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Gestão Hospitalar N.º24/25 1991

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REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ADMINISTRADORES HOSPITALARES<br />

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IZAÇAO INTERNA<br />

DO ~ HOSPITAIS:<br />

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Revista da Associação Portuguesa<br />

de Administradores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

G E S T Ã O<br />

Membro da Associação Europeia<br />

de Directores <strong>Hospitalar</strong>es<br />

ISSN: 0871 - 0776 N.º 24/<strong>25</strong> ·ANO VII· JULHO/DEZEMBRO· 500$00<br />

DIRECTOR<br />

Artur Morais Vaz<br />

,<br />

SUMARIO<br />

Juntos,<br />

servimos<br />

•<br />

a VIDA<br />

• bioMérieux<br />

bioMérieux Portuguesa, Lda. Calçada de Santa Catarina Nº 9 C 1495 LISBOA T el. 41 50 278 Fax 41 50 118<br />

Colaboram neste número:<br />

J. D. Freitas<br />

J. Simões<br />

M. Mota Pinto<br />

Fátima Rosado<br />

José Soares<br />

Carlos Pinho<br />

Jaime Batista<br />

Reis Abreu<br />

V asco Pinto Reis<br />

Ana Dias<br />

Ana Infante<br />

Rosa Matos<br />

FOTOCOMPOSIÇÃO,<br />

MONTAGEM E SELECÇÃO DE<br />

CORES<br />

INFORMA - Artes Gráficas, Lda.<br />

Rua Maria, 48 - R/c<br />

1100 LISBOA<br />

Telefones: 815 06 53/4<br />

ADMINISTRAÇÃO,<br />

PUBLICIDADE<br />

E ASSINATURAS<br />

MTF<br />

Gabinete de Publicidade, Lda.<br />

Rua Maria, 49 - 2.º Esq.<br />

1100 LISBOA<br />

Telefones: 814 44 95 - 814 02 32<br />

Fax: 83 28 48<br />

IMPRESSÃO E ACABAMENTO<br />

Litobizarra, Lda.<br />

Rua Particular à Qta. do Figo<br />

Maduro, Letras A/B/C 1.º Piso<br />

Telefone: 941 61 57<br />

2685 SACA VEM<br />

Publicação Trimestral<br />

CAP A: Hospital Garcia de Orta<br />

TIRAGEM<br />

5000 exemplares<br />

DEPOSITO LEGAL N.º 418<strong>25</strong>/90<br />

Editorial . . . .. . .. . .. . . .. . .. . . .. .. .. . . . .. . . . .. . . .. . .. . . .. . .. . .. . . .. . .. . . .. . . .. . .. . . . . . .. . . .. . .. . .. . 2<br />

Menção Especial do Júri - Projecto de Hospital de Dia do<br />

Serviço de Dermatologia - Hospitais da Universidade de<br />

11<br />

C 01m . b ra U ma AI ternatlva . a ' H osp1ta . 1· izaçao - 11<br />

........................ 3<br />

Morte no Hospital . .. . . .. . . .. . . . . . .. . .. . . .. . .. . . . . . .. .. .. . . .. .. . . .. . . . . .. . . . .. . . .. . .. . .. . . 15<br />

Menção Honrosa - Sistema Informático para Registo de<br />

Endoscopia Digestiva Alta ...................................................... 19<br />

Organização Interna dos Hospitais: O Caso dos Açores ............. 22<br />

Clínica Privada e Hospitais Públicos - Comentários ao<br />

Despacho 14/90 do Ministro da Saúde .................................... 34<br />

NORMAS EDITORIAIS<br />

l ª A Revista aceita trabalhos sobre qualquer assunto relacionado com o tema geral da gestão de serviços<br />

de saúde entendida esta no seu mais amplo sentido.<br />

2ª Os artigos deverão ser enviados ao Director. A este caberá a responsabilidade de aceitar, rejeitar ou<br />

propor modificações.<br />

3ª Os artigos deverão ser enviados em duplicado (incluindo quadros e figuras), dactilografados a duas<br />

entrelinhas em fo lha de formato A4. Em cada folha não deverão ser datilografadas mais de 35 linhas.<br />

As folhas serão numeradas em ordem sequencial.<br />

4ª Os artigos deverão ser acompanhados, sempre que possível, por fotografia do(s) autor(es), tipo passe.<br />

5ª Os trabalhos deverão conter em folhas separadas o seguinte:<br />

a) Título do trabalho, nome(s) do(s) autor(es) e pequeno esboço curricular do(s) autor(es), principais<br />

funções ou títulos, até ao maximo de dois;<br />

b) Pequena introdução ao artigo até máximo de uma página dactilografada;<br />

c) O texto;<br />

d) Quadros com títulos e legendas (folhas autónomas)<br />

e) Gráficos desenhados a traço de tinta-da-china sobre papel vegetal sem números ou palavras;<br />

f) Títulos, legendas ou elementos dos gráficos escritos em folhas de fotocópias destes, à parte;<br />

g) Fotografias númeradas no verso, a lápis, segundo a ordem de entrada no texto e respectivas<br />

legendas;<br />

h) Pequenos resumos do artigo em língua francesa e inglesa, incluindo títulos;<br />

i) Os originais não deverão conter pés-de-página. Todas as referências bibliográficas completas<br />

serão insertas no final do artigo.<br />

O Editorial e os Artigos não assinados são da responsabilidade d~ Direcção da Associação.<br />

Os Artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos s~u s autores, não comprometendo a<br />

Associação com os pontos de vista neles expressos. Embora mere ndo a melhor atenção, a colaboraç o 1 1<br />

não solicitado não será devolvida, reservando-se o direito de a p blicar ou não.<br />

-f.--<br />

F VlJwt u_~<br />

1' I BT.J I O TECA


HôsíiiTÃtÃfi<br />

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Q Á l ,<br />

2 1<br />

Este é, certamente, o último editorial da respOfJ_sabilidade da equipa que, nos<br />

dois anos findos, assegurou a Direcção da APAH.<br />

Dois anos em que, se algo se modificou no sector da saúde, foi o "tom" da<br />

intervenção do Ministério responsável. Mas, na substância, continuam a<br />

verificar-se os problemas e ambiguidades que, desde há muito, e por vezes em<br />

estranha consonância, vêm sendo denunciados pelas diversas partes envolvidas.<br />

Na falta de uma política de Saúde para Portugal, decorrente da ausência<br />

sistemática de reflexão séria, consenso e aprendizagem com a experiência<br />

própria e alheia, continuam a perpetuar-se a indefinição de um sistema que<br />

garanta, com qualidade, a prestação de cuidados de saúde às populações, o<br />

amadorismo de muitas soluções de gestão dos serviços, a concupisciência dos<br />

sectores público e privado, a desregulamentação, a falta de linhas estratégicas<br />

de actuação ...<br />

Não basta a lei de Bases da Saúde, saítla mais da pena dos tribunos que da<br />

capacidade técnica de quem, diariamente, lida com os problemas. Não basta<br />

o constante "rodopio" das carreiras médica e de enfermagem, com os<br />

consequentes impactos negativos nos orçamentos dos serviços públicos e pouco<br />

evidentes aos níveis da qualidade dos cuidados ou da produtividade dos<br />

profissionais. Não basta a dispersa publicação de peças legislativas ou de<br />

orientação da tutela com desprezo pelo seu impacto económico-financeiro e no<br />

funcionamento dos serviços. Não 'basta a substituição de gestores de nomeação<br />

ministerial se se mantém o clientelismo político e o amadorismo de substancial<br />

número de situações.<br />

Torna-se necessário, sim, como aliás aAPAH tem vindo a defender publicamente<br />

há muito, estabelecer, em ambiente de consenso social despido de prepotências<br />

corporativas ou outras, uma verdadeira Política de Saúde para Portugal,<br />

política cujos horizontes se não esgotem nos quatro anos de uma legislatura e<br />

cujas intenções se não limitem a meras promessas eleitorais.<br />

E tal objectivo apenas se alcança com a participação de todos os envolvidos -<br />

Utilizadores, serviços públicos, investidores e prestadores privados de cuidados<br />

de saúde, organizações profissionais e políticos.<br />

Sem demagogias, que o país é pobre e não pode dar-se ao luxo de mudar de<br />

política de saúde cada quatro anos. Com realismo, que a verdadeira justiça<br />

social reside em tratamento diferenciado para cada cidadão, de acordo com a<br />

sua específica situação. Com qualidade, que os joelhos de onde saem algumas<br />

decisões não podem, definitivamente, substituir as cabeças de tantos que já<br />

reflectiram sobre as matérias em causa. Com consistência, que a saúde de todos<br />

e a de cada um de nós não se compadece com soluções transitórias, titubeantes<br />

e amadorísticas.<br />

E a APAH será, sempre, um parceiro a ter em conta nas tarefas que urge<br />

desenvolver.<br />

, ,<br />

E esta a mensagem que fica de um mandato de dois anos à frente da APAH. E<br />

esta a esperança que a nova equipa que dirigirá a Associação deve assumir.<br />

HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA<br />

uma alternativa à hospitalização<br />

O futuro do Hospital público português depende em grande medida de<br />

factores exógenos. A evolução social, cultural, científica e técnica da sociedade<br />

e da doença, obrigam a repensar o conceito de Hospital e a provocar a<br />

adaptação das suas estruturas à mudança.<br />

Abrir o Hospital à comunidade, praticar uma medicina próxima dos cidadãos<br />

e do seu habitat, repensar o investimento em camas hospitalares, promover<br />

uma melhor articulação entre os serviços prestadores de cuidados de saúde<br />

e a segurança social, pública ou privada, planear as necessidades sanitárias<br />

e sociais dos idosos, incentivar soluções ambulatórias, nomeadamente a<br />

hospitalização de dia (ou de noite), a cirurgia ambulatória, são questões que<br />

se colocam aos planeadores, aos gestores, aos técnicos prestadores de<br />

cuidados e necessariamente aos políticos.<br />

Formas alternativas à hospitalização tradicional podem encontrar-se no<br />

desenvolvimento dos cuidados primários, mas também numa nova organizaçji-o<br />

dos cuidados hospitalares.<br />

E d~ntro deste quadro que cabem projectos como o HOSPITAL DE DIA, por<br />

razoes que decorrem do interesse directo do próprio doente - evitar ou<br />

atenuar o constrangimento associado à hospitalização - num ambiente de<br />

melhoria das condições de vida dos cidadãos e da acessibilidade às instituições<br />

prestadoras de cuidados de saúde, da necessidade de assegurar a hospitalização<br />

a doentes que ef ectivamente dela estejam carecidos, de promover o<br />

aumento da eficiência hospitalar.<br />

J. D. Freitas*, J. Simões**<br />

e M. Mota Pinto**<br />

*Assistente de Dermatologia dos HUC<br />

**Administrador <strong>Hospitalar</strong> dos HUC


Hôsiif TÃtifi<br />

HôsPijÃtifi<br />

4 1<br />

1. OilJECTIVOS<br />

A criação do Hospital de Dia em<br />

Dermatologia, fundamenta-se nos seguintes<br />

princípios gerais e prossegue os<br />

seguintes objectivos:<br />

1 - Em termos conceptuais, este<br />

projecto parte de uma nova definição da<br />

disciplina DERMATOLOGIA, sendo<br />

um passo necessário para a concretização<br />

de um programa integrado e global<br />

da Especialidade, aglutinador de uma<br />

moderna dimensão médico-cirúrgica.<br />

Além di sso, é uma das possibilidades de<br />

resposta adequada-a par da disponibilização<br />

dos meios preventivos e de<br />

tratamento - às recentes questões eco­<br />

-sanitárias neste âmbito, de que o cancro<br />

cutâneo constitui exemplo paradigmático;<br />

2 - Em termos tecnológicos, representa<br />

a oportunidade de integrar-com<br />

celeridade - novos métodos de diagnóstico<br />

e tratamento, que abrangendo<br />

um vasto conjunto de doenças dermatológicas,<br />

progressivamente se têm<br />

imposto pela eficácia e economia de<br />

meios. Por outro lado, pretende corresponder<br />

às responsabilidades que o Serviço<br />

de Dermatologia dos HUC tem<br />

vindo a assumir no campo da luta contra<br />

o Cancro, nomeadamente através do<br />

Grupo Cooperativo do Melanoma<br />

Maligno [GCMM] e em concertação<br />

com a European Organization for Researc<br />

h on Treatment of Cancer<br />

[EORTC];<br />

3 - Em termos de actualidade, é uma<br />

etapa de transição entre as tradicionais<br />

práticas da Dermatologia - quase<br />

sempre geradoras de uma hospitalização<br />

com demoras médias elevadas - e,<br />

a moderna tendência evolutiva da Especialidade,<br />

que privilegia o tratamento<br />

em regime ambulatório. Trata-se, portanto,<br />

de uma alternativa à hospitalização,<br />

em consonância com uma melhoria<br />

qualitativa e quantitativa dos cuidados<br />

dermatológicos a prestar.<br />

A previsão do movimento nosológico<br />

e de doentes para este tipo de Hospital<br />

de Dia, comporta algumas dificuldades,<br />

dada a inexistência de experiências<br />

anteriores em Portugal no âmbito<br />

dermatológico. Este problema é acrescido<br />

pela alta especificidade do modelo<br />

em estudo, não havendo esquemas<br />

organizativos testados noutros países,<br />

susceptíveis de serem importados e<br />

adaptados.<br />

2. CARACTERIZAÇÃO DOS<br />

GRUPOS NOSOLÓGICOS<br />

Um vasto conjunto de doenças do<br />

foro dermatológico são susceptíveis de<br />

tratamento em regime de Hospital de<br />

Dia.<br />

Na realidade, a maioria das hospitalizações<br />

em Dermatologia, são determinadas<br />

pela necessidade de realização<br />

de tratamentos e/ou exames especializados<br />

em doentes que requerem cuidados<br />

particulares, ou, ainda, devido à<br />

necessidade de utilização de técnicas ou<br />

equipamentos especiais. Só num reduzido<br />

número de casos, as dermatoses<br />

são acompanhadas da deterioração<br />

importante do estado geral do paciente,<br />

que justifiquem uma hospitalização, a<br />

fim de serem instituídas medidas gerais<br />

de suporte.<br />

O órgão Pele, dada a particularidade<br />

de se encontrar completamente exposto<br />

à observação, e directamente acessível<br />

aos diferentes métodos de tratamento,<br />

permite a concretização de dois importantes<br />

items:<br />

1 - um rigoroso controlo da evolução<br />

clínica da doença;<br />

2 - uma avaliação permanente dos efeitos<br />

terapêuticos ( directos ou colaterais)<br />

.<br />

São as especificidades acima mencionadas<br />

- relativas a uma Especialidade<br />

que os autores anglo-saxónicos<br />

designam de directa - que permitem<br />

um amplo aproveitamento em diferenciados<br />

programas assistenciais, compatíveis<br />

com o funcionamento de um<br />

Hospital de Dia.<br />

Para efeitos de sistematização, os<br />

diferentes métodos ou técnicas de tratamento<br />

aplicáveis na presente concepção<br />

de Hospital de Dia em Dermatologia,<br />

podem ser agrupados em 4<br />

categorias, segundo métodos ou técnicas<br />

de tratamento:<br />

QUIMIOTERAPIA ONCOLÓGICA<br />

QUIMIOTERAPIA<br />

ONCOLÓGICA<br />

Melanoma Maligno<br />

Carc. Espinocelular<br />

FOTOQUIMIO-<br />

TERAPIA<br />

Psoríase<br />

Parapsoríase<br />

Pitiriase rubra pilar<br />

Linfomas Cutâneos<br />

D. de Kaposi Dermite atópica<br />

Sarcomas Cutâneos Líquen plano<br />

FOTOQUIMIOTERAPIA<br />

CIRURGIA DERMATOLÓGICA<br />

OUTROS<br />

No Quadro I desenvolve-se com<br />

maior detalhe as afecções dermatológicas<br />

que integramos nesta sistematização<br />

por categorias terapêuticas.<br />

Os critérios que estão subjacentes a<br />

este enquadramento, baseiam-se essencialmente<br />

em três parâmetros:<br />

1) necessidade de terapêuticas muito<br />

diferenciadas e repetitivas;<br />

2) prestação de cuidados pré e/ou pós­<br />

-tratamento de curta duração;<br />

3) doentes com bom estado geral<br />

(Escala de "performance" da OMS).<br />

No rubrica designada por "OU­<br />

TROS", para além das afecções catalogadas<br />

por pediátricas e da senescência,<br />

cuja especificação será progressi vamente<br />

desenvolvida com a implementação<br />

deste projecto, pretende-se, desde já,<br />

integrar nos futuros esquemas de tratamento<br />

do Hospital de Dia, duas situações<br />

clínicas particulares: a úlcera da<br />

perna e os biians coordenados em<br />

"diagnósticos pesados".<br />

A Úlcera da Perna constitui, por um<br />

conjunto de motivos médico-sociais,<br />

uma situação penosa relativa a uma<br />

afecção crónica e de evolução arrastada,<br />

frequentemente "rejeitada" pelas<br />

Instituições de Saúde, e que atinge<br />

preferencialmente os utentes idosos e '<br />

de estratos sociais economicamente<br />

mais desfavorecidos. Para os serviços<br />

que lhe dão "acolhimento" - como é o<br />

caso do Serviço de Dermatologia -,<br />

traduz-se num pesado encargo no<br />

cômputo geral da hospitalização, dada<br />

a expressão elevada que assume a<br />

demora média. Daí que se justifique a<br />

sua inclusão neste projecto.<br />

Os Biians coordenados de "diagnósticos<br />

pesados", é um galicismo que<br />

referencia um conjunto complexo de<br />

exames clínicos e complementares de<br />

diagnóstico (laboratoriais, imagiológi-<br />

DERMATOLOGIA<br />

CTRÚRIGICA<br />

Tumores malignos<br />

OUTRAS<br />

Af. Pediátricas<br />

D. pré-cancerosas Af. Senescência<br />

Tumores benignos Úlcera da perna<br />

Genodermatoses Bilans coordenados em<br />

Cirurguia cosmética_ diagnósticos "pesados"<br />

QUADRO I - Grupos nosológicos susceptíveis de integrar o Hospital de Dia<br />

cos, endoscópicos, etc.), de realização<br />

periódica num quadro coordenado de<br />

follow-up, respeitante a afecções de<br />

prognóstico e evolução reservados, cujo<br />

exemplo paradigmático é representado<br />

pelas conectivites. A utilização do<br />

Hospital de Dia como centro coordenador<br />

e base de apoio destes doentes,<br />

permitindo a sua realização num só dia,<br />

traduz-se numa grande poupança de<br />

deslocações, diminui o incómodo do<br />

utente e proporciona um aumento da<br />

eficácia no controlo da doença.<br />

3. CARACTERIZAÇÃO DA PRO­<br />

CURA<br />

Os futuros utentes do Hospital de<br />

Dia - que obedeçam às características<br />

clínicas gerais definidas no capítulo<br />

anterior - devem satisfazer um conjunto<br />

de particularidades, que tornem<br />

compatíveis e rentáveis a sua integração<br />

no regime especial de assistência a<br />

implementar. Tais como:<br />

1 - Terem boas condições de acessibilidade<br />

ao Hospital de Dia;<br />

2 - Não serem integráveis nos esquemas<br />

de cuidados primários de saúde;<br />

3 - Não ser aconse1hável o tratamento<br />

em regime domiciliário.<br />

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Tendo em consideração que a área<br />

de influência do Serviço de Dermatologia<br />

dos HUC é extremamente vasta -<br />

é o único Serviço <strong>Hospitalar</strong> polivalente<br />

da Região Centro - as condições de<br />

acessibilidade ao Hospital constituem<br />

um factor decisivo na selecção destes<br />

doentes, e além disso, um dado fundamental<br />

para elaborar a previsão do<br />

movimento assistencial desta nova<br />

Unidade de tratamento. Fundamentalmente<br />

devem verificar-se duas condições<br />

que são complementares:<br />

l - Residirem no concelho de Coimbra<br />

ou concelhos limítrofes (periféricos<br />

ou ultra-periféricos);<br />

2 - Disporem de meios de transporte<br />

(próprios, rodoviários ou ferroviários).<br />

Para a concretização destas condições,<br />

utilizamos como base um estudo<br />

efectuado pela Comissão de Coordenação<br />

da Região Centro, que com fundamento<br />

no conceito de distância-tempo,<br />

define como mínimo aceitável para a<br />

acessibilidade aos diversos Serviços de<br />

Coimbra, uma duração máxima previsível<br />

da deslocação de 1 hora e 30<br />

minutos, de certo modo independente<br />

da distância.<br />

Desta configuração, pode concluir-<br />

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-se que o Hospital de Dia de Dermatologia,<br />

vai servir um amplo sector populaciona1<br />

da Região Centro [QUADRO II].<br />

Utilizando os dados referentes ao<br />

XII Recenseamento Geral da População,<br />

os concelhos de Coimbra e os<br />

considerados periféricos - naturalmente<br />

os principais utentes do Hospital de<br />

Dia-, envolvem um universo populacional<br />

residente de cerca de meio milhão<br />

de habitantes. Os "ultra-periféricos"<br />

têm uma expressão numérica idêntica.<br />

Na globalidade, a área populacional<br />

abrangida por este projecto é aproximadamente<br />

de 1 milhão de habitantes.<br />

A eventual entrada em funcionamento<br />

de uma instituição de rectaguarda,<br />

que trabalhando em conexão com os<br />

HUC, optimizasse serviços do tipo<br />

hoteleiro apoiada por uma assistência<br />

médica e de enfermagem com baixo<br />

grau de dependência, poderia vir a alargar<br />

substancialmente a área de influência<br />

do Hospital de Dia, com considerável<br />

redução de custos em relação à<br />

actual hospitalização.<br />

Tendo por base o conjunto de doenças<br />

a tratar no Hospital de Dia [QUA­<br />

DRO I] , procedeu-se a um estudo retrospectivo<br />

do movimento de hospitalização<br />

verificado no Serviço de Dermatologia<br />

dos HUC, referente aos anos de<br />

1987, 88, 89 e primeiro semestre de<br />

'·················· n ! ........................:TÁBUA -----------· i<br />

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1 .._ __,I Concelhos perif êricos<br />

.<br />

e·:_:·.~:]<br />

Concelhos ultra-periféricos<br />

QUADRO II - Coimbra, concelhos periféricos [tempo de e:1ccssihil idadc < 60 minutos] e concelhos ultra periféricos [tempo 1 5<br />

de acessibilidade> 60 e< 90 minutos].


1990. No estudo rectrospectivo efectuado,<br />

seleccionamos por representarem<br />

cerca de 90% dos utentes previsíveis, os<br />

seguintes grupos nosológicos:<br />

MELANOMA MALIGNO<br />

OUTROS TUMORES MALIGNOS<br />

LINFO:MASCUfÂNEOS<br />

PSORÍASE<br />

ÚLCERADAPERNA<br />

Nos Quadros referentes ao Melanoma<br />

Maligno e Outros Tumores Cutâneos<br />

Malignos [Basalioma e Carcinoma<br />

Espinho celular] - estão incluídos<br />

tratamentos cirúrgicos e de quimioterapia.<br />

Os outros dois Quadros- Linfomas<br />

Cutâneos e Psoríase- sistematizam um<br />

painel que salienta o papel do outro<br />

componente fundamental do Hospital<br />

de Dia: a Fotoquimioterapia.<br />

ANO<br />

1. MELANOMA MALIGNO<br />

N.ºDE N. 0 DE HOS- MÉDIA DE DIAS DE DEMORA<br />

DOENTES PIT AL!ZAÇÕES IDADES INTERNAMENTO MÉDIA<br />

- o incremento da casuística de Melanoma<br />

e outros tumores (Quadros III<br />

e IV), deve-se ao facto de, só nos<br />

finais de 1987, ter entrado em pleno<br />

funcionamento a Unidade de Cirurgia<br />

Dermatológica;<br />

- as variações da demora média referentes<br />

ao Melanoma (Quadro III),<br />

bastante notórias nos anos de 1988 e<br />

89, dizem respeito ao início dos<br />

programas de quimioterapia oncológica;<br />

- verifica-se uma elevada média de<br />

idades, constatando-se que a grande<br />

maioria dos doentes está compreendida<br />

no grupo etário dos 55 aos 65<br />

anos;<br />

- salienta-se, uma vez mais, relativamente<br />

à Ulcera de Perna (Quadro<br />

Vll), a existência de uma demora<br />

média extraordinariamente alta,<br />

1987 4 5 71 79 15,8 1987 -<br />

1988 15 24 51 337 14,Ô 1988 2<br />

1989 15 17 67 507 29,8 1989 2<br />

1990* 9 10 58 160 16,0 1990* 1<br />

ANO<br />

1987<br />

1988<br />

1989<br />

* Referente ao l.º semestre<br />

QUADRO li - Sistematização dos dados referentes ao Melanoma Maligno<br />

2. OUTROS TUMORES CUTÂNEOS MALIGNOS<br />

(inc. D. de Kaposi)<br />

N.º DE N.'DE HOS- MÉDIA DE DIAS DE<br />

DOENTES PITAL!ZAÇÕES IDADES INTERNAMENTO<br />

13 13 66 ·. 295<br />

86 98 65 1234<br />

93 98 64 1954<br />

DEMORA<br />

MÉDIA<br />

22,7<br />

12,6<br />

19,9<br />

ANO<br />

ANO<br />

N.ºDE<br />

DOENTES<br />

facto que, em certa medida, vai<br />

hipotecar os indíces de rentabilidade<br />

global da hospitalização.<br />

É óbvio que a proposta de tratamento<br />

da Úlcera da Perna em regime de hospitalização<br />

de dia, terá de obedecer a<br />

rigorosos critérios médicos de triagem e<br />

estará subordinada a um programa terapêutico<br />

sequencial, que, passando pela<br />

utilização de técnicas especiais intervenientes<br />

no processo de cicatrização, terminará<br />

eventualmente na reparação cirúrgica<br />

da ferida.<br />

Finalmente, verifica-se que este<br />

conjunto de afecções dermatológicas, é<br />

representativo das categorias terapêuticas<br />

e grupos nosológicos seleccionados<br />

como integráveis no esquema geral de<br />

funcionamento do Hospital de Dia, e<br />

tem uma expressão considerável quer<br />

3. LINFOMAS CUTÂNEOS<br />

N.' DE HOS- MÉDIA DE DIAS DE DEMORA<br />

PlTALlZAÇÕES IDADES INTERNAMENTO MÉDIA<br />

- - - -<br />

IO 48 114 11 ,4<br />

3 52 60 20,0<br />

1 47 10 10,0<br />

* Referente ao 1. 0 semestre<br />

QUADRO V - Casuística e sistematização dos linfomas cutâneos<br />

4. PSORÍASE<br />

N.º DE N.° DE HOS- MÉDIA DE DIAS DE DEMORA<br />

DOENTES PITALIZAÇÕES IDADES lNTERJ\'AMENTO MÉDIA<br />

1987 10 11 53 170 15,4<br />

1988 39 62 44 1065 17,1<br />

1989 47 55 46 1468 26,6<br />

1987 *88<br />

Doentes saídos 34 16 1<br />

N.ºde<br />

hospitalizações<br />

Dias de<br />

Internamento<br />

40 230<br />

871 3.794<br />

Demora média 21.7 16-4<br />

*89<br />

177<br />

195<br />

5.284<br />

27.0<br />

QUADRO VIII - Quadro geral dos diagnósticos seleccionados<br />

desta nova Unidade, em contraste com<br />

o regime normal de hospitalização em<br />

Dermatologia.<br />

5. PREVISÃODAACTUALIDADE<br />

Para a estimativa do movimento<br />

nosológico e de doentes, e consequentemente<br />

do número de camas a<br />

afectar ao Hospital de Dia, tomamos em<br />

consideração os seguintes parâmetros:<br />

5.1. MOVIMENTO GLOBAL DE<br />

DOENTES HOSPITALIZA­<br />

DOS NO SERVIÇO DE DER­<br />

MATOLOGIA DOS IIUC, RE­<br />

FERENTE AO PERÍODO EM<br />

ESTUDO [1987-90]<br />

Durante os três anos e meio referentes<br />

ao estudo rectrospecti vo efectuado<br />

para a elaboração da previsão do<br />

movimento do futuro Hospital de Dia,<br />

foram efectuadas 1767 hospitalizações<br />

no Serviço, que incidiram sobre um<br />

amplo conjunto de situações clínicas.<br />

Dados mais pormenorizados sobre as<br />

características do movimento assistencial<br />

na Unidade de Internamento, estão<br />

expressos no Quadro IX:<br />

•90<br />

69<br />

5.2. ESTUDO<br />

COMPARATIVO<br />

O Quadro X<br />

82 mostra o estudo<br />

comparativo entre o<br />

1.792 movimento assistencial<br />

global e o conjunto<br />

dos principais<br />

21.8<br />

quadros nosológicos<br />

seleccionados para<br />

tratamento em Hospital<br />

de Dia de Dermatologia, no período<br />

em estudo.<br />

Deste quadro infere-se que, em<br />

1987-90 (l.ºs) Doentes saídos Dias de Internamento<br />

Dados Globais 1.767 29.164<br />

Hospital de Dia<br />

(previsíveis 547 11-741<br />

utentes)<br />

QUADRO X - Dados comparativos enrre o movimenro global e os<br />

previsíveis utentes do H. de Dia<br />

termos quantitativos, o peso absoluto<br />

dos doentes a transferir para tratamento<br />

em regime de Hospital de Dia, é bastante<br />

significativo.<br />

Assim:<br />

a. -Em relação ao<br />

movimento de<br />

doentes (n.º de<br />

hospitalizações)<br />

Durante o período<br />

em estudo,<br />

o movimento<br />

dos doentes<br />

pré--seleccionados<br />

em relação<br />

ao computo<br />

N.º DE DOENTES<br />

Dados globais<br />

Doentes selec. p/H. de Dia<br />

%<br />

Dias. de Internamento<br />

Dados globais<br />

Doentes selec. p/H. de Dia<br />

%<br />

global, representa 31 % do número<br />

total de doentes tratados.<br />

b.- Em relação aos dias de<br />

hospitalização<br />

O mesmo tipo de cálculo revelou<br />

que cerca de 40 % dos dias de<br />

hospitalização, são ocupados pelos<br />

doentes, em princípio, integráveis<br />

num esquema de tratamento compatível<br />

com o Hospital de Dia.<br />

5.3. DADOS PARA O CÁLCULO<br />

DO MOVIMENTO ASSISTEN­<br />

CIAL ESPERADO NO HOS­<br />

PITAL DE DIA EM DER­<br />

MATOLOGIA<br />

Demora média<br />

16,50<br />

21,46<br />

Para a elaboração deste<br />

cálculo, assume particular<br />

importancia o número de dias<br />

de hospitalização, em detrimento<br />

do número de doentes<br />

tratados. Tal facto, deve-se ao<br />

tipo de utilização predestinado para esta<br />

nova Unidade, que funcionará como<br />

uma "placa giratória" de tratamentos a<br />

que se pretende impôr uma alta<br />

1987 1888 1989 1990*<br />

41 1 586 499 542<br />

34 161 177 138<br />

8.27 27.47 35.47 <strong>25</strong>.46<br />

7.243 8.838 8.586 8.994<br />

87 1 3.794 5.284 3.584<br />

12.02 42.92 6 1.54 39.84<br />

*Os dados referentes a 1990, são estimativas calculadas a partir do !.ºsemestre<br />

QUADRO TX<br />

Mapa do n.º de doentes e dos dias de hospitalização, referentes aos<br />

diagnósticos seleccionados para o Hospital de Dia.<br />

1990*<br />

31 42 68 849<br />

* Referente ao 1. 0 semestre<br />

QUADRO IV - Outros tumores cutâneos malignos.<br />

20,2<br />

1990* 19 20 47 372 18,6<br />

* Referente ao l .º semestre<br />

QUADRO VI - Casuística e sistematização da psoríase<br />

1987<br />

Doentes saídos 411<br />

*88 *89<br />

586 499<br />

*90<br />

27 1<br />

rotatividade de doentes. No Quadro XI,<br />

colocam-se em evidência estas duas<br />

variáveis.<br />

6 1<br />

COMENTÁRIO:<br />

Da análise destes quadros<br />

parcelares, podem verificar-se<br />

algumas discrepâncias, nomeadamente,<br />

na incidência das<br />

doenças, grupo etário e perfil<br />

evolutivo das demoras médias<br />

de hospitalização.<br />

Assim:<br />

ANO<br />

1987<br />

1988<br />

1989<br />

1990*<br />

5. ÚLCERA DE PERNA<br />

N.'DE N.'DEHOS- MÉDIA DE DJAS DE<br />

DOENTES PITALIZAÇÕES IDADES INTERNAMENTO<br />

7 li 66 327<br />

19 36 65 1044<br />

20 22 64 1295<br />

9 9 63 401<br />

* Referente ao I.º semestre<br />

QUADRO Vll - Sistematização dos dados referentes à Úlcera de Perna<br />

DEMORA<br />

MÉDIA<br />

30<br />

29<br />

58,8<br />

44,5<br />

em número de doentes, quer no<br />

volume global das hospitalizações<br />

(Quadro Vlll).<br />

Decorrente da análise dos<br />

quadros atrás expostos- que se<br />

processará adiante após a<br />

introdução de factores de<br />

correcção - foi possível<br />

proceder a urna projecção da<br />

procura; e, simultaneamente,<br />

inferir das consequências<br />

imediatas resultantes da criação<br />

N.º de<br />

hospitalizações<br />

Dias de<br />

Internamento<br />

7 .243<br />

35<br />

Demora média 17,62<br />

Taxa de<br />

ocupação<br />

56,6<br />

8.838 8.586<br />

35 35<br />

15 ,08 17 ,21<br />

68,9 67,2<br />

4.497<br />

35<br />

16, 10<br />

QUADRO IX Movimento global de doentes na Unidade de Internamento do<br />

Serviço de Dermatologia em 1987, 88, 89 e primeiro semestre de<br />

1990.<br />

70,9<br />

5.4.FACTORESDECORRECÇÁO<br />

Em relação às bases sobre as quais<br />

estão elaboradas as estatísticas do<br />

movimento assistencial da Unidade de<br />

Internamento do Serviço de Dermatologia,<br />

há necessidade de introduzir os<br />

seguintes factores de correcção:<br />

a) Horário de funcionamento do<br />

Hospital de Dia / Ano; 1 7<br />

Em princípio o Hospital de Dia,


H ôsliifAllii<br />

8 1<br />

funcionará no horário diurno hospitalar,<br />

7 horas/dia, apenas em dias<br />

úteis, representando cerca de 240<br />

dias/ano, ou seja, 1680 horas/ano.<br />

b) Cálculo da percentagem de doentes<br />

reais utilizadores;<br />

Nem todos os doentes pré-seleccionados<br />

como potenciais utentes do<br />

Hospital de Dia, poderão vir a usufruir<br />

do tipo de tratamentos aí<br />

administrados, por vários motivos:<br />

sanitários, geográficos, económicos<br />

e sociais. Sendo estes parâmetros de<br />

difícil ponderação- nomeadamente<br />

devido a carências de dados estatísticos<br />

hospitalares - procede-se, em<br />

relação aos diagnósticos considerados<br />

"nucleares", a uma colheita de<br />

dados que incidiu exclusivamente<br />

sobre as áreas de residência.<br />

Verificou-se que uma média de 72 %,<br />

residiam em localidades com<br />

acessibilidade geográfica compatível<br />

com a utilização do Hospital de<br />

Dia.<br />

e) Tendência evolutiva dos doentes<br />

seleccionados para o H. de Dia;<br />

A tendência evolutiva dos doentes,<br />

calculada por uma recta de regressão<br />

de X em Y, com os dados constantes<br />

do Ouadro IX, mostra existir<br />

uma estimativa de duplicação do<br />

número de doentes nos próximos 3<br />

anos - Quadro XII.<br />

A interpretação deste quadro, deve<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

o<br />

V\<br />

.. 41<br />

..,<br />

e<br />

-- ~<br />

"O<br />

..<br />

-e<br />

- :/<br />

Ir"<br />

QUADRO XII -<br />

~<br />

87 88<br />

...<br />

Melano ... a<br />

Outros Tu ... ores rnw •<br />

Total de<br />

sessões<br />

Linfonas mm• • •mm• • •mm• I• • füj1 I• • • i~rn 24 - 36<br />

Psoriase mrn. • • rnrn. • • wrn. I• • i~m I• • • 11W 18 - 24<br />

me. de pem• mm • 1•mm • ·Wm ~ • !!!!! • • !W! 16 - 20<br />

QUADRO XIII -<br />

Ritmo e periodicidade [mensal] dos tratamentos dos referentes aos principais<br />

diagnósticos previstos na utilização do H. de Dia. Na coluna da di·<br />

reita, o número total de sessões de tratamento previstas.<br />

resultante da saturação do Serviço<br />

em termos de respostas diferenciadas,<br />

dada a sobrecarga no sector das<br />

Consultas Externas, que trabalhando<br />

em ritmo de progressiva expansão,<br />

numa situação carenciada de<br />

meios humanos e materiais, "ocupou"<br />

a capacidade de resposta do<br />

Serviço em tarefas de rotina e fez<br />

submergir as possibilidades de desenvolvimento<br />

das Unidades diferenciadas<br />

e especializadas.<br />

d) Ritmo e periodicidade dos Tratamentos<br />

em Hospital de Dia;<br />

Uma importante alteração dos cálculos<br />

deriva dos ritmos de tratamento<br />

em Héfspital de Dia, que são substancialmente<br />

diferentes da hospitalização<br />

habitual.<br />

k<br />

y= - 3090,9+36,4x R=0,72<br />

1 1 1<br />

1 1<br />

89 90 Anos<br />

Tendência evolutiva esperada para os utentes do Hospital dE! Dia<br />

tomar em linha de conta, um conjunto<br />

de factores que lhe estão subjacentes,<br />

nomeadamente a explicação<br />

do "salto" brusco verificado<br />

entre os anos 87 e 88, e a progressiva<br />

estabilização a partir daí verificada.<br />

Na verdade, como atrás foi referido<br />

foi nestes anos que se proporcionou<br />

uma maior oferta de serviços assistenciais,<br />

particularmente na área<br />

cirúrgica.<br />

Uma subsquente estabilização, é<br />

Tendo em consideração<br />

os<br />

principais diagnósticos<br />

seleccionados,<br />

prevê-se<br />

a seguinte<br />

distribuição semanal<br />

do total<br />

de sessões estimado<br />

[Quadro<br />

XIII]:<br />

Na rubrica<br />

CATEGORIA<br />

TERAPtllT.ICA<br />

QlllMIOTERAl'IA<br />

O l\CO LÓG ICA<br />

FOTOQUIMIOTERAl'IA<br />

CIRURGIA<br />

DEl{MATOLÓG ICA<br />

TRATAMENTOS<br />

ES PEC IAIS<br />

"MELANOMA" considera-se unicamente<br />

a programação dos tratamentos<br />

por Quimioterapia, dado que a cirurgia<br />

nestas situações-devido às suas características<br />

especiais - implica obrigatoriamente<br />

um período de hospitalização<br />

em regime normal.<br />

Na rubrica "OUTROS TUMORES"<br />

incluem-se essencialmente os actos<br />

cirúrgicos referentes a títulos especiais<br />

malignos (não-melanoma),<br />

funcionando o Hospital de Dia nessa<br />

situação como Sala de Recobro.<br />

As rubricas "LINFOMAS e PSO­<br />

RÍASE" dizem respeito aos tratamentos<br />

por fotoquimioterapia -<br />

PUVA e RE- PUVA. Nas situações<br />

- excepcionais - em que os Linfomas<br />

Cutâneos e Psoríase obriguem<br />

a um tratamento por Quimioterapia,<br />

o esquema de uti !ização do Hospital<br />

de Dia é sobreponível ao estipulado<br />

para o Melanoma.<br />

e) Tempodispendido: doente/sessão;<br />

No Quadro XVI, apresenta-se o<br />

tempo dispendido por sessão relativamente<br />

às diferentes categorias de<br />

tratamento e grupos de principais<br />

diagnósticos.<br />

As variações expressas, relacionam-<br />

GRUPO<br />

DIAGNÓSTICO<br />

Melanoma<br />

Linfomas<br />

Psoríase<br />

Linfomas<br />

Outros<br />

tumores<br />

Úlcera de<br />

.perna<br />

Míxlmo<br />

1<br />

TEMPO(h«u)<br />

Mínimo<br />

6 4<br />

4 2<br />

.<br />

6<br />

1 4<br />

Ql/t\DRO XIV · Te mpo a dispenJer por sessão (di agnóstico· tratamento)<br />

1987 1988<br />

Melanoma maligno 4 15<br />

Outros Tumores 12 86<br />

Linfomas - 2<br />

Psoríase 10 39<br />

Úlcera de Perna 7 19<br />

1989<br />

1990 .<br />

(estimativa)<br />

15 18 (9x2)<br />

98 62 (31x2)<br />

2 2 (lx2)<br />

47 38 (19x2)<br />

20 18 (9x2)<br />

* Resultados após a introdução de factores de correcção<br />

QUADRO XV - Previsão do número de doentes esperados para o ano de <strong>1991</strong><br />

-se com as características clínicas<br />

dos grupos diagnósticos e particularidades<br />

do doente. Por outro lado,<br />

estão também dependentes do treino<br />

do pessoal afecto à Unidade, e, ainda,<br />

da prontidão do apoio em pessoal<br />

técnico, logístico e material.<br />

De seguida, procede-se à projecção,<br />

para o ano de <strong>1991</strong>, do número de<br />

doentes por grupos nosológicos.<br />

Com base nos dados anteriores, e<br />

utilizando rectas de regressão de X em<br />

Y para cada um dos principais diagnósticos<br />

seleccionados, procedeu-se à elaboração<br />

do Quadro XV que prefigura o<br />

total de doentes esperados para o próximo<br />

ano, dentro de condições de estabilidade<br />

e normalidade.<br />

6. CÁLCULO DA LOTAÇÃO<br />

Para o cálculo da lotação do Hospital<br />

de Dia do Serviço de Dermatologia<br />

dos Hospitais da Universidade de Coimbra,<br />

utilizamos a seguinte formulação:<br />

(ver Quadro Formula 1)<br />

Logo, a lotação em número de cadeiras<br />

- relax do futuro Hospital de Dia<br />

do Serviço de Dermatologia, é de:<br />

4 cadeiras - relax.<br />

7. PREVISÃO DO NÚMERO DE<br />

EFECTIVOS<br />

Para o cálculo do número de efectivos<br />

de Enfermagem, que designaremos<br />

por ETC (Equivalentes a Tempo Completo),<br />

necessários à realização do esperado<br />

volume de produção, utilizamos<br />

<strong>1991</strong><br />

(projecção)<br />

22 (1 6)*<br />

90 (65)*<br />

3 (3)*<br />

55 (40)*<br />

<strong>25</strong> (1 8)*<br />

a seguinte sequência: (ver Quadro<br />

Formula 2)<br />

Não consideramos o número de ETC<br />

de substituição, visto que, em situações de<br />

faltas, a equipe de Enfermagem do<br />

Internamento, apoiará o Hospital de<br />

Dia. Tendo em consideração o volume<br />

de produção esperado, utilizámos o<br />

método analítico de fixação de<br />

"standards ", que assenta na observação<br />

directa das tarefas já realizadas<br />

pelos enfermeiros no tratamento de<br />

doentes hospitalizados, constante do<br />

QUADRO XVII.<br />

O número total de horas de trabalho<br />

necessário, resulta do cálculo ponderado<br />

do volume de produção esperado a<br />

multiplicar pelos "standards" deter-<br />

N º Médio Sessões/<br />

/Doente T ratado -<br />

- Grupo N osológico<br />

minados, constante no QUADRO XVIII:<br />

O número básico de ETC é igual à<br />

razão do número total de horas de trabalho<br />

necessário [2.396] pelo horário<br />

semanal do pessoal de enfermagem [35<br />

horas], multiplicado por 52 semanas,<br />

ou seja: 1,3 .<br />

Não foi utilizada a mesma formulação<br />

para o cálculo das necessidades em<br />

pessoal médico e auxiliar, na medida<br />

em que, um médico assegurará a coordenação<br />

da actividade do Hospital de<br />

Dia, e, uma unidade auxiliar executará<br />

todas as tarefas inerentes ao funcionamento<br />

da Unidade, não sendo possível<br />

reparti-los por outros centros de custo.<br />

A secretária clínica do Internamento<br />

apoiará o Hospital de Dia.<br />

Assim, a previsão de recursos humanos<br />

para o Hospital de Dia é a constante<br />

do Quadro XIX.<br />

8. 11\IJ>ACTO FINANCEIRO<br />

O funcionamento do Hospital de<br />

Dia em <strong>1991</strong>, irá distrair para esta área<br />

doentes que, até então, eram tratados<br />

em regime de hospitalização.<br />

Para o cálculo do custo dos doentes<br />

tratados actualmente em regime de<br />

hospitalização, dos grupos nosológicos<br />

determinantes na actividade futura do<br />

Hospital de Dia, considerámos a projecção<br />

da procura para <strong>1991</strong> e o custo<br />

ponderado dos GDH's correspondentes<br />

aqueles grupos nosológicos.<br />

X T empo Médio/Sessão X N º Doentes a Tratar em 9 1<br />

Nº Dias Trabalho/ Ano X N º Horas Funcionamento/Dia<br />

Fonnula 1<br />

n.º méd./sess./ tempo méd./ n. 0 doentes n. 0 dias n.º horas/<br />

Grupo /doente trat. /sess. trat. 91 trab./ano /dia AxBxC<br />

nosológico<br />

Dx E<br />

A B e D E<br />

Mefanoma 35 5 16 L6<br />

O.Tumores 1 6 65 0.23<br />

Linfomas 30 3 3 240 7 0.16<br />

Psoríase 21 3<br />

. 40 1.S<br />

Úlc. Perna 18 2.5 18 0.48<br />

TOTAL ............................. 3.97<br />

~<br />

QUADRO XVI - Tabela de cálculo da lotação em cadeiras-relax do Hospital de Dia 1 9


a)<br />

b)<br />

Nº de Unjdades de<br />

Medjda Estimado<br />

(volume de produção)<br />

GRUPO<br />

NOSOLÓGICO<br />

Melanoma<br />

X<br />

"Standard"<br />

Nº Total de Horas de Trabalho Necessário<br />

Horário Semanal de Grupo Profissional x 52<br />

TAREFAS<br />

Formula 2<br />

pré-medicação<br />

preparação dos citostáticos<br />

administração dos citostáticos<br />

vigilância de 15' em 15'<br />

=<br />

Nº Total de Horas<br />

de Trabalho<br />

Nº Básico de ETC<br />

TEMPO<br />

(em minutos)<br />

10 '<br />

5<br />

5<br />

70<br />

tratamento das reacções adversas 60<br />

TOTAL 150<br />

Outros vigilância dos sinais vitais 40<br />

Tumores mudança de dreno ou penso 10<br />

administração de fármacos<br />

TOTAL 55<br />

Linf omas administração de fármacos 10<br />

medidas de suporte PUY A <strong>25</strong><br />

TOTAL 35<br />

Psoríase administração de fármacos 15<br />

tratamento tópico prévio <strong>25</strong><br />

TOTAL 40<br />

Úlcera de limpeza 15<br />

perna desbridamento 15<br />

tratamento tópico 15<br />

ligadura e/ou penso<br />

TOTAL 60<br />

QUADRO XVII -<br />

Método analítico de fixação de "standards"<br />

grupos profissionais referidos no Quadro<br />

XIX. O seu custo global foi dividido<br />

pela previsão do número de doentes a<br />

tratar no Hospital de Dia.<br />

Despesas com consumos<br />

Tomamos em consideração a<br />

seguinte formulação:<br />

Despesas/ sessão x n.º de sessões x<br />

n.º de doentes<br />

Amortizações<br />

Foram calculadas em função da<br />

intensidade da utilização dos equipamentos<br />

por Grupo Nosológico e tendo<br />

em consideração os investimentos referidos<br />

no Quadro XXIII.<br />

Se calcularmos o custo por doente<br />

tratado em regime de hospitalização<br />

normal e em Hospital de Dia, as dif e­<br />

renças são significativas:<br />

Regime de Hospitalização --· -- ·-- ------ 202 133$/doente *<br />

Hospital de Dia ........ ....................... 64 910$/doente **<br />

* Em 1989, para o conjunto de doentes tratados em<br />

regime de hospitalização<br />

* * A preços de 1990<br />

O custo diário também apresenta<br />

valores desiguais:<br />

GRUPO Nº<br />

CUSTO<br />

GDH CUSTO<br />

NOSOLÓGICO DOENTES PONDERA<br />

Melanoma 4 265 323.000$<br />

2 266 107.000$<br />

l 269 234.300$<br />

3 273 131.700$<br />

Outros Tumores l 40 059.300$<br />

Cutâneos Malignos 34 266 107.000$<br />

3 269 234.300$<br />

7 270 061.200$<br />

3 283 149.900$<br />

10 284 060.700$<br />

213.540$<br />

101.370$<br />

Linfonas Cutâneos 3 404 181.000$ 181.000$<br />

Psoríase 2 241 161.100$<br />

4 270 061.200$<br />

26 273 13 1.700$<br />

l 272 203.400$<br />

Ulcera de Perna 02 264 297.300$<br />

15 271 227.700$<br />

Fonte: Serviço de Estatística dos Hospitais da Universidade de Coimbra<br />

128.970$<br />

235.890$<br />

QUADRO XX. Mapa da determinação dos custos ponderados relativos aos GDH's<br />

(1990)<br />

Dia, é o constante no QUADRO XXIII.<br />

O investimento global previsto em<br />

meios materiais e de equipamento é de<br />

aproximadamente sete milhões e<br />

quinhentos mil escudos.<br />

10. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONA­<br />

MENTO<br />

GRUPO<br />

NOSOLÓGICO<br />

Melanoma<br />

Outros Tumores<br />

Linfomas<br />

Nº DOENTESA<br />

TRATAREM <strong>1991</strong><br />

A<br />

16<br />

65<br />

03<br />

Dermatologia Cirúrgica, Alergologia<br />

Cutânea, etc.-na sua estratégia global<br />

assistencial.<br />

O seu funcionamento não justifica<br />

uma organização pesada e rígida, tão só<br />

a reafirmação de alguns princípios<br />

indispensáveis à sua boa operacionalidade.<br />

Algumas especificidades, que lhe<br />

advêm do tipo e características da assistência<br />

a prestar, merecem ser explicitadas.<br />

Em primeiro lugar, trata-se de uma<br />

Unidade cujos doentes terão de ser<br />

submetidos a medidas especiais de triagem,<br />

baseadas em critérios clínicos da<br />

patologia em causa, e, de acessibilidade<br />

geográfica.<br />

Em segundo lugar, as características<br />

intensivas dos tratamentos a efectuar,<br />

bem como, um estreito controlo da<br />

programação da rotatividade dos doen-<br />

CUSTO<br />

PONDERADO DO<br />

GCH (contos)<br />

B<br />

CUSTO<br />

GLOBAL<br />

AxB<br />

213.54 3 416.64<br />

101.37 6 589.05<br />

181.00 543.00<br />

GRUPO n.º doentes n.º médio "standard" n. 0 total de horas GRUPO PROFISSIONAL<br />

NOSOLÓGICO a tratar 91 sessões (minutos) de trabalho<br />

doente [A X B X CJ: 60 Médico<br />

Melanoma 16 35 150 1.400 Enfermagem<br />

Outros Tumores 65 1 55 59.5<br />

Linfomas 3 30 35 52.5 Auxiliar de acção médica<br />

Psoríase 40 21 40 560<br />

UNIDADES<br />

1<br />

2<br />

1<br />

O HOSPITAL DE DIA DO SERVI­<br />

ÇO DE DERMATOLOGIA, será uma<br />

nova Unidade do Serviço que actuará<br />

integrada - a exemplo de outras Unidades<br />

ou Sectores: Consulta Externa,<br />

Psoríase<br />

Ulcera de Perna<br />

40<br />

18<br />

128.97<br />

235.89<br />

5 158.80<br />

4 246.02<br />

TOTAL 19 953.51<br />

QUADRO XXII - Previsão dos custos globais do Hospital de Dia para <strong>1991</strong><br />

Ulc. de Perna 18 18 60 324 Secretariado Clínico<br />

1*<br />

10<br />

QUADRO XVlll -<br />

ENFERMAGEM: Cálculo do número total de horas de trabalho necessário.<br />

Estudámos, para o efeito, todos os<br />

doentes tratados entre Janeiro e Agosto<br />

de 1990, por GDH's identificados com<br />

os grupos nosológicos, resultando um<br />

custo ponderado, tendo em atenção o<br />

peso relativo de cada GDH, conforme<br />

resulta do QUADRO XX:<br />

O custo dos doentes-grupo nosológico<br />

principal seleccionado para o<br />

Hospital de Dia em <strong>1991</strong>-tratados em<br />

regime de hospitalização normal, a<br />

preços de 1990, é o constante no<br />

1<br />

TOTAL 2.396 * Em regime de acumulação com a Unidade Cirúrgica e Sector de Internamento<br />

QUADRO XIX -<br />

QUADRO XXI.<br />

A previsão dos custos dos mesmos<br />

doentes tratados em regime de Hospital<br />

de Dia, no ano de <strong>1991</strong>, a preços de<br />

1990, é a seguinte [QUADRO XXII]:<br />

O cálculo de cada um destes valores<br />

obedeceu aos seguintes critérios:<br />

Despesas com pessoal<br />

Tomaram-se em consideração<br />

vencimentos médios anuais (14 meses),<br />

acrescidos do subsídio de refeição, dos<br />

RECURSOS HUMANOS: Mapa da previsão do pessoal permanente.<br />

Regime de Hospitalização .............. .. 11 865$/doente *<br />

Hospital de Dia ............ ..................... 4 905$/doente **<br />

* Valores referentes a 1989<br />

** A preços de 1990<br />

9. INVESTIMENTO<br />

O investimento necessário em materiais<br />

e equipamento para o Hospital de<br />

•<br />

GRUPO NºDOENTES DESPESAS DESPESAS AMORTIZA- CUSTO<br />

NOSOLÓGICO <strong>1991</strong> PESSOAL CONSUMO ÇÃO GLOBAL<br />

Melanoma 16 593 520$ 1 023 729$ 120 115$ 1 737 427$<br />

Outros<br />

Tumores<br />

65 2 411 175$ 175 799$ 487 968$ 3 074 942$<br />

Linfomas 3 11 285$ 206 631$ 300 288$ 618 204$<br />

Psoríase 40 1 483 800$ 716 940$ 135 129$ 2 335 869$<br />

Ulcera de Perna 18 667 710$ 760 563$ 22 521$ 1450 794$<br />

TOTAIS 142 5 267 490$ 2 883 7<strong>25</strong>$ 1066021$ 9 217 236$<br />

QUADRO XXII - Previsão dos custos globais do Hospital de Dia para <strong>1991</strong><br />

tes - medida indispensável para ser<br />

conseguida uma boa gestão das cadeiras<br />

- relax- atribuiem-lhe responsabilidades<br />

acrescidas de coordenação.<br />

Finalmente, algumas incertezas e<br />

dúvidas existentes - dada a sua novidade-quanto<br />

à dificuldade [e exequibilidade]<br />

de certos programas de<br />

tratamento quando aplicados ao regime<br />

de Hospital de Dia, impõem-lhe uma<br />

metodologia de trabalho assente na<br />

disciplina de processos e na coesão da<br />

equipa prestadora de cuidados.<br />

Do anteriormente exposto, se infere<br />

que esta Unidade constituirá um Centro<br />

1 l l<br />

de Custos autónomo, com um responsá-


HôsPif Ãiifi<br />

' '<br />

'<br />

'<br />

'<br />

'<br />

' '<br />

'<br />

'<br />

:::::::::::: :::::::: :: :::! _ __, .----1 ::::::: ::::::::: :::::: :::::<br />

~ ­<br />

LJiliilllJJilli<br />

[]li<br />

~ .<br />

LJ<br />

~<br />

~<br />

-<br />

~[]li<br />

-<br />

. '<br />

li<br />

.___ _ _,<br />

A<br />

. '<br />

'<br />

'<br />

'<br />

.<br />

'<br />

'<br />

...,.._ ___,<br />

D<br />

HUC<br />

Escala<br />

1 :200<br />

' ' '<br />

'<br />

Piso<br />

10<br />

'<br />

,'<br />

,<br />

, '<br />

DERMATOLOGIA<br />

D<br />

Unida.de de lntema.-.ento<br />

situação actual<br />

,../·<br />

NºDE VALOR<br />

DESCRIÇAO DO MATERIAL<br />

UNIDADE GLOBAL<br />

Cadeiras - relax 4 140 000$<br />

Armários 2 80 000$<br />

Prateleiras 10 20 000$<br />

Secretárias 2 70 000$<br />

Cadeiras 2 30 000$<br />

Câmara de fluxo laminar 1 1700000$<br />

Bombas perfusoras 2 556 000$<br />

Equipamento fotoquimioterapia 1 4 170 000$<br />

Caixas de material cirúrgico 3 67 500$<br />

Portas de fole 5 <strong>25</strong>0 000$<br />

Divisórias 4 400 000$<br />

Armaduras 4 20 000$<br />

TOTAL 7 503 500$<br />

Anexo 1 -<br />

Planta das actuais instalações: a. afectar a.o Hospital de Dia<br />

QUADRO XXIII - Mapa do investimento em materiais e equipamento<br />

12 1<br />

AneXG 11 -<br />

000<br />

o<br />

000 ~ GOD<br />

N<br />

1<br />

- - - 2.70--ilt-1 .60 - ,ii;--- 2.70---<br />

A<br />

. '<br />

' '<br />

. '<br />

--~<br />

E<br />

HUC DERMA.TOLOGIA - PROJECTO DE HOSPITAL DE DIA<br />

LEGENDA<br />

Escala. A - ca.deira-f'elax D - ge.b . de apoió G - inst . ssnit é.rias<br />

1 :200 utentes<br />

B - cêmarafl~>


HôsiiíTÃLifi<br />

~o<br />

,,<br />

A AJUDA-LO<br />

o ~eu donativo pode salvá- lo<br />

para<br />

,<br />

Nos,<br />

Um gesto<br />

pode ser o<br />

suficiente<br />

o salvar.<br />

médicos<br />

e enfermeiros<br />

voluntários<br />

da AMI,<br />

estamos na<br />

Guiné, Cabo<br />

Verde, S.<br />

Tomé e<br />

Roménia.<br />

Ajude-nos a<br />

continuar<br />

envie donativos para:<br />

Ass1srêNc1A<br />

MÉDICA<br />

1<br />

1<br />

1<br />

;<br />

!<br />

1<br />

1<br />

.<br />

1<br />

1<br />

1 NTERNACIONAL 1<br />

organização humanitária não governamental<br />

AMI. Av. GagoCoutinho. 66 - 1700 LISBOA<br />

Telef.: 895192<br />

l !<br />

1<br />

i<br />

J<br />

•<br />

Fátima Rosado<br />

Lic. em Filosofia Técnica de<br />

Diagnóstico e Terapêutica<br />

(HUC). Formadora da área<br />

das relações humanas (HUC)<br />

Candidata ao mestrado de<br />

Ciências da Educação -<br />

Pedagogia na Saúde<br />

Até meados do séc. XX a morte é vivida e ressentida de forma<br />

colectiva. O traumatismo da morte, provocava junto do moribundo,<br />

e do seu grupo social, todo um processo de rituais e luto que<br />

patenteavam e exorcizavam esse sofrimento.<br />

Hoje, morre-se preferencialmente no Hospital, mas a instituição<br />

hospitalar no seu conjunto não está vocacionada para a morte,<br />

nem para o acompanhamento dos moribundos. Aqui, "deve-se"<br />

morrer discretamente, sem rituais e sem luto. As equipas de<br />

saúde, estão vocacionadas para a cura, para o sucesso e a morte<br />

aqui, é sentida, como um fracasso, que urge ultrapassar o mais<br />

rapidamente possível.<br />

Como conjugar então, este escamoteamento da morte, com a<br />

existência de cada vez mais doentes, com diagnósticos de cancro<br />

e de SIDA, e de outras doenças igualmente letais e por isso<br />

destinados a cuidados meramente paliativos, dentro dos Hospitais?<br />

O que será mais correcto, humano, e possível?<br />

Um outro lugar, para estes doentes viverem os últimos dias?<br />

Ou dar às equipas de saúde um tipo deformação específica, com<br />

vista a uma nova lógica de acompanhamento destes doentes,<br />

dentro do hospital.<br />

. Até meados do séc. XX, a morte foi<br />

sentida, vivida e exorcizada, de· forma<br />

colectiva (1). A História e a Etnografia<br />

mostram-nos que o traumatismo<br />

provocado pela morte, desencadeava<br />

junto do moribundo, da farru1ia, um<br />

processo de sofrimento, rituais e luto,<br />

que simultaneamente patenteavam, mas<br />

atenuavam e integravam . 1<br />

esse sofrimento.<br />

Era esta comunicação e partilha de<br />

dor, que dava sentido à vida e tomava a<br />

morte mais humana mais natural, pela<br />

assumpção plena dum facto, que era<br />

assim entendido, como parte integrante<br />

da realidade humana: Homem, animal<br />

racional, mas mortal.<br />

Na sociedade antiga, a morte é vista<br />

como um acontecimento importante da<br />

vida, com uma solenidade própria.<br />

Como tal, em volta do agonizante,<br />

estavam presentes a farru1ia e os amigos,<br />

para despedidas e o padre para os últimos<br />

sacramentos. Era assim, um acontecimento<br />

partilhado por todos, os funerais<br />

eram cortejos mortuários públicos, que<br />

faziam parar e participar o grupo social<br />

a que o morto pertencia (1).<br />

Mas os últimos 50 anos foram<br />

retirando à morte o seu sentido e a<br />

contextualização familiar e social<br />

própria. Aos poucos, foi perdendo o seu<br />

rosto natural, transformando-se em<br />

números, estatísticas, percentagens, em<br />

A sociedade em que vivemos, 1<br />

suma - anónima. 1 5


HôsPiTÃtii<br />

16 1<br />

sobretudo nas zonas mais industrializadas,<br />

está em vias de ocultar completamente,<br />

uma das realidades mais<br />

importantes da vida: o seu fim.<br />

Hoje em dia, dá-se preferencialmente,<br />

num contexto de discrição e<br />

de solidão, no quarto ou enfermaria<br />

dum hospital, sem rituais, sem família e<br />

sem luto.<br />

Ainda no séc. passado, 90% das<br />

mortes, sedavam no domicílio, hoje em<br />

dia, embora com variações geográficas<br />

assiste-se a uma migração da morte<br />

para o Hospital e para outras instituições<br />

de cuidados de saúde.<br />

1<br />

Figura 1<br />

O elevado custo destas tecnologias,<br />

que fazem com que elas se concentrem<br />

num hospital, ou estabelecimentos<br />

afins.<br />

- A gradual transformação e desagregação<br />

da farrulia, sobretudo nos meios<br />

mais urbanizados, gerado por<br />

condições económicas difíceis que<br />

levam todos os membros da família<br />

a trabalhar, e ao consequente esvaziamento<br />

do domicílio.<br />

Desta forma, a hospitalização dos<br />

doentes, dos idosos e dos moribundos<br />

torna-se uma necessidade, pois o lar, na<br />

ANOS MORTES DOMICILIO HOSPITAL<br />

Totais Doença Internamento<br />

1986 88.884<br />

>- '<br />

49.633<br />

1<br />

36.880<br />

1987 88.157 47.443 38.412<br />

1988 91.208 47.411 41.030<br />

1989 89.509 45.005 41.843<br />

Fonte: Estatística da Saúde (INE)<br />

As estatísticas francesas de 1984<br />

(INSERM) dizem que 68% dos óbitos,<br />

dão-se no Hospital e estabelecimentos<br />

similares e apenas 30% acontecem em<br />

casa, quando ainda em 1964, 63,2% se<br />

davam no domicílio e isto apesar de<br />

7 5 % dos franceses inquiridos desejarem<br />

morrer em casa (2).<br />

Entre nós, o fenómeno da migração<br />

da morte, do domicílio para o hospital,<br />

também se verifica, segundo o "INE" e·<br />

assiste-se a uma diminuição dos óbitos<br />

por doença no domicílio e a um<br />

consequente aumento do internamento<br />

e morte, no hospital (fig. nº 1).<br />

Se observarmos agora, o gráfico<br />

feito a partir dos números obtidos nos<br />

últimos quatro anos, do quadro anterior,<br />

facilmente concluimos que se a<br />

tendência se mantiver, no presente ano<br />

de <strong>1991</strong>, já se devem verificar, mais<br />

óbitos no hospital, do que em casa (fig.<br />

nº 2).<br />

São vários os factores que geram<br />

esta transferência:<br />

- O avanço da medicina e da cirurgia<br />

e o consequente desenvolvimento de<br />

aparelhos e técnicas sofisticadas, que<br />

contribuem para manipulações cada<br />

vez mais precisas e mais intervencionistas.<br />

maior parte dos casos, é "um local de<br />

solidão e de sórdido abandono" (3).<br />

Mas a instituição <strong>Hospitalar</strong>, é<br />

entendida como uma equipa de quadros<br />

técnicos que tem como objectivo<br />

prioritários: curar, fazer desaparecer<br />

a doença e sobretudo, prolongar a<br />

vida.<br />

O Hospital, tal como a sociedade<br />

actual, rege-se por valores de eficácia,<br />

de vitórias: nesta constelação de valores,<br />

a morte é sentida como um insucesso e<br />

nunca poderá ser vista, como um<br />

momento grande da vida do homem,<br />

mas sim, como um sub-produto, em<br />

alguns casos, ela é mesmo sentida como<br />

um fracasso, na medida em que a ciência<br />

médica é vocacionada para travar as<br />

causas da doença e lutar contra a morte.<br />

O próprio espaço, na instituição<br />

hospitalar, porque limitado e exíguo,<br />

não está preparado para este evento,<br />

dado que nem se pode acolher a família,<br />

sem que a presença deles se torne<br />

incómoda para os técnicos de saúde e<br />

para os outros doentes.<br />

Também em relação à formação<br />

das equipas de saúde, porque essencialmente<br />

técnica e curativa, se verifica<br />

uma lacúna, na especificidade, do<br />

acompanhamento dos moribundos: a<br />

formação profissional é feita no sentido<br />

do fazer, do agir, e não no sentido de<br />

escutar, de acompanhar, de comunicar.<br />

Por tudo isto, se verifica que a<br />

instituição hospitalar no seu conjunto,<br />

está pouco preparada para a morte.<br />

Como conciliar então todos estes<br />

pressupostos, com o facto de haver cada<br />

vez mais doentes com diagnósticos,<br />

com o cancro, a SIDA e outras patologias<br />

igualmente letais?<br />

Como e onde tratar estes doentes,<br />

destinados a cuidados paliativas<br />

terminais?<br />

Por outro lado cabe-nos perguntar<br />

ainda, haverá um lugar ideal para estes<br />

ou outros doentes morrerem?<br />

- O melhor sítio, será o Hospital?<br />

- Será um Hospício/Lar/Instituição de<br />

caridade?<br />

- Será uma Unidade de Cuidados<br />

Paliativas?<br />

É sabido, que não há um lugar "ideal"<br />

para morrer, nem uma resposta única,<br />

definitiva, para todos os casos, dado<br />

que é necessário ponderar um conjunto<br />

de factores, como:<br />

- A qualidade e adequação_ dos<br />

serviços.<br />

- O estado de evolução da doença e o<br />

seu prognóstico.<br />

As caracteristícas físicas da doença e<br />

as representações sociais que lhe são<br />

inerentes.<br />

- A existência de farru1ia e a qualidade<br />

das relações familiares.<br />

A personalidade do doente, etc. ( 4 ).<br />

Todos estes parâmetros, devem ser<br />

tomados em conta na escolha do local<br />

mais adequado para morrer. Contudo,<br />

seja qual for a solução adaptada, em<br />

relação ao espaço físico, existem<br />

elementos que devem estar sempre<br />

presentes: são as equipas de saúde.<br />

Como tal, compete-nos estar<br />

preparados e nesta situação muito<br />

específica, ao nível da qualidade das<br />

relações interpessoais, a ter, com o<br />

moribundo e com a família.<br />

Nessa perspectiva, parece-nos da<br />

maior urgência, a mudança de atitude,<br />

nos hospitais, face à morte e ao doente<br />

terminal, de maneira a evitar que estes<br />

morram, abandonados no meio da maior<br />

solidão.<br />

Essa mudança de atitude só é<br />

possível, se a exemplo do que se tem<br />

feito noutros países e aliás, ·como a<br />

"OMS" (5) recomenda, estabelecermos<br />

;<br />

•<br />

três linhas de actuação:<br />

1. formação específica dos profissionais<br />

de saúde.<br />

2. constituição de equipas interdisciplinares.<br />

3. cuidados com o equilíbrio da equipa.<br />

-<br />

1. A FORMAÇAO DA EQUIPA<br />

Os modernos conceitos médicos e<br />

sanitários que orientam os diversos<br />

procedimentos médicos e terapêuticos<br />

face às doenças consumptivas, originam<br />

aquilo que os autores anglo-saxónicos<br />

denominam de coping strategy.<br />

Trata-se de um conjunto de proce-<br />

50000<br />

40000<br />

30000<br />

1986<br />

dimentos terapêuticos, que tem uma<br />

perspectiva de cuidados globais, para<br />

estes doentes, de forma a que possa<br />

haver uma interacção entre os universos<br />

habitados pelo doente.<br />

Assim, os cuidados físicos, tais como<br />

tratamentos médicos, controlo da dor,<br />

etc., são da maior importância para a<br />

manutenção da qualidade de vida, mas<br />

um doente que vai morrer, tem além<br />

disso, outras necessidades que é preciso<br />

ter em conta.<br />

Por exemplo, a necessidade de<br />

comunicar é vital: ele precisa de dar<br />

livre expressão aos seus sentimentos,<br />

de partilhar os seus medos, a sua<br />

ansiedade, mas também a sua esperança:.<br />

Por isso.-precisa de uma equipa, que o<br />

trate como·um ser vivo, enquanto tal,<br />

que tenha disponibilidade para o ouvir<br />

e compreender e sobretudo, que lhe<br />

ajude a encontrar, se ele precisar, o<br />

respeito por si próprio e o sentido da sua<br />

vida.<br />

Para a família, deve haver também,<br />

uma atenção especial e um programa de<br />

suporte e acompanhamento,·no luto. A<br />

família é muito mais do que um conjunto<br />

de pessoas e pode organizar-se de<br />

maneira negativa ou positiva em função<br />

Figura 2<br />

. . ... ~ "<br />

depois de devidamente preparados e<br />

integrados pelas equipas médicas, o<br />

doente não terá o sentimento de ser<br />

rejeitado, isolado e de já não fazer parte<br />

da sociedade. Este novo olhar, tornado<br />

possível noutros países, pelos cuidados<br />

paliativas, pretende ser uma resposta,<br />

mais humana aos pedidos de Eutanásia,<br />

feitos frequentemente, pelos doentes<br />

pelos familiares e até por técnicos de<br />

saúde. Nos locais onde se praticam os<br />

cuidados paliativas terminais, não é<br />

comum os doentes pedirem a Eutanásia,<br />

como referem alguns autores (7) pois<br />

que a filisofia subjacente a estes<br />

cuidados, é conduzir o doente, liberto<br />

de sofrimento e de soli~ão, a uma morte<br />

Í][- DOMICÍLIO<br />

H- HOSPITAL<br />

1987 1988 1989<br />

do familiar doente e tem um notável<br />

poder de apoio e de sustentáêulo.<br />

Daí decorre a necessidade de<br />

mobilização dos recursos familiares,<br />

com vista a intensificar a relação da<br />

família entre si e com o doente. Só<br />

assim se estabelecerá a cadeia de<br />

corresponsabilização e suporte, chama- ·<br />

da "aliança terapêutica", constituida<br />

pela equipa, família e doente (6).<br />

Com controle antiálgico, com um<br />

acompanhamento adequado, com o<br />

suporte da família e até de voluntários,<br />

serena, digna e humana.<br />

2 . . EQUIPA INTERDISCIPLINAR<br />

Na constituição das equipas de<br />

cuidados paliativas terminais devem<br />

constar não só médicos (normalmente<br />

oncologistas), enfermeiros, e outros<br />

terapêutas, mas também assistentes<br />

sociais, psicólogos e psiquiatras. Todos<br />

estes elementos, são imprescindíveis<br />

numa equipa que tem por funções um 1 17


acompanhamento de suporte e cuidados<br />

globais, durante a doença até à morte e<br />

em·relação à família, até mesmo depois<br />

da morte do familiar, durante o luto, se<br />

for necessário.<br />

3. CUIDADOS COM O<br />

EQUILÍBRIO DA EQUIPA<br />

Finalmente, a equipa destinada a<br />

Cuidados Paliativas Terminais, pelo<br />

stress específico a que está constantemente<br />

submetida, deve cuidar de si<br />

própria, do seu próprio equilíbrio, para<br />

não se deixar conduzir ao "bornout" (8)<br />

(está descrito como uma espécie de<br />

strees crónico, ou sindroma de exaustão<br />

emocional, que aparece nos "profissionais<br />

de ajuda").<br />

Visando esse objectivo, é essencial<br />

a existência dum protocolo de cuidados<br />

paliativos, com o fim de dar sentido ao<br />

seu trabalho e diminuir o sentimento de<br />

insucesso, de impotência e até de<br />

inutilidade, de que se podem ressentir<br />

os seus membros.<br />

A equipa deverá, também fazer<br />

pausas para discutir, analisar e identificar<br />

os problemas que se lhe colocam, tendo<br />

sempre bem presente a noção, dos seus<br />

limites (não é Deus).<br />

Os serviços, deverão ser alternados<br />

com outros grupos, o que lhes permitirá,<br />

descanso e distanciamento dos problemas.<br />

Por fim deverá participar em<br />

encontros semanais com um consultor<br />

(psicólogo, ou psiquiatra), com vista à<br />

manutenção do seu equilíbrio e da sua<br />

sobrevivência psicológica, pois que o<br />

permanente contacto com doentes<br />

terminais, pode desmotivá-los, e leválos<br />

a diminuir o valor do seu trabalho,<br />

em face de outras equipas com<br />

intervenções mais técnicas.<br />

CONCLUSÃO<br />

O progressivo desenvolvimento da<br />

nossa sociedade, tem como consequência<br />

o desaparecimento sistemático<br />

das culturas tradicionais, e o escamoteamento<br />

da morte do nosso quotidiano.<br />

Todos os rituais relativos à morte, que<br />

se praticavam ainda há cinquenta anos<br />

atrás, nas sociedades ocidentais,<br />

praticamente desapareceram. As<br />

farm1ias já não podem guardar, dos seus<br />

parentes mortos, uma recordação de<br />

calma e de dignidade, que era dada por<br />

esses rituais funerários, na medida que<br />

a morte acontece cada vez mais dentro<br />

da instituição hospitalar, onde não há<br />

rituais;<br />

Sem pretender voltar ao passado,<br />

como poderemos nós, técnicos de saúde,<br />

devolver ao moribundo e à família uma<br />

morte digna e com um acompanhamento<br />

adequado, que recrie os rituais da morte<br />

que dão sentido à vida?<br />

O conhecimento e utilização das<br />

pesquisas de E. Kubler-Ross, sobre a<br />

psicologia do moribundo, e as investigações<br />

da escola Inglesa, iniciada por<br />

Cicely- Saunders, sobre o controle da<br />

dor e o apoio dado ao doente e à família,<br />

representam na opinião de alguns autores<br />

(9) uma forma de ritualização moderna<br />

do morrer, nas sociedades ocidentais<br />

avançadas.<br />

Entre nós, por enquanto, duma<br />

sociedade avançada só temos os<br />

problemas, resta-nos procurar soluções.<br />

Se concretizarmos os três parâmetros,<br />

descritos antes (formação específica<br />

dos técnicos de saúde, constituição<br />

de equipas interdisciplinares<br />

e cuidados com o equilíbrio da equipa)<br />

poderemos por certo, fazer um melhor<br />

acompanhamento dos moribundos e<br />

desta maneira humanizar o morrer,<br />

dentro do hospital, uma vez que é aí,<br />

que ele se dá, cada vez com mais<br />

frequência.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BIBLIOGRÁFICAS<br />

(1) ARIES, P., L' Homme devant la<br />

mort, Seuil, Paris, 1977, trad. Port., O<br />

Homem Perante A Morte, vol. I, II, Europa­<br />

América.<br />

(2) SEBAG-LENOE, CASAS, A , O<br />

Acompanhamento do velho moribundo, in<br />

"Servir" vol. N 36, nº 5 (1988).<br />

(3) ZIELGLER, J., Les vivants et la<br />

mort, Seuil, 1975, trad. Port., Os Vivos e a<br />

morte, Zahar, Rio de Janeiro.<br />

(4) WILKES, E., The "Best'' place to<br />

die: Hospital, hospice or home? in 1 º<br />

Congrés de L'association Européenne de<br />

Soins Palliatifs, Paris. 1990.<br />

(5) Raport d' un Comité d' experts de<br />

I'OMS, Traitement de ladouleurcancéreuse<br />

et soins palliatifs, Geneve, 1990.<br />

( 6) Ruszniewski, et al, la collaboration<br />

thérapeutique dans ['equipe soignante, in<br />

Bull. du Cancer, vol. 73,6 (1986).<br />

(7) ABIVEN, M., Pour une mort plus<br />

humaine, InterEditions, Paris, 1990; BETH,<br />

B., L ' Accompagnement du mourant en<br />

milieu hospitalier, Doin, Paris, 1985.<br />

(8) Fawzy et al, Burnoult in the Health<br />

Professions, in Judd/Burrows/Lipsitt,<br />

Handbook of Studies on General Hospital<br />

Psychiatry, Elsevier Science Publ.,<br />

Amesterdam, L 991.<br />

(9) SEBAG-LANOE, R. , Les Soignants<br />

Face Aux Soins Palliatifs, "revue L'infirmiere",<br />

Maio, 1989, nº 10.<br />

)<br />

Autores: José Soares (* ),<br />

Carlos Pinho (* ),<br />

Jaime Batista(**),<br />

Reis Abreu(**).<br />

Local de Trabalho:<br />

*Serviço de<br />

Gastrenterologia do Centro<br />

<strong>Hospitalar</strong> do Vale do Sousa<br />

** Comissão Regional de<br />

Informática do Norte<br />

1. INmODUÇÃO<br />

.<br />

O grande desenvolvimento que a<br />

Gastrenterologia tem tido nos últimos<br />

anos, sobretudo nas possibilidades que<br />

a Endoscopia Digestiva oferece no<br />

diagnóstico mais preciso e precoce e na<br />

prevenção de doenças de grande prevalência<br />

na nossa população (por exemplo<br />

Cancro Digestivo, Ulcera Péptica e<br />

Cirrose Hepática), obrigaram à sua<br />

expansão.<br />

Como resultado deste desenvolvimento<br />

e expansão, nos últimos 10 anos<br />

têm sido distribuídos pelos Hospitais<br />

Distritais vários Especialistas, por vezes<br />

com pouco critério e sell! condições<br />

de trabalho.<br />

Estes Especialistas, trabalhando<br />

muitas vezes isolados e quase sempre<br />

separados por longas distâncias, mas<br />

cientes da importância do seu contributo<br />

para um exercício actual e correcto<br />

em cuidados diferenciados, souberam<br />

lutar e motivar-se unindo-se na primeira<br />

associação hospitalar por especialidade<br />

surgida em Portugal - o Núcleo<br />

de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais<br />

(Novembro de 1984).<br />

Baseando-se toda a acção humana<br />

nas "informações", recebidas, conservadas,<br />

transmitidas e tratadas , tornouse<br />

óbvia a necessidade de dotar o.<br />

18 1<br />

1 19


20 1<br />

N.G.H.D. e seus associados, de instrumentos<br />

eficazes para tratar de forma<br />

automática toda a Informação colhida e<br />

gerada pelos próprios, no sentido de<br />

cada um por si ter um auxiliar de trabalho<br />

e todos em conjunto poderem<br />

comparar e analisar a sua actividade e<br />

rentabilidade dos seus serviços. Nasce<br />

então, em 1986, a ideia de Informatizar<br />

os Serviços de Gastrenterologia dos<br />

Hospitais Distritais.<br />

Contudo a complexidade do desiderato<br />

proposto, para muitos quimera,<br />

para outros panaceia, faria pressupor<br />

que o tempo necessário à sua implementação<br />

fosse suficiente para o tornar<br />

desactualizado logo que operacional.<br />

Por este motivo, optamos por um<br />

método de trabalho com "módulos<br />

compatíveis" entre si, fornecendo cada<br />

um o seu resultado próprio.<br />

Da análise da situação existente na<br />

área da Informática da Saúde, mormente<br />

do seu plano Director, e do conhecimento<br />

da realidade existente nos Hospitais<br />

Distritais, após trabalho de levantamento<br />

nesse sentido, optamos por<br />

proceder numa primeira fase à Informatização<br />

da Endoscopia Digestiva Alta,<br />

pois representa a técnica mais desenvolvida<br />

e divulgada nestes Centros.<br />

doente, referências de carácter admini_strati<br />

vo, indicações do exame, dados<br />

de cirurgia prévia, dados de radiologia<br />

prévia, medicação usada para o exame,<br />

especificidades da técnica, diagnóstico<br />

endoscópico, diagnóstico histológico,<br />

complicações e diagnóstico definitivo.<br />

Em cada um destes grupos foi analisado<br />

e classificado o valor das di versas<br />

informações, para proceder à escolha<br />

das informações a reter no fluxo<br />

diário disponível.<br />

1 - Informações fundamentalmente<br />

úteis<br />

2 - Informações susceptíveis de serem<br />

úteis ·<br />

3 - Informações provavelmente inúteis<br />

A hierarquização destas categorias<br />

resulta de um compromisso<br />

entre o registo da informação<br />

clínica necessária para a<br />

assistência dos doentes e o re-·<br />

gisto dos dados numa forma adequada<br />

para a sua análise científica<br />

posterior.<br />

Toda a informação passível<br />

de originar investigação de ordem<br />

Clínica e/ou análise de<br />

indicadores de saúde, foi considerada<br />

de nível 1. Foram consideradas<br />

de nível 2 todas as infor-<br />

2. OBJECTIVOS mações clinicamente relevan­<br />

Pretenderam os autores desenvolver<br />

um sistema que permitisse:<br />

1 - Realizar recolha diária validada da<br />

informação relativa a exames no<br />

âmbito da Gastrenterlogia - Endoscopia<br />

Digestiva Alta.<br />

2 - Constituir e manter dois ficheiros<br />

permanentes: "Identificação dos<br />

doentes" e "Exames endoscópicos".<br />

3 - Constituir Tabelas Permanentes para<br />

consolidação da informacão.<br />

4 - Explorar a informação armazenada,<br />

em cada Centro.<br />

5 - Comunicar a Informação de cada<br />

Centro para uma Base de dados<br />

Nacional para exploração mais<br />

complexa e/ou conjunta de vários<br />

Hospitais.<br />

3. MÉTODO E MA TEIUAIS<br />

Após análise dos meios tradicionais<br />

de registo desta técnica, da informação<br />

contida nestes registos, esta foi subdividida<br />

em vários grupos: Identificação do<br />

tes para o suporte assistencial<br />

individual de cada doente.<br />

Todas as informações de tipo<br />

1 e 2 foram consideradas, e<br />

codificadas, de forma a constituirem<br />

tabelas permanentes. As<br />

informações de tipo 1 foram<br />

consideradas de preenchimento<br />

obrigatório, e as de tipo 2 facultativo.<br />

As de tipo 3 não foram<br />

consideradas, pois a sua retenção<br />

diminuiria a eficácia da<br />

gestão dos dados armazenados.<br />

Para definir as codificações, base<br />

das tabelas permanentes, procedeu-se à<br />

normalização da terminologia a utilizar.<br />

Assim, utilizou-se para a terminologia<br />

Endoscópica uma adaptação da<br />

nomenclatura proposta por Marekta e<br />

aprovada pela Sociedade Europeia de<br />

Endoscopia Digestiva, para a terminologia<br />

Histológica, utilizou-se a classificação<br />

da O.M.S. e para as codificações<br />

dos grupos profissionais dos doentes<br />

seguiu-se a classificação de Collin-Clark<br />

adaptada.<br />

Estas, assim como as restantes codificações,<br />

foram objecto de longa e cuidadosa<br />

discussão entre todos os utilizadores,<br />

de forma a obter um amplo consenso<br />

para a sua utilização.<br />

Optou-se por programação em Basic<br />

Compilado, e o programa foi inicialmente<br />

desenvolviqo para correr em<br />

microcompu.tadores com sistema operativo<br />

MS-DOS, em monoposto, podendo<br />

contudo ser adaptado a multi posto.<br />

4. RESULTADOS<br />

Foi construído um sistema, que<br />

embora lide com um protocolo de registo<br />

necessariamente pesado pela<br />

quantidade de informações retidas, não<br />

se torna muito oneroso, em termos de<br />

utilização de memória de hardware.<br />

Para o registo de 1.000 exames serão<br />

necessários aproximadamente 1,5 Mb.<br />

Preparado para funcionar em tempo<br />

real, foi esquematizado de forma a<br />

permitir o registo fácil e rápido dos<br />

achados endoscópicos por pessoal não<br />

treinado no uso de computadores e com<br />

experiência mínima de dactilografia,<br />

tendo-se evitado o mais possível a digitação<br />

de texto. Permite o arquivo e a<br />

consulta dos registos individuais de cada<br />

doente, bem como a correcção e/ou<br />

anulação, em parte ou no todo, dos<br />

registos anómalos.<br />

l<br />

1<br />

Em rotina normal, são possíveis dois<br />

tipos de procedimento:<br />

a) os doentes são todos identificados<br />

no início do dia de trabalho pela<br />

Secretária do serviço/unidade seguindo-se<br />

o registo das endoscopias<br />

pelo Médico à medida que forem<br />

executadas;<br />

b) Nos Serviços/Unidades que não<br />

disponham de Secretária , o Médico<br />

procede à identificação do doente ,<br />

seguindo-se a execução do exame e<br />

registo imediato do protocolo estabelecido,<br />

para regressar de novo ao<br />

bloco da identificação.<br />

Em ambos os casos são produzidas<br />

cópias imediatas em papel de um relatório<br />

descritivo e pormenorizado dos<br />

achados endoscópicos, e um relatório<br />

final após inclusão dos achados anatomopatológicos,<br />

quando houver lugar à<br />

realização de técnicas complementares.<br />

Este Sistema Informático dispensa<br />

pois qualquer suporte manuscrito.<br />

O programa utiliza nomenclatura<br />

normalizada em todos os parâmetros,<br />

permitindo contudo, a cada utilizador, a<br />

introdução de códigos próprios, sem<br />

prejuízo dos primeiros, em 16 das áreas<br />

codificadas.<br />

Possibilit(l a análise e correlação<br />

dos dados registados, permitindo fácil<br />

acesso ao histórico de cada doente e<br />

elaboração de estudos clínicos.<br />

O acesso e consulta ao histórico de<br />

cada doente é possível por 3-vias :<br />

Identificação, número do exame, ou por<br />

pesquis ~ de datas ou intervalos das<br />

mesmas.<br />

Para a elaboração de estudos clínicos,<br />

epidemiológicos, ou simplesmente<br />

de contagens de ocorrrências, o programa<br />

dispõe de um poderoso sistema de<br />

interrogação que permite:<br />

1 - Proceder a contagens de ocorrências<br />

em todos os parâmetros codificados,<br />

com separação imediata por<br />

sexos.<br />

2 - Seleccionar ocorrências, previamente<br />

definidas pelo utilizador , mediante<br />

Intersecções e Uniões simpies<br />

ou múltiplas, em todos os parâmetros<br />

codificados.<br />

A uniformização institucional dos<br />

registos, com o apoio de um computador<br />

central, permite estudos multicêntricos,<br />

nomeadamente no campo epidemiológico,<br />

sendo para esse efeito realizadas<br />

semestralmente recolha e trata- apetrechamento humano e material ,<br />

mento de todos os registos Informatiza- para uma ainda maior eficácia de actuados<br />

a nível Nacional.<br />

ção.<br />

Este programa tem-se desenvolvido Os diversos trabalhos de índole<br />

de forma dialogante com todos os Científica já apresentados, têm revelautilizadores,<br />

com acções de formação, do a possibilidade de, num futuro próxi-<br />

·recolhendo as·SlJgestões e apreciando as mo, os dados informatizados poderem<br />

dificuldades por forma a adequá-lo definir de forma clara desideratos tão<br />

perfeitamente às necessidades. importantes como o conhecimento da<br />

Este programa entrou em funciona- Carta Epidemiológica Nacional de<br />

mento experimental em Setembro de doenças tão importantes como por<br />

1988 em 3 Centros. Em Janeiro de 1989 exemplo a Úlcera Péptica e suas compassou<br />

a funcionar em pleno em 22 plicações, Esofagite e Cancro Digesti-<br />

Centros. Em Julho de 1990 existiam já vo.<br />

17. 722 registos informatizados de exames<br />

de Endoscopia Digestiva Alta ,<br />

representando desde já a maior base de 6. BIBLIOGRAFIA<br />

dados de Endoscopia Digestiva Alta do<br />

País e uma das maiores do mundo. 1 - Carlos Albuguerque Pinho - Situa-<br />

Actualmente e,stão equipados com ção da Gastrenterologia nos Hospitais<br />

este software 28 Centros, 5 dos quais · Distritais ·- 1987 - Rev Port. Gasnão<br />

hospitalares (Zona Norte 9, Zona trenterologia, suplemento do numero<br />

Centro 8 e Zona Sul 11), estando ainda 28, pag 5-11<br />

a funcionar em termos experimentais 2 - Castel Branco da Silveira - A Gasem<br />

mais um Centro.<br />

trenterologia nos Hospitais Distritais<br />

A recolha e análise semestral dos - Rev. Port. de Gastrenterologia,<br />

registos de todos os Centros utilizado- suplemento do número 28, pag. 3-44<br />

res, tem actuado como feed-back posi- 3 - Reis Abreu - Abordagem à Infonnátitivo,<br />

incentivando os utilizadores e ca Médica - I Reunião Nacional do<br />

traduzindo-se na prática pela subida Núcleo de Gastrenterologia dos Hossignificativa<br />

dos exames registados pitais Distritais<br />

(110% e 173% respectivamente do pri- 4 - Cotê R.A and col. - Progress in medimeiro<br />

para o segundo semestre e do cal information management. Stansegundo<br />

para o terceiro). dardazided nomenclature of<br />

medicine(SNO-MED). J. Am. Med<br />

Ass 1980 ;243:756-762<br />

s. CONCLUSÕES 5 - Dambrosia JJ.M and col- Statistical<br />

consideration for a medical data base.<br />

A metodologia adoptada para o tra- Biometrics 1980; 36: 337-342<br />

tamento informático dos dados colhi- 6 - A.G. Oliveira - Estrutura de um Sistedos<br />

na vivência hospitalar de Médicos ma de informação clínica para Servi-<br />

Gastrenterologistas, revelou-se eficaz. ços <strong>Hospitalar</strong>es: Baseline* - Acta<br />

De facto o tratamento modular ini- Médica Portuguesa 1990; 1:21 -26<br />

ciando a informatização pela Endosco- 7 - José Madureira Pinto - Estruturas<br />

pia Digestiva Alta, permitindo desde Sociais e prátricas Simbólica-Ideolólogo<br />

a apresentação de resultados, gicas nos campos - Biblioteca das<br />

motivou de sobremaneira a adesão dos Ciências do Homem - Afrontamento<br />

utilizadores, na grande maioria inicia- - 1985<br />

dos no uso de computadores. A solução 8 - Maratka - Tenninology, Definitions<br />

de compromisso adoptada, com a obri- and diagnostic Criteria in Digestive<br />

gatoriedade de registo apenas dos parâ- Endoscopy - 1984<br />

metros considerados fundamentais, e a 9 - Vasco Trancoso - Investigação Clípossibilidade<br />

de introdução de codifi- nica nos Hospitais Distritais - Reviscações<br />

próprias, permitiu adequar os ta da Soe. Port. Anest., vol. 2 - 4 pag.<br />

registos de cada doente às característi- 45-47<br />

cas institucionais, mantendo a possibi- 10 - H. Briond, C. Cochet - Analyse<br />

lidade de proceder a análises globais. fonctionelle en informatique de ges-<br />

A análise institucional e global dos tion - Dunod, Paris, 1977<br />

dados registados tem confirmado e 11 - Roger. F.H. - Medecine et informaobjectivado<br />

a enorme importância e tique - Centre de Informatique<br />

rentabilidade dos Serviços de Gastren- Médicaie de Université de Louvain ,<br />

terologia, reforçando a necessidade de Belgique, 1979<br />

1 21


HõsPiTÃLii<br />

22 1<br />

Vasco Pinto dos Reis<br />

Administrador <strong>Hospitalar</strong><br />

Professor da Escola Nacional<br />

de Saúde Pública<br />

A Região Au~ónoma dos Açores,<br />

dispondo embora de legislação própria<br />

em matéria de organização e gestão dos<br />

hospitais que integram o Serviço<br />

Regional de Saúde, optou pela adopção<br />

de modelos em tudo semelhantes aos<br />

que, também recentemente, haviam sido<br />

perfilhados a nível de Serviço Nacional<br />

de Saúde.<br />

Assim, também o Decreto Regulamentar<br />

Regional nº 12/90/ A de 20 de<br />

Março de 1990, prevê no seu articulado<br />

novas e diversificadas formas de<br />

organização interna dos hospitais, cuja<br />

implantação deverá por isso ser<br />

equacionada ou até promovida.<br />

O presente estudo, realizado em<br />

resposta a uma solicitação da Direcção<br />

Regional de Saúde dos Açores, tem por<br />

objecto a análise dos problemas<br />

decorrentes de alguns aspectos desse<br />

normativo que pela sua natureza<br />

inovadora, foi julgado justificarem uma<br />

reflexão que passando pelo seu<br />

enquadramento jurídico, integrasse<br />

igualmente uma breve discussão teórica<br />

que contribuindo para a sua consolidação,<br />

propiciando uma interpretação_<br />

correcta de diferentes normativos<br />

vigentes e permitindo ensaiar resposta<br />

adequadas às questões que se põem.<br />

Embora, por razões relacionadas<br />

com o processo de diferenciação que a<br />

Região vive num sector hospitalar com<br />

uma dimensão quantitativamente<br />

restrita, os problemas de organização<br />

da acti vidade hospitalar possam<br />

conhecer uma e special acuidade<br />

nosAçores, é indiscutível (e não apenas<br />

por razões normativas) o seu interesse<br />

para a rede hospitalar nacional que,<br />

com outra dimensão quantitativa se<br />

defronta com problemas de integração<br />

de actividade idênticos.<br />

Por isso se julgou que poderia ser<br />

interessante adi vulgação com pequenos<br />

ajustamentos do estudo, já que o quadro<br />

legal é, substancialmente, idêntico<br />

apesar da diversidade formal dos seus<br />

suportes.<br />

1 - ENQUADRAMENTO DO<br />

TEMA<br />

A análise do tema, quer no que se<br />

refere aos hospitais portugueses em geral<br />

quer no caso dos hospitais dos Açores<br />

em particular é facilitada pela ponderação<br />

de um conjunto heterogéneo de<br />

parâmetros que, permitindo caracterizar<br />

a situação, poderão contribuir para um<br />

seu melhor esclarecimento.<br />

1.1 - A ORGANIZAÇÃO<br />

INTERNA DOS HOSPITAIS<br />

PORTUGUESES<br />

O art. 40º do decreto lei 48 358 de 27<br />

de Abril de 1968 (Estatuto <strong>Hospitalar</strong>),<br />

estabelece que:<br />

1. "Os estabelecimentos hospitalares<br />

organizam-se em serviços que devem<br />

constituir um conjunto actuando<br />

coordenada e integradamente, sob a<br />

responsabilidade dos órgãos de administração<br />

e direcção técnica.<br />

2. Os serviços classificam-se em dois<br />

grupos:<br />

a) Serviços de assistência;<br />

b) Serviços de apoio geral. ( ... )"<br />

E, os artigos 41.º, 42.º e 43.º,<br />

acrescentam o seguinte:<br />

Art. 4 1.º<br />

l . "Sem prejuízo da autonomia e da<br />

responsabilidade técnica atribuída a<br />

cada serviço, todos ficam sujeitos à<br />

orientação geral que superiormente<br />

for definida através dos órgãos de<br />

administração e de direcção técnica<br />

dos estabelecimentos hospitalares a<br />

que pertençam.<br />

2. Os serviços respondem pelos resultados<br />

do exercício da sua actividade<br />

perante os órgãos de administração e<br />

direcção técnica dos respecti vos<br />

estabelecimentos, competindo a cada<br />

um conseguir a máxima eficiência<br />

com o mais económico aproveitamento<br />

dos meios de acção ao seu<br />

dispôr" .<br />

Art. 42.º<br />

"Para cada serviço deve haver sempre<br />

um director, chefe ou encarregado<br />

que o oriente, em ordem a obter o<br />

maior rendimento possível. ( .. . )"<br />

Art. 43.º<br />

"Para estabelecer, a título normal, a<br />

ligação entre os serviços que em<br />

cada hospital actuem em matéria de<br />

interesse comum, devem ser constituídos<br />

grupos ou comiss.ões ·interserviços,<br />

permanentes ou eventuais".<br />

O art. 10.º do decreto regulamentar<br />

48 358 (Regulamento Geral dos<br />

Hospitais), também de 27 de Abril de<br />

1968, estabelece, regulamentando o<br />

acima transcrito art. 40 do DL 48<br />

357:<br />

1. Os serviços de um hosp ital<br />

agrupam-se pela forma seguinte:<br />

1.º Serviços de assistência:<br />

a) Serviços de acção médica;<br />

b) Serviços farmacêuticos;<br />

c) Serviços de enfermagem:<br />

d) Serviços sociais. ( ... )"<br />

1.2 OS JIOSPJTAIS DA REGIÃO<br />

A Região Autónoma dos Açores,<br />

dispõe de três hospitais de diferente e<br />

variada dimensão que abrigam diversas<br />

"especialidades".<br />

Será importante recordar que estes<br />

três hospitais vivem um assinalável<br />

processo de diferenciação que, não tendo<br />

tido, até ao presente momento consequências<br />

significativas na sua lotação -<br />

diferente será o caso do Hospital de<br />

Ponta Delgada quando dispuzerdas suas<br />

novas instalações - determinam, com<br />

uma dimensão muito menor, situações<br />

de complexidade estrutural próximas<br />

das típicas em hospitais centrais',<br />

tendencialmente totivalentes mas com<br />

grandes lotações.<br />

- O Hospital de Angra do Heroísmo<br />

tem 208 camas.<br />

O s dados oficiais recebidos e<br />

relativos a Janeiro de <strong>1991</strong>, apontam a<br />

e xistência de 7 "Serviços" com<br />

internamento - Cardiologia, Cirurgia,<br />

E specialidades Cirúrgicas, Infectocontagiosas,<br />

Medicina, Obstetrícia e<br />

Pediatria - e uma "Unidade de Cuidados<br />

Intensivos".<br />

Dispõe ainda das "especialidades"<br />

de Ortopedia ( 15 camas no Serviço de<br />

Cirurgia), Estomatologia (dentro de<br />

" especialidades cirúrgicas" e sem<br />

referência à existência de um número<br />

de camas especificamente afectado ),<br />

Oftalmologia (6 camas), Otorrinolaringologia<br />

(7 camas), Gastroenterologia e<br />

Neurologia (ambas sem camas especificamente<br />

afectadas e a funcionar dentro<br />

do Serviço de Medicina Interna).<br />

- o Hospital da Horta tem 102 camas.<br />

Os dados oficiais recebidos e<br />

referentes a Janeiro de <strong>1991</strong>, apontam<br />

para a existência de 4 "Serviços" com<br />

internamento - Cirurgia, Medicina,<br />

Obstetrícia e Pediatria - e de um<br />

"Berçário".<br />

Dispõe ainda das "especialidades"<br />

de Ortopedia (8 camas no Serviço de<br />

Medicina), Estomatologia, Otorrinolaringologia<br />

e Oftalmologia (estas três<br />

com 6 camas.no Serviço de Medicina).<br />

- o Hospital de Ponta Delgada tem<br />

338 camas.<br />

O s dados oficiais recebidos e<br />

relati vos a Janeiro de <strong>1991</strong>, revelam a<br />

existência de 1 O "Serviços" com<br />

internamento - Cardiologia, Cirurgia,<br />

Ginecologia, Infecto-contagiosas,<br />

Medicina, Neurocirurgia, Obstetrícia,<br />

Ortopedia, "Especialidades", Pediatria<br />

- de uma unidade de Prematuros e de 9<br />

camas em duas Unidades de Cuidados<br />

Intensivos.<br />

Dispõe ainda das "especialidades"<br />

de Gastroenterologia e Urologia (no<br />

Serviço de Cirurgia", sem camas<br />

especificamente afectadas), Nefrologia,<br />

Neurologia, Pneumologia e Endocrinologia<br />

(no "Serviço de Medicina", sem<br />

camas especificamente<br />

afectadas) e<br />

Otorrinolaringologia e Oftalmologia (no<br />

Serviço de especialidades").<br />

Há que referir que, por uma questão<br />

de hemogeneidade de fontes, utilizaram­<br />

-se, também para este hospital, os dados 1 23


Hôsiiif ÃLifi<br />

24 1<br />

remetidos mensalmente para efeitos<br />

estatísticos.<br />

No entanto e em relação ao Hospital<br />

de Ponta Delgada, há elementos que<br />

apontam para um ri úmero: muito· maior<br />

de "Serviços" com intetnarnetíto (13), a<br />

que se deverão acrescentar 11 unidades<br />

médiéas e ~Ci~úrgiéas. ·<br />

1.3 • A LEGISLAÇÃO DE<br />

GESTÃO IIOSPITALARA<br />

NÍVEL DA REGIÃO<br />

Na Região Autónoma do Açores, a<br />

actividade de gestão dos hospitais é<br />

regulada pelo Decreto Regulamentar<br />

Regional n.º 12/90/Ade20deMarçode<br />

1990.<br />

Nos termos do seu preâmbulo, este<br />

diploma procurou seguir de perto os<br />

princípios integradores do modelo<br />

adoptado na administração central, sem<br />

contudo deixar de ter em conta a<br />

realidade regional.<br />

Não constituindo nesta perspectiva<br />

um instrumento legal totalmente<br />

iriovador em' termos nacionais, certo é<br />

que iD.troduz; mbrmente no que ao tema :.<br />

em epígrafe se refere, potencialidades _:<br />

de · alteração · profunda no quadro<br />

normativo anteriormente vigente.<br />

Mantendo a linha de orientação<br />

preconizada pela legislação de 1968<br />

(Estatuto <strong>Hospitalar</strong> e Regulamento<br />

Geral dos Hospitais) que aliás mantém<br />

expressamente em vigor em tudo quanto<br />

não é por si regulado, renova o apelo à<br />

"eficiência técnica e social" como<br />

referências de gestão para o subsistema<br />

hospitalar.<br />

Art. 13.ª<br />

1. "A fim de ser conseguida uma maior<br />

eficiência técnica e social, os<br />

hospitais devem organizar-se e ser<br />

administrados de forma a utilizar<br />

com a máxima rendibilidade todos<br />

os recursos disponíveis, garantindose<br />

à colectividade o mínimo custo e<br />

o máximo benefício no seu funcionamento.<br />

2. Com vista ao disposto no número<br />

anterior, os hospitais deverão elaborar<br />

planos de administração anuais e<br />

plurianuais, a submeter à aprovação<br />

do Secretário Regional da Saúde e<br />

Segurança Social, juntamente com<br />

os respectivos orçamentos.<br />

3. Uma vez aprovados os planos e<br />

orçamentos referidos no número<br />

anterior, compete ao Secretário<br />

Regional da Saúde e Segurança<br />

Social ou aos órgãos de administração<br />

dos/ hospitais, em tudo quanto se<br />

situe dentro dos limites da sua<br />

competência própria, a prática de<br />

todos os actos neces-&ários à sua<br />

·execução".<br />

Mas é no art.º .14.º 'e 15.º, adiante<br />

transcritos, que a sua previsão procura<br />

introduzir, na "área, de prestação de<br />

cuidados", novos conceitos, cuja aplicação<br />

poderá determinar modificações<br />

profundas na estrutura interna dos<br />

hospitais.<br />

Art.º 14.º - "Sempre que as circunstâncias<br />

o possibilitem e mediante<br />

autorização do Secretário Regional da<br />

Saúde e Segurança Social, poderão ser<br />

introduzidos novos modelos estruturais,<br />

a título experimental, na área de<br />

prestação de cuidados, no sentido de<br />

introduzir no hospital novas formas de<br />

divisão de trabalho por universos mais<br />

extensos, proporcionando uma visão<br />

global do doente, uma melhor cooperação<br />

interdisciplinar e uma utilização<br />

mais eficaz ·dos. meios tecnológicos".<br />

Art. 15.º<br />

1. "Para a prossecução dos princípios<br />

definidos no art.º 13.º os hospitais<br />

devem, de forma gradual, organizarse<br />

e desenvolver a sua acção por<br />

cefl.tros de responsabilidade e de<br />

custos.<br />

2. Os centros de responsabilidade são<br />

estruturas funcionais que devem<br />

agrupar, como regra, vários centros<br />

de custo com actividades homogéneas<br />

ou afins e podem constituir<br />

níveis intermédios de administração.<br />

3. A cada centro de responsabilidade<br />

será atribuída a necessária autonomia,<br />

a fim de se conseguir a adequada<br />

desconcentração de poderes e correspondente<br />

repartição de responsabilidades.<br />

4. Os centros de responsabilidade e,<br />

sempre que necessário, os centros de<br />

custo devem ter um responsável<br />

profissionalizado que desenvolverá<br />

a sua acção em colaboração com os<br />

elementos de direcção e chefia dos<br />

respectivos departamentos e serviços".<br />

Também o art.º 58.º se refere a estas<br />

novas estruturas funcionais, referindo:<br />

Art.º 58.º<br />

1. "Nos centros de responsabilidade,<br />

estruras funcionais que devem<br />

agrupar, como regra, vários centros<br />

de custo, têm lugar, para além de<br />

outras funções e responsabilidades<br />

.que a sua criação e desenvolvimento<br />

progressivos tornem necessário<br />

atribuir-lhes, as seguintes actividades:<br />

a) Preparação do plano de acção e<br />

proposta de orçamento para cada<br />

centro de custos que o constitui, em<br />

colabG>r~ção com as respectivas<br />

direcções e chefias técrii'cas; ·<br />

b) Comparação dos níveis de produtividade<br />

e dos custos alcançados com<br />

os previstos;<br />

c) Resolução ou propostas de resolução<br />

dos problemas impeditivos de os<br />

níveis de produtividade e de custos<br />

se aproximarem dos previstos;<br />

d) Identificação de oportunidades para<br />

melhorar a produtividade e reduzir<br />

os custos, em: colaboração com as<br />

respecti vas direcções e chefias<br />

técnicas.<br />

2. A coordenação das actividades do<br />

centro de responsabilidade, tendo em<br />

conta a sua natureza e a necessidade<br />

de as globalizar, e, sempre que necessário,<br />

do centro de custos, será<br />

confiada a um profissional da carreira<br />

de administração hospitalar.<br />

3. A criação de centros de responsabilidade<br />

e de custos será feita de<br />

'forma progressiva, .c'aso a caso, nos<br />

termos que vierem a ser fixados por<br />

despacho do Secretário Regional da<br />

Saúde e Segurança Social".<br />

1.4 • A CARREIRA MÉDICA<br />

HOSPITALAR<br />

A carreira médica hospitalar é hoje<br />

regulada pelo Decreto-Lei 73/90 de 6<br />

de Março.<br />

No que à matéria em apreço se<br />

refere, este diploma prevê o seguinte:<br />

Art.º 40.º<br />

1. "Nos serviços de acção médica<br />

hospitalar, de acordo com as<br />

condições estabelecidas, poderão<br />

existir os seguintes cargos de<br />

direcção:<br />

a) Director de departamento;<br />

b) Director de serviço.<br />

2. O director de serviço está hierarquicamente<br />

dependente do director<br />

de departamento, quando o haja,<br />

e ambos do conselho de administração<br />

do hospital, incluindo nos<br />

casos em que haja ensino médico<br />

pre-gra / d ua d o " .<br />

E, o art.º 44.º acrescenta o seguinte:<br />

1. "Aos médicos que exerçam as<br />

funções de direcção são atribuídos,<br />

pelo exercício dessas funções os<br />

seguintes acréscimos, a incidir sobre<br />

a renumeração estabelecida para a<br />

respectiva categoria em dedicação<br />

exclusiva e horário de 35 horas<br />

semanais:<br />

a) Director de departamento - 15%;<br />

b) Director de serviço - 10%.<br />

2. Só há lugar ao acréscimo salarial<br />

previsto no número anterior em<br />

relação ao director de um serviço que<br />

comporte pelo menos dois chefes de<br />

serviço previstos no quadro ou mapa<br />

de pessoal.<br />

3. Sempre que o departamento não<br />

abranja direcções de serviço, o<br />

director respectivo é remunerado<br />

como director de serviço".<br />

1.5 • SÍNTESE<br />

nos hospitais portugueses e de acordo<br />

com a legislação de 1968 ainda em<br />

vigor, a unidade funcional básica na<br />

área de prestação de cuidados, designadamente<br />

no internamento, continua<br />

a ser o "serviço de acção médica";<br />

os hospitais da Região Autónoma<br />

dos Açores, com diferentes lotações,<br />

têm naturalmente adaptado o mesmo<br />

modelo organizacional;<br />

à progressiva actualização e enriquecimento<br />

dos seus quadros<br />

verificada nos últimos anos com o<br />

sentido de promover uma mais<br />

completa e diferenciada actividade,<br />

tem correspondido, num quadro de<br />

"lotações" relativamente estabilizadas,<br />

um aumento do número de<br />

unidades funcionais ("serviços") e o<br />

aparecimento de outro tipo de<br />

unidades funcionais ("unidades"<br />

médicas e/ou cirúrgicas);<br />

- a actual lei de gestão hospitalar<br />

regional, permite a criação de novos<br />

modelos estruturais com o sentido<br />

de introduzir no hospital novas<br />

formas de divisão de trabalho por<br />

universos mais extensos;<br />

a mesma lei refere também, agora<br />

em termos indicativos, que os<br />

hospitais deverão organizar-se e<br />

1 <strong>25</strong>


HôlPiTÃtifi<br />

26 1<br />

desenvolver a sua acção por "centros<br />

de responsabilidade" e "centros de<br />

custo";<br />

a lei estipula ainda que esses "centros<br />

de responsabilidade" deverão<br />

agrupar como regra vários "centros<br />

de custo" com actividades homogéneas<br />

ou afins, podendo constituir<br />

níveis intermédios de administração<br />

e dispondo da necessária autonomia.<br />

Na acção daqueles, deverá procurar­<br />

-se que seja salvaguardado o papel das<br />

direcções e chefias técnicas dos "centros<br />

de custo" que os integram;<br />

a mesma lei, identifica, como "direcções<br />

e chefias técnicas", o "director<br />

de serviço hospitalar" e o "enfermeiro-chefe";<br />

no entanto, a legislação da carreira<br />

médica hospitalar, recentemente<br />

publicada prevê nos, "serviços de<br />

acção médica", para além do cargo<br />

de "director de serviço", o cargo de<br />

"director de departamento" de quem<br />

o primeiro está hierarquicamente<br />

dependente.<br />

2 - ALGUMAS QUESTÕES<br />

CONCRETAS<br />

O enquadramento que se fez do<br />

tema e particularmente a "síntese" que<br />

o encerrou, terão permitido precisar<br />

dentro dele algumas questões que,<br />

evidenciando os problemas que ele<br />

encerra, se poderão consubstanciar do<br />

seguinte modo:<br />

a) Deverão os hospitais da Região<br />

Autónoma dos Açores continuar o<br />

seu processo de diferenciação<br />

mantendo o serviço como unidade<br />

funcional básica e possibilitando<br />

assim, através da multiplicação<br />

destes, uma crescente desintegração<br />

na sua actividade, com mais do que<br />

prováveis reflexos negativos na sua<br />

"eficiência técnica e social"?<br />

b) Qual a via de reorganização interna<br />

que deverá ser utilizada perante<br />

diferentes (pelo menos aparentemente)<br />

normativos, em vários (ou<br />

até no mesmo) diplomas?<br />

c) Quais os critérios a utilizar nessa<br />

reorganização interna, por forma a<br />

garantir a sua correspondência às<br />

actuais referências de gestão estipuladas<br />

para o hospital?<br />

Questões cuja resposta não deve<br />

decorrer apenas da interpretação da<br />

legislação sendo mester, numa matéria<br />

desta natureza, dispôr de algumas<br />

referências teóricas prévias que abram<br />

pistas para equacionar uma tomada de<br />

decisão.<br />

3 - DISCUSSÃO TEÓRICA DO<br />

TEMA<br />

A questão subjacente ao pedido de<br />

preparação deste estudo tem a ver com<br />

o desenvolvimento de um processo de<br />

mudança na organização interna dos<br />

hospitais dos Região Autónoma dos<br />

Açores.<br />

O que deverá determinar uma<br />

reflexão sobre os motivos dessa<br />

mudança, passo essencial para que os<br />

resultados que se venham a obter<br />

correspodam a uma efectiva promoção<br />

da situação das organizações em causa.<br />

Reflexão que, na economia do<br />

normativo que determina ou pelo menos<br />

abre as portas à mudança e onde é<br />

patente a preocupação de "eficiência<br />

técnica e social", não pode deixar de ser<br />

sediada no problema. da relação entre a<br />

estrutura interna dos hospitais e a sua<br />

eficiência ou, se se preferir, o seu<br />

"sucesso".<br />

Quando uma organização tem<br />

sucesso na sua actividade - e é particularmente<br />

difícil no hospital público<br />

definir com rigor os critérios de<br />

avaliação do seu sucesso (COSTA, C.;<br />

REIS, V. 1989) - a que variáveis pode<br />

ou deve ser imputada essa situação?<br />

- À sua estrutura interna?<br />

- À estratégia que adaptou?<br />

- À qualidade do seu sistema de<br />

informação?<br />

- À capacidade dos seus dirigentes?<br />

- À bondade dos seus produtos?<br />

A todos estes factores e/ou a outros<br />

não referidos?<br />

No que se refere às organizações em<br />

geral, as respostas não são pacíficas,<br />

muito embora se reconheça generalizadamente<br />

a relevância (não<br />

exclusiva) da variável estrutura interna<br />

na eficiência das organizações (WOOD­<br />

W ARD, 1980, LAWRENCE, P. et alii,<br />

1973).<br />

KALIKA (1985) baseado num<br />

estudo feito sobre 79 empresas francesas<br />

de dimensão variável (entre 50 e <strong>25</strong>00<br />

empregados), defende que a estrutura<br />

não contituiria senão um dos factores<br />

que influenciariam a "perfomance" das<br />

organizações.<br />

Já quanto aos hospitais, valerá a<br />

pena recordar que eles são pacificamente<br />

reconhecidos como organizações<br />

altamente complexas e diferenciadas,<br />

não sendo de estranhar que<br />

as opiniões sejam mais peremptórias.<br />

KALUZNY (1982), cita vários estudos<br />

desenvolvidos nos Estados Unidos<br />

referindo que eles permitem evidenciar<br />

que as características da estrutura<br />

organizacional são de extrema influência<br />

na "performance" do Hospital.<br />

Todos eles apontariam para o facto<br />

da variável estrutura interna surgir como<br />

a primeira condicionante do seu sucesso.<br />

Estrutura interna que, num hospital<br />

(designadamente num hospital geral<br />

para doentes em situação aguda), difere<br />

substancialmente dos modelos identificáveis<br />

noutro tipo de organizações,<br />

ainda que de idêntico porte.<br />

Isto por variadas razões, de que,<br />

nesta circunstância, se destacarão duas,<br />

uma relacionada com a estrutura de<br />

poder outra decorrente da diferenciação<br />

do hospital.<br />

Com efeito:<br />

- por um lado, no hospital há um<br />

relacionamento muito específico<br />

entre a autoridade formal (representada<br />

pela chamada "hierarquia") e a<br />

autoridade técnica (representada<br />

pelos profissionais, sobretudo os<br />

médicos).<br />

Esse modo de relacionamento tem<br />

como consequência "uma estrutura<br />

formal algo difusa e única" (KAST,<br />

ROSENZWEIG, 1976) que alguns<br />

autores qualificam como de "dupla linha<br />

de autoridade" (JACOBS, 1974 e<br />

MCGUIRE, 1985).<br />

- e, por outro lado, sobretudo no<br />

hospital geral, assume crescente<br />

nitidez a profunda diferenciação e<br />

especialização de actividades, o que<br />

determina que, para o desempenho<br />

da sua missão, o hospital dependa de<br />

uma clara divisão do trabalho dos<br />

seus profissionais agrupados em<br />

diversificadas unidades funcionais<br />

(MOULET, 1985).<br />

Como consequência desta divisão<br />

do trabalho e da especialização de<br />

actividades que, nuns casos a justifica e<br />

noutros é a sua consequência, praticamente<br />

todo o trabalho de qualquer<br />

profissional que actue no hospital<br />

depende também de terceiros para a sua<br />

cabal efectivação (GIBSON, et alii<br />

1981).<br />

O que é verdadeiro, não só no seio de<br />

cada unidade operacional como<br />

sobretudo no plano inter-unidades<br />

funcionais, determinando a necessidade<br />

dos hospitais serem dotados de modelos<br />

de coordenação e integração de<br />

actividades bastante elaborados e<br />

complexos.<br />

No plano da autoridade, a existência<br />

de uma situação multipolar, tem<br />

conhecido diferentes ensaios de resposta.<br />

Numa abordagem de tipo longitudinal,<br />

valerá apena reter três modelos,<br />

cronologicamente bem diferenciados:<br />

- um, mais afastado, reconhecendo a<br />

inaplicabilidade dos modelos próximos<br />

da tradicional pirâmide de<br />

autoridade e o facto desta, nos<br />

hospitais, não ser representável por<br />

uma linha simples, estando repartida,<br />

ainda que em proporções desiguais,<br />

identifica duas fontes de poder que,<br />

aliás, muitas vezes se desdobra em<br />

três:<br />

a administração - em que se destaca<br />

progressivamente do órgão colegial<br />

que sob diferentes nomes, com<br />

composições diversas e variadas<br />

legimidades assume a responsabilidade<br />

externa da organização, um<br />

executivo (com frequência o administrador<br />

individual);<br />

')S médicos que, assumindo o papel<br />

primordial na definição e prestação<br />

de cuidados, encabeçam naturalmente<br />

a dimensão de poder de extracção<br />

técnica.<br />

HENNESSY (1965), sumaria as<br />

bases em que se fundamentaria a<br />

regulação desse exercício de autoridade<br />

dividida:<br />

o orgao colegial, normalmente de<br />

funcionamento não permanente,<br />

legalmente responsável, interna e<br />

externamente, pela actividade do<br />

hospital e como tal depositário da<br />

capacidade de definir políticas e<br />

estratégias;<br />

os médicos, que prosseguindo a mais<br />

importante actividade do hospital -<br />

tratar os doentes - assumiriam as<br />

responsabilidades da sua definição a<br />

nível operacional;<br />

o administrador executivo, a entidade<br />

que "mais conhece todas as actividades<br />

que se exercem no hospital, o<br />

único profissional em tempo integral,<br />

o único que dispõe da mais ampla<br />

perspectiva panorâmica'', situação<br />

que lhe conferiria uma autoridade<br />

singular.<br />

É uma situação do tipo da que, ainda<br />

hoje se pode identificar no hospital<br />

público francês e muito semelhante à<br />

que resultava do Estatuto <strong>Hospitalar</strong><br />

e Regulamento Geral dos Hospitais<br />

na sua versão original de 1968.<br />

Só que as faixas de exercício de<br />

autoridade assim divididas em termos<br />

teóricos, não estão, na prática, tão<br />

claramente delineadas e separadas<br />

como isso.<br />

Existem áreas de "interface" e até,<br />

inúmeras zonas de sobreposição.<br />

E os conflitos, apesar da introdução<br />

de comissões e grupos de coordenação<br />

"horizontais", surgiram<br />

naturalmente, justificando novas<br />

abordagens da questão do poder e da<br />

autoridade no hospital. ·<br />

Das quais, na economia deste trabalho,<br />

parece pertinente referir<br />

apenas duas das que têm conhecido<br />

maior divulgação e utilização.<br />

- Uma que procura, através da fusão<br />

na mesma pessoa - o médico - de<br />

papéis diferentes (prestador e<br />

administrador), reconduzir a diversificação<br />

de linhas de autoridade ao<br />

modelo clássico de linha hierárquica<br />

sem repartição de autoridade (GUT­<br />

HRIE), 1988).<br />

Outra via, só mais recentemente<br />

prosseguida, que procura ultrapassar,<br />

na perspectiva da integração, a<br />

pluralidade de linhas de autoridade<br />

no hospital, associando, a nível de<br />

órgão de gestão colegial, o médico, o<br />

especialista em administração e o<br />

enfermeiro, profissional que, entretanto,<br />

tem visto reconhecida uma<br />

progressiva autoridade e intervenção<br />

na actividade hospitalar.<br />

Sem prejuízo da responsabilidade<br />

externa poder estar assacada a um outrç<br />

órgão (normalmente não permanente)<br />

do qual dependeriam directamente, as<br />

decisões mais importantes estariam ali<br />

sediadas, incumbindo ao especialista<br />

em administração, com maior ou menor<br />

latitude, as dimensões executivas<br />

daquelas competências.<br />

Tratar-se-ia, em ambos os casos, de<br />

uma forma de resposta à "independência"<br />

dos profissionais (sobretudo<br />

médicos) do hospital, procurando<br />

responsabilizá-los também pela gestão<br />

ou, pelo menos, associá-los a ela,<br />

fazendo-os participar no seu exercício<br />

(WIELAND, 1981).<br />

O primeiro dos modelos, não teve<br />

uma grande divulgação e sobrevivência,<br />

designadamente em Portugal onde foi<br />

esboçada nas alterações que, em 1970,<br />

foram introduzidas no Regulamento<br />

Geral dos Hospitais de 1968 e que, de<br />

facto, resistiram um pouco mais de um<br />

ano.<br />

Desde logo não é fácil candidatos<br />

com condições de sucesso para essa<br />

dupla actividade diferenciada.<br />

Os seus titulares, tendo que suportar<br />

individualmente um papel de fronteira<br />

com uma carga de planos de intervenção<br />

muito diversificada e pesada, dificilmente<br />

conseguem desempenhar uma<br />

actividade integradora.<br />

E, em muitos casos até, acumulam<br />

em si os problemas de exercício de<br />

autoridade sentidos quer a nível dos<br />

quadros de gestão quer a nível do corpo<br />

médico (KALUZNI et alii, 1982).<br />

O outro modelo, tem tido uma<br />

divulgação crescente e, genericamente,<br />

é o que entre nós foi adaptado pela<br />

legislação de 1977 e mantido (em termos<br />

de modelo) pela actual. Sem superar<br />

totalmente a partilha de autoridade que<br />

a actividade hospitalar parece segregar<br />

e exigindo uma clarificação das relações<br />

de linha e de "staff' e um aprofundamento<br />

do conceito de autoridade<br />

funcional que supere a potencial criação<br />

de posições de múltipla subordinação,<br />

forçou ao desenvolvimento de modelos<br />

de comunicação, coordenação e<br />

cooperação no tecido hospitalar que<br />

tiveram um papel fortemente positivo<br />

na actividade do hospital.<br />

No plano da diferenciação / especialização<br />

da actividade hospitalar,<br />

recorde-se que, tradicionalmente, a<br />

organização interna do hospital foi<br />

fundada no conceito de "serviço"<br />

enquanto unidade polarizadora de<br />

recursos homogéneos do ponto de vista<br />

técnico e científico e por isso com sede<br />

de intervenção relativamente bem<br />

definida.<br />

Só que, o processo de crescimento<br />

mas sobretudo de diferenciação do<br />

hospital -explosivo nas últimas décadas<br />

- tornando-o mais especializado, 1 27


HôsPiTÃtifi<br />

28 1<br />

potenciou a sua complexidade, sendo<br />

certo que a proliferação de novas<br />

competências, se é de inequívoca<br />

vantagem para os utentes em termos de<br />

qualidade dos cuidados, pode determinar<br />

inconvenientes no plano organizacional.<br />

Efectivamente, a organização<br />

interna do hospital, tem acompanhado a<br />

diferenciação do conhecimento científico<br />

levando a que, a sedimentação de<br />

novas competências adquiridas e o seu<br />

reconhecimento como "especialidades"<br />

autónomas, tenha repercussões praticamente<br />

directas sobre a malha estrutural<br />

do hospital, cujas unidades<br />

funcionais básicas se têm visto assim<br />

desmultiplicadas.<br />

Ora ocorre que, o grau de "performance"<br />

ou se se preferir o "nível de<br />

sucesso" dos hospitais, entendido como<br />

a capacidade de formular correctamente<br />

objectivos e de articular e coordenar<br />

adequadamente as suas unidades funcionais<br />

por forma a obter a melhor<br />

prestação de cuidados hospitalares aos<br />

utentes, será significativamente menor<br />

em hospitais maiores ou mais complexos<br />

(STARKWEATHER, D. 1970).<br />

Já WOODEN (1958), referia haver<br />

um ponto crítico para além do qual a<br />

obtenção do grau de "performance"<br />

surge como inversamente proporcional<br />

ao grau de complexidade operacional<br />

do hospital.<br />

Já KLARMAN ( 1965), reconhecia<br />

haver limites para as vantagens da<br />

divisão do trabalho, designadamente<br />

quando, como no hospital, a actividade<br />

requer uma coordenação delicada,<br />

gerando dúvidas sobre o balanço entre<br />

as percas de não especialização e os<br />

ganhos de efecti vidade viabilizados pela<br />

coordenação.<br />

E ST ARKWEATHER (1970), num<br />

estudo empírico realizado sobre seis<br />

hospitais, encontra uma relação muito<br />

forte entre a dimensão e complexidade<br />

dos hospitais e o seu grau de performance,<br />

evidencia o que, teoricamente,<br />

já vinha sendo afirmada:<br />

os maiores hospitais têm as piores<br />

performances.<br />

o que seria função, não da menor<br />

qualidade das componentes individuais<br />

na prestação de cuidados, mas<br />

sim da sua estrutura interna e<br />

administração o que colocaria o<br />

problema em sede de inovação<br />

estrutural.<br />

Será assim comprensível que, num<br />

quadro de preocupações deste tipo, se<br />

tenha procurado compatibilizar especialização<br />

com integração de actividades<br />

em busca de melhores "performances",<br />

com recurso a novas combinações e<br />

agrupamentos das tarefas individuais e<br />

das unidades funcionais. Isto é, que se<br />

tenham procurado definir novos<br />

modelos de divisão do trabalho que<br />

ultrapassem o conceito de "serviço"<br />

que muitos consideram hoje um quadro<br />

limitativo e inadequado a uma assumpção<br />

global, qualitativamente satisfatória<br />

e tecnicamente eficiente, do doente.<br />

Os "departamentos", surgem então<br />

nos hospitais como "unidades de<br />

organização e prestação de cuidados,<br />

baseados num trabalho pluridisciplinar<br />

que permita a colaboração de diversos<br />

especialistas médicos no seio da mesma<br />

equipa que, assim, assume globalmente<br />

a responsabilidade pelas prestações<br />

perante o doente e perante o hospital"<br />

(MOULET, 1984).<br />

O departamento nasceria assim da<br />

"cinzados actuais serviços hospitalares"<br />

(MOULET, 1984), com o objectivo de:<br />

melhorar a qualidade e a rapidez da<br />

tomada de decisão e a eficiência da<br />

coordenação quer a nível operacional<br />

quer a nível logístico;<br />

- dar melhor resposta aos utentes quer<br />

globalmente quer considerando as<br />

suas necessidades individuais.<br />

Esta preocupação de reunir pessoas<br />

e equipamentos que têm objectivos<br />

comuns, é pois de índole predominantemente<br />

técnica e recorre a métodos<br />

e critérios muito próximos dos<br />

que são utilizados, para o mesmo fim<br />

pelas organizações em geral.<br />

Sem a intenção deesgotaros critérios<br />

utilizados na departamentação podem<br />

distinguir-se diferentes lógicas:<br />

- funcional: o hospital tem diferentes<br />

funções - medicina, cirurgia, cardiologia<br />

(GIBSON et alii, 1981);<br />

- dos sistemas fisiológicos: aactividade<br />

hospitalar cobre, tendencialmente<br />

pelo menos, todos eles, - sistema<br />

cardio vascular, neurológico, etc.;<br />

- de afinidades de actuação: o hospital<br />

tem actividades cuja afinidade não<br />

resulta exclusivamente de um único<br />

sistema fisiológico - obstetrícia, ginecologia<br />

e pediatria;<br />

- das patologias comuns: o hospital<br />

trata uma pluralidade de casos da<br />

mesma patologia - oncologia,<br />

doenças infecciosas (DENOIX,<br />

Pierre, 1985);<br />

- da realização de actividades de<br />

interesse comum: diferentes actividades<br />

interessam múltiplas unidades<br />

funcionais do hospital ou, várias<br />

unidades utilizam directamente o<br />

mesmo equipamento comum a todas<br />

elas - a consulta externa e a urgência<br />

(ou a actividade em ambulatório se<br />

se quizer ser mais compreensivo), o<br />

bloco operatório, etc. (SA V AIGNY,<br />

Jean, 1985).<br />

mista, isto é, agregando unidades<br />

funcionais da mesma organização<br />

segundo diferentes lógicas, procurando<br />

enfrentar o crescimento e a<br />

diversificação de actividades e<br />

garantir a melhor utilização dos<br />

recursos (GIBSON, et alii, 1981).<br />

Só que e se se retomar o primeiro<br />

plano abordado nesta discuss·ão - o do<br />

poder ou da autoridade - quase todas<br />

estas alternativas, criando círculos de<br />

poder técnico mais vastos, tendem a<br />

agravar as situações de partilha de<br />

autoridade e de confronto, o que acaba<br />

por pôr em causa, agora por outras<br />

razões, a integração e a coordenação<br />

das actividades no hospital.<br />

Isto é, a departamentação, sendo<br />

feita numa óptica técnica (de tipo mais<br />

ou menos profissional), se corresponde<br />

a uma resposta eficaz à diferenciação<br />

dos hospitais enquanto factor de<br />

desintegração da sua actividade, pode<br />

levar o hospital a uma situação idêntica,<br />

agora pela via da repartição da<br />

autoridade.<br />

Mas se no plano . técnico surgiu a<br />

figura do "departamento", também no<br />

plano mais vasto da gestão das<br />

organizações e do seu controlo, se tem<br />

registado alterações que influenciam a<br />

divisão do trabalho e que o hospital,<br />

naturalmente, tem absorvido.<br />

No quadro de preocupações de<br />

responsabilização dos diferentes<br />

protogonistas, nos vários níveis, do<br />

processo de gestão, o conceito de "centro<br />

de responsabilidade" tem assumido<br />

relevo crescente na prática organizacional<br />

das empresas e também dos<br />

hospitais.<br />

Trata-se como refere SA VIGNY<br />

(1985), de uma integração de unidades<br />

funcionais, não por razões apenas do<br />

tipo predominantemente técnico, "mas<br />

para uma gestão comum".<br />

"Centro de responsabilidade" será<br />

então "uma unidade da organização<br />

chefiada por um gestor que é responsável<br />

'<br />

pelas suas áctividades" (JORDAN et<br />

alii 1990).<br />

O que pressupõe, obrigatoriamente,<br />

a existência ou a criação de estruturas<br />

desconcentradas e de delegações de<br />

autoridade.<br />

De facto, segundo aqueles autores,<br />

o "centro de responsabilidade" deverá<br />

corresponder a uma entidade que<br />

disponha de objectivos próprios que<br />

sejam orientadores da sua actividade e<br />

de um responsá velcom poder de decisão<br />

sobre os meios necessários à realização<br />

desses seus objectivos, podendo assumir<br />

diferentes modelos consoante a extensão<br />

do poder de decisão conferido a esse seu<br />

responsável.<br />

Teríamos assim:<br />

- "centros de custo": o responsável<br />

teria poder de decisão sobre os<br />

recursos utilizados;<br />

- "centros de resultados": o responsável<br />

teria poder de decisão, não<br />

apçnas sobre os recursos utilizados<br />

(despesas) mas também e através da<br />

produção do centro, sobre as receitas<br />

da organização;<br />

- "centros de investimento": em que o<br />

responsável teria, não só poder de<br />

decisão sobre custos (despesas) e<br />

proveitos (receitas) mas igualmente<br />

sobre outros elementos patrimoniais,<br />

activos ou passivos.<br />

Trata-se de um outro modo de divisão<br />

de trabalho mas que não se esgota em<br />

preocupações de integração técnica das<br />

actividades, procurando também uma<br />

correcta integração da autoridade no<br />

plano vertical (através da sua desconcentração,<br />

por exemplo pela via da<br />

delegação) sem suscitar, pelo reforço<br />

do poder técnico, . condições de<br />

desintegração da actividade hospitalar,<br />

pela repartição de autoridade no plano<br />

horizontal.<br />

Nesta perspectiva, um "centro de<br />

responsabilidade" não é uma entidade<br />

singela, podendo agregar - e agregando<br />

habitualmente mais do que uma unidade<br />

da organização ou, por outras palavras,<br />

mais do que um "centro de custo",<br />

entendido agora este conceito na sua<br />

utilização mais habitual, originada na<br />

contabilidade.analítica e em que o traço<br />

distintivo não é a extensão do poder de<br />

decisão mas sim a sua capacidade de<br />

funcionar como elemento agregador de<br />

desp~ sas, directas e indirectas, geradas<br />

pela produção ou prestação de um dado<br />

bem ou serviço.<br />

A escolha do tipo de "centros de<br />

responsabilidade", tema verfundamentalmente<br />

com:<br />

- a avaliação correcta das actividades<br />

desenvolvidas a nível de cada<br />

unidade;<br />

- a maior responsabilização dos seus<br />

dirigentes;<br />

- a adequação dos objectivos parcelares<br />

aos objectivos globais da<br />

organização.<br />

No caso dos hospitais, a apção que<br />

parece mais correcta será a de conceituar<br />

"centros de responsabilidade" como<br />

"centros de resultados" ou "centros de<br />

investimento'', consoante a extensão de<br />

poderes que se lhes quizer atribuir,<br />

agregando neles os "centros de custo"<br />

entendidos na sua mais vulgarizada<br />

acepção, a contabilística, isto é,<br />

enquan to unidades com capacidade de<br />

agrega~ão de despesas, directas e<br />

indirectas, determinadas pela prestação<br />

de um dado bem ou serviço.<br />

O que não afasta critérios do tipo<br />

dos que se enumeraram antes para a<br />

departamentação.<br />

Sugere até a sua utilização, o que<br />

poderia permitir, pela coincidência do<br />

"centro de responsabilidade" com o<br />

"departamento", associar à gestão<br />

daquele o responsável por este,<br />

reconstituindo a um nível descentralizado<br />

e com competências delegadas,<br />

o modelo de gestão, colegial e<br />

plurisdisciplinar a que atrás se imputou<br />

a detenção de maiores potencialidades<br />

de integração da actividade do hospital.<br />

E que, se for o adaptado no nível de<br />

gestão institucional, encontrará assim a<br />

nível intermédio uma correcta emulação.<br />

Em síntese:<br />

- a questão que foi colocada determina<br />

uma reflexão sobre a relação entre a<br />

estrutura interna e a "eficiência<br />

técnica e social" do hospital;<br />

- mais do que noutro tipo de organizações,<br />

essa relação é, no caso do<br />

hospital, generalizadamente aceite e<br />

qualificada como extremamente ·<br />

consistente;<br />

- isto porque, no hospital e particularmente<br />

no hospital geral para<br />

doentes em "situação aguda", a<br />

estrutura interna difere substancialmente<br />

da identificável nbu tro tipo<br />

de organizações, ainda que de<br />

idênticas dimensões, sendo particularmente<br />

complexa a integração das<br />

actividades das diferentes unidades<br />

produtivas;<br />

- sublinharam-se duas das importantes<br />

razões que contribuirão para aquela<br />

diferença e para este problema:<br />

- a estrutura de autoridade que, no<br />

hospital, pouco tem a ver com a<br />

autoridade formal típica dos modelos<br />

hierarquizados, antes se configurando<br />

em situações qualificáveis como de<br />

"dupla linha de autoridade";<br />

- a profunda diferenciação e crescente<br />

especialização da acti vidade hospitalar,<br />

geradora de interdependências<br />

que potenciam a necessidade<br />

de uma adequada divisão do trabalho,<br />

atenta a sua natureza condicionante<br />

do sucesso da organização.<br />

- em cada um destes planos, foram<br />

referidos alguns ensaios de ultrapassagem<br />

dos problemas da não<br />

integração e sucintamente enunciadas<br />

alguns dos seus inconvenientes:<br />

- no plano da autoridade interna, foi<br />

valorizada a tendência de integração<br />

mais recente, através dajunção num<br />

órgão de cúpula, colegial e plurisdisciplinar,<br />

da autoridade e dos<br />

poderes que, doutra forma, seriam<br />

repartidos;<br />

- no plano da diferenciação e da<br />

centrifugação de unidades que habitualmente<br />

lhe corresponde, foram<br />

enunciadas duas abordagens diferentes<br />

mas que permitiriam congraçar<br />

a especialização com a integração de<br />

acti vidades diferenciadas;<br />

- a departamentação: uma forma de<br />

divisão de trabalho (de que foram<br />

listados alguns critérios) que<br />

privilegia a vertente técnica da<br />

questão mas pode agudizar o efeito<br />

desagregador da repartição de<br />

autoridade que, nesta abordagem é<br />

reforçada na pessoa dos profissionais<br />

prestadores;<br />

- a criação de centros de responsabilidade<br />

(relativamente aos quais<br />

foram conceituados alguns modelos)<br />

e que com uma óptica diferente - a da<br />

gestão dos recursos e da extensão de<br />

poderes que para tal são conferidos<br />

aos seus responsáveis - poderão<br />

associar uma correcta e integradora<br />

divisão do trabalho com um correcto<br />

e integrador exercício da autoridade.<br />

- Foi valorizada a possibilidade de<br />

haver correspondência entre "departamentos"<br />

e "centros de respon- 1 29


H ôsíiiiÃtifi<br />

30 1<br />

sabilidade", o que poderia permitir,<br />

também a este nível descentralizado,<br />

uma gestão com características<br />

integradoras.<br />

4- ANÁLISE DA SITUAÇÃO<br />

CONCRETA<br />

Antes de dar resposta às questões<br />

que se deixaram em 3, haverá agora que<br />

procurar uma leitura dos diferentes<br />

textos legais que os compatilize<br />

minimamente, criando condições de<br />

coerência que viabilizem essa tarefa.<br />

Já se referiu que, em nossa opinião,<br />

a unidade funcional básica no hospital<br />

português, na área da prestação de<br />

cuidados, continua a ser o "Serviço de<br />

Acção Médica".<br />

Tal resulta da manutenção em vigor<br />

do Estatuto <strong>Hospitalar</strong> e do Regulamento<br />

Geral dos Hospitais, mas é<br />

confirmado, no caso da Região Autónoma<br />

dos Açores, pelo próprio Decreto<br />

Regulamentar Regional 12/90/ A de 20<br />

de Março.<br />

Assim sendo e salvo decisão em<br />

contrário, os hospitais portugueses<br />

estruturam-se internamente em "Serviços",<br />

cuja actividade é dirigida pelo<br />

respectivo "Director" que tem as<br />

competências estipuladas no art.º 44.º<br />

do Dec. Regul. Reg. 12/90/A nas<br />

condições previstas no art.º 40.º e<br />

seguintes do Dec.-Lei 73/90 de 6 Março.<br />

Esta estrutura interna é, de certo<br />

modo, supletiva, sendo possível nos<br />

hospitais e no caso nos hospitais da<br />

Região Autónoma dos Açores, ·a<br />

adopção de outros modelos.<br />

O art.º 14.º do Dec. Regul. Reg. 12/<br />

90/ A, possibilita a introdução de "novas<br />

formas de divisão do trabalho por<br />

universos mais extensos, proporcionando<br />

uma visão global do doente,<br />

uma melhor cooperação interdisciplinar<br />

e uma utilização mais eficaz dos meios<br />

tecnológicos".<br />

O art.º 15.º do mesmo diploma<br />

estabelece que, para a pressecução dos<br />

objectivos que lhe são definidos, "os<br />

hospitais devem, de forma gradual,<br />

organizar-se e desenvolver a sua acção<br />

por centros de responsabilidade e de<br />

custos".<br />

Trata-se, salvo melhor opinião, de<br />

duas vias distintas mas não contraditórias.<br />

A primeira que a lei introduz como<br />

uma possibilidade da iniciativa dos<br />

hospitais, tem a ver com aquilo a que no<br />

ponto 3 se chamou "departamentação",<br />

isto é, com um processo de divisão de<br />

trabalho que se esgota na vertente<br />

exclusivamente técnica.<br />

E, nesta perspecti va, pretende<br />

contrariar, pela integração de actividades,<br />

a centrifugação que a diferenciação<br />

e a especialização provocam<br />

sem no entanto as impedir.<br />

De uma leitura conjugada com o<br />

diploma das carreiras médicas (Dec.­<br />

Lei 73/90), resulta que nada impede<br />

que, para além do "Departamento", se<br />

mantenha o "Serviço" que assim<br />

continuaria a ser a unidade básica.<br />

Isto é, a criação de departamentos<br />

de "Serviços" que no entanto e a<br />

manterem-se, neles seriam integrados,<br />

ficando os respectivos directores na<br />

dependência directa dos "Directores de<br />

Departamento".<br />

"Departamentos" e "Serviços",<br />

podem pois coexistir ou não.<br />

A segunda, com características<br />

substancialmente diferentes, sem deixar<br />

de representar nova forma de divisão de<br />

trabalho, tem um alcance diferente,<br />

situando-se na área da gestão e prevendo<br />

a concessão de autonomia, a desconcentração<br />

de poderes e a atribuição de<br />

responsabilidades.<br />

Nesta, a legislação é mais peremptória<br />

relativamente:<br />

- à sua criação: "os hospitais devem,<br />

de forma gradual, organizar-se e<br />

desenvolver a sua acção por centros<br />

de responsabilidade e de custos";<br />

- à coordenação das suas actividades:<br />

"tendo em conta a sua natureza" será<br />

confiada a um "responsável profissionalizado"<br />

(art.º 15.º) que deverá<br />

ser um profissional da carreira da<br />

administração hospitalar (art.º 58.º);<br />

- ao seu desenvolvimento: feito por<br />

"forma progressiva e caso a caso, nos<br />

termos que vierem a ser fixados por<br />

despacho do Secretário Regional da<br />

Saúde e Segurança Social".<br />

Também neste modelo, a criação de<br />

"centros de responsabilidade" não<br />

determina o desaparecimento do<br />

"Serviço".<br />

Com efeito, nesta via, o "centro de<br />

responsabilidade" deve agrupar vários<br />

"centros de custo".<br />

Designação que aqui deve ser<br />

entendida, não como um tipo de "centro<br />

de responsabilidade", mas no seu sentido<br />

contabilístico (aliás o mais vulgarizado<br />

no meio hospitalar) já atrás mencionado,<br />

de unidade funcional "com capacidade<br />

para funcionar como elemento agregador<br />

de despesas, directas ou indirectas,<br />

geradas pela produção ou prestação de<br />

um dado bem ou serviço".<br />

Aliás a própria legislação, refere<br />

expressamente a coexistência das duas<br />

entidades ao referir no art.º 15.º que o<br />

referido "responsável profissionalizado"<br />

"desenvolverá a sua acção em<br />

colaboração com os elementos de direcção<br />

e chefia dos respectivos departamentos<br />

e serviços".<br />

Estar-se-á assim perante aquilo a<br />

que no ponto 3 já se designou ppr "centro<br />

de responsabilidade", definido como<br />

uma unidade de gestão a nível intermédio,<br />

com objectivos próprios e a quem<br />

é atribuído, em maior ou menor extensão,<br />

poder de decisão e responsabilidades.<br />

Esta dupla e diversificada perspectiva<br />

que a lei das carreiras médicas<br />

não clarifica e o modo diferente como o<br />

Dec. Regul. Reg. 121901 A se lhes refere,<br />

poderá suscitar a questão de saber da<br />

compatibilidade de desenvolvimento<br />

das duas figuras no mesmo hospital.<br />

- Poderá haver "centros de responsabilidade"<br />

sem departamentação?<br />

- Poderá haver criação de "departamentos"<br />

sem haver a criação de<br />

"centros de responsabilidade"?<br />

- Deverá haver total coincidência entre<br />

o "departamento" e o "centro de<br />

responsabilidade''?<br />

Questão que deve ser analisada em<br />

dois planos, o legal e o doutrinal, um<br />

balizando os limites da actuação, outro<br />

indicando, dentro daqueles limites, as<br />

soluções teoricamente mais c01Tectas.<br />

No plano estritamente legal, a<br />

resposta é positiva.<br />

A própria legislação, se apenas<br />

permite a departamentação, estabelece<br />

para os hospitais o dever de se<br />

organizarem em "centros de responsabilidade".<br />

A implantação dos "centros de<br />

responsabilidade" pode até ser gradual,<br />

nada impedindo que todo um hospital já<br />

esteja organizado departamentalmente<br />

e que só estejam a funcionar alguns<br />

"centros de responsabilidade" que não<br />

o cobrem totalmente.<br />

Quanto à terceira questão e ainda no<br />

mesmo plano, também a lei não aponta<br />

nenhum caminho quanto à coincidência<br />

entre "departamentos" e "centro_s de<br />

responsabilidade'', referindo até que<br />

..<br />

..<br />

estes podem integrar diversos departamentos<br />

e serviços (art.º 15.º).<br />

Já no plano teórico os resultados da<br />

análise não são exactamente iguais.<br />

Com efeito, é no mínimo duvidoso<br />

que haja vantagem em criar "centros de<br />

responsabilidade" no hospital, escolhida<br />

que seja a extensão de poder a neles<br />

depositar e, através dele, o tipo de<br />

"centro" (ver ponto 3), sem definir<br />

previamente a agregação de "centros de<br />

custo" que corresponda, também do<br />

ponto de vista técnico, à melhor divisão<br />

do trabalho, face à diferenciação do<br />

hospital e com respeito pelos seus<br />

objectivos globais.<br />

Por outro lado, a criação de<br />

departamentos com as respectivas<br />

direcções, poderá permitir reconstituir,<br />

neste nível intermédio de gestão, uma<br />

intervenção pluridisciplinar do tipo da<br />

que a lei estipula para o nível<br />

institucional (Conselho de Administração)<br />

e que se considerou particularmente<br />

positiva em anterior discussão.<br />

Também suscita as maiores dúvidas,<br />

a possibilidade de a departamentação<br />

ser desenvolvida, sem a criação (pelo<br />

menos a prazo) de "centros de responsabilidade"<br />

.<br />

Referiu-se ser inequívoca a vantagem<br />

da departamentação enquanto instrumento<br />

de conciliação entre a diferenciação<br />

do hospital e a integração da sua<br />

actividade.<br />

Não se ocultou que essa integração<br />

da actividade se poderia esgotar no<br />

plano técnico, proporcionando "uma<br />

visão global do doente, uma melhor<br />

cooperação interdisciplinar e uma<br />

utilização mais eficaz dos meios<br />

tecnológicos".<br />

Mas, por outro lado e no plano da<br />

autoridade, poderia conduzir a si tu ações<br />

de reforço do "poder técnico" com<br />

repartição da autoridade no nível<br />

intermédio de gestão o que prejudicaria<br />

aquela integração da acti vidade, criando<br />

a este nível uma multipolarização tanto<br />

mais indesejável quanto é certo que se<br />

procurou, no caso dos Açores, evitá-la<br />

a nível institucional.<br />

Tal não significa que deva haver<br />

uma coincidência total entre "departamento"<br />

e "centro de responsabilidade"<br />

.<br />

A criação de "departamentos" e de<br />

"centros de responsabilidade" obedece,<br />

como atrás ficou indicado, a critérios<br />

fundados em diferentes perspectivas.<br />

Diferentes mas não inconciliáveis,<br />

podendo pois conjugar-se para definir<br />

uma única rede mesmo que com malhas<br />

de diferentes dimensões.<br />

Ou seja, poderá ocorrer, partindo de<br />

um modelo de departamentação fundado<br />

num ou até em vários dos critérios que<br />

atrás se enunciaram que os critérios<br />

também então apresentados para a<br />

definição de "centros de responsabilidade",<br />

conduzam à opção por<br />

universos mais vastos que, sem<br />

intersecções, cubram mais de um<br />

"departamento".<br />

Isto para além do conceito de "centro<br />

de responsabilidade" se não esgotar na<br />

área da prestação de cuidados.<br />

5 - CONCLUSAO<br />

Regressando às questões que<br />

constituem o ponto 2, parece agora<br />

mais clarificado o seu conteúdo.<br />

Quanto à primeira questão.<br />

De v~rão os hospitais da Região<br />

Autónoma dos Açores continuar o seu<br />

processo de diferenciação mantendo o<br />

serviço como unidade funcional básica<br />

e possibilitando assim, através da<br />

multiplicação destes, uma crescente<br />

desintegração na sua actividade, com<br />

mais do que prováveis reflexos negativos<br />

na sua "eficiência técnica e social"?<br />

a resposta parece agora mais fácil.<br />

Os hospitais da Região Autónoma<br />

dos Açores deverão manter o seu<br />

processo de diferenciação;<br />

- Podem, se essa for a orientação da<br />

tutela, manter o serviço como unidade<br />

funcional básica;<br />

- Devem no entanto combater os mais<br />

do que prováveis efeitos centrífugos<br />

que aquela diferenciação provocará<br />

na actividade dos hospitais (particularmente<br />

nos dois maiores), agregando<br />

"centros de custo" em universos<br />

mais vastos correspondentes a uma<br />

nova divisão do trabalho hospitalar.<br />

E, quanto à segunda questão,<br />

Qual a via de reorganização interna<br />

que deverá ser utilizada perante<br />

diferentes (pelo menos aparentemente)<br />

norma ti vos, em vários (ou até no mesmo)<br />

diploma?<br />

1 31


32 1<br />

a resposta parece resultar igualmente<br />

evidente.<br />

- Não se deve privilegiar uma abordagem<br />

exclusivamente técnica do<br />

tipo da que refere o art.º 14.º já<br />

citado, mas ensaiar uma perspectiva,<br />

conjunta mas não simultânea, com a<br />

previsão do art.º 15.º.<br />

Mas enquanto a propositura dos<br />

critérios técnicos impende sobre os<br />

órgãos hospitalares, a definição quanto<br />

ao tipo de "centro de responsabilidade"<br />

que vier a ser adoptado (o que, repetes<br />

e, tem a ver com a extensão da<br />

autoridade a desconcentrar), compete à<br />

tutela.<br />

Isto é, o L4.º e 15.º, devem ser<br />

"lançados" conjuntamente, ainda que a<br />

criação e o desenvolvimento dos<br />

"centros de responsabilidade" possa e<br />

deva ser mais lenta.<br />

Quanto à terceira questão,<br />

Quais os critérios a utilizar nessa<br />

reorganização interna, por forma a<br />

garantir a sua correspondência às actuais<br />

referências de gestão estipuladas para o<br />

hospital?<br />

a resposta parcialmente já foi dada.<br />

Enunciou-se um leque de critérios<br />

possíveis para a departamentação<br />

segundo lógicas diferentes.<br />

Apresentaram-se os requisitos que<br />

devem ser valorizados para uma<br />

adequada definição de "centros de<br />

responsabilidade".<br />

Julga-se que a metodologia a utilizar<br />

deverá ser a seguinte:<br />

a) A tutela, em função dos poderes que<br />

quer atribuir aos "centros de<br />

responsabilidade", define o tipo que<br />

quer ver adoptado. E que, pelo menos<br />

numa primeira fase, deverá ser o de<br />

"centros de resultados".<br />

b) Os órgãos de gestão dos hospitais,<br />

ouvidos os órgãos técnicos competentes,<br />

proporão a formulação<br />

concreta que em cada hospital,<br />

assumirá a execução do art.º 15.º do<br />

Dec. Regul. Reg. 12/90/A.<br />

c) Neste quadro, deverão ponderar a<br />

aplicação do art.º 14.º do mesmo<br />

diploma, elegendo os princípios<br />

orientadores dessa formulação de<br />

entre os referidos anteriormente para<br />

a departamentação.<br />

Provavelmente e ainda que com<br />

predomínio de alguma das lógicas<br />

então referidas, a opção será por uma<br />

solução mista, a mais adaptada ao<br />

perfil interno de cada hospital.<br />

d) Definido o modelo e a forma concreta<br />

que a departamen tação assumirá para<br />

o ou os hospitais e iniciada provavelmente<br />

a sua implementação, a tutela<br />

deverá depois definir qual o nível de<br />

associação à gestão do "centro de<br />

responsabilidade" dos níveis técnicos<br />

que nele serão integrados.<br />

e) Em qualquer dos casos, só depois<br />

poderá ser calendarizada, a execução,<br />

mais ou menos progressiva, da<br />

passagem a esse modelo de gestão<br />

descentralizado e responsabilizado,<br />

preferencialmente apoiado por outros<br />

projectos em curso na Região (gestão<br />

participativa por objectivos).<br />

Com BRADY E CARPENTER<br />

( l 986), julgamos que a aprovação de<br />

critérios no que se refe~e aos departamentos<br />

e aos "centros de responsabilidade"<br />

exigirá uma prévia resposta<br />

positiva às seguintes questões.<br />

A divisão de responsabilidades e de<br />

trabalho proposta:<br />

- permite a melhor utilização dos<br />

recursos médicos e do tempo<br />

disponível?<br />

- facilita a compreensão das implicações<br />

das decisões tomadas a nível<br />

institucional?<br />

- promove a consciência da interdependência<br />

e o sentido da colegialidade<br />

(colaboração, busca de<br />

consensos, cooperação e respeito<br />

mútuo)?<br />

- as decisões serão tomadas tão<br />

próximo quanto possível do nível do<br />

hospital em que (principalmente)<br />

serão sentidas?<br />

- a responsabilidade acompanhará a<br />

autoridade distribuída?<br />

- a inovação será encorajada?<br />

REFERÊNCIAS<br />

BIBLIOGRÁFICAS<br />

- BRADY, T.; CARPENTER, C. -<br />

Defining the Management Role of the<br />

Departtment Medical Director; "Hospital<br />

& Health Services Administration, Setembro/Outubro<br />

de 1986, pág.69.<br />

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Editora Atlas (S. Paulo), 1981.<br />

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<strong>Gestão</strong> ao Serviço da Estratégia e dos<br />

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Jersey), 1982.<br />

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ed. by G. Wieland, Health Administration<br />

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- WOODW ARD, J. - Industrial Organization:<br />

Theory and Practice; Oxford<br />

University Press (London), 1980, 2.ª ed.<br />

..<br />

H ôsiiíf Ãiifi<br />

t~H t~~AYO ~ODt ~rn oc~~ADO ~º~ ~ Ili<br />

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HôsíiiTÃtlfi<br />

Ana Dias*<br />

Ana Infante**<br />

Rosa Matos***<br />

*<br />

**<br />

***<br />

Administradora <strong>Hospitalar</strong> do C.H. C.<br />

Administradora <strong>Hospitalar</strong> do I.P.S.<br />

Administradora <strong>Hospitalar</strong> do H.D.E.<br />

Neste texto pretendem definir-se as linhas que balizam a aplicação<br />

do Despacho 14190 do Ministro da Saúde (cria o enquadramento<br />

legal do exercício da clínica privada nos estabelecimentos<br />

hospitalares públicos), discutem-se algumas das respectivas opções<br />

e analisam-se os efeitos previs'íveis desta medida junto das estruturas<br />

hospitalares. Apresenta-se, ainda, um regulamento-tipo que, mais<br />

do que uma norma de aplicação indiscriminada, constituirá,<br />

certamente, um ponto de partida para a discussão das soluções<br />

que, em cada caso, serão exigidas.<br />

utilização de meios é, sem dúvida, uma<br />

solução a que correspondem fortes<br />

vantagens.<br />

O desenvolvimento de sectores privados<br />

de internamento, de intervenções<br />

cirúrgicas e de consultas no interior do<br />

hospital, torna-se um incentivo financeiro<br />

para o médico e um modo de<br />

aumentar as receitas da instituição,<br />

criando ganhos de produtividade e tornando<br />

o hospital público mais atractivo<br />

para consumidores e prestadores. Deste<br />

modo, a transferência da oferta privada<br />

para o quadro hospitalar parece vir<br />

aumentar os benefícios da interacção<br />

directa entre a actividade pública e<br />

privada.<br />

A linha de demarcação entre o exercício<br />

destes dois tipos de actividade não<br />

poderá depender de soluções circunstanciais.<br />

Está em causa, antes de mais,<br />

a procura de modelos de implementação<br />

que assegurem um ponto óptimo de<br />

benefício mútuo. Parecem dever confluir<br />

aqui três zonas de interesse. Para o<br />

médico trata-se de utilizar instalações<br />

e equipamentos tecnicamente adequados<br />

sem o recurso a investimentos financeiros,<br />

facultando-se-lhe, ainda, um<br />

complemento remuneratório. Do ponto<br />

de vista do hospital abre-se a possibilidade<br />

de explorar fontes complementares<br />

de receita aumentando a produtividade<br />

da capacidade técnica instalada<br />

sem um acréscimo proporcional de<br />

encargos. Considerando o sistema de<br />

saúde em termos globais, será importante<br />

alargar e diversificar a oferta de<br />

cuidados e potenciar a complementaridade<br />

entre os serviços, corrigindo os<br />

desvios existentes em termos de<br />

adequação da oferta e procura de<br />

cuidados.<br />

Em última análise, o índice de utilidade<br />

desta solução medir-se-á pela<br />

existência de um máximo denominador<br />

comum entre o interesse institucional,<br />

as condições concretas de viabilidade<br />

do empreendimento e a disponibilidade<br />

do(s) médico(s) para ser( em) sujeito(s)<br />

activo(s) de uma solução intermédia no<br />

interior do sistema de saúde público.<br />

3. Neste dominío de interactuação<br />

entre o privado e o público, a orientação<br />

legislativa é, desde o início, bastante<br />

lúcida e cautelosa. O DL 46 30 l de 27<br />

de Abril de 1965 (arts. 9 nº3 e 22 nº 1),<br />

o nº 5 do preâmbulo do Estatuto <strong>Hospitalar</strong><br />

de 1968, o art. 17 nº 1 e 2, o art nº<br />

67 nº 5 do DL 48 385 e mais recentemente<br />

o art 32 nº5 do DL nº 310/82 e o<br />

DR nº 35/88 de 17 de Outubro no seu art.<br />

único nº 1, identificavam já a necessidade<br />

de se criarem mecanismos que<br />

prolongassem os elos de ligação dos<br />

médicos aos hospitais. No entanto, foi o<br />

DL nº73/90 de 6/3 (art. 32), regulamentado<br />

pelo Despacho nº 14/90 do Ministro<br />

da Saúde, que veio permitir às estruturas<br />

institucionais encarar positivamente, do<br />

ponto de vista da sua realização prática,<br />

esta possibilidade.<br />

Compete, nos termos do nº 2 do<br />

Despacho 14/90, a cada instituição<br />

def1nir as normas internas que viabilizem<br />

a concretização das disposições legais.<br />

Assim, a realização de protocolos entre<br />

a organização e o particular constitui<br />

um mecanismo flexível que facilita os<br />

ajustamentos micro-regionais e as adequações<br />

pontuais necessárias. De outro<br />

modo, a uniformização de situações<br />

desiguais certamente impediria o equilibrio<br />

entre a máxima e a miníma oportunidade<br />

desta medida.<br />

4. Para além dos efeitos que a aplicação<br />

do Despacho 14/90 terá ao nível<br />

de cada estabelecimento revelar-se-ão,<br />

certamente, efeitos de produção generalizada.<br />

Torna-se, assim, importante a<br />

análise dos impactos positivos e negativos<br />

que, em termos potenciais, esta<br />

medida poderá induzir ao nível do funcionamento<br />

hospitalar.<br />

Assim, e como factores de impacto<br />

positivo, salienta-se:<br />

- a rendibilização de instalações e<br />

equipamentos hospitalares actualmente<br />

sub-aproveitados, sem pre-<br />

34 1<br />

1. A carência de recursos financeiros<br />

ao dispôr dos hospitais públicos e as<br />

pressões exógenas no sentido da diminuição<br />

do tempo de trabalho restringem,<br />

progressivamente, a margem de<br />

manobra dos gestores, designadamente,<br />

no que respeita ao aproveitamento e<br />

optimização das instalações e equipamentos.<br />

Por outro lado, o desenvolvimento<br />

da oferta privada e a consciencialização<br />

da procura, em termos da<br />

qualidade das prestações auferidas,<br />

pressionam o sistema de saúde a construir<br />

cenários de inter-ligação público/<br />

privado.<br />

Desde logo, os circulos privado e<br />

público não se tocam; por um lado, o<br />

sector público assume o exclusivo do<br />

tratamento da gama de patologias mais<br />

pesada no que diz respeito ao consumo<br />

de recursos, aparecendo também, como<br />

o principal financiador do sector privado.<br />

Por outro lado, a distribuição geográfica<br />

da oferta privada é cumulativa<br />

em relação à pública; corolário do facto<br />

de grande parte dos prestadores exercerem<br />

a sua acti vidade nos dois sectores.<br />

Esta prestação paralela é geradora<br />

de ambiguidades prejudiciais quanto à<br />

qualidade dos cuidados e produtividade<br />

dos serviços. São conhecidas as razões<br />

desta falta de clarificação e, especialmente,<br />

da tolerância do sector público<br />

em relação ao "status quo". São, também,<br />

evidentes os mal entendidos que<br />

esta situação potencia e as ineficiências<br />

que acumula.<br />

Como ponto de intersecção do sistema<br />

encontramos o médico e, por vezes,<br />

involuntariamente, o próprio utente. A<br />

linha de separação existente entre a<br />

actividade pública e privada não impede<br />

a respecti va acumulação, beneficia a<br />

falta de transparência e contribui para a<br />

complexificação do sistema. Ao crescimento<br />

e afirmação da actividade privada<br />

deve corresponder, por parte do sector<br />

público, uma estratégia de clarificação<br />

na definição das respectivas fronteiras,<br />

flexibilização no que respeita aos<br />

modelos de desenvolvimento adaptados<br />

e captação de recursos, especialmente<br />

de recursos humanos qualificados.<br />

2. A fixação do médico é uma condição<br />

"sine qua non" da política de<br />

sobrevivência e competitividade das<br />

instituições hospitalares. Neste sentido,<br />

a prática da ciínica privada em<br />

instituições públicas e a correspondente<br />

1 35


(<br />

HôsPf TÃtlfi<br />

36 1<br />

juízo das funções públicas que lhes<br />

estão cometidas;<br />

o incentivo à fixação de quadros<br />

médicos especializados no hospital<br />

público, através de um complemento<br />

remuneratório dissuasor do recurso à<br />

acumulação com a prática privada<br />

no exterior do hospital;<br />

maior permanência do médico na<br />

instituição e maior disponibilidade<br />

para atender os doentes, inclusivamente<br />

os do regime público;<br />

a diversificação da oferta do hospital<br />

público, dotando-o de maior capacidade<br />

competitiva face ao previsível<br />

desenvolvimento da oferta privada;<br />

o incremento da interacção entre o<br />

sistema público e os sistemas<br />

privados de prestação de cuidados de<br />

saúde.<br />

Esta solução pode, ainda, perspectivar-se<br />

como fonte complementar de<br />

financiamento e como factor de abertura<br />

em relação à implementação de<br />

modelos tecnológicos e técnicas médicas<br />

mais avançadas ou inexistentes no<br />

hospital.<br />

O impacto efectivo destes elementos<br />

depende da forma como esta medida<br />

for implementada. Assim, aspectos que<br />

numa primeira análise se classificam<br />

como positivos, podem, se mal<br />

controlados, contribuir para o aumento<br />

dos níveis de entropia de cada instituição.<br />

Os vectores de potencial impacto<br />

negativo deverão ser tidos em especial<br />

atenção.<br />

A coexistência de dois sistemas<br />

baseados em concepções de funcionamento<br />

e objectivos diferentes<br />

(público/privado) dentro da mesma<br />

instituição poderá, se o respectivo<br />

âmbito não for exactamente delimitado,<br />

constituir uma fonte de conflitos<br />

para profissionais e utentes.<br />

- A possível emergência de clivagens<br />

entre a classe médica, em decorrência<br />

no estipulado no art. 32 do DL 73/<br />

90 que veda o acesso a esta prática a<br />

determinadas categorias de médicos.<br />

Mantém-se válida, no entanto, a<br />

necessidade de condicionar o acesso<br />

em função das . instalações e equipamentos<br />

disponíveis.<br />

- O acentuar de desigualdades sociais<br />

no acesso aos cuidados de saúde; o<br />

utente pode ser público de manhã e<br />

privado à tarde.Nem todos os doentes<br />

públicos terão capacidade económica<br />

para aceder a serviços privados.<br />

O risco de que o clima organizacional<br />

se deteriore em resultado do<br />

acréscimo de conflitualidade entre<br />

categorias, pois de entre todos os<br />

profissionais hospitalares, são os<br />

médicos quem mais possibilidades<br />

tem de aderir ao processo.<br />

Mais grave, do ponto de vista da<br />

ética do sistema, seria o surgimento de<br />

diferentes padrões de desempenho distinguindo<br />

os doentes públicos e privados.<br />

Estes aspectos de coloração negativa<br />

podem ser controlados e minimizados<br />

dentro de um processo de implementação<br />

participado e assente em critérios<br />

consensuais de aplicação rigorosa.<br />

5. O Regulamento do Exercício da<br />

Clínica Privada nos Estabelecimentos<br />

<strong>Hospitalar</strong>es Públicos (vide Despacho<br />

14/90) deixa em aberto algumas questões<br />

de fundo. Há que evitar o risco de<br />

que este modelo signifique o desempenho<br />

da acti vidade clínica num mesmo<br />

estabelecimento, com base em duas<br />

lógicas de funcionamento diferentes,<br />

senão antagónicas, e a diferentes ritmos.<br />

Os hospitais terão, ainda, de<br />

encontrar instrumentos de fixação da<br />

clientela que impeçam a fuga generalizada<br />

de extractos sócio-económicos<br />

menos dependentes, designadamente os<br />

doentes de subsistemas, terceiros pagadores,<br />

que poderão "fugir" para a clínica<br />

privada. Haverá, também, que estabelecer<br />

e controlar patamares de produtividade<br />

mínimos dentro dos serviços<br />

públicos de modo a preservar o princípio<br />

da concorrência. Este Regulamento<br />

não esclarece quais os mecanismos de<br />

correção destes factores de conflito e<br />

disfunção.<br />

Por outro lado, não se explicita<br />

aquele que parece ser o objectivo<br />

primordial: o aumento da eficácia e<br />

eficiência da acti vidade hospitalar, bem<br />

como a diversificação das prestações.<br />

Não se esclarece, também, até que ponto<br />

esta actividade se deve assumir como<br />

fonte de financiamento suplementar de<br />

cada estabelecimento. Ao deixar-se todo<br />

o processamento administrativo a cargo<br />

do hospital, sobrecarregam-se estruturas<br />

por vezes muito sumárias e aumentam-se<br />

os custos indirectos.<br />

O facto de se incluir na esfera de<br />

competências do orgão de administração<br />

a regulamentação de um vasto leque<br />

de zonas brancas, v.g. a determinação<br />

dos custos, significa, por outro lado,<br />

a possibilidade de adequar em termos<br />

casuísticos a heterogeneidade do parque<br />

hospitalar e as necessidades regionais<br />

efectivas.<br />

Na prática, confere-se aos Conselhos<br />

de Administração um poder que,<br />

embora extremamente salutar do ponto<br />

de vista da desconcentração de poderes,<br />

implica rigor e atenção redobrados no<br />

que diz respeito aos critérios a definir.<br />

Nesta matéria, a responsabilidade<br />

política de delimitar o âmbito de aplicação<br />

do Despacho Ministerial cabe, quase<br />

por inteiro, ao orgão de gestão através<br />

das normas de aplicação interna do<br />

Regulamento. Este será um das maiores<br />

ganhos do Despacho 14/90: o reconhecimento<br />

da importância e o reforço da<br />

autonomia das instituições hospitalares,<br />

pelo menos nesta matéria.<br />

O Regulamento não responde à<br />

pergunta sobre sintonia com a adesão,<br />

por parte dos médicos, ao regime da<br />

exclusividade. Trata-se de duas medidas<br />

que se dirigem ao mesmo público e<br />

são, pelo menos aparentemente, contraditórias.<br />

Se, no que respeita à exclusividade<br />

o que se pretende obter do médico<br />

é a máxima disponibilidade e empenho<br />

em relação ao hospital, a acumulação<br />

com a clínica privada introduz um factor<br />

de dispersão que dificilmente se conjuga<br />

com o objectivo inicial.<br />

Por último, coloca-se a interrogação<br />

nuclear deste debate: a que se deve<br />

a adesão extremamente baixa dos<br />

médicos portugueses a este modelo.<br />

Certamente, poder-se-ão encontrar justificações<br />

(mais ou menos válidas) para<br />

o facto; razões de ordem histórica, factores<br />

de inibição que têm a ver com as<br />

particularidades de cada organização e<br />

o desgaste da imagem do hospital público<br />

ou factores que, simplesmente,<br />

dependem do clássico síndroma de<br />

resistência à mudança. O facto permanece<br />

incontornável.<br />

A manter-se esta tendência e verificando-se<br />

as condições e parâmetros que<br />

fundamentaram esta solução, será necessário<br />

encontrar opções que, visando<br />

o mesmo fim, complementem esta<br />

medida. De novo se colocará a questão<br />

de como fixar e atrair recursos humanos<br />

qualificados preservando as margens<br />

de competitividade do hospital público<br />

e de novo estarão em jogo as concepções<br />

de razão política que sustentam o<br />

edifício de prestação de cuidados de<br />

saúde.<br />

6. A seguir se apresenta um projecto<br />

de regulamentação da actividade privada<br />

que, se ajustado à realidade de cada<br />

hospital, poderá servir de base à uniformização<br />

dos critérios a utilizar por cada<br />

estabelecimento. Apenas se refere a<br />

disponibilização de meios públicos para<br />

a realização de consultas e meios complementares<br />

de diagnóstico e terapêutica;<br />

a problemática do internamento é<br />

omitida, tanto mais quanto não se conhecem<br />

casos em que esta possibilidade<br />

se tenha, de facto, concretizado. Por<br />

outro lado, o articulado adopta soluções<br />

discutíveis e princípios que dificilmente<br />

caberão no formato que em cada caso<br />

será requerido. Esta é no entanto, uma<br />

deficiência decorrente de imperativos<br />

de generalização e abrangência. O<br />

regulamento aqui apresentado procura<br />

equacionar os interesses dos médicos e<br />

da instituição fazendo, sempre que se<br />

julgou necessário, prevalecer o interesse<br />

público.<br />

REGULAMENTO<br />

(PRO.) ECTO)<br />

O Despacho 14/90 do Ministro da<br />

Saúde define as normas gerais para o<br />

exercício da clínica privada nos estabelecimentos<br />

hospitalares oficiais. Nos<br />

termos do referido Despacho, entendese<br />

por exercício da clínica privada, para<br />

os efeitos do art. 32 do DL 73/90 de 6 de<br />

Março, aquele em que os actos clínicos<br />

são praticados com base num vínculo<br />

de direito privado estabelecido directamente<br />

entre o médico e o utente, utilizando<br />

meios hospitalares públicos.<br />

A utilização destes meios hospitalares<br />

assentará num protocolo a estabelecer<br />

entre a Administração do Hospital e<br />

o médico interessado, de acordo com os<br />

seguintes princípios reguladores: 137


HôsíiiTÃiii<br />

Hô1íif TÃtlft<br />

38 1<br />

1. ÂMBITO<br />

Podem ser autorizados a exercer<br />

actividades de clínica privada nas instalações<br />

hospitalares oficiais, individualmente<br />

ou em grupo, os chefes de serviço,<br />

directores de serviço e de departamento<br />

e os médicos em exercício nos centros<br />

de responsabilidade, em regime de<br />

dedicação exclusiva independentemente<br />

da respectiva categoria, e os médicos<br />

membros dos Conselhos de Administração<br />

dos hospitais, autorizados nos<br />

termos do nºl do art. único do DR 35/88<br />

de 17 de Outubro, a utilizar as<br />

instituições hospitalares para atendimento<br />

de doentes privados, com as<br />

necessárias adaptações.<br />

2. AUTOIUZAÇÃO<br />

1. A autorização para exerc1c10 de<br />

clínica privada depende de despacho<br />

do Conselho de Administração<br />

precedendo parecer favorável do<br />

Director Clínico.<br />

2. O indeferimento do pedido deve ser<br />

sempre justificado.<br />

3. A análise individual dos pedidos<br />

deve considerar, entre outros, os<br />

seguintes factores:<br />

a) facilidade de implementação;<br />

b) disponibilidade de instalações e<br />

equipamentos;<br />

c) horários propostos;<br />

d) existência (ou não) de listas de<br />

espera nos serviços hospitalares<br />

correspondentes;<br />

e) estado de conservação e condições<br />

de manutenção das instalações<br />

e equipamentos a disponibilizar;<br />

f) quantidade de pessoal não médico<br />

necessário;<br />

g) encargos para o hospital.<br />

3. RECURSOS DISPONÍVEIS<br />

Meios que podem ser utilizados e<br />

que o hospital poderá ceder mediante<br />

protocolo individualizado:<br />

- gabinetes e áreas complementares<br />

de recepção e respectivos equipamentos;<br />

- materiais de consumo:<br />

a) produtos farmacêuticos;<br />

b) material de consumo clínico;<br />

c) material de consumo administrativo;<br />

- apoio do serviço de esterilização;<br />

- apoio do serviço de rouparia e lavandaria;<br />

apoio do serviço de higiene, limpeza<br />

e segurança;<br />

- serviço de telefone;<br />

- àgua e energia;<br />

- meios complementares de diagnóstico<br />

e terapêutica.<br />

4. CONDIÇOES DE<br />

UTILIZAÇA<br />

1. As instalações poderão ser partilhadas<br />

por mais de um médico, desde<br />

que a Administração o autorize.<br />

2. O médico pode colocar, em local e<br />

nas condições a designar pela<br />

Administração, placa onde conste o<br />

nome, área profissional, dias e horário<br />

de funcionamento da consulta.<br />

3. O médico não poderá usar o gabinete,<br />

meios e equipamentos acordados,<br />

para além da hora estabelecida<br />

no protocolo a celebrar com a<br />

Administração do hospital.<br />

4. O médico será responsável por todo<br />

o equipamento do hospital disponibilizado<br />

para sua utilização durante<br />

o período acordado, ficando obrigado<br />

a indemnizar o hospital, nos termos<br />

gerais, pelos prejuízos resultantes<br />

da sua utilização.<br />

5. IIORAIUO DE TRABALHO<br />

1. O atendimento de doentes privados,<br />

para estes efeitos, só poderá efectuar-se<br />

fora do horário normal de trabalho<br />

do médico e dentro dos limites<br />

horários constantes do protocolo.<br />

6. REMUNERACÃO DO<br />

MÉDICO ,<br />

A remuneração dos actos médicos<br />

será estabelecida pelos próprios nos<br />

termos do nº 11 do Regulamento anexo<br />

ao Despacho 14/90, e cobrada através<br />

do hospital.<br />

7. ENCARCOS DO l\IÉDICO<br />

1. Pela utilização das instalações,<br />

equipamentos e pessoal administrativo<br />

do hospital, pagará o médico<br />

um valor fixo.<br />

2. A este montante acrescem os custos<br />

decorrentes da utilização de outros<br />

serviços: higiene, limpeza, segurança<br />

e energia cujo valor será igualmente<br />

fixo.<br />

3. Contabilizar-se-ão, ainda, aqueles<br />

serviços prestados pelo hospital e<br />

cujo valor seja variável: serviço de<br />

telefone, consumo de material, reparação<br />

de equipamentos, reprodução<br />

de documentos, esterilização de<br />

material, etc ..<br />

4. Os exames a realizar no âmbito da<br />

consulta (EEG, ECG, etc.) serão<br />

facturáveis em função da respectiva<br />

quantidade.<br />

5. Estes encargos deverão ser satisfeitos<br />

até aos primeiros cinco dias úteis<br />

do mês seguinte ao da utilização.<br />

8. DETERMINAÇÃO DOS<br />

ENCARGOS<br />

1. O custo das instalações e equipamentos<br />

será calculado com base nos<br />

valores anuais de amortização, tendo<br />

em conta o respecti vo valor<br />

comercial.<br />

2. Os serviços de higiene, limpeza,<br />

segurança e energia são facturados<br />

em função do respectivo custo para<br />

o hospital.Na fixação destes valores<br />

ter-se-á em consideração a natureza<br />

da actividade exercida e a quantidade<br />

de tempo durante o qual são<br />

utilizadas as instalações e equipamentos.<br />

3. Os custos variáveis, serviços prestados<br />

directamente pelo hospital,<br />

corresponderão ao respectivo encargo<br />

real.<br />

4. O valor do quantitativo mensal fixo<br />

será obtido pela multiplicação do<br />

número de dias de consulta por mês<br />

pelo valor diário calculado.<br />

5. Os exames a realizar no âmbito da<br />

consulta serão cobrados em função<br />

do custo real, incluindo a taxa de<br />

desvalorização do equipamento,<br />

valor da manutenção, valor dos<br />

consumíveis e valor da mão-de-obra<br />

necessária à limpeza do equipamento.<br />

6. A determinação da factura global<br />

inclui os custos fixos, os custos<br />

variáveis acrescidos de uma taxa de<br />

5% para despesas administrativas a<br />

cargo do hospital.<br />

1<br />

9. SISTEMA DE COBRANÇA<br />

1. A cobrança dos valores devidos pelos<br />

utentes será efectuada antes da realização<br />

do acto médico, sendo-lhes<br />

fornecido um recibo, sem a apresentação<br />

do qual não poderá o médico<br />

realizar a consulta.<br />

2. O médico receberá o quantitativo<br />

das cobranças efectuadas, contra<br />

entrega dos recibos atrás citados,<br />

diária ou mensalmente, consoante<br />

for acordado no protocolo.<br />

3. As importâncias a cobrar através do<br />

hospital a terceiros pagadores serão<br />

postas á disposição do médico logo<br />

que os respectivos subsistemas procedam<br />

à sua liquidação. Não cabe<br />

aos hospitais qualquer obrigação em<br />

caso de atraso imputável a terceiros<br />

pagadores.<br />

!O.MARCAÇÃO DE<br />

CONSULTAS<br />

As marcações de consultas privadas<br />

serão feitas via telefónica ou pessoalmente,<br />

através do Serviço de Admissão<br />

de Doentes, durante o período da tarde.<br />

II.PESSOAL<br />

1. Os profissionais necessários à assistência<br />

ao doente serão recrutados<br />

entre o pessoal do hospital pelo<br />

médico assistente, fora do horário a<br />

que estão obrigados, mediante autorização<br />

do orgão de Administração<br />

e após parecer favorável do responsável<br />

do serviço a que pertencem.<br />

2. A remuneração deste pessoal será<br />

estabelecida por acordo com o<br />

médico.<br />

3. As funções privadas não se sobrepõem<br />

às públicas, designadamente,<br />

em caso de trabalho por turnos,<br />

substituições e trabalho extraordinário.<br />

12.REQUISIÇÃO DE MATERIAL<br />

1. Os médicos que optem pelo abastecimento<br />

de materiais de consumo<br />

por parte do próprio hospital, deverão<br />

requisitá-los mensalmente ao<br />

Serviço de Aprovisionamento nos<br />

termos e horários a estabelecer por<br />

comum acordo, sendo facturados no<br />

mês seguinte aquele a que dizem<br />

respeito.<br />

2. Pelo fornecimento destes materiais<br />

o médico pagará o preço efectivamente<br />

pago pelo hospital, acrescido<br />

das taxas de IV A aplicáveis.<br />

3. Os impressos de requisição de materiais<br />

de consumo são fornecidos pelo<br />

Serviço de Aprovisionamento do<br />

hospital.<br />

4. Os médicos devem fornecer ao<br />

Serviço de Aprovisionamento, até<br />

finais de Novembro, previsão dos<br />

seus consumos para o ano seguinte.<br />

13.SERVIÇOS PRESTADOS<br />

O valor dos serviços prestados directamente<br />

pelo hospital (designadamente<br />

meios complementares de diag-<br />

1 39


ma ·Multiparamétrico de lmu<br />

cuidados prestados ao utente;<br />

b) garantir a continuidade dos cuidados<br />

em caso de doença, licen:.<br />

ça, falta ou outro impedimento,<br />

cumprindo-lhe comunicar ao<br />

Orgão de Administração ·-do<br />

hospital, por escrito, qual o seu<br />

substituto;<br />

c) ser o único responsável pela<br />

gestão, manutenção e confidencialidade<br />

do arquivo clínico.<br />

o Automatização<br />

o Rapidez<br />

o Flexibilidade<br />

o Tecnologia ELF A<br />

40 1<br />

nóstico e terapêutica) e prescritos pelo<br />

médico a utentes da clínica privada,<br />

será cobrado ao doente (ou a terceiro<br />

pagador nos termos do nº 13.2 do Regulamento,<br />

Despacho 14/90) ao preço<br />

. correspondente constante da tabela<br />

hospitalar em vigor.<br />

Todos os impressos necessários à<br />

actividade privada (processo clínico,<br />

ficheiro, agendas,' receituário, etc.) são<br />

da responsabilidade do médico.<br />

15.IRS<br />

O pagamento do IRS correspondente<br />

à actividatle privada do médico será<br />

processado· pelo hospital de acordo com<br />

a legislação em .vigor.<br />

16. DEVERES DOS UTENTES<br />

São deveres dos utentes:<br />

a) aceitar as regras da organização<br />

e as normas de funcionamento<br />

do hospital na parte que lhes<br />

diga respeito;<br />

b) colaborar com o médico assistente<br />

e restante pessoal interveniente<br />

na prestação de cuidados,<br />

no estudo e tratamento da ·sua<br />

doença.<br />

17. DEVERES DO ORGAO DE<br />

ADMINISTRAÇÃO DO HOS­<br />

PITAL<br />

O Orgão de Administração do hospital<br />

tem o· dever de cumprir e fazer<br />

cumprir as normas do protocolo acordado<br />

previamente bem como os princípios<br />

constantes do Despacho 14/90 do<br />

Ministro da Saúde.<br />

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ESCOLA NACl0NAL OE<br />

18. DEVERES DO ÉDIC


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IBERUSA<br />

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