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MONARCAS CATÓLICOS<br />
ALMANAQUE LITERÁRIO<br />
A vida militar e literária de Miguel de Cervantes transcorreu sob <strong>do</strong>is reis espanhóis. Felipe II reinou de<br />
1556 até sua morte, em 1598. Engajou o país na luta contra <strong>os</strong> turc<strong>os</strong> otoman<strong>os</strong>, na batalha de Lepanto,<br />
da qual Cervantes participou, em 1571. Seu filho e sucessor, Felipe III, que viveria até 1621, m<strong>os</strong>trou-se<br />
ainda mais rígi<strong>do</strong> na ideologia de unidade nacional sob o catolicismo: assinou p édito que expulsou da<br />
Espanha <strong>os</strong> mourisc<strong>os</strong>, descendentes d<strong>os</strong> muçulman<strong>os</strong> que viviam havia sécul<strong>os</strong> no país.<br />
VISÃO PLURAL<br />
O crítico americano William Egginton, professor de literatura espanhola e latino-americana da<br />
Universidade Johns Hopkins, professa uma tese ousada: não existia ficção antes de Miguel de Cervantes.<br />
Foi o espanhol que criou a nova maneira de investigar a subjetividade que modernamente entendem<strong>os</strong><br />
como tal. O autor de THE MAN WHO INVENTED FICTION (O Homem que Inventou a Ficção) falou a VEJA<br />
sobre a revolução promovida pelo gênio espanhol.<br />
O senhor afirma que Cervantes inventou a ficção moderna. O crítico Harold Bloom diz que a obra de<br />
Shakespeare representa a “invenção <strong>do</strong> humano”. As duas ideias são relacionáveis?<br />
Creio que sim. Tanto Cervantes quan<strong>do</strong> Shakespeare exploraram <strong>os</strong> limites <strong>do</strong> que significava ser humano em<br />
um mun<strong>do</strong> no qual o lugar da humanidade estava mudan<strong>do</strong> rapidamente. Cervantes criou um mo<strong>do</strong> inteiramente<br />
novo de escrever sobre as limitações de seus personagens e sobre a incompatibilidade de suas diferentes<br />
percepções <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Ele aprendeu a mudar o ponto de vista de suas narrativas, da descrição exterior d<strong>os</strong><br />
personagens para o retrato de como eles percebem o mun<strong>do</strong>. É como se o leitor entrasse em um molde oco no<br />
mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> livro, para ver através d<strong>os</strong> olh<strong>os</strong> d<strong>os</strong> personagens.<br />
Dom Quixote e Sancho Pança são personagens reconhecid<strong>os</strong> até por quem nunca leu Cervantes. Por<br />
quê?<br />
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