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044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

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dade de que Jesus tem “palavras da vida eterna”, tornou impensável para os apóstolos deixar<br />

de seguir Jesus. Marta declarou sua convicção de quejesus era o Cristo (11,27), e todo o<br />

livro de Joáo foi escrito para que as pessoas cressem nisso (20,31). Jesus usou essa construção<br />

várias vezes. Seus ouvintes deviam crer “que eu sou” (8.24; 13.19), e aqui não devemos<br />

deixar de perceber o tom de divindade.9 O relacionamento quejesus tem com o Pai transparece<br />

em outras expressões. “Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim”, disse Jesus<br />

(14.11). Os discípulos foram elogiados por crer que ele viera de Deus (16.27; cf. 16.30). A<br />

fé na realidade de que o Pai enviou ajesus é mencionada várias vezes (11.42; 17.8, 21). Fé,<br />

como João a entendia, é mais do que confiar em Jesus como um bom mestre e uma boa<br />

pessoa. Inclui aceitar certas verdades sobre ele. Na realidade, não podemos crer se não o<br />

virmos como ele é.<br />

A construção com o dativo significa aceitar como verdadeiro, dar crédito a alguém.<br />

João aplica isso a Deus (5.24); é importante crer no que ele disse. E característico que ele o<br />

relacione também com Cristo (p. ex„ 4.21; 8.45-46). A referência pode ser à palavra de<br />

Cristo (4.50) ou às suas palavras (5.47) ou obras (10.38); tudo está ligado à sua pessoa. E, é<br />

claro, espera-se das pessoas que creiam nas Escrituras (2.22), que podem ser particularizadas<br />

pela menção do nome do autor, como Moisés (5.46-47) ou Isaías (12.38).<br />

Crer é muito importante para João; ele usou o verbo tantas vezes que podia fazê-lo<br />

de modo absoluto, simplesmente falando de “crer”; não é necessário dizer sempre em quem<br />

se crê (p. ex., 1.50; 4.41). Os 30 exemplos dessa construção em João deixam claro que, para<br />

ele, crer é de suma importância.<br />

Contudo, não devemos pensar que cada uma dessas construções seja tão distinta<br />

que o uso de uma exclui as outras. Se entendermos fé como João fazia, é evidente que não<br />

importa muito como a expressemos; tudo o que a fé envolve está implícito. Se realmente<br />

confiamos em Cristo, é claro que aceitaremos o que ele diz ser verdade; aceitaremos também<br />

certas verdades sobre sua pessoa e sobre seu relacionamento com o Pai; cremos no Pai<br />

e na revelação feita na Bíblia, e tudo isso é tão fundamental que simplesmente se pode dizer<br />

que cremos. Vemos isso nas passagens em que se usa mais de uma construção. Por exemplo,<br />

Jesus perguntou ao homem que nascera cego: "Crês tu no Filho do Homem:1” Pouco<br />

depois o homem disse: “Creio” (9.35-38). Lemos também: “Quem nele crê [...] o que não<br />

crê...” (3.18), e nessa justaposição de afirmações é impossível fazer diferença de sentido<br />

entre as duas construções. Da mesma forma, João escreveu seu evangelho "para que creiais<br />

quejesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida...” (20.31). Aqui não<br />

9<br />

Cf. R. Schnackenburg: “E a fórmula de revelação do Antigo Testam ento que o Jesus joanino, como revelador<br />

do Novo Testam ento, reivindica para si. Ele está dizendo que nele Deus está presente para revelar sua salvação<br />

escatológica e oferecê-la às pessoas” (The Gospel according to st John. New York, 1982, 2:200).

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