16.02.2018 Views

044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

iça (Rm 10.3). Há aqueles que usam a Palavra de Deus em proveito próprio (2Co 2.17) ou<br />

com má intenção (2Co 4.2). Paulo conhece pessoas que estão sem Deus (E f 2.12) ou desligadas<br />

da vida de Deus (E f 4.18) — pessoas que não agradam a Deus (lT s 2.15) ou não o<br />

conhecem (lT s 4.5; 2Ts 1.8) ou o desprezam (lT s 4.8; cf. 2Co 10.5).<br />

Paulo, portanto, não vê o mal em suas muitas formas simplesmente como má conduta<br />

ética. Ele relaciona tudo com Deus. É desonrar a Deus, não temer a Deus, ser hostil a<br />

Deus e outras coisas mais. E Deus toma conhecimento disso. As pessoas são responsáveis<br />

por suas ações. Seremos chamados para prestar contas de nós mesmos e submetidos à<br />

punição pelas ações que ficaram longe do que deveríamos ter feito. Isso tem sido assim desde<br />

o começo, porque “o julgamento derivou de uma só ofensa [ou uma só pessoa], para a<br />

condenação” (Rm 5.16). Pouco importa se lemos "uma ofensa” ou "uma pessoa", pois tanto<br />

Adão quanto seu pecado estão em vista. Aquele pecado resultou em condenação que afeta<br />

roda a raça humana.<br />

Paulo vê Deus agindo como juiz agora mesmo. Para os crentes isso é providência compassiva<br />

de Deus, em que “somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com<br />

o mundo” (lC o 11.32). Os sofrimentos por que passamos são evidências do amor de Deus. Ele<br />

nos disciplina para evitar que soframos o destino dos mundanos. Devemos ter em mente que o<br />

julgamento faz parte do evangelho (Rm 2.16); talvez não consigamos nos adaptar facilmente à<br />

idéia de que o julgamento faz parte das boas novas, mas se quisermos entender como Paulo vê o<br />

julgamento, temos de tentar olhar para o julgamento por outras lentes.<br />

O pecado colhe o que plantou, pois os pecadores recebem, “em si mesmos, a merecida<br />

punição do seu erro" (Rm 1.27). Seria fácil ver isso como um processo natural de causa e<br />

efeito, pelo qual as próprias conseqüências inevitáveis do pecado são a punição do pecado.<br />

Contudo, apesar de Paulo reconhecer que há alguma verdade nisso, ele insiste em que a<br />

mão de Deus está em tudo. Três vezes ele diz que Deus “entregou” os pecadores gentios às<br />

conseqüências desagradáveis do seu pecado (Rm 1.24, 26, 28). Deus nunca é neutro; ele<br />

sempre se opõe ao mal. Paulo chega a dizer que, aos pecadores que “não acolheram o amor<br />

da verdade para serem salvos”, "Deus lhes mandou a operação do erro” (2Ts 2.10-11).<br />

Em passagens como essa teria sido fácil expressar o pensamento de modo impessoal.<br />

Paulo, porém, não está visualizando um processo em que um Deus inoperante fica só<br />

olhando. Deus é ativo e participa do processo, ele que fez este universo moral para que<br />

aqueles que rejeitam o “amor da verdade” acabem crendo numa mentira. Isso faz parte do<br />

julgamento divino. A conseqüência inevitável da rejeição da salvação de Deus é o engano,<br />

mas novamente Paulo não relega isso à ação de causas naturais. Deus está envolvido<br />

9 A . L. M oore rejeita com o "dualismo intolerável” a idéia de que alguns são atraídos por D eus e outros<br />

?o r Satanás: "N ão podem os aceitar isso nem por um instante. P or isso, enquanto nos versículos 13s,<br />

Deus é apresentado com o responsável por todo o processo da salvação, nos versículos l i s . ele tam bém<br />

não é excluído da atividade no processo de incredulidade que leva à condenação" (1 and 2 Thcssalonians.<br />

London, 1969, p. 105). F. F. Bruce diz a m esm a coisa com outras palavras: “Ser iludido pelo erro é a condenação<br />

divina em que incorrem inevitavelmente neste universo m oral aqueles que fecham os olhos para<br />

i verdade" ( W ord biblical commentary: 1 Sr 2 Tkessalonians, W aco , 1982, p. 174).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!