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044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

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eiçáo de Jesus devem ser entendidas como manifestações do amor de Deus, redundando<br />

em nossa salvação. Deus não é passivo, apenas concordando com uma salvação obtida por<br />

Cristo. Ele está ativo. Ele efetua tudo.<br />

Arrependimento é dom de Deus (2Tm 2.25), assim como a vida eterna que segue<br />

(Rm 6.23). A salvação se deve à "justiça de Deus” (Rm 1.17; 3.5, 21-22, 25-26; 10.3; 2Co<br />

5.21; Fp 3.9; cf. Rm 8.33; observe que Paulo não diz "justiça de Cristo", apesar de essa frase<br />

ter uma história longa e honrosa entre os cristãos). A expressão precisa ser entendida com<br />

cuidado. Em inglês, a palavra "justiça” [justice] geralmente é substituída por seu sinônimo<br />

"retidão” [righteousness], denotando uma virtude ética, como acontecia entre os gregos. Os<br />

hebreus, porém, entendiam que o termo apontava para uma posição legal, como pode ser<br />

visto, por exemplo, na maldição pronunciada sobre os que "ao justo negam justiça” (Is 5.23<br />

ARA, BJ; N V I e N T L H parafraseiam a frase assim: "que [...] negam justiça ao inocente”).<br />

Com o sentido de uma virtude ética, a retidão não pode ser tirada de ninguém. O profeta<br />

está dizendo que juizes injustos estão privando da “posição correta” pessoas que tinham<br />

direito a ela; estavam declarando culpadas pessoas que na verdade estavam com a razão.20<br />

Às vezes, no Antigo Testamento, justiça e salvação estão vinculadas, como quando<br />

Deus diz: “A minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será anulada" (Is<br />

51.6), e quando o salmista escreve: "O Senhor fez notória a sua salvação; manifestou a sua<br />

justiça perante os olhos das nações” (SI 98.2), Deus não esquecerá seu povo. E certo que ele<br />

o liberte, e ele o fará. O fato de Deus agir de acordo com o direito não quer dizer que há<br />

uma lei ou norma acima dele à qual ele tem de obedecer. Na Bíblia, Deus é revelado como<br />

grande, e não há ninguém nem nada acima dele. Ele age de acordo com o que é justo, porque<br />

é um Deus justo. E-lhe natural agir com justiça.<br />

E importante entender que Paulo, quando diz que Deus salva, está querendo dizer<br />

que ele salva de uma maneira que é segundo a justiça. Esse é um aspecto da salvação que chamou<br />

a atenção dos reformadores, mas se perdeu em muitos escritos recentes, onde a ênfase<br />

tende a ser na libertação do poder do mal e em outras coisas do gênero.<br />

Por exemplo, Ernst Kãsemann resume assim seu estudo da “justiça de Deus' em<br />

Paulo”: “Sua doutrina da ô i k q l OCJVVT) deoí) demonstra isto: o poder de Deus alcança o<br />

mundo, e a salvação do mundo está em ser recapturado para a soberania de Deus. Exatamente<br />

por essa razão ela é dádiva de Deus, assim como a salvação do indivíduo quando se<br />

torna obediente à justiça divina”,21 Em outro lugar Kãsemann faz referência a aspectos<br />

forenses da justificação e inclui ajustiça em seu estudo, mas então, ao resumir o que Paulo<br />

~°George Buchanan G ray dem onstrou que a palavra traduzida por ju s to ’’ preserva seu “sentido forense<br />

original” (A critical and exegetical commentary on the book o f Isaiah, Edinburgh, 1 9 1 2 ,1 :9 4 ). M ais recentemente<br />

Jo h n M auchline explicou que a expressão indica que se retém “do inocente a absolvição a que tem<br />

iire ito ” (Isaiah 1 -3 9 , London, 1962, p. 86).<br />

E rnst Kãsem ann, N ew Testament questions o f today. London, 1969, p. 181-182.

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