br />

as faltas das urgências de obstetrícia. São<br />

contratados como tarefeiros, à hora.<br />

Sem esse esforço as equipas não cumpririam<br />

as regras internacionais de funcionamento:<br />

dois obstetras por equipa e um mínimo de<br />

1500 partos anuais. A Direcção-Geral da<br />

Saúde elaborou, entretanto, uma lista das<br />

primeiras urgências de obstetrícia a fechar, à<br />

cabeça da qual surge a de Elvas, que realiza<br />

menos 200 partos por ano. Castelo Branco e<br />

Guarda são outras.<br />

ln ''jornal de Notícias" 051<strong>12</strong>105<br />

Santa Maria<br />

Vem aí o choque<br />

tecnológico<br />

O<br />

Hospital de Santa Maria, Lisboa,<br />

aderiu a um programa informático<br />

que permite acompanhar no computador<br />

a passagem do doente por todo o serviço,<br />

desde a admissão à alta, passando pelo<br />

pedido de exames complementares de<br />

diagnóstico. O progra ma Alert j á está<br />

operacional em 14 hospitais públicos e 15<br />

centros de sa úde do país e foi criado por<br />

uma j ovem empresa do Po rto, escolhida<br />

entre 66 empresas de 29 países.<br />

ln "Público " 02/ <strong>12</strong>/ 05<br />

Deco<br />

Mau ar em<br />

1 O hospitais<br />

U<br />

m estudo da Associação Portuguesa<br />

para a Defesa do Consumidor (DECO)<br />

revela que dez hospitais (de um conjunto de<br />

19 analisados) apresentam má qualidade do<br />

ar, detectando-se bactérias em níveis<br />

superiores aos recomendados pela OMS.<br />

O pior classificado foi o Hospital Egas Moniz,<br />

em Lisboa, seguindo-se o S. João de Deus<br />

(Montemor-o-Novo), Curry Cabral (Lisboa),<br />

São José (Lisboa), Hospital Pediátrico<br />

(Coimbra), Capuchos (Lisboa), Infante D. Pedro<br />

(Aveiro), Espírito Santo (Évora), São Teotónio<br />

(Viseu) Maternidade Alfredo da Costa<br />

(Lisboa). O melhor classificado dos 19 foi a<br />

Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra.<br />

ln "Público " 22/17105


Concorrência<br />

Estudo recomenda liberalização<br />

das farmácias<br />

AAutoridade da Concorrência (AdC) vai<br />

propor ao Governo uma alteração à lei,<br />

que data de 1965, que rege a propriedade das<br />

farmácias. Isto apesar do Executivo já ter<br />

esclarecido que a liberalização não é uma<br />

prioridade.<br />

As medidas propostas têm por base um estudo<br />

"Concorrência no mercado retalhista do<br />

medicamento" encomendado pela AdC ao<br />

Centro de Estudos de <strong>Gestão</strong> e Economia<br />

Aplicada, da Universidade Católica do Porto.<br />

O documento considera que deve ser revista<br />

a exigência de que apenas os farmacêuticos<br />

podem ser proprietários de farmácias, bem<br />

como a limitação de um proprietário por<br />

estabelecimento. O mesmo estudo recomenda<br />

que as farmácias devem poder praticar<br />

descontos na venda de medicamentos<br />

sujeitos a receita médica, em relação ao preço<br />

máximo fixado pelo Estado.<br />

As reacções não se fizeram esperar. O presidente<br />

da Associação Nacional das Farmácias<br />

(ANF), João Cordeiro, afirmou não entender<br />

porque se fala em concorrência na área das<br />

farmácias e porque razão não estavam os<br />

laboratórios também sob análise.<br />

O Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos,<br />

Aranda da Silva, afirmou que qualquer tentativa<br />

de entregar as farmácias a grupos empresariais<br />

resultará "na criação de grandes cadeias<br />

multinacionais e a sua concentração em<br />

grandes centros urbanos e superfícies comerciais<br />

diminuindo a sua acessibilidade".<br />

Entretanto, a AdC investiga as várias queixas<br />

de comerciantes que têm dificuldade em<br />

adquirir para venda medicamentos não sujeitos<br />

a receita médica. Dificuldades que afectaram<br />

a Sonae - através do Continente de<br />

Loures - e foram confirmadas por uma retalhista<br />

que afirmou sofrer pressões das farmácias<br />

suas clientes.<br />

Esta recusa parte, sobretudo, da Alliance<br />

Unichem, distribuidora adquirida precisamente<br />

pela ANF em conjunto com o<br />

Grupo Mello. Aquisição esta que, por sua<br />

vez, está sob investigação da AdC, pela<br />

falta de notificação a esta entidade no<br />

prazo estipulado na lei. 1!111<br />

Falsas urgências<br />

Ministério vai<br />

cobrar taxas<br />

mais altas<br />

O<br />

ministro ~a Saúde, _Correia de Campos,<br />

anunoou que vai aumentar as taxas<br />

moderadoras dos hospitais e centros de saúde<br />

"de acordo com o custo de vida". Mas esse<br />

aumento vai penalizar ainda mais quem recorra<br />

às urgências sem necessidade. O anúncio foi<br />

feito durante o debate do Orçamento de Estado<br />

para 2006, na Assembleia da República.<br />

Para Correia de Campos, esta decisão justifica-se<br />

pelo facto de 40 por cento dos utentes<br />

que recorrem às urgências hospitalares não<br />

necessitarem verdadeiramente desse serviço.<br />

Mas o anúncio provocou reacções negativas<br />

por pane do presidente da Associação Portuguesa<br />

dos Médicos da Carreira <strong>Hospitalar</strong> e o<br />

presidente da secção regional do centro da<br />

Ordem dos Médicos. Armando Gonçalves afirmou,<br />

no final do Fórum Médico Regional do<br />

Centro, em Coimbra, que "as taxas diferenciadas<br />

são a forma mais simplória de tentar resolver<br />

os problemas no sector da saúde", sublinhando<br />

que "é criminoso impor taxas<br />

moderadoras diferenciadas nas urgências hos­<br />

Conferência<br />

Corrupção na Saúde em debate<br />

e<br />

erca de 100 mil milhões de euros perdem-se<br />

todos os anos nos orçamentos da<br />

saúde devido à corrupção e à fraude. Foi este<br />

o tema que juntou 31 países europeus, em<br />

Bratislava, em Outubro, para discutir o combate<br />

à fraude e corrupção nos sistemas de<br />

saúde.<br />

Os participantes decidiram a constituição<br />

de uma organização que coordenará os<br />

esforços naquele sentido - a European Healthcare<br />

Fraud and Corruption Network.<br />

O gabinete de 1 O pessoas, sediado em<br />

Bruxelas, será o coração da Rede e irá coor-<br />

Orçamento<br />

denar o seu trabalho. Será uma organização<br />

não lucrativa e um centro de excelência que<br />

pretende entrar em funcionamento já em<br />

Abril de 2006.<br />

As suas acções serão, não só investigar<br />

maneiras de combater a fraude, mas também<br />

influenciar governos, fornecedores de<br />

serviços de saúde e instituições europeias<br />

para obter o seu apoio a este combate.<br />

O director-geral desta Rede, o britânico Jim<br />

Gee, afirmou estar empenhado em combater o<br />

problema em toda a Europa seguindo o esquema<br />

que tem sido aplicado no Reino Unido.<br />

ANF entrega dívidas à banca<br />

A<br />

Associação Nacional das Farmácias<br />

{ANF) apresentou uma proposta ao<br />

Ministério da Saúde para poupar, já em 2006,<br />

153 milhões de euros.<br />

A proposta parte de três pressupostos, dois<br />

deles contidos no Orçamento de Estado<br />

(OE) de 2006: a adopção de um formulário<br />

nacional para os medicamentos vendidos<br />

nas farmácias, prescrição por Denominador<br />

Comum Internacional e a permissão<br />

para a importação de medicamentos.<br />

Segundo o presidente da ANF, João Cordeiro,<br />

estas medidas permitiriam ao Serviço<br />

Nacional de Saúde poupar 67 milhões<br />

de euros e aos utentes 86 milhões.<br />

Entretanto e baseando-se numa norma<br />

contida no mesmo OE, a ANF afirmou que<br />

vai ceder a responsabilidade de cobrar o<br />

montante das comparticipações estatais dos<br />

medicamentos a uma entidade bancária.<br />

tenciona denunciar já no primeiro semestre<br />

de 2006, as farmácias suportam o valor da<br />

comparticipação estatal até serem reembolsadas<br />

pelo Estado. A intenção do Governo -<br />

explicitada no OE - é fazer com que o di­<br />

Gee revelou que, no seu país, já foi possível<br />

poupar 675 milhões de libras e têm urna taxa<br />

de 96% de acusações com sucesso. l!lll<br />

financeira, que pagará directamente a cada<br />

uma das farmácias esses valores, afastando a<br />

ANF do processo. Mas com a decisão de<br />

ceder à banca os créditos que detém sob o<br />

Estado, João Cordeiro manter-se-á sempre<br />

pitalares". 1!!11<br />

Segundo o acordo em vigor e que o Governo<br />

nheiro seja avançado por uma instituição<br />

ligado ao processo. l!lll


Parcerias<br />

1 BM na luta contra o Cancro<br />

AIBM anunciou que uniu forças com<br />

o Memorial Sloan-Kettering Cancer<br />

Center (MSKCC), o Molecular Profiling<br />

Institute e o CHU St. Justine Research<br />

Center - Mother and Child University Hospital<br />

Center, separadamente, com a finalidade de<br />

acelerar a investigação, diagnóstico e tratamento<br />

do cancro.<br />

A IBM e o MSKCC estão a construir um sistema<br />

avançado de gestão de informação integrada<br />

para melhorar a capacidade de clínicos e investigadores<br />

no estudo de doenças relacionadas<br />

com o cancro, identificar tendências e determinar<br />

taxas de sucesso. Financiado por uma doação<br />

de 3 milhões de dólares em tecnologia e serviços<br />

por parte da IBM, o MSKCC será o primeiro<br />

centro de cancro com um sistema abrangente<br />

para integrar os dados e a informação hospitalar<br />

com exploração de texto e capacidades analíticas<br />

relacionadas num ambiente unificado de gestão<br />

de informação, visando facilitar a análise e investigação<br />

de cenários futuros.<br />

A IBM está também associada ao Molecular<br />

Profiling Institute e ao St. Justine H ospital<br />

Pediatric Center, com acordos diferentes, para<br />

acelerar a investigação, diagnóstico e tratamento<br />

do cancro.<br />

Através deste projecto, os investigadores trabalham<br />

no sentido de criar um sistema no qual a<br />

informação seja automaticamente extraída de<br />

entre milhares de relatórios de patologia e traçada<br />

numa base de dados. A maior parte dos relatórios<br />

de patologia estão escritos em texto livre, com<br />

frases e números que serão decifrados pelo leitor<br />

segundo o contexto. Através do trabalho da<br />

IBM, os antigos relatórios do MSKCC estão a ser<br />

inseridos em formatos padronizados e a informação<br />

automaticamente extraída para organização<br />

em bases de dados que possibilitem aos<br />

investigadores um mais fácil acesso à informação.<br />

É um primeiro passo para elaborar um diagnóstico<br />

personalizado baseado em informação<br />

fenótipo e genómica que proporcionará aos<br />

médicos e clínicos um relatório detalhado do<br />

paciente baseado no seu perfil molecular completo.<br />

O Molecular Profiling Institute tem também<br />

_uma parceria com o Translational Genornics<br />

Research Institute (TGen) para trabalharem juntos<br />

no sentido do aceleramento das descobertas<br />

relacionadas com o genoma desde a sua demonstração<br />

à utilização efectiva. Estes avanços são<br />

comunicados através da IBM às nossas organizações<br />

de médicos parceiras, começando pela<br />

AmeriPath, Inc.<br />

O trabalho com o CHU Sainte-Justine Research<br />

Center - Mother and C hild University Hospital<br />

Center assenta nos projectos que são realizados<br />

com o St. Jude Children's Research<br />

Hospital. O St. Jude opera um sistema de supercomputação<br />

que pode executar mais de 600<br />

mil milhões de operações por segundo e que lhe<br />

permite a esta instituição acelerar a investigação<br />

médica no sentido da descoberta de prevenções,<br />

curas e novas opções de tratamento para<br />

doenças graves em crianças, como o cancro,<br />

imunodeficiências adquiridas ou herdadas e<br />

desordens genéticas. 1!111<br />

'<br />

10<br />

Em Janeiro do novo ano<br />

Recursos Humanos motivam debates<br />

AAssociação Portuguesa de Engenharia<br />

da Saúde (APES) em colaboração<br />

com a Associação dos Médicos<br />

Gestores de Unidades de Saúde (AMGUS),<br />

realizam, durante o mês de Janeiro, quatro<br />

debates sobre um tema bem actual: "Recursos<br />

Humanos em Saúde: Escassez ou Acesso?".<br />

Embora a GH não tenha tido acesso ao programa<br />

global dos encontros, agendados para os<br />

dias 4, 11, 18 e 25 de Janeiro, na sede da<br />

Ordem dos Médicos (OM), em Lisboa, nem<br />

conheça todos os intervenientes convidados,<br />

pode no entanto adiantar que logo no início<br />

de 2006, mais precisamente no dia 4 (quarta­<br />

-feira) , o orador principal será o presidente da<br />

APAH, Manuel Delgado, tendo ainda como<br />

acompanhantes, no painel, João Queiróz, vice­<br />

-reitor e director da Faculdadade de Medicina<br />

da Universidade da Beira Interior, e Artur<br />

Vaz, administrador executivo da Espírito Santo<br />

Saúde. Três nomes que merecem destaque no<br />

panorama da Saúde em Portugal e que têm<br />

certamente muito a dizer sobre um assunto<br />

muito actual. 1!111


Carmen Pignatelli à GH<br />

"O Ministério vai criar eq uipas de gestão de altas"<br />

Carmen Pignatelli explica à<br />

GH alguns pontos da política<br />

de recursos humanos do<br />

<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> - Tem-se falado muito da<br />

existência de médicos e enfermeiros a mais<br />

em alguns serviços. Há pessoal a mais ou a<br />

menos na Saúde?<br />

tem as suas agendas. Uma das primeiras prioridades<br />

da agenda do actual Governo é a reforma<br />

da Administração Pública, que se cruza<br />

com a reforma do Serviço Nacional de Saúde<br />

Ministério da Saúde. A<br />

reorganização dos serviços,<br />

mesmo à custa da criação de<br />

excedentes, é a prioridade<br />

para melhorar a prestação dos<br />

Cannen Pignatelli - Quando entrei no Ministério<br />

da Saúde, em 1996, nós vivíamos um<br />

período de efectiva carência de enfermeiros.<br />

Tanto assim que se fez um esforço adicional na<br />

formação destes profissionais de saúde. Segundo<br />

a informação qu~ comeÇamos a ter, exceptuando<br />

uma ou outra região - o Algarve ou o<br />

(SNS). Nós estamos muito atentos e consideramos<br />

também o incremento da mobilidade do<br />

pessoal como uma prioridade, porque queremos<br />

transformar o SNS.<br />

Os médicos e os enfermeiros não se inventam,<br />

não caem do céu! Eu posso dizer que<br />

preciso de mais mil médicos mas eles não me<br />

cuidados de Saúde à<br />

população. Melhoria que<br />

passa por eventuais auditorias<br />

Alentejo - não há falta de enfermeiros. Ainda<br />

recentemente tivemos conhecimento que<br />

alguns enfermeiros do Norte, recém-licenciados,<br />

ainda não conseguiram colocação. Acho<br />

aparecem por milagre. Nomeadamente, médicos<br />

de família! Temos de aguardar a formação<br />

desses médicos ou aguardar que alguns estrangeiros<br />

entrem no nosso país.<br />

à gestão dos recursos<br />

humanos, por um lado, e, por<br />

outro, pela criação de equipas<br />

de gestão de altas em cada<br />

unidade hospitalar.<br />

Aos administradores<br />

hospitalares relembra a<br />

necessidade partilhar<br />

estranhíssimo. Devem estar com certeza à espera<br />

de encontrar emprego perto da sua residência,<br />

porque sabemos que, a nível nacional,<br />

há zonas que têm falta de enfermeiros.<br />

O que sabemos - porque temos algumas estatísticas<br />

que já divulgámos e porque visitamos serviços<br />

- é que há claramente serviços com pessoal<br />

a mais e serviços com pessoal a menos. E o<br />

cidadão comum também sabe isso. Numa sondagem<br />

recente, 80% dos inquiridos diziam que<br />

médicos e enfermeiros estavam mal distribuídos.<br />

"Se os números não<br />

nos convencerem podemos<br />

criar auditorias que incidam<br />

sobre a gestão<br />

dos recursos humanos"<br />

Temos a certeza de que se conseguirmos distribuir<br />

melhor os médicos, enfermeiros e pessoal<br />

administrativo, conseguimos prestar me­<br />

experiências.<br />

Correia de Campos - Juventude, acção<br />

Luís Filipe Pereira - Incógnita<br />

Manuel Delgado - Apreço<br />

Pedro Nunes - Parceiro<br />

GH - Mas o cidadão comum não tem as<br />

informações nem os conhecimentos que o<br />

Ministério tem para fazer essa avaliação.<br />

CP - Se me perguntar se nós temos um estudo<br />

de avaliação, preto no branco, instituição a insàtuição,<br />

direi que ainda não temos. Aliás, esse trabalho<br />

não vai ser a tutela a fazer. Um hospital tem<br />

personalidade jurídica, administrativa e financeira<br />

e alguns até têm o estatuto empresarial, por isso,<br />

cada conselho de administração é que tem de<br />

fazer o diagnóstico das suas necessidades em<br />

que tem o seu pessoal mal distribuído. Podem<br />

concluir também, que, alguns têm excesso de pessoal<br />

administrativo ou pessoal operário.<br />

Mas eu também tenho dados, a partir de informação<br />

que me é veiculada pelos presidentes<br />

das administrações regionais de Saúde e porque<br />

visito centros de Saúde, que me permitem<br />

concluir que há centros que têm escassez de pes­<br />

GH- Essa má distribuição poderá dever-se<br />

à legislação restritiva, quanto à mobilidade,<br />

nomeadamente, de médicos e enfermeiros?<br />

Propõe-se mudar essa legislação?<br />

CP - Concordo quando dizem, e o Ministro<br />

da Saúde até o afirmou recentemente em<br />

entrevista, que há aquilo que ele designou por<br />

carapaça jurídica. Há efectivamente leis que<br />

entanto, nós consideramos que, com a legislação<br />

que já existe, e com a autonomia que<br />

têm alguns dirigentes, nomeadamente dos<br />

hospitais, já tinha sido possível incrementar<br />

os mecanismos de mobilidade.<br />

GH - Então porque é que isso não aconteceu?<br />

Falta de vontade política?<br />

lhores serviços com os mesmos recursos<br />

Quando se fala em racionalizar - não tenho<br />

medo da palavra! - os recursos humanos ou<br />

quando dizem que nós temos uma visão economicista<br />

da Saúde isso também não me atinge.<br />

Só me sentiria penalizada com essa acusação<br />

se o primeiro objectivo da nossa agenda<br />

fosse controlar a despesa. Mas é dar às pessoas<br />

os cuidados de saúde que necessitam. E sabemos<br />

que, com a actual organização do sistema,<br />

dificilmente conseguiremos melhorar.<br />

Mário Jorge - Empatia<br />

recursos humanos e provavelmente concluirá<br />

soal administrativo.<br />

obstaculizam a mobilidade do pessoal. No<br />

CP - Não sei. Cada equipa governamental<br />

GH - Mas de quem é a responsabilidade por


GH - Voltando ...<br />

CP- Fiz parte e com muita honra desse gover­<br />

CP - Neste processo rodo não queremos<br />

no, acho o Eng.° Guterres como primeiro­<br />

encontrar culpados, nem nos governos ante­<br />

ministro uma pessoa fascinante, extremamen­<br />

riores, nem nos médicos ou enfermeiros. Temos<br />

te inteligente, mas um governo é uma equipa<br />

problemas, queremos resolvê-los com os pro­<br />

de pessoas diferentes. Diziam que era um<br />

fissionais e com os dirigentes. Não vamos estar<br />

governo que privilegiava o diálogo, não o<br />

aqui à espera de consensos nesta matéria. O<br />

consenso, e acho que o diálogo é essencial. Eu<br />

consenso em muitas matérias é impossível.<br />

gosto de ouvir as pessoas. Se quiser tomar uma<br />

Não vamos andar aqui anos . . .<br />

decisão eu chamo especialistas e ouço-os, às<br />

vezes apresentando soluções diferentes.<br />

GH - Até porque o Governo tem maioria<br />

absoh ..1ta e o consenso é de somenos impor­<br />

GH - Como responde às críticas do sector<br />

tância.<br />

da Saúde que acusa o Governo de ser pre­<br />

CP - Não. Diz-me a minha experiência pro­<br />

potente?<br />

fissional que, quando há uma grande preocu­<br />

CP - O uço essas críticas e não acho que o<br />

pação com o consenso, normalmente sai uma<br />

Governo esteja a ser prepotente. Está a tomar<br />

má solução, porque uma solução que agrada a<br />

medidas que já deviam ter sido tomadas há mui­<br />

não se ter feito melhor com a actual legislação?<br />

nismos legislativos para ajudar a resolver esses<br />

problemas, mas, a meu ver, muitos dos pro­<br />

gregos e a troianos ...<br />

GH - Essa era política do anterior Governo<br />

tos anos. Talvez estejam a confundir isso que chamam<br />

prepotência com decisões rápidas, mas<br />

estas tiveram a ver com o facto de termos bons<br />


1<br />

Curriculum Vitae<br />

Carmen Pignatelli<br />

Idade - 55 anos<br />

> Licenciatura em Economia pela<br />

Faculdade de Economia do Porto<br />

> Curso de Pós-Graduação em<br />

«<strong>Gestão</strong> de Unidades de Saúde»,<br />

pela Universidade Católica<br />

Portuguesa (Lisboa)<br />

dois mil enfermeiros que estão numa situação<br />

de excessiva precariedade, com contratos de<br />

três meses mais três.<br />

Mas acontece que estamos a viver um processo<br />

de reforma da Administração Pública. O<br />

próprio Ministério das Finanças propõe-se<br />

rever os mecanismos relativos à mobilidade<br />

dos funcionários públicos, logo, vamos trabalhando,<br />

mas vamos aguardar as orientações<br />

anteriormente. Foi um dos problemas do anterior<br />

Governo: havia 31 hospitais SA e parecia<br />

que eram dois universos diferentes. Mas o<br />

denominador comum é o SNS.<br />

GH - Já disse numa entrevista que caberá<br />

às administrações hospitalares decidir quais<br />

as suas carências.<br />

CP - Os nossos dirigentes hospitalares são<br />

tentar encontrar colocação para essa pessoa<br />

no sistema de Saúde. Os que não conseguirmos<br />

colocar. .. o que posso dizer. .. espero<br />

que outros serviços da Administração Pública<br />

precisem deles.<br />

GH - A reorganização passa pela criação de<br />

outras estruturas?<br />

CP - Estamos a pensar instituir em todos os<br />

> Frequência do Programa de Alta<br />

Direcção de Empresas (AESE),<br />

até Março de <strong>2005</strong><br />

> Estágio no Conselho do Tesouro do<br />

Canadá sobre gestão de recursos<br />

humanos<br />

> Estágio na Alemanha sobre<br />

formação profissional<br />

> Gestora do Programa Operacional<br />

Saúde (Saúde XXI) do 3° Quadro<br />

Comunitário de Apoio a Portugal<br />

(QCA Ili}, entre Maio de 2000<br />

e Agosto de 2004<br />

- que são transversais - para quando o Ministério<br />

das Finanças nos chamar termos ideias<br />

concretas para melhorar a siruaçáo.<br />

O Governo não está a ser<br />

prepotente mas a tomar<br />

medidas que já deviam ter<br />

sido tomadas há muitos anos<br />

GH - Não há então um prazo para essas<br />

alterações legislativas?<br />

gestores. Um gestor gere também os seus recursos<br />

humanos. A responsabilidade primeira de<br />

identificar as suas carências ou eventual excesso<br />

nesta matéria cabe ao próprio conselho de<br />

administração.<br />

GH - E disse também que será o Ministério<br />

a ter a última palavra nessa matéria.<br />

CP - Quando digo a última palavra ... Isso não<br />

está na nossa agenda mais imediata. Podemos,<br />

daqui a uns tempos, implementar um programa<br />

de auditorias nessa matéria.<br />

hospitais equipas de gestão de altas.<br />

GH - Funcionando como?<br />

CP - Essas equipas têm que, caso a caso, doente<br />

a doente, decidir sobre a alta, se a pessoa<br />

pode voltar para o seu domicílio, se no domicílio<br />

necessita de cuidados de Saúde, se precisa<br />

de apoio social, se não pode voltar para casa se<br />

há uma unidade de convalescença, se for um<br />

doente terminal se há uma unidade de cuidados<br />

paliativas que o possa acolher.<br />

> Secretária de Estado Adjunta<br />

do Ministro da Saúde, entre julho<br />

de 2001 e Abril de 2002<br />

> Gestora da Intervenção Operacional<br />

da Saúde do QCA 11, entre 1996<br />

e meados de 2000<br />

> Gestora do Programa de Formação<br />

para a Modernização<br />

da Administração Pública (Profap),<br />

entre 1992 e Abril de 1996<br />

CP - A nível sectorial, da Saúde, não posso<br />

indicar prazos porque, como disse, vamos trabalhar<br />

com o Ministério das Finanças. Quer o<br />

sr. Secretário-Geral quer o sr. Presidente da<br />

Unidade de Missão dos Hospitais SA estão a<br />

realizar reuniões com a equipa das Finanças que<br />

vai rever as carreiras da Função Pública.<br />

GH - Mas nesse trabalho prévio na Saúde<br />

GH - A todas as unidades hospitalares?<br />

CP - Ouça, isto é uma hipótese que eu estou<br />

a pôr! Se os números não nos convencerem nós<br />

podemos, eventualmente, criar um conjunto de<br />

auditorias que incidam sobre a gestão dos<br />

recursos humanos. Aliás, isso está a ser feiro a<br />

um nível mais transversal pela Inspecção-Geral<br />

da Administração Pública, na administração<br />

GH - Integrando que profissionais?<br />

CP - Um médico, um enfermeiro, um psicólogo,<br />

um técnico de serviço social e um fisioterapeuta.<br />

GH - Quando começarão a funcionar?<br />

CP - Já a partir do próximo ano em alguns<br />

hospitais. O Hospital Pulido Valente, que faz<br />

parte de uma experiência piloto no âmbito de<br />

> Adjunta da Secretária de Estado<br />

da Modernização Administrativa,<br />

entre 1990 e 1991<br />

estão a pensar em criar incentivos extra,<br />

para além dos que já existem na Função<br />

Pública?<br />

directa do Estado.<br />

GH - O ministério vai extinguir as sub­<br />

cuidados continuados, já implementou uma<br />

equipa de gestão de altas.<br />

CP- Não vejo, para já, a questão dessa manei­<br />

regiões de Saúde, o que vai levar à entrada<br />

GH - Já sabe quais serão os outros hospi­<br />

ra. Mas, no âmbito da reforma dos cuidados de<br />

Saúde primários, por exemplo, a Unidade de<br />

Missão vai propor a criação de regimes de<br />

de muitos funcionários no quadro de excedentes.<br />

CP - Não fui convidada para Secretária de<br />

tais?<br />

CP - Não sei ainda, porque a comissão que<br />

está a elaborar o plano de acção nesta área tcr­<br />

17<br />

incentivos para fixar pessoas em zonas onde há<br />

Estado Adjunta da Saúde para criar exce­<br />

m i na o seu mandato no dia 31 de Dezembro<br />

mais carência de médicos de família. Regimes<br />

dentes mas para participar num processo de<br />

e antes apresenta, a mim e ao sr. Ministro, o<br />

de incentivos que vão remunerar melhor equi­<br />

melhoria dos cuidados de Saúde à população<br />

projecto de decreto-lei para a criação da rede de<br />

pas, as Unidades de Saúde Familiar.<br />

portuguesa. Para isso temos de reorganizar os<br />

cuidados de Saúde às pessoas idosas e depen­<br />

serviços e, para os reorganizar, é provável que<br />

dentes e um plano de acção para esta área para<br />

GH - Como ficam os hospitais EPE?<br />

resultem excedentes. Quando chegarmos a<br />

os próximos dois anos. Nesse plano está prevista<br />

CP - Independentemente da natureza jurídi­<br />

essa fase de sermos confrontados com pes­<br />

a criação progressiva das equipas de gestão de<br />

ca dos hospitais, não estamos a trabalhar de<br />

soal excedentário a preocupação é, antes de<br />

altas e um plano de formação para as pessoas<br />

forma distinta, ao contrário do que aconteceu<br />

comunicar que a pessoa não é necessária,<br />

> > > Temos de criar um sistema de formação profissional na Saúde<br />

que farão parte dessas equipas. 11111


Medidas tomadas pelo Ministério da Saúde Março-Dezembro <strong>2005</strong><br />

ÁREA MEDIDA LEGISLAÇÃO ÁREA MEDIDA LEGISLAÇÃO<br />

Alto Comissariado - Criação do cargo de Alto-Comissariado da Saúde; Decreto Regulamentar n<strong>º</strong> 7 /<strong>2005</strong>, de 1 O Agosto - Projecto de Diploma que visa regulamentar a IVG não punível<br />

da Saúde - Nomeação do Alto-Comissário da Saúde. Despacho Conj. n<strong>º</strong> 654/<strong>2005</strong>, de 2 Setembro IVG em estabelecimento de saúde privado nos casos de Em aprovação com o Primeiro Ministro<br />

impossibilidade de realização em Hospital Público.<br />

- Nomeação da Coordenadora Nacional Despacho n.<strong>º</strong> 23035/<strong>2005</strong>, de 8 de Novembro<br />

ACS para a saúde das pessoas idosas e cidadãos Desp. Conj. n<strong>º</strong> 345/<strong>2005</strong>, de 23 Maio - Lei 38/<strong>2005</strong> que autoriza o Governo a legislar Lei 38/<strong>2005</strong><br />

Programas em situação de dependência; Res. Cons. Min. n<strong>º</strong> 84/<strong>2005</strong>, de 27 Abril sobre distribuição fora das farmácias;<br />

Verticais - Nomeação do Coordenador Nacional das Doenças Oncológicas; Despacho Conjunto n<strong>º</strong>19<strong>12</strong>3/<strong>2005</strong>, de 2 Setembro - Venda de Medicamentos não sujeitos D.L. n.<strong>º</strong> 134/<strong>2005</strong><br />

- Nomeação do Coordenador Nacional das Doenças Cardiovasculares; Desp.Conj. n<strong>º</strong>19670/<strong>2005</strong>, de <strong>12</strong> Setembro a receita médica fora das farmácias;<br />

- Nomeação do Coordenador Nacional da Infecção VIH/SIDA. Desp.Conj. n<strong>º</strong>19871/<strong>2005</strong>, de 15 Setembro - Condições de venda dos medicamentos não sujeitos a Portaria 827/<strong>2005</strong><br />

receita médica, os requisitos dos locais de venda<br />

- Criação, organização e funcionamento dos Cent ros de Saúde; D.L. n<strong>º</strong> 157/99, de 10 de Maio dos medicamentos NSRM;<br />

Centros - Aprova nova designação dos órgãos de direcçã o; D.L. n<strong>º</strong> 39/2002, de 6 Fevereiro - Extinção da bonificação de 10% na comparticipação Resolu ção do C.M, 102/ <strong>2005</strong><br />

de Saúde - Cria Rede Cuidados Saúde Primários; D.L n<strong>º</strong> 60/2003, de 1 de Abril de medicamentos genéricos;<br />

- Revoga D.L.60/03 e repristina o D.L.157 /99. D.L n<strong>º</strong> 88/<strong>2005</strong>, de3 de Junho Medicamentos - Redução geral dos preços de venda ao público Portaria n. <strong>º</strong> 6 18-A/<strong>2005</strong> (alt erada pela Portaria<br />

medicamentos em 6%;<br />

de 826/<strong>2005</strong>, de 14 de Setembro)<br />

Criação dos Cent ros <strong>Hospitalar</strong>es: - Redução em 5% do escalão máximo de D.L. n. <strong>º</strong> <strong>12</strong>9/<strong>2005</strong><br />

- Hospital de Santa Mari a, E.P.E.; comparticipação do Estado no preço dos medicamentos;<br />

Centros - Hospital de São João, E.P.E.; Reg. D.L. 535/<strong>2005</strong> - Identificação dos grupos farmacoterapêuticos em que se Despacho n. 0 19650-A/<strong>2005</strong><br />

<strong>Hospitalar</strong>es - Centro <strong>Hospitalar</strong> de Lisboa Ocidental, EPE.; integram os medicamentos considerados imprescindíveis<br />

- Centro <strong>Hospitalar</strong> de Setúbal, E.P.E.; em termos de sustentação de vida;<br />

- Centro <strong>Hospitalar</strong> do Nordeste, E.P.E.. - Redução em 5% do preço de algumas áreas convencionadas Despacho n.<strong>º</strong> 22620 -B/<strong>2005</strong><br />

(a medicina física e reabilitação, a endoscopia, gastrenterologica ...);<br />

CEIC - Comissão - Aprova composição, funcionamento e financiament o da CE IC; Portaria n<strong>º</strong> 57/<strong>2005</strong>, de 20 Janeiro - Decisão de aquisição de Oseltamivir (Tamiflu) para<br />

Ética para a - Nomeia membros da CE IC; Desp. n<strong>º</strong> 3568/ <strong>2005</strong> prevenção e tratamento em caso de pandemia da gripe.<br />

Investigação Clínica - Nomeia membros da comissão executiva da CE IC. Desp. n<strong>º</strong> 3978/ <strong>2005</strong>, de 23 Fevereiro<br />

- Lançamento do concurso do Projecto PPP do Novo 15 Novem bro, de <strong>2005</strong><br />

Contraceptivos nos - Homologação da Lista de Contraceptivos Despacho do Ministro,<br />

Cent ros de Saúde a distribuir gratuitamente pelo SN S. 14 Novembro, de <strong>2005</strong><br />

Parcerias<br />

Hospital de Vila Franca de Xira;<br />

Saúde - Lançamento do concursà do Projecto PPP do Novo 6 Janeiro, de <strong>2005</strong><br />

Hospital de Braga.<br />

Contratualização - Reconstituição das agências de contratualização dos serviços<br />

no Sistem a de saúde enquanto órgãos das ARS, com int ervenção activa Despacho n. <strong>º</strong> 22 250/ 200 5 Portal da Saúde - Lançamento do Portal da Saúde. www.portaldasaude.pt<br />

de Saúde<br />

na distribuição de recursos pelos estabelecimentos do SNS.<br />

S.A. em E.P.E. - Transformação em entidades públicas em presariais de 31 unidades D.L. 93/<strong>2005</strong><br />

Cooperação - Declaração conjunta de Cooperação Bilateral entre a República Outubro <strong>2005</strong> de saúde, as quais tinham Estatuto Jurídico de Hospitais S.A. Reg. D.L. 535/<strong>2005</strong><br />

Internacional Popular da China e a República de Portugal na área da Saúde.<br />

Secret aria-Geral do - O presente diploma cria a Secretaria-Geral do Ministério da Saúde, Decreto Regulamentar n. 0 3-A/<strong>2005</strong>,<br />

Cuidados - Cria um grupo técnico para a reforma dos cuidados de saúde primários; Res. Cons. Min. n<strong>º</strong> 86/<strong>2005</strong>, de 27 Abril Minist ério da Sa úde extinguindo o Departamento de Modernização e Recursos da Saúde. de 31 de Maio<br />

de Saúde - Define a constit uição do grupo técnico; Despacho n<strong>º</strong> 10 942/<strong>2005</strong>, de 16 Maio<br />

Primários - Cria a Missão p/ Cuidados Saúde Primários; Res. Cons. M in. n<strong>º</strong> 157/ <strong>2005</strong>, de <strong>12</strong> O utubro - Criação da Unidade de Compras do Minist ério da Saúde, na<br />

- Designa a equipa que prestará assessori a à MCSP. Despacho n<strong>º</strong> 24 766/ <strong>2005</strong>, de 02 de Dezembro dependência directa do Instituto de <strong>Gestão</strong> Informática e<br />

Unidade<br />

Financeira da Saúde, para promover o aumento de eficácia,<br />

ERS - Entidade - Aprova o regulamento intern o que define a organização Portaria n. 0 418/ <strong>2005</strong>, de 14 de Abril de Compras eficiência e t ransparência e a redução de custos das aquisições Despacho 41/<strong>2005</strong> para aprovação<br />

Reguladora e o funcionamento dos serviços da Entidade Reguladora Portaria n<strong>º</strong> 3 10/<strong>2005</strong>, de 23 Março do MS pelos serviços e instituições do Serviço Nacional de Saúde e do<br />

da Saúde da Saúde; Portari a n<strong>º</strong> 4 18/<strong>2005</strong>, de 14Abril Ministéri o da Saúde, bem como para compatibilizar est a polít ica de<br />

- Nomeia o CA e exonera o anteri or CA. Resolução n<strong>º</strong> 65/<strong>2005</strong>, de 18 Outubro compras centralizadas com a polít ica global das compras públicas.<br />

Hospitais - Cria na dependência do Ministro da Saúde a Comissão para a Res. Cons. M in. n<strong>º</strong> 85/ <strong>2005</strong>, de 27 Abril UESP - Criação da Unidade de Emergências de Saúde Pública.<br />

Sociedades<br />

avaliação dos Hospitais S.A.;<br />

Anónimas - Transforma em entidades públicas empresariais os S.A.; D.L. n<strong>º</strong> 93/ <strong>2005</strong>, de 7 Junho - Proj ecto de reestruturação da Rede de Urgências <strong>Hospitalar</strong>es Versão final para aprovação<br />

- Rectifica o D.L. n<strong>º</strong> 93/ <strong>2005</strong>. Decla. Rect. n<strong>º</strong> 58/<strong>2005</strong>, de 13 Julho(c/ D.L.) Urgências ao nível Nacional;<br />

<strong>Hospitalar</strong>es - Projecto de orga nização' as equipas médicas nas urgências; Versão final para aprovação<br />

Investigação em - É destinada uma verba do Orçamento do Estado de 2006 para Orçamento de Estado do SNS 2006 - IGIF - Project o de orga nização do Transporte de Doentes Urgentes; Versão para assinatura<br />

Cuidados de Saúde a Investigação em Cu idados de Saúde de 5.000.000 Euros. - Projecto do Regime remunerat ório dos Médicos nas urgências. Em preparação<br />

Fonte: Ministério da Saúde


<strong>2005</strong> chega ao fim<br />

a an<br />

,<br />

na au<br />

~O<br />

Nas duas páginas anteriores<br />

apresentámos as medidas<br />

tomadas pela equipa<br />

governativa da Saúde,<br />

desde que tomou posse<br />

(a 19 de Março) até<br />

Dezembro. No fundo,<br />

decorreram apenas nove<br />

meses. Não foi muito tempo,<br />

mas certamente<br />

que é possível vislumbrar já<br />

que caminhos se vão seguir.<br />

Na sequência do gráfico<br />

apresentado (que tem como<br />

fonte o próprio gabinete<br />

decisões estruturantes para o futuro da saúde<br />

dos portugueses. Com os riscos inerentes ao<br />

menor impacte de curto prazo, naturalmeme.<br />

São disso excelente exemplo, o reforço de<br />

tando-o para a necessidade de introduzir<br />

competitividade e concorrência na comercialização<br />

dos medicamentos. E os preços<br />

podem vir a baixar para o consumidor final.<br />

alterações quanto ao acesso equitativo a medicamentos<br />

necessários.<br />

Hospitais<br />

de Correia de Campos),<br />

pedimos à direcção<br />

da Associação Portuguesa<br />

dos Administradores<br />

<strong>Hospitalar</strong>es (APAH)<br />

que comentasse<br />

programas verticais de saüde nas áreas de<br />

Oncologia, doenças cardiovasculares e<br />

VIH/Sida, a reconstituição das agências de<br />

contratualização, a reforma dos cuidados de<br />

saúde primários, a criação das E.P.E. ou a<br />

revitalização da ERS.<br />

Em todos estes exemplos, é patente a impor­<br />

É um primeiro passo. A política de comparticipações,<br />

nesta área, foi também objecto de<br />

alterações, muito mais dependentes de razões<br />

económicas do que de razões de qualidade ou<br />

serviço. Vejamos, a prazo, os efeitos dessas<br />

Assinale-se a forte aposta deste Governo na<br />

construção de novos hospitais, ao que se<br />

supõe, todos eles em regime de PPP, ainda<br />

que, provavelmente, nem todos fazendo o<br />

pleno da privatização (concepção, construção<br />

e exploração).<br />

O processo tem sofrido sucessivos contratem­<br />

as medidas tomadas.<br />

tância estratégica da agenda política adaptada<br />

pos, pelo menos no caso do Hospital de<br />

Aqui fica, em jeito de balanço<br />

de <strong>2005</strong>, a posição da APAH.<br />

e a intenção de consolidar estruturas essenciais<br />

para o futuro do SNS, designadamente<br />

nos ganhos em saúde, na acessibilidade e na<br />

Loures, e não será, com certeza, já nesta legislatura<br />

que veremos os principais resultados.<br />

Uma boa ideia, cujos contornos ainda não<br />

eficiência do sistema.<br />

conhecemos, é a que se refere à criação da<br />

Decisões<br />

Unidade de Compras do Ministério da<br />

A <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> publica nesta ültima edi­<br />

Mudanças<br />

Saúde. Desde que contribua para um melhor<br />

ção de <strong>2005</strong>, o conjunto de medidas mais<br />

relevantes que o actual Ministério da Saüde<br />

tomou no corrente ano.<br />

Ao contrário do Ministério anterior, que procurava<br />

"quick wins" de efeito político garantido,<br />

o actual parece mais apostado em tomar<br />

Foi também com este Governo que, pela primeira<br />

vez em Portugal, os medicamentos de<br />

venda livre passaram a ser transacionáveis fora<br />

das farmácias.<br />

Com esta medida, cujo impacte é relativo,<br />

deu-se sinal a todo o sector distribuidor, aler-<br />

conhecimento do mercado, robusteça a<br />

capacidade negocial dos hospitais, facilite e<br />

agilize procedimentos e flexibilize a escolha<br />

ao nível operacional, será uma excelente<br />

novidade cujo desenvolvimento acompanharemos<br />

com atenção. r.m Direcção da APAH


Ciência<br />

encer o cancro<br />

A investigação em oncologia<br />

concentra milhares<br />

de milhões de euros<br />

em investimentos.<br />

Pelo menos no estrangeiro.<br />

Por cá, longe dessas<br />

milionárias realidades, Sérgio<br />

Dias trabalha com o objectivo<br />

de tornar o cancro cada vez<br />

menos mortal.<br />

O caminho é atacá-lo pelos<br />

vasos que Lhe Levam o sangue.<br />

1<br />

I<br />

orne<br />

se alimentar, nós ao desrruirmos os vasos sinronia forte entre investigadores e clínicos,<br />

por exemplo no manuseamenro e apli­<br />

sanguíneos que o sustentam, estamos também<br />

a enfraquecer o tumor", explica. cação de fármacos a muitos doentes oncológicos.<br />

"Ao contrário de outro centros<br />

Para que este trabalho possa conhecer o<br />

ambicionado sucesso, é fundamental que o ponugueses, nós temos a particularidade de<br />

cancro seja detectado o mais cedo possível. funcionar dentro de um hospital e de fornecer<br />

o conhecimenro resultante das nossas<br />

Só assim aumentarão as h ipóteses de o<br />

arsenal terapêutico ser eficaz. A prevenção investigações aos médicos que, aqui ao lado,<br />

continua a ser a melhor arma, já que, consul ram doentes. Estas caracterís ricas<br />

sobretudo numa fase inicial, a maioria dos constituem uma mais valia para rodas."<br />

cancros não denuncia a sua presença.<br />

Risco familiar<br />

Sinergias contra o cancro<br />

A estreita relação entre algumas das consultas<br />

do IPO e o CIPM resultou na criação<br />

Licenciado em Biologia, Sérgio Dias após<br />

concluir o doutoramento - na área da biologia<br />

tumoral, no Imperial Cancer Research ros por vários profissionais, como<br />

de Gabinetes de R isco Familiar - compos­<br />

médicos,<br />

Ciência<br />

para<br />

todos<br />

Sérgio Dias foi um dos cientistas<br />

que, em final de 2004, fundou a<br />

associação Viver a Ciência, cujo<br />

objectivo passa pela promoção da<br />

investigação na área das Ciências<br />

da Vida com o envolvimento dos<br />

cidadãos. O presidente da República,<br />

Jorge Sampaio, é um dos<br />

sócios honorários e foi uma das<br />

figuras presentes no dia da ofi ­<br />

cialização pública da associação.<br />

Num país onde se regista um elevado<br />

défice ao nível do conheci­<br />

T<br />

al como noutros tecidos orgânicos,<br />

os cancros, para crescerem,<br />

têm de se alimentar. Esse<br />

sustento, composto por oxigénio e<br />

nutrientes variados, chega até estes<br />

tumores por meio dos seus vasos sanguíneos.<br />

Sabendo disso, vários inves tigadores<br />

estudam como é que as es truturas circulatórias<br />

proliferam, em panicular junto<br />

das células malignas, favorecendo a sua<br />

multiplicação.<br />

Sérgio Dias é um desses cientistas. Apesar<br />

da sua juvenrude, é, em Portugal, uma das<br />

referências da investigação em angiogénese<br />

- processo de formação de vasos san­<br />

' l<br />

Fund, em Londres -, viajou para Nova<br />

Iorque, onde acrescentou um pós-doutoramento<br />

- também na área da oncologia -<br />

ao seu currículo. De volta a Ponugal, o<br />

cientista coordena há rrês anos a investigação<br />

que é feita no CIPM, cenrro que,<br />

refere, "constitui uma das prioridades da<br />

actual direcção do IPO".<br />

Sendo uma unidade de referência para as<br />

doenças oncológicas, o IPO de Lisboa (assim<br />

como o do Porto e o de Coimbra) fornece as<br />

condições para que os investigadores possam<br />

trabalhar em consonância com os oncologistas<br />

que dedicam mais tempo à área clínica.<br />

"No início, a investigação feita no IPO<br />

dividia-se em hematologia, gasrrenterologia,<br />

enfermeiros e psicólogos - , q ue fazem um<br />

despiste dos vários tipos de cancro entre<br />

pessoas com antecedentes familiares de<br />

doença oncológica. Ainda que em alguns<br />

tipos de cancro a hereditariedade tenha<br />

maior expressão, estudos mostram que,<br />

em média, a genética constitui apenas 5 %<br />

da origem de muitos tumores malignos,<br />

enquanto os restantes 95 % devem-se a<br />

outras causas.<br />

Em Portugal, de acordo com o investigador,<br />

a produção científica na área da oncologia<br />

fica aquém do que seria desejável,<br />

muito atrás daqu ela desenvolvida em<br />

potências como os EUA, Inglaterra, França,<br />

países nórdicos ou Japão.<br />

mento científico e onde os investimentos<br />

em Investigação e<br />

Desenvolvimento (l&D) ficam<br />

aquém do desejado, a Viver a Ciência<br />

pretende contribuir para que<br />

Portugal se aproxime dos índices<br />

dos restantes países da UE. Para<br />

tal, é necessário também que o<br />

cientista tenha um papel mais<br />

activo na sociedade, contribuindo<br />

para que a informação científica<br />

seja mais acessível a todos.<br />

Nesse sentido, a associação desenvolve,<br />

até ao final do ano, uma<br />

iniciativa que visa aproximar os<br />

deputados dos cientistas, através<br />

23 1<br />

guíneos num tecido vivo -, aplicada à área<br />

oncológica, e o coordenador científico do<br />

Centro de Investigação de Parologia Molecular<br />

(CIPM), do Instituto Português de<br />

Oncologia, em Lisboa. "Basicamenre, aqui­<br />

endocrinologia e numa quarta área que abarcava<br />

cancros com outras origens. Com o<br />

decorrer dos anos, estas fro nteiras foram-se<br />

esbatendo, com benefícios para a investigação<br />

e para os doentes." É que com o actual mode­<br />

"Hoje já se sabe muito sobre a maioria dos<br />

cancros. Nos próximos anos, em resultado<br />

dos fortes investimentos feiros na investigação,<br />

vão surgir muitas novas drogas, que<br />

irão complementar e melhorar as respostas<br />

da partilha de experiências. A ida<br />

de políticos aos laboratórios e a<br />

visita de cientistas à Assembleia<br />

servirão para estreitar relações,<br />

criando o hábito de consulta<br />

lo que fazemos é atacar o tumor pela fome.<br />

lo organizacional faz-se investigação funda­<br />

terapêuticas já existentes." O futuro é,<br />

mútua. A bem do Choque Tec­<br />

>>> Sérgio Dias estuda o cancro e é o coordenador da investigação oncológica que se faz no IPO de Lisboa<br />

Como para se dese nvolver ele necessita de<br />

mental, investigação aplicada e há ainda uma<br />

portanto, promissor. E1lll<br />

N uno Estêvão<br />

nológico.


1<br />

AFIO<br />

A GH pediu a António Sampaio, psiquiatra, no Hospital Júlio de Matos, e escritor, com três<br />

romances publicados, para dar azo à imaginação e criar um conto de Natal. Em tempo recorde, o<br />

conto, inédito, chegou-nos às mãos, e vamos hoje publicá-lo.<br />

A GH não ficou por aqui. Pediu, posteriormente, a membros da Associação Nacional de Famílias<br />

para a Integração da Pessoa Deficiente {AFIO) para fazerem uma ilustração ao trabalho do escritor.<br />

O resultado aqui está. É caso para se dizer que quando há vontade, tudo é possível.<br />

,<br />

A todos aqueles que se envolveram connosco nesta vontade, o nosso Obrigado!<br />

ue e<br />

D<br />

e um nascimento se trata. Um<br />

nascimento como qualquer<br />

outro; de uma criança que, por<br />

quererem que homem se fizesse, nasceu 111eni­<br />

nios e maleitas. Era de noite, mas homens<br />

haviam trazido archotes. Estava frio, mas a<br />

multidão aconchegara o estábulo desabrido.<br />

Desencontrados por natureza, aqueles dois<br />

no. Foi em Belém, há muito tempo. Chora-<br />

. .<br />

va porque era menino e assim se esperava<br />

que fizesse. Não ouvia câncicos, nem irradiava<br />

luz da sua fronte. Não era louro nem gorducho.<br />

Não era bom nem mau, que disso nada<br />

seres, cada um à sua maneira, naquela noite<br />

não dormiram e viveram uma história sua.<br />

Esqueceram o dia seguinte, por certo igual a<br />

todos os outros, que de passado e de futuro<br />

nada percebiam. Cada um à sua maneira,<br />

AFIO<br />

sabia. Estava ali. Dormia, chorava e mamava,<br />

contemplaram o menino e tocaram-lhe com<br />

1<br />

24<br />

como todos os outros meninos. Tinha muita<br />

gente à sua volta, como de um príncipe se tratasse.<br />

Mas príncipe não era, que numa manjedoura<br />

sua sanca mãe, exausta, o deitara, e o<br />

mais bem-aventurado dos pais o beijara. Um<br />

burro e uma vaca, que ali estavam, olharam e<br />

cheiraram aquele intruso que os privara do<br />

seu repasto. Vieram pastores e artífices, fidalgos<br />

e mercadores. Vieram crianças e velhos,<br />

curandeiros e vilões. Vieram moçoilas e<br />

focinhos como se quisessem cumprimentar­<br />

-se e tentaram imaginar como seria se deles<br />

aquela cria fosse. Ele, o burro, com ar de<br />

pai, a que só o instinto o chamava, que nunca<br />

se tinha visto em tais assados. Ela, a vaca,<br />

mais descontraída, que sendo fêmea, por<br />

os focinhos, tentando rodo o jeito que estas<br />

coisas requerem; só para ver se estava vivo e,<br />

já agora, se nada de mal lhe acontecia. Decidiram<br />

guardá-lo, que sempre podiam aparecer<br />

lobos ou cobras, que vieram mas mal<br />

não fizeram. Aqueciam-no com o bafo como<br />

se de uma cria sua se tratasse, que não era,<br />

mas era como se fosse. Ouviram sussurros<br />

que de um deus se tratava, que redentor era<br />

o seu nome, mas disso eles nada sabiam. E<br />

doentes, camponeses e letrados. Por entre<br />

nada queria ficar mal vista. Ainda assim,<br />

logo ali? Assim? Na manjedoura que eles,<br />

reis, párias tentavam chegar-se àquele menino,<br />

que nem o burro nem a vaca sabiam o<br />

que tinha de tão especial. O burro e a vaca<br />

resolveram então ficar ali, percebendo apenas,<br />

como percebem todo os animais, que aquilo<br />

era uma cria. Tinham vivido ali sempre,<br />

sem nunca lhes ter sido dada parceria. Des­<br />

olhavam em volta tentando perceber a razão<br />

daquela invasão, que aliás lhes não desagradava.<br />

Sabiam bem, por que o sentiam, que<br />

ninguém ali lhes bateria, ou sequer os ameaçaria.<br />

Estavam todos em silêncio, embora<br />

isso não fosse coisa comum nos humanos,<br />

que constantemente com eles protestavam<br />

duas bestas, lhe haviam cedido? Lá para<br />

eles, a verdade era esta: Os outros asnos<br />

da região e rodas as outras vacas não o<br />

achariam o mais formoso dos filhotes, mas<br />

ali era deles, e disso de bonito e feio, naquela<br />

noite, nada sabiam. E aquele menino<br />

que ali estava, isso eles sabiam, também<br />

pojados de ral bem, roçaram as patas com os<br />

como se culpados fossem de todos os infortú-<br />

não. 111!1 António Sampaio


Retrato Político<br />

da Saúde<br />

Jorge Simões<br />

Almedina<br />

www.almedina.net<br />

COM PREFÁCIO DO ACTUAL MINISTRO DA<br />

Saúde, António Correia de Campos, o livro<br />

Saberes e Poderes<br />

no Hospital<br />

Graça Carapinheiro<br />

Edições Afrontamento<br />

www.edicoesafrontamento.pt<br />

RESULTANTE DE UMA TESE<br />

de doutoramento da socióloga Graça<br />

- ~ · - __.,--:-:: r<br />

_ ___, ~ 1<br />

Í\ \\<br />

. .... ,<br />

·~ . ~·"'<br />

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......<br />

..<br />

.. ..<br />

. ·:.<br />

,,<br />

\<br />

\<br />

;<br />

Economia da<br />

Saúde - Conceitos<br />

e comportamentos<br />

Pedro Pita Barros<br />

Almedina<br />

www.almedina.net<br />

...<br />

B 1o:toG I ~ :<br />

CElULAR E<br />

MOLECULAR<br />

"Retrato Político da Saúde", de Jorge Simões,<br />

Carapinheiro, "Saberes e Poderes no Hospital -<br />

faz uma resenha histórica dos principais sistemas<br />

Uma Sociologia dos Serviços <strong>Hospitalar</strong>es"<br />

"A ECONOMIA DA SAÚDE É A APLICAÇÃO<br />

de saúde dos países da OCDE e esboça a sua<br />

é uma obra que foca o lado humano<br />

da análise económica ao sector da saúde."<br />

evolução nas últimas décadas. Integrando<br />

da saúde, através do estudo da relação<br />

Estas palavras do conhecido economista Pedro<br />

a Administração Pública portuguesa neste<br />

médico/doente. Entre outros assuntos, a<br />

Pita Barros convidam, a propósito do seu livro<br />

contexto alargado, Jorge Simões explica<br />

autora distingue, sobretudo ao nível das<br />

"Economia da Saúde", o leitor a entrar na "forma<br />

como o modelo de hospital se desenvolveu<br />

características inerentes à sua tipologia e<br />

de pensar dos economistas".<br />

no Serviço Nacional de Saúde, desde o período<br />

organização, o hospital geral do hospital<br />

Pensado para todos os interessados em assuntos<br />

pós-25 de Abril até aos nossos dias. Importa<br />

universitário. O poder detido - e exercido -<br />

económicos, desde especialistas a curiosos, Pita<br />

referir que o autor, formado em Direito<br />

e doutorado em Ciências da Saúde, foi<br />

administrador hospitalar e é, desde 1996,<br />

consultor do Presidente da República<br />

pelas principais classes profissionais presentes<br />

nestas unidades de saúde é outro dos pontos<br />

de interesse neste documento de cariz<br />

sociológico.<br />

Histórias de Saúde<br />

Pública<br />

Barros reúne neste livro vários modelos<br />

- de autores consagrados internacionalmente -<br />

cuja a aplicação à realidade da administração<br />

hospitalar não só é possível como, em muitos<br />

Biologia Celular<br />

e Molecular<br />

para os assuntos da Saúde. Para além destes<br />

atributos, Jorge Simões para escrever este livro<br />

baseou-se na sua experiência enquanto<br />

administrador hospitalar. "Retrato Político<br />

Com a orientação de Boaventura Sousa<br />

Santos, esta monografia analisa o encontro<br />

dos conhecimentos médicos com a sabedoria<br />

popular, em práticas sociais comuns,<br />

Francisco George<br />

Livros Horizonte<br />

EM PLENA ERA DA INFORMAÇÃO, É DESEJÁVEL<br />

casos, desejável. Conhecido pela sua<br />

competência científica e facilidade<br />

de comunicação, este professor da Faculdade<br />

de Economia da Universidade Nova de Lisboa<br />

Carlos Azevedo<br />

Lidei<br />

www.lidel.pt<br />

da Saúde" é, portanto, uma obra rigorosa,<br />

tendo como pano de fundo o universo<br />

que as sociedades sejam constituídas<br />

explica, ilustrando com casos reais, alguns<br />

FERRAMENTA IMPORTANTE PARA LEITORES<br />

que aborda a saúde nacional ao longo<br />

da prestação de cuidados de saúde,<br />

por pessoas esclarecidas, detentoras<br />

dos conceitos fundamentais que norteiam<br />

exigentes, mas também para alunos<br />

das últimas décadas.NE<br />

em ambiente hospitalar.NE<br />

de conhecimentos fundamentais.<br />

os Sistemas Económicos, em geral,<br />

dos ensinos secundário e universitário, a obra<br />

Na saúde, como noutras áreas, essa máxima<br />

e, em particular, a Economia da Saúde. NE<br />

"Biologia Celular e Molecular" é merecedora<br />

prevalece. Neste contexto, "Histórias de Saúde<br />

da melhor atenção.<br />

RETRATO<br />

POLÍTICO<br />

DA SAÚDE<br />

L>VlNDlNCr• DO f'l-CU,10 i INOV.~ Aõ<br />

EM l • UD! O• IÕ(ÕLvGI• • v D!\fM'tNHô<br />

~ ABERE E PODERE<br />

~O HO PITAL<br />

'\''- "tl\H\\tH.1\<br />

no~ 't·R\ t\ 1):i- <strong>º</strong>""''' t" \IH....<br />

Pública", de Francisco George, pretende ser um<br />

contributo importante.<br />

Escrito de forma simples e apelativa, pelo actual<br />

director-geral da Saúde, o livro aborda diversas<br />

temáticas da Saúde Pública, desde a prevenção<br />

de maleitas variadas até às doenças<br />

transmissíveis, passando pela Saúde Ambiental.<br />

A experiência do autor, baseada em 30 de<br />

exercício da Medicina, foi decisiva para a inclusão<br />

de diversos casos reais - retratos fiéis das<br />

PEDRO PlTA BARROS<br />

ECONOMIA<br />

DA SAÚDE<br />

CONCEITOS E COMPORTAMENTOS<br />

Com a coordenação de Carlos Azevedo,<br />

professor jubilado de Biologia Celular,<br />

este livro de referência - cuja primeira<br />

edição, entretanto melhorada, foi há 13 anos<br />

- junta uma vasta equipa de cientistas.<br />

Desde a Medicina à Biologia, passando<br />

pela Bioquímica e pela Biofísica, várias são<br />

as áreas do conhecimento representadas<br />

nesta completa e exaustiva apresentação.<br />

Nela poderá encontrar pistas<br />

2.7<br />

1<br />

1). j • \. h 111 \ \ 1 • ' ·~ ~ / ' \ it ' li ~<br />

realidades urbana e do interior de Portugal<br />

para compreender alguns dos assuntos<br />

- que transportam o leitor para o universo<br />

que preocupam a comunidade científica<br />

da prática da Saúde Pública.<br />

mundial. Com este contributo, muitos<br />

\<br />

Uma obra informativa e rigorosa, que merecerá<br />

o interesse tanto de profissionais como do<br />

;t\<br />

,1 \lll'I,,<br />

dos conceitos fundame ntais relacionados<br />

com as ciências biomédicas t ornar-se-ão<br />

público em geral. NE<br />

mais acessíveis a todos. NE


Amigos<br />

Clara Carneiro (farmacêutica) e José Carlos<br />

Lopes Martins (administrador hospitalar) foram<br />

duas das personalidades da Saúde que fizeram<br />

questão em marcar presença, assiduamente,<br />

no Forúm Saúde da Gulbenkian. A amizade<br />

entre Clara Carneiro e Lopes Martins é<br />

longa e certamente que nestes encontros as<br />

novidades em política de saúde estiveram muitas<br />

vezes em análise. E motivos não faltaram:<br />

é que sendo Claro Carneiro uma personalidade<br />

responsável e critica q.b., e Lopes Martins um<br />

profundo conhecedor do sector e habituado a<br />

dar a volta a situações de crise, o diálogo<br />

entre ambos só podia ser "forte".<br />

Conversas<br />

Rui de Lima (ao centro), responsável da Gulbenkian para a Saúde, Vasco Reis (à esquerda)<br />

professor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e Manuel Antunes, director do serviço<br />

de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), foram<br />

três das figuras que tiveram uma intervenção directa no Fórum Saúde de <strong>2005</strong>. Na foto,<br />

durante o intervalo no último debate, os três responsáveis aproveitaram para colocar a<br />

conversa em dia.<br />

Parcerias<br />

O ministro da Saúde, Correia de Campos, seguiu sempre que lhe fo i<br />

possível e com muita atenção as apresentações feitas pelos convidados<br />

estrangeiros no Fórum Saúde, da Gulbenkian. A GH confirma - na<br />

sequência de entrevistas realizadas junto de alguns desses convidados -<br />

que Correia de Campos é bem conhecido junto de todos. Isabel Mota,<br />

membro do conselho de Administração da Gulbenkian, por seu lado,<br />

tem feito um trabalho digno de registo na Fundação. Será que neste<br />

encontro se avançou com alguma novidade ao nível de parcerias na<br />

área da investigação e da Saúde?<br />

Fronteiras<br />

João Lobo Antunes (ao centro) director do lnstututo de Medicina<br />

Molecular de Lisboa, foi o moderador da última sessão dos<br />

encontros Gulbenkian, que teve como tema "Medicina Sem Fronteiras".<br />

Um assunto que trouxe a Portugal Alain Carpenter, director<br />

do Hospital Europeu Georges Pompidou (França) e que reuniu<br />

como comentadores Leonor Beleza, António Borges, Armando<br />

Sevinate Pinto, António Coutinho, Marcelo Re belo de Sousa,<br />

Manuel Antunes, Meliço Silvestre e Francisco Murteira Nabo.<br />

Acções<br />

Os responsáveis da Gulbenkian têm certamente acções delineadas para<br />

o próximo ano, no que se refere à Saúde. Será que no momento "apanhado"<br />

pelo repórter fotográfico da GH, Hugo Ama ra l, estas acções<br />

estavam já a ser esquematizadas?


•<br />

1na<br />

orce ana<br />

Fundada em 1824, a Vista<br />

Alegre é uma das melhores e<br />

mais conceituadas fábricas de<br />

porcelana do mundo. Para o<br />

provar, peritos e<br />

coleccionadores elegem-na<br />

como marca de referência e os<br />

chefes de Estado usam-na<br />

oficialmente quando recebem<br />

as mais altas individualidades.<br />

F<br />

ruto do sonho de José Ferreira Pinto<br />

Basto, a Vista Alegre conta com<br />

mais de 180 anos de história. Aquela<br />

que começou por ser designada de "Ferreira<br />

Pinto & Filhos", foi inspirada pelo sucesso<br />

da fábrica de vidro da Marinha Grande, e<br />

dedicou-se inicialmente à criação de porcelanas,<br />

vidros e processos químicos.<br />

Cinco anos depois de D. João VI ter concedido<br />

o alvará de funcionamento da fábrica,<br />

a Vista Alegre recebeu o título Real<br />

Fábrica, como forma de reconhecimento<br />

da sua arre e do sucesso industrial alcançado.<br />

O contínuo aperfeiçoamento do trabalho<br />

em porcelana garantiu-lhe a entrada da marca<br />

nas casas dos principais chefes de Estado de<br />

todo o mundo e da realeza europeia.<br />

Contudo, o período áureo da porcelana terminou<br />

juntamente com o século XIX, por<br />

isso, enveredar por outros caminhos foi uma<br />

opção natural que os proprietários da fábrica<br />

aproveitaram da melhor forma. Assim,<br />

31<br />

•1


Quisemos ajudá-lo a abrilhantar<br />

o seu Natal e o olhar de quem é<br />

realmente importante, por isso<br />

seleccionámos algumas<br />

propostas de joalharia, criadas a<br />

partir de ~atérias de excepção e<br />

repletas de detalhes de<br />

perfeição.<br />

Aliancas e Anéis<br />

,:><br />

dinh van<br />

A dinh van também pensou nos casais apaixonados e<br />

criou o anel e a aliança Seventies. Em ouro branco,<br />

está cravejado de diamantes e é ideal para selar<br />

uma relação ou simplesmente para usar porque é<br />

perfeitamente simples.<br />

(<br />

j<br />

'd'<br />

~<br />

f'c<br />

:--:.-<br />

~}';.(<br />

_...<br />

e<br />

Solitários de luxo<br />

Chaumet<br />

A Chaumet quis ir mais longe e apresentou ainda<br />

uma colecção de solitários em ouro ou platina, com<br />

diamantes ou safiras, sumptuosos, elegantes e<br />

distintos. Disponíveis com pedras preciosas de<br />

várias cores adocicadas, os oito novos solitários<br />

Chaumet são peças de joalharia intensas e únicas.<br />

.·<br />

.<br />

~<br />

...<br />

Estilo étnico<br />

dinh van<br />

Osmose<br />

A conceituada marca de joalharia dinh van volta a<br />

surpreender, não por recorrer a formas sumptuosas,<br />

mas pela simplicidade repleta de perfeição da sua<br />

mais recente colecção - Osmose. Reflexo de grande<br />

sensualidade, a nova colecção aproxima a jóia da<br />

obra de arte, de uma forma poucas vezes vista.<br />

Osmose recria uma ilusão de infinito, de harmonia<br />

entre o objecto e a imagem, uma paixão quase<br />

hipnótica.<br />

~ ... ~<br />

....<br />

,..<br />

' ,,<br />

Romantismo Ouro<br />

Vivo<br />

Divididas por várias colecções, as jóias Ouro Vivo são<br />

resultado da inspiração na mulher que gosta de<br />

transmitir confiança, segurança e feminilidade. Para<br />

criar a colecção Ethereal a inspiração foi<br />

essencialmente romântica e isso está patente em<br />

cada peça. Disponível em ouro amarelo e em ouro<br />

branco, é constituída por brincos, pingente e<br />

pulseiras, uns com flores e outros com corações.<br />

Apesar das características distintas entre cada<br />

colecção, as novas peças têm em comum a<br />

elegância. As influências étnicas e da natureza são o<br />

mote da colecção Natural Ethnic, da Ouro Vivo.<br />

Disponível em ouro amarelo, esta colecção é<br />

composta por pingente com fio de couro, brincos,<br />

pulseira, pulseira rígida e anel.<br />

Chaumet Class One<br />

Símbolo inquestionável de belas jóias sumptuosas,<br />

a marca francesa apresenta Class One, o anel que<br />

lembra o relógio best-seller da marca e, também à<br />

sua semelhança, é feito de cautchu. Contudo, a<br />

Chaumet quis ir mais longe e acompanhou a jóia<br />

com uma ferramenta que vai ajudar a mudar o<br />

tamanho do anel. Em ouro branco ou amarelo e<br />

cautchu, com uma barra, barras alternadas ou<br />

totalmente cravejado de diamantes, o importante é<br />

ter um total de <strong>12</strong> pedras preciosas, porque esse é<br />

o número da sorte da casa.<br />

H. Stern<br />

60 anos de história e um conhecimento único de<br />

pedras preciosas fazem da H. Stern uma das mais<br />

conceituadas marcas de joalharia do mundo. A isso,<br />

a marca brasileira associa um design muito próprio<br />

que a distingue das demais. Não é à toa que as<br />

maiores estrelas de Hollywood recorrem às peças<br />

de joalharia H. Stern e que o mundo inteiro já está<br />

rendido. Com a modelo Kate Moss a dar cara à<br />

nova colecção, a casa brasileira apresenta peças<br />

que brilham e marcam sem qualquer dificuldade.<br />

Mantendo-se fiel ao que faz melhor, H. Stern<br />

surpreende com peças que encontram na<br />

simplicidade e nas matérias primas o seu aspecto<br />

mais deslumbrante.<br />

Mundo Van Cleef & Arpeis<br />

Numa busca desenfreada por criações únicas, Van Cleef & Arpeis<br />

apodera-se de um dos mais remotos objectos da moda, o botão, e cria<br />

com magia uma colecção de jóias deslumbrantes. Boutonniere é o<br />

nome da colecção que deu origem ao pendente, à pulseira, ao anel e<br />

aos brincos, e está disponível em ouro amarelo, numa versão mais<br />

irreverente, e em ouro branco numa representação mais sóbria.<br />

~<br />

:~<br />

!<br />

35 :


Coisas de Comer<br />

Mosaico de sensações<br />

D<br />

izem<br />

os clientes habituais que<br />

cada visita ao restaurante Coisas<br />

de Comer constitui uma agradável<br />

experiência. Muitas vezes surpreendente,<br />

sobretudo pelas mudanças na decoração -<br />

suscitadas por dias ou épocas tão diversas<br />

como o Natal, Dia dos Namorados, S. Martinho<br />

ou a Noite das Bruxas. Mas não só.<br />

Para eles, a alargada variedade de sabores e o<br />

serviço eficaz, mas descontraído, são motivos<br />

suficientes para a sua fidelidade.<br />

Natural de Angola, Cândida Caras Lindas é a<br />

proprietária do Coisas de Comer. A ementa<br />

percorre as cozinhas africana, cubana, portuguesa<br />

e internacional. Do fogão saem pratos<br />

tão diferentes desde o Kalulú (muamba de<br />

peixe) às enchiladas, passando pelo buffet de<br />

cozido à portuguesa (aos domingos) ou pelo<br />

folhado de perdiz. Mas uma das especialidades<br />

da casa é a Riqueza de peixe, uma espécie<br />

de sopa com vários tipos de pescado servida<br />

numa tigela coberta por um folhado.<br />

"Gosto muito de cozinhar e o meu sonho<br />

sempre foi ter um restaurante", conta. Para<br />

beber, para além de uma selecção de vinhos<br />

portugueses, há bebidas mais exóticas como a<br />

caipirinha ou o mojito. Da carta fazem também<br />

parte as sangrias (branca, tinta e de<br />

espumante), assim como 14 títulos de champanhes<br />

e espumantes.<br />

Segredos bem guardados<br />

Situado em frente às portas laterais do Palácio<br />

de Belém, na Calçada da Ajuda, o Coisas de<br />

Comer funciona ao almoço e ao jantar. A<br />

clientela é sobretudo portuguesa, embora haja<br />

alguns turistas. "Muitos entram por verem<br />

que temos comida cubana. Alguns quando<br />

regressam aos seus países recomendam o restaurante<br />

a outros amigos que, quando vêm a<br />

Portugal, acabam por nos visitar", diz a gestora<br />

das compras e da cozinha. Cândida coma<br />

com a preciosa ajuda da filha Marta, a relações<br />

públicas do espaço, com quem partilha a<br />

resolução dos problemas quotidianos. Com<br />

frequência, muitos clientes especulam sobre o<br />

que estão a comer: "Várias pessoas perguntam<br />

qual é a receita, quais são os condimentos. E<br />

vão dizendo o que acham que compõe o<br />

prato. Normalmente, não tem nada a ver com<br />

o que estão a comer", diz Cândida Caras Lindas.<br />

Como os segredos da culinária não se<br />

revelam, em jeito de comentário simpático,<br />

costuma responder: "Se vamos dar a receita<br />

deixam de nos visitar." E sem clientes um restaurante<br />

não tem sentido. l!lll Nuno Estêvão<br />

Coisas de Comer Calçada da Ajuda, n°34<br />

213626100


o crescimento<br />

as<br />

es esas em sau e<br />

,<br />

T<br />

em sido usual a realização de<br />

comparações internacionais das<br />

despesas de saúde e dos sistem<br />

as de saúde como forma de aferir o<br />

desempenho de diferentes sistemas e de<br />

diferentes países. Essas comparações procuram<br />

encontrar os faccores determinantes<br />

das diferenças nas despesas da saúde en tre<br />

países com níveis de desenvolvimento relativamente<br />

similares. Para comp reender o<br />

porquê destas análises basta comparar a<br />

despesa p er capita entre os países da<br />

OCDE (medida em paridades de poder<br />

de compra, para acomodar diferenças de<br />

níveis de preços entre países). Encontram-se<br />

níveis de despesa bastante distintos, não<br />

sendo à primeira vista evidente quais as<br />

características dos sistemas de saúde que<br />

estão na origem dessas diferenças, nem se<br />

essas diferenças em termos de despesa têm<br />

correspondência em termos de res ultados<br />

de saúde das respectivas populações.<br />

Um outro motivo para análises a nível<br />

agregado é a importância que o sector<br />

público tem em praticamente todos os<br />

países da OCDE. Como a maioria dos<br />

países também tem défice orçamental nas<br />

contas do Estado, surgem pressões para<br />

conter a despesa pública, e por arrastamento<br />

a despesa total, em saúde.<br />

As comparações a nível internacional procuram<br />

sobretudo perceber que grandes<br />

faccores influenciam uma maior o u menor<br />

despesa, perceber se a definição global de<br />

um sistema de saúde é fundamental para o<br />

nível de des pesa em saúde de cada país.<br />

A realização de comparações internacionais<br />

tem que ultrapassar vários problem as<br />

metodológicos. Em primeiro lugar, falta<br />

uma base conceptual sólida para as comparações,<br />

que são feitas essencialmente países. Apesar desse esforço, as amostras<br />

tado por cada definição em cada um dos<br />

com recurso a equações de regressão de estatísticas não são muito grandes. O quadro<br />

(Despesas em Saúde) apresenta alguns<br />

natureza ad-hoc. Em segundo lugar, há o<br />

problema da informação estatística e sua indicado res básicos para o conjunto dos<br />

comparab ilidade. Apesar dos esforços da países da OCD E.<br />

OCDE em criar uma base de dados interri.acio<br />

nal (OCD E, 2004), subsistem ainda que existe razoável dispersão nas despesas<br />

Constata-se, como p rimeira observação,<br />

muitas dúvidas sobre o que de facto é cap-<br />

per capita nos países da OCDE. Em<br />

Despesas em Saúde (2002)<br />

Despesas per capita PIB per capita Despesa Pública<br />

{USD, em PPP) {USD, em PPP) / Despesa Total em Saúde<br />

Áustria 2220 28842 69,9<br />

Bélgica 251 5 27652 71,2<br />

Canadá 2931 30429 69,9<br />

República Checa 11 18 15098 91,4<br />

Dinamarca 2580 29228 83, 1<br />

Finlândia 1943 26616 75,7<br />

França 2736 28094 76<br />

Alemanha 2817 25843 78,5<br />

Grécia 1814 19041 52,9<br />

Hungria 1079 13891 70,2<br />

Islândia 2807 28404 84<br />

Irlanda 2367 32571 75,2<br />

Itália 2166 25569 75,6<br />

Luxemburgo 3065 49207 85,4<br />

México 553 9026 44,9<br />

Países Baixos 2643 28983 -<br />

Nova Zelândia 1857 21943 77,9<br />

Noruega 3083 35531 85,3<br />

Polónia 654 10804 72,4<br />

Portugal 1702 18376 70,5<br />

República Eslovaca 698 <strong>12</strong>256 89, 1<br />

Espanha 1646 21592 71,4<br />

Suécia 2517 27255 85,3<br />

Suiça 3445 30725 57,9<br />

Reino Unido 2160 27959 83,4<br />

Estados Unidos 5267 36006 44,9<br />

Fonte: OECD Health Data 2004; Notas: USO - dó/ores norte-americanos; PPP - "Purchasing Power Parities" - Paridades de Poder de Compra<br />

segundo lugar, é igualmente aparente uma<br />

relação positiva entre o nível de rendimento<br />

per capita de cada país e a sua despesa<br />

(igualmente em termos per capita).<br />

Países com uma pop ulação com maiores<br />

rendimentos gastam também mais em cuidados<br />

médicos. Esta observação recebe<br />

significado estatÍstico olhando-se para<br />

quanto das despesas per capita em cuidados<br />

de saúde são explicadas por diferenças<br />

nos níveis de rendimento das populações.<br />

O primeiro grande estudo deste ripo fo i<br />

apresentado em Newhouse (1977), cobrindo<br />

apenas 13 países e usando dados de<br />

197 1. A análise de regressão de Newhouse<br />

(1977) procurava explicar as despesas em<br />

saúde tendo como faccor determinente o<br />

nível de rendimento (.. .).<br />

Com o progressivo desenvolvimento da<br />

base de dados da OCDE, foi sendo possível<br />

alargar o âmbito das análises empíricas,<br />

usando duas dimensões (tempo e número<br />

de países) para alargar o número de observações<br />

estatísticas, testando-se um conjunto<br />

mais alargado de hipóteses.<br />

O estudo mais completo nesta linha de<br />

análises foi realizado por Gerdtham et ai.<br />

(1998), contemplando 22 países e o período<br />

1971-1990, e inclui testes de hipóteses<br />

sobre os efeitos das características organizacionais<br />

dos sistemas de saúde sobre o<br />

nível das despesas em saúd e.<br />

Os res ultados encontrados revelaram-se<br />

sensíveis a variações na definição da amostra<br />

utilizada e ao conjunto de variáveis<br />

incluíd as. Adicionalmente, coloca-se a<br />

questão estatística de estes modelos empíricos<br />

usarem os denominados "efeitos<br />

fixos" específicos a cada país. Isco é,<br />

inclui-se um factor não especificado de<br />

diferenças entre países, que acaba por captar<br />

grande parte da variância existente,<br />

sem que se possa, de facto, explicitar as<br />

forças económicas subjacentes.<br />

O estudo de Gerdtham et ai. (1998)<br />

concluía que a existência de um sistema<br />

de referenciação (gatekeeping) e o tipo de<br />

sistema de saúde tinham um papel relevante<br />

na determinação do nível de despesas<br />

de saúde.<br />

Em termos de impacto do tipo de sistema<br />

de saúde, um sistema de reembolso público<br />

parece ser menos dispendioso que as<br />

alternativas de integração vertical pública<br />

e de sistema contratual (sendo estas duas<br />

essencialmente similares em termos de<br />

impacto na despesa total).<br />

Os países considerados como tendo sistema<br />

de reembolso nessa análise foram: Austrália,<br />

Bélgica, França, Itália (até 1978),<br />

Japão, Luxemburgo, Suiça e Estados Unidos.<br />

Os países identificados com o modelo<br />

de integração vertical foram: Dinamarca,<br />

Finlândia, Grécia (desde 1983),<br />

Islândia, Irlanda, Itália (desde 1970), Nova<br />

Zelândia, Noruega, Portugal (desde 1978),<br />

Espanha (desd e 1984), Suécia e Reino<br />

Unido. Finalmente, os países com sistema<br />

de contrato público foram: Áustria,<br />

Canadá, Alemanha, Grécia (até 1982),<br />

Países Baixos, Portugal (até 1977), Espanha<br />

(até 1983) e Turquia.<br />

Já no que respeita à existência de um sistema<br />

de referenciação, o estudo encontra<br />

um efeito robusto: os países com esse sistema<br />

têm menores despesas. Curiosamente,<br />

um dos aspectos que mais atenção recebe<br />

em termos mediáticos, o envelhecimento<br />

da população não apresentou uma relação<br />

estatística significativa.<br />

Estas análises em níveis só respondem,<br />

porém, a cerro tipo de questões. Não se<br />

pode delas inferir que determinado sistema<br />

de saúde tenha maior ou menor capacidade<br />

de conter gastos. Uma determinada<br />

organização do sistema de saúde pode ter<br />

assegurado no passado um menor nível<br />

global de despesa num determi nado<br />

momento de tempo e características do<br />

sistema de saúde e uma eventual relação<br />

entre o crescimento da despesa e essas<br />

mesmas características (...).<br />

Análise de taxas de crescimento indica que<br />

sistemas favorecem um maior (ou menor)<br />

crescimento da despesa em saúde. O estudo<br />

de Barros (1998) testa várias hipóteses:<br />

a) os países que gastam relativamente mais<br />

em saúde também apresentam um menor<br />

ritmo de crescimento. A disseminação do<br />

conhecimento e tecnologia da medicina<br />

sugerem uma tendência global para despesas<br />

per capita similares. Caso assim seja,<br />

devia-se observar uma taxa de crescimento<br />

das despesas em saúde superior nos países<br />

que à partida apresentam uma menor despesa<br />

per capita;<br />

b) efeito positivo do crescimento d o rendimento<br />

(aproximado pelo crescimento<br />

do PIB);<br />

e) diferentes sistemas de organização do<br />

sector (seguindo a classificação da OCDE);<br />

d) existência de um sistema de referenciação<br />

baseado na actuação dos médicos de família;<br />

e) efeito do envelheci menta. Tem sido<br />

muito divulgada a ideia do envelhecimento<br />

da população acarretar um maior volume<br />

de gastos com as despesas em cuidados


médicos. Contudo, os estudos empíricos<br />

não têm confirmado essa conjectura. É,<br />

é o do crescimento da despesa médica per<br />

capita (nos EUA) a um ritmo de 4% ao<br />

considera-o como pouco relevante quantitativamente;<br />

Gouveia e Barros (1995) estim aram u m<br />

aumento médio da despesa em saúde atri­<br />

9 ,6 % do PIB. O lhando para números<br />

actuais, à volta de 9,3% em 2003 , vemos<br />

anual, 1,74%. Ad mitindo um crescimento<br />

nulo da prod utividade na área da saúde<br />

po r isso, adequado testar também aqui<br />

ano, durante m eio século (desde a 2ª<br />

buível ao envelheci men to da população<br />

que esta p revisão simples talvez não seja<br />

(hipótese extrema, mas útil para a constru­<br />

esse aspecto;<br />

f) efeito do peso do sector público, dado<br />

Guerra Mundial aos anos 90). Ou sep,<br />

em cinquenta anos, a despesa em saúde<br />

Produtividade dos factores - este argumento<br />

é conhecido como a doença de Baumol. A<br />

de 2 ,4% enquanto o aumento das despesas<br />

reais foi de 34 % . Ou seja, na melhor das<br />

m uito errada. Pelo menos, esta será uma<br />

explicação a ter em conta para o cresci­<br />

ção d o exem plo), prevê-se que o p reço<br />

relativo do sector da saúde cresça 4 1 o/o<br />

que as despesas públicas e privadas em<br />

saúde podem não ser perfeitamente substituíveis<br />

entre si.<br />

cresceu 780% . Vejamos qual a estimativa<br />

para a contribuição de cada efeito.<br />

ideia crucial por detrás da doença de Baumol<br />

é a de que alguns sectores da economia,<br />

que usam intensivamente trabalho, carac­<br />

hipóteses o envelhecimento foi responsável<br />

por 7% do aumento das despesas com cuidados<br />

médicos em Portugal. Ainda n esse<br />

mento da despesa pública em Portugal.<br />

Detalhando o modo como fo i o btida esta<br />

estimativa, o p onto de partida é a pro­<br />

nos próximos 20 anos (1,41 = 1,0174 20 ) ,<br />

que aplicado à percentagem do PIP dedicada<br />

à saúde dá 9,6% (=6,8 x 1,41). Mais<br />

A análise é feita com base em taxas de crescimento<br />

ao longo de uma década para evi­<br />

Envelhecimento - se apenas a estrutura da<br />

população se alterar, mantendo a despesa<br />

terizam-se por um tipo de progresso tecnológico<br />

que não poupa a utilização de<br />

documento é igualmente apresentada uma<br />

estimativa para o efeito da doença de Baumol.<br />

porção da despesa em saúde no PIB no<br />

ano de 1991, 6,8% . Nas duas décadas de<br />

do que a certeza do valor obtido por estas<br />

contas, resulta daqui uma ilustração da<br />

tar variações de curro prazo, capturando<br />

média em saúde por doente constante,<br />

trabalho. São sectores com um menor cres­<br />

Esse cálculo aponta para que em 201 1 a<br />

1971 a 1990, a prod utividade média da<br />

potencial importância da doença de Baumol<br />

unicamente as tendências de longo prazo. A<br />

amostra incluiu 24 países da OCDE.<br />

obtém-se o aumento da despesa em saúde<br />

decorrente da evolução demográfica. As<br />

cimento da produtividade. O exemplo<br />

apresentado por Baumol (1993) é a neces­<br />

despesa em cuidados de saúde seja cerca<br />

economia portuguesa cresceu, em média<br />

como facror explicativo do crescimento<br />

das despesas em cuidados médicos.<br />

O s res ultados obtidos indicam a presença<br />

de um efeito de convergência nas despesas<br />

per capita em saúde. H á, aparentemente,<br />

um menor crescimento da despesa durante<br />

a década de 80, embora a não signifi­<br />

contas realizadas indicam um acréscimo<br />

de despesa na ordem dos 15 % ;<br />

Aumento da cobertura de seguro - o<br />

argumento básico para este efeito deter­<br />

sidade de tanto hoje como há duzentos<br />

anos precisarmos de quatro músicos para<br />

tocar um quarteto de cordas de Mozart.<br />

No caso da saúde, um médico não vê hoje<br />

três vezes mais doentes em 20 minutos do<br />

C o nclu indo, os efeitos estatist icamente<br />

sign ificativos e rob us tos no sen tido de<br />

presentes em diversos estudos são: (a) um<br />

impacto positivo do rendimento per capita,<br />

com uma elasticidade procura-rendi­<br />

cân cia das variáveis associadas com o tipo<br />

de sistema de saúde, com a existência de<br />

referenciação, com o peso do sector público<br />

o u com o envelhecimento da população,<br />

deixe es te fe ito por ex plicar.<br />

Para averiguar se es tes resultados depen­<br />

minar um aumento da despesa em cuidados<br />

d e saúde é baseante simples. A presença<br />

de seguro diminui o preço pago pelo<br />

consumidor no momento de consumo e<br />

como tal tende a aumentar a procura de<br />

cuidados médicos. Estudos para os EUA<br />

que o fazia há 20 ou 30 anos. Há um crescimento<br />

muito baixo desta produtividade.<br />

Estando o sector da saúde incluído<br />

nas actividad es afectadas por esta doença<br />

de Baumol, será inevitável o aumento do<br />

preço relacivo dos bens e serviços de saúde,<br />

men to próxim a da u nidade; (b) efeitos<br />

não sign ificat ivos da estru tura etária<br />

(nomeadamente, ausência de impacto relevante<br />

do envelhecimento); (c) o uso de<br />

um sistema de referenciação baseado nos<br />

cuidados de saúde primários encontra-se<br />

diam da base de dados usada, foi estimada<br />

indicam que a passagem de uma compar­<br />

e o aumento da sua importância no PIB.<br />

ass ociado com uma menor despesa global<br />

uma relação em níveis, para confronto<br />

com as regras desta natureza tipicamente<br />

estimadas . Verificou-se que os resultados<br />

obtidos nessas relações em níveis eram<br />

compatíveis com os existentes na literatura.<br />

A análise de regressão não é a única fo rma<br />

de olhar para os elementos determinantes<br />

tic ipação d e 33% para cobertura total<br />

(preço zero pago pelo consumidor) causaria,<br />

no máximo, um aumento de 40 a 50%<br />

na procura. Como se passou de uma taxa<br />

de média de ccmparticipação de 67% para<br />

27%, a estimativa resulta num aumento de<br />

50% das despesas (ainda bastante longe<br />

dos quase 800% observados);<br />

Tomando como indicador a inflação relativa<br />

do sector da saúde face ao índice de<br />

preços no consumidor, ocorreu um aumento<br />

claro do preço relativo dos bens e serviços<br />

médicos, sugerindo que talvez haja algum<br />

efeito por este lado. C ontudo, N ewhouse<br />

argumenta que a diferença de produtividades<br />

n ão será assim tão grande q ue faça<br />

em saúde (embora pareça que esta característica<br />

não contribui para uma menor<br />

taxa de crescimento da despesa); (d) um<br />

sistema de reembolso encontra-se associado<br />

com um menor nível de despesa.<br />

Já o papel da dimensão do sector público e<br />

de outros facrores, como o número de<br />

médicos, limites orçamentais, sistemas de<br />

da despesa em saúde e do seu crescimento.<br />

O trabalho de Newhouse ( 199 2) procura<br />

Aumento do rendimento real -<br />

usando<br />

com que este efe ito seja dominante.<br />

Somando todos estes fa ctores, N ewhouse<br />

remuneração de profissionais, etc . . ., apesar<br />

de apresentarem os sinais esperados têm<br />

desagregar o crescimento da despesa em<br />

saúde em várias co mponentes . A abo rdagem<br />

consiste em estimar, usando in fo r­<br />

mação proveniente de diversas fontes, qual<br />

o crescimento da despesa em saúde q ue<br />

pode ser atribuída a um factor es pecífico.<br />

A parte que não consegue atrib uir a um<br />

fac tor concreto é identificada como devida<br />

a progresso tecnológico (que é obtido,<br />

ass im, por diferença). O ponto de partida<br />

uma elasticidade procura preço próxima da<br />

unidade, a contribuição deste factor terá<br />

sido cerca de 180% ;<br />

Indução da procura - por este termo<br />

entende-se a situação em que a existência<br />

de maior número de profissionais leva a um<br />

aumento da procura de serviços médicos.<br />

N ão havendo evidência force e consistente<br />

sobre a magnitude deste efeito, Newhouse<br />

considera que não chegarão a 50% do total<br />

de crescimento das despesas com cuidados<br />

médicos. O s restan tes 50 % são por ele<br />

atribuídos à evolução d o progresso tecnológico,<br />

com o aparecimen to de novas<br />

terapêuticas e tecn ologias, que são mais<br />

caras que a geração preceden te .<br />

Para Portugal, sabemos m uito pouco, uma<br />

vez q ue não existe uma análise completa<br />

deste tipo. Num cálculo simples, Lucena,<br />

>>> Pedro Pi ta Barros, doutorado em Economia e Professor Catedrático da Faculdade de Economia<br />

da Universidade Nova de Lisboa<br />

um carácter mais incerto quanto à sua significância<br />

estatística, uma vez que se encontram<br />

baseados em um ou dois estudos. 1!111<br />

Pedro Pita Barros<br />

(Excerto do livro "Economia da Saúde,<br />

Conceitos e Comportamentos", de Pedro Pita<br />

Barros, cujo lançamento teve lugar no início<br />

de D ez embro na Livraria Almedina, em<br />

Lisboa - Saldanha)


DIÁRIO DA REPÚBLICA<br />

A GH apresenta a legislação mais significativa publicada no Diário da República, entre 1 de Novembro<br />

e 9 de Dezembro de <strong>2005</strong>.<br />

Presidência do Conselho de Ministros<br />

Resolução do Conselho de Ministros n. 0 174/<strong>2005</strong>, de 14 de Novembro<br />

Aprova, para o corrente ano, a distribuição de indemnizações compensatórias a<br />

diversas empresas do sector público e privado<br />

Resolução do Conselho de Ministros n. 0 183/<strong>2005</strong>, 28 de Novembro<br />

Aprova o Programa Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego <strong>2005</strong>-<br />

2008<br />

Presidência do Conselho de Ministros e Ministérios das Finanças<br />

e da Administração Pública e do Trabalho e da Solidariedade<br />

Social<br />

Portaria n. 0<br />

<strong>12</strong>56/<strong>2005</strong>, de 2 de Dezembro<br />

Regulamenta o Programa Estágios Profissionais na Administração Pública<br />

Ministério da Saúde<br />

Portaria n. 0 1140/<strong>2005</strong>, de 7 de Novembro<br />

Classifica como hospital central o Hospital de São Teotónio, S. A., de Viseu<br />

Ministérios da Administração Interna, da Economia e da Inovação,<br />

da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, das Obras<br />

Públicas, Transportes e Comunicações, do Trabalho e da Solidariedade<br />

Social e da Cultura<br />

Portaria n. 0 1182/<strong>2005</strong>, de 24 de Novembro<br />

J\prova o regulamento de condições mínimas para os trabalhadores administrativos<br />

Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior<br />

Portaria n. 0 1198/<strong>2005</strong>, de 25 de Novembro<br />

Aprova o plano de estudos do curso bietápico de licenciatura em Informática para<br />

a Saúde ministrado pela Escola Superior de Tecnologia de Barcelos, do Instituto<br />

Politécnico do Cávaâo e do Ave<br />

Portaria n. 0 1199/<strong>2005</strong>, de 25 de Novembro<br />

Aprova o plano de estudos do curso bietápico de licenciatura em Informática para<br />

a Saúde ministrado pela Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de<br />

Castelo Branco<br />

Portaria n. 0 <strong>12</strong>02/<strong>2005</strong>, de 25 de Novembro<br />

Aprova o plano de estudos do curso bietápico de licenciatura em Farmácia ministrado<br />

pela Escola Superior de Saúde do fnstituto Politécnico da Guarda<br />

Roche<br />

Inovamos na Saúde<br />

Decreto-Lei n. 0 213/<strong>2005</strong>, de 9 de Dezembro<br />

Cria um regime excepcional e transitório para a contratação de empreitadas de<br />

obras públicas, fornecimento de bens e aquisição de serviços destinados ao<br />

desenvolvimemo das experiências piloto em execução e cumprimento dos objectivos<br />

da Comissão para o Desenvolvimento dos Cuidados de Saúde às Pessoas Idosas<br />

e às Pessoas em Situação de Dependência, aprovados pela Resolução do<br />

Conselho de Ministros n. 0 84/<strong>2005</strong>, de 27 de Abril<br />

Ministério das Finanças e da Administração Pública<br />

Decreto-Lei n. 0 179/<strong>2005</strong>, de 2 de Novembro<br />

Altera os artigos 78. 0 e 79. 0 do Estatuto da Aposentação, definindo as condições<br />

de exercício de funções públicas ou de trabalh o remunerado por aposentados, em<br />

quaisquer serviços do Estado, pessoas colectivas públicas ou empresas públicas<br />

Portaria n. 0 1141/<strong>2005</strong>, de 8 de Novembro<br />

Define e regulamenta os cursos específicos para alta direcção em Administração<br />

Pública, de cuja frequência e aproveitamento depende, nos termos dos n.<strong>º</strong>s 1 e<br />

5 do artigo <strong>12</strong>. 0 da Lei n. 0 2/2004, de 15 de Janeiro, na redacção da Lei n. 0<br />

51 /<strong>2005</strong>, de 30 de Agosto, o exercício de cargos de direcção superior e intermédia<br />

nos serviços e organismos da administração pública central. Revoga a Portaria n. 0<br />

899/2004, de 23 de Julho<br />

Direcção-Geral do Orçamento<br />

Declaração n. 0 19/<strong>2005</strong>, de 22 de Novembro<br />

Publica os mapas I a IX modificados em virrude das alterações efectuadas até 30<br />

de Setembro respeitantes ao O rçamento do Estado de <strong>2005</strong><br />

Decreto-Lei n. 0 211/<strong>2005</strong>, de 7 de Dezembro<br />

Introduz alterações ao Código do IRS, ao Código do [RC, ao Código do Imposto<br />

do Selo, ao Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, ao Código do Imposto<br />

Municipal sobre as Tran missões Onerosas de Imóveis e ao Regime do IVA nas<br />

Transacções lntracomunitárias e em legislação fiscal complementar, aperfeiçoando<br />

e simplificando as obrigações acessórias impostas aos contribuintes<br />

Portaria n. 0 <strong>12</strong>04/<strong>2005</strong>, de 25 de Novembro<br />

Cria o curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem Comunitária<br />

na Escola Superior de Enfermagem de O. Ana Guedes e aprova o respectivo plano<br />

de estudos<br />

Portaria n. 0 <strong>12</strong>05/<strong>2005</strong>, de 25 de Novembro<br />

Altera o quadro n. 0 2 do anexo à Port~ia n. 0 375/<strong>2005</strong>, de 4 de Abril (cria na Escola<br />

Superior de Enfermagem do Dr. Angelo da Fonseca o curso de pós-licenciatura<br />

de especialização em e nfermagem cfe Saúde Materna e Obstetrícia e aprova o<br />

respectivo plano de estudos)<br />

Portaria n. 0 <strong>12</strong>47/<strong>2005</strong>, de 28 de Novembro<br />

Autoriza a alteração da estrutura e do plano de estudos do curso bietápico de licenciatura<br />

em Prótese Dentária m in istrado pela Escola Superior de Saúde do Vale do<br />

Sousa, do Instituto Politécnico da Saúde do Norte<br />

Portaria n. 0 <strong>12</strong>45/<strong>2005</strong>, de 28 de Novembro<br />

Autoriza o funcionamento do curso de licenciatura em Psicologia na Universidade<br />

Portucalense Infante D. Henrique e aprova o respecrivo plano de estudos<br />

Ministério dos Negócios Estrangeiros<br />

Decreto n. 0 25-N<strong>2005</strong>, de 8 de Novembro<br />

Aprova a Convenção Quadro da Organização Mundial de Saúde para o Controlo<br />

do Tabaco, adaptada em Genebra, pela 56.ª Assembleia Mundial de Saúde, em<br />

21 de Maio de 2003<br />

Região Autónoma da Madeira - Assembleia Legislativa<br />

Decreto Legislativo Regional n. 0 20/<strong>2005</strong>/M, de 25 de Novembro<br />

Altera o regime e orgân ica do Serviço Regional de Saúde, aprovado pelo Decreto<br />

Legislativo Regional n. 0 9/2003/M , de 27 de Maio<br />

Presidência da República<br />

Decreto do Presidente da República n. 0 69/<strong>2005</strong>, de 10 de Novembro<br />

Fixa o dia 22 de Janeiro de 2006 para a eleição do Presidente da República<br />

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