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044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

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Entretanto, é o amor que recebe a ênfase (agapê ocorre 21 vezes nessas cartas;<br />

agapaõ, 31; e agapêtos, 10). Numa das mais importantes passagens de todo o Novo T e s­<br />

tamento, João diz: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas<br />

em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (ljo<br />

4.10). Mais uma vez: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos<br />

dar nossa vida pelos irmãos” (3.16).<br />

Jamais descobriremos o que o amor significa se partirmos do lado humano. Temos<br />

de partir da cruz, onde vemos o amor de Deus, não pelos atraentes, devotos ou merecedores,<br />

mas pelos pecadores, aqueles que, sem o ato propiciatório do Filho, experimentariam<br />

apenas a ira de Deus, a horrível conseqüência do seu pecado. Isso é o que está por trás da<br />

declaração que se repete: "Deus é amor" (4.8, 16). Deus ama porque amar é sua natureza,<br />

não por sermos atraentes ou porque nossos méritos o tenham obrigado a isso. Como<br />

vimos, somos todos pecadores, epor isso não somos atraentes para Deus. Ele nos ama, não<br />

pelo que somos, mas pelo que ele é.~<br />

Nosso amor, portanto, é uma resposta ao amor de Deus: “Nós amamos porque ele<br />

nos amou primeiro” (ljo 4.19). “O amor procede de Deus” (v. 7). Somente porque experimentamos<br />

o amor que vemos na cruz é que amamos da maneira que distingue o cristão.<br />

Algumas vezes João fala do amor dos cristãos sem especificar o objeto do seu amor, como<br />

quando diz: "Todo aquele que ama é nascido de Deus" (4.7; veja também 3.14,18; 4.8,19).<br />

Quem nasce de novo tem uma nova capacidade para amar. Em certa medida, ele aprendeu<br />

a amar como Deus; ama não só quem é atraente, belo, bom, mas todos os que são objetos<br />

do amor de Deus. Ele ama a Deus (4.20-21; 5.2) e ama o outro (p. ex., 3.23; 4.7); ele “ama a<br />

seu irmão” (p. ex., 2.10; 3.14; 3Jo l) .3Desse modo, o amor de Deus é “aperfeiçoado" neles<br />

(ljo 4.12). De fato, quem ama está preocupado em obedecer aos mandamentos de Deus<br />

(5.3). E impressionante que essas cartas, que dão tanta ênfase ao amor, tenham mais referências<br />

aos mandamentos de Deus do que qualquer outro livro do Novo Testamento<br />

(entolê, “mandamento”, ocorre 18 vezes, ao passo que Paulo registra a palavra apenas 14<br />

vezes em todas as suas cartas). Do mesmo modo, amor e medo são incompatíveis, pois o<br />

amor perfeito lança fora o medo (4.17-18).<br />

O crente passou da morte para a vida (ljo 3.14); ele tem vida eterna (p.ex, 1.2; 2.17;<br />

5.11). Peculiar é a idéia de “permanecer” (o verbo menõ ocorre 27 vezes). Quase sempre essa<br />

('esse não pode viver pecando') e condicional ('[se] permanece nele’)” (p. 182). N o entanto, não é fácil entender<br />

o que isso significa nem como essa posição é mais satisfatória do que a rejeitada por Marshall.<br />

Desenvolvi essa idéia mais amplamente em Testaments oflove, Grand Rapids, 1981.<br />

Alguns estudiosos deduziram da ênfase no amor pelo irmão que o escritor pensa apenas no amor fraternal;<br />

ele não tem amor pelos que estão fora da comunidade cristã. Isso, porém, significa ignorar que ele espera<br />

que os cristãos amem com o Deus ama os pecadores ( l jo 4.10). Isso não é incompatível com o amor pelos irmãos,<br />

porém é mais abrangente.

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