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044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

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Já vimos que a maneira de se apropriar da vida que ele disponibiliza é pela fé. Isso<br />

também pode ser ligado a “ver” o Filho do Homem (6.40), ou às suas palavras (6.63, 68). A<br />

vida é dádiva dele (10.28; 17,2). Também é dádiva do Pai, que deu seu Filho para que todo<br />

o que nele crer tenha a vida eterna (3.16). Ou podemos dizer que todo aquele que crer no<br />

Pai (“que me enviou”) tem vida eterna e não é mais julgado (5.24). Se entendermos que a<br />

“água viva" aponta para o Espírito Santo (7.38-39), então a vida está ligada também a ele,<br />

pois a água que Jesus dá será, naquele que a recebe, “uma fonte a jorrar para a vida eterna”<br />

(4.14; a água que Jesus dá é “água viva”, v. 10). Talvez devamos observar também a convicção<br />

dos judeus de que eles tinham vida eterna nas Escrituras, o que Jesus não contestou,<br />

porque disse: "São elas mesmas que testificam de mim” (5.39). A questão aqui é que os<br />

judeus com certeza associavam a vida ao estudo da Bíblia,1só que sua reverência tola à letra<br />

os impedia de perceber seu verdadeiro sentido. Se a tivessem lido corretamente, teriam se<br />

chegado a Cristo e entrado na vida.<br />

João, portanto, tem várias maneiras de demonstrar que a vida eterna é uma dádiva<br />

gratuita de Deus e que está ligada à obra de Cristo. Pode-se dizer que o Pai, o Filho ou o<br />

Espírito Santo são a fonte dessa vida, e até a Bíblia chega perto dessa condição. Contudo,<br />

não importa como o digamos, a idéia é sempre que a vida eterna é dádiva de Deus, e também<br />

que a recebemos por causa da morte expiatória de Cristo.<br />

O adjetivo “eterna” a vincula ao mundo futuro, e isso é mostrado também de outras<br />

maneiras. Por exemplo, lemos sobre a “ressurreição da vida” à qual chegarão alguns dos que<br />

ressuscitarem no último dia (5.29). Isso provavelmente também deve ser entendido nas<br />

palavras que Jesus dirigiu a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda<br />

que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”<br />

(11.25-26). Em outras palavras, essa vida tem um forte aspecto escatológico. Jesus não está<br />

falando de uma vida relevante apenas para aqui e agora. Isso é expresso de outra maneira<br />

quando ele afirma: “Quem ama a sua vida, perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste<br />

mundo preservá-la-á para a vida eterna” (12.25). Concentrar-se neste mundo equivale a<br />

perder o próximo, com tudo o que isso acarreta tanto agora quanto após a morte.<br />

As vezes João transmite verdades importantes sobre a vida falando do seu oposto, a<br />

morte. Ele usa a palavra “morte” oito vezes — um pouco mais do que os outros evangelhos.<br />

Ele a usa para garantir aos leitores que o crente “passou da morte para a vida” (5.24). Todo<br />

aquele que obedece à palavra de Jesus “não verá a morte; [...] não provará a morte, eternamente”<br />

(8.51-52). Também há frases que falam da morte de Jesus (12,33; 18.32), e era<br />

importante deixar claro como ela aconteceria (numa cruz). João não explica por que isso<br />

era importante, mas parece evidente que a razão é que a morte numa cruz significava levar<br />

O rabino Hillel disse: “Quanto mais estudo da Lei, mais vida; [..,] quem adquiriu palavras da Lei, ganhou<br />

a vida no mundo futuro" (Mishná, Aboth 2.7).

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