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044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

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uma nova religião, que se tornam amargos em relação à fé que deixaram para trás. Paulo era<br />

totalmente cristão, mas também totalmente israelita, e seus escritos não farão sentido para<br />

, 4<br />

nos se nao tivermos isso em mente.<br />

No entanto, apesar de ser totalmente judeu e, ao que parece, mesmo pensando que<br />

no começo seu ministério seria entrejudeus (At 22.17-20), seu trabalho acabou sendo feito<br />

quase só entre gentios. Ele estava preparado para isso por ser natural de Tarso, onde recebera<br />

uma boa educação e se familiarizara totalmente com a vida num mundo de cultura<br />

helenista. Ele era cidadão romano (At 16.37; 22.25-28), e nessa condição fez seu conhecido<br />

apelo a César (At 25.11). Combina com sua cidadania sua insistência a que os romanos<br />

estejam sujeitos às autoridades que os governam (Rm 13.1-7) e que se ore por reis e por<br />

todos os que exercem autoridade (lT m 2.1-3). É evidente que ele valorizava sua herança,<br />

tanto a grega como a romana.<br />

Apesar de ser judeu, Paulo deixou claro que o trabalho para o qual fora chamado<br />

devia ser feito em boa parte entre os outros povos do mundo. Ele era o apóstolo aos gentios<br />

(Rm 11.13), “ministro de Cristo entre os gentios” (Rm 15.16); seu chamado era pregar<br />

Cristo entre os gentios (G 11,16; E f 3.8). Falou de um acordo com os apóstolos de Jerusalém<br />

pelo qual ele e Barnabé deviam dirigir-se aos gentios, enquanto Tiago, Pedro e João<br />

voltavam-se para os judeus (G1 2.9). Ele se chamou de “prisioneiro de Cristo Jesus, por<br />

amor [dos] gentios” (E f 3.1), e de “mestre dos gentios" (lT m 2.7; também, em alguns<br />

manuscritos, 2Tm 1.11).<br />

Esse pano de fundo complexo complica nosso estudo dos escritos de Paulo. O mesmo<br />

acontece com o estilo literário do apóstolo. Ele corre na frente, muitas vezes deixando<br />

de fora palavras que esperava que seus leitores completassem (e que eles esperam estar<br />

completando corretamente!). Ele é um pensador original, às vezes lutando com a língua<br />

para dizer coisas que ninguém tinha dito antes. Isso aumenta nossa dificuldade e, ao mesmo<br />

tempo, torna nosso estudo mais compensador.5<br />

Naturalmente há muita polêmica sobre quais escritos são mesmo de Paulo. Em<br />

nossos dias, muitos estudiosos afirmam que as cartas pastorais não são do grande apóstolo<br />

4 W . D . Davies defendeu de modo convincente o caráter essencialmentejudaico de Paulo em (Paul and RabbinicJudaism.<br />

London, 1948). Em sua conclusão ele escreve: "Parece que o apóstolo da fé cristã era o florescimento<br />

pleno do judaísm o, o seu resultado e cumprimento; sua obediência ao evangelho era mera obediência<br />

à verdadeira forma do judaísm o. O evangelho, para Paulo, não era a anulação do judaísm o mas sua conclusão”<br />

(p. 323). David Daube mostra como Paulo era judeu em sua maneira de ser em muitas coisas em seu<br />

livro New Testament and Rabbinic Judaism , Londres, 1956; por exemplo, em seu trabalho m issionário (p.<br />

336ss).<br />

Cf. Stephen Neill: “Como grande pensador, Paulo pode ser, e muitas vezes é, terrivelmente difícil. Mas<br />

isso não é intencional. Sempre de novo ele está tentando dizer coisas que nunca tinham sido ditas antes e para<br />

as quais ele não tem vocabulário disponível. [...] Com freqüência acontece que, quando Paulo está sendo mais<br />

difícil, ele também é mais original” (Jesus through many eyes. Philadelphia, 1976, p. 42).

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